segunda-feira, 31 de março de 2014

Secou porque não ventou - Clima


SECOU PORQUE NÃO VENTOU - Clima



No último inverno, o Brasil teve a maior seca dos últimos 40 anos. Tudo por causa da chamada área de circulação zonal, no Pacífico: ela bloqueou os ventos que trariam as chuvas. 



Nos meses de julho, agosto e setembro de 1994, as regiões Sudeste e Centro Oeste do Brasil sofreram as conseqüências da pior seca dos últimos 40 anos. Durante mais de 100 dias não choveu na cidade de São Paulo. Em Brasília, a umidade relativa do ar atingiu índice de 11%, igual ao do deserto do Saara. Os incêndios consumiram matas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal. 
O que provocou tudo isso?
"O problema veio de bem longe, da parte leste do oceano Pacífico", afirma a meteorologista Cíntia Uvo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, SP. Mais ou menos na altura do Trópico de Capricórnio, linha imaginária que dá a volta ao globo, passando pela cidade de São Paulo, surgiu um fenômeno cuja causa não se conhece, diz Cíntia. Parecido  com um redemoinho, ele é tecnicamente batizado de área de circulação zonal e pode ter até 1 500 quilômetros de diâmetro. Dentro dessa área, a pressão atmosférica sobe e desce: é alta em alguns pontos e baixa em outros. Então, o ar fica circulando, como se estivesse fechado em uma redoma de vidro. 
A área de circulação zonal ficou estacionada no Pacífico durante três meses. Desviou o caminho do fluxo de ar que traz as frentes frias da Antártida e que fazem chover no Brasil. A anomalia começou a interferir nos movimentos da atmosfera a partir de julho. 
Os ventos bloqueados por ela trafegam na média troposfera, isto é, a aproximadamente 5 quilômetros de altitude. São compostos por ar frio e aí é que está: o ar frio é mais pesado que o ar quente e úmido do continente. Por isso, quando chegam ao continente, os ventos frios vindos do Pacífico tendem a se enfiar por baixo do ar quente - que então sobe e forma as nuvens. Este ano,  com as frentes frias desviadas para o Atlântico, o ar quente ficou sem ninguém para empurrá-lo lá para cima. Aos poucos, foi perdendo a umidade. Resultado: o Brasil, embaixo, ficou seco.

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