sábado, 23 de agosto de 2025

Robôs de IA podem substituir em breve astronautas humanos no espaço

Robôs de IA podem substituir em breve astronautas humanos no espaço

Os avanços na tecnologia levantam questões sobre a necessidade de enviar pessoas ao espaço — e os riscos e custos.

Na véspera do Natal passado, uma sonda espacial autônoma se aproximou do Sol a uma distância nunca antes alcançada por qualquer objeto produzido pelo homem.

Cruzando a atmosfera solar, a Parker Solar Probe da Nasa tinha como missão descobrir mais a respeito do Sol, por exemplo, como ele afeta o clima espacial na Terra.

Foi um marco para a humanidade — mas não havia humanos envolvidos diretamente nesse grande feito, já que a sonda realizou suas tarefas sozinha, voando perto do Sol sem qualquer comunicação com a Terra.



Os avanços na tecnologia levantam questões sobre a necessidade de enviar pessoas ao espaço
— e os riscos e custos — Foto: Getty Images via BBC


Sondas robóticas vêm sendo enviadas ao Sistema Solar nas últimas seis décadas, alcançando destinos impossíveis aos seres humanos.

Durante os dez dias em que voou perto do Sol, a Parker Solar Probe foi submetida a temperaturas de 1.000°C.

Mas o sucesso dessa sonda espacial — somado aos avanços da inteligência artificial — desperta questões sobre qual será o papel que seres humanos desempenharão em futuras explorações espaciais.



Representação artística da sonda espacial Parker Solar Probe se aproximando do sol
— Foto: Nasa via BBC


"Robôs estão evoluindo rapidamente e a justificativa para o envio de humanos perde força cada vez mais", diz Martin Rees, que ocupa o posto de astrônomo real do Reino Unido. "Não acho que o dinheiro dos contribuintes deveria ser usado para enviar humanos ao espaço."

Rees também lembra do risco que essas viagens representam para seres humanos.

"A única razão para enviarmos humanos [ao espaço] é [proporcionar] uma experiência a pessoas ricas, e isso deveria ser financiado com dinheiro privado", ele argumenta.

Andrew Coates, um físico da University College London concorda.

"Para explorações espaciais sérias, prefiro robôs", diz. "Eles vão muito mais longe e fazem mais coisas."



O astronauta americano Buzz Aldrin caminhando na superfície da Lua em 1969
— Foto: Nasa/AFP vai BBC


Sondas espaciais x Humanos

Espaçonaves robóticas visitaram todos os planetas do sistema solar, assim como muitos asteroides e cometas, mas os humanos só foram a dois destinos: a órbita da Terra e a Lua.

Ao todo, cerca de 700 pessoas foram ao espaço desde 1961, quando Yuri Gagarin, da antiga União Soviética, tornou-se o primeiro cosmonauta.

A maioria delas esteve em órbita (circulando a Terra) ou em sub-órbita (pequenos voos verticais ao espaço com duração de minutos, em veículos como o New Shepard da companhia americana Blue Origin).

"Prestígio será sempre uma razão pela qual teremos humanos no espaço", diz a bióloga da Rice University, no Texas, Kelly Weinersmith. Ela é co-autora de A City on Mars (Uma Cidade em Marte, em tradução livre).

"[Viagens ao espaço], parece ser um consenso, são uma grande forma de mostrar que seu sistema político funciona e seu povo é incrível."

Mas além do desejo inato de explorar, ou da busca por prestígio, humanos também fazem pesquisas e experimentos na órbita da Terra, como na Estação Espacial Internacional, e usam isso para fazer a ciência avançar.



Foto do nascer da Terra, tirada pelo astronauta americano William Anders
 em dezembro de 1968 durante a missão Apollo 8
— Foto: Nasa via BBC



Os robôs podem contribuir para essa pesquisa científica, com a capacidade de viajar para locais inóspitos aos humanos, onde podem usar instrumentos para estudar e sondar atmosferas e superfícies.

"Humanos são mais versáteis, e fazemos as coisas mais rápido do que um robô, mas é difícil e caro manter-nos vivos no espaço", diz Weinersmith.

No livro Orbital, ganhador do prestigioso Prêmio Booker de 2024, a escritora britânica Samantha Harvey expressa essa ideia de forma mais lírica: "Um robô não precisa de hidratação, nutrientes, excreção, sono… não quer e não pede nada."

Mas existem pontos negativos. Muitos robôs são lentos e metódicos — por exemplo, em Marte, as sondas (veículos motorizados controlados remotamente), viajam a 0,16 km/h.

"A IA pode bater humanos no xadrez, mas será que isso significa que ela pode bater seres humanos na exploração de ambientes?", questiona Ian Crawford, cientista planetário da Universidade de Londres.

Ele diz, no entanto, que algoritmos gerados por IA podem tornar as sondas "mais eficientes".



IA assistente e robôs humanoides

A tecnologia pode desempenhar um papel na complementação das viagens espaciais humanas, liberando os astronautas de certas tarefas para que eles possam se concentrar em pesquisas mais importantes.

A IA pode ser usada para automatizar tarefas repetitivas, explica Kiri Wagstaff, uma cientista planetária que trabalhou no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia.


"Na superfície de um planeta, humanos se cansam e perdem a concentração, máquinas não."

Mas para isso, os cientistas teriam de vencer um desafio: vastas quantidades de energia são necessárias para operar os chamados Large Language Models (Modelos de Linguagem de Grande Escala ou LLMs, na sigla em inglês), sistemas de IA que compreendem e geram linguagem humana através do processamento de grandes quantidades de dados.

"Ainda não somos capazes de operar um LLM na sonda em Marte", diz Wagstaff.

"Os processadores da sonda trabalham com um décimo da velocidade do seu telefone" — ou seja, não são capazes de suprir as intensas demandas operacionais de um LLM.

Máquinas humanoides complexas com braços robóticos são um outro tipo de tecnologia que pode assumir tarefas e funções básicas no espaço, particularmente porque imitam mais fielmente as capacidades físicas de seres humanos.



Robô humanoide Valkyrie da Nasa — Foto: Nasa via BBC


O robô Valkyrie da Nasa foi construído pelo Centro Espacial Johnson para tomar parte em um desafio envolvendo experimentos de robótica em 2013.

Ele pesa 136 kg e mede cerca de 1,89 m. O robô não é muito diferente de um dos stormtroopers da série Star Wars, mas é mais um em um número crescente de máquinas humanoides com habilidades super-humanas.

Muito antes de Valkyrie ter sido criado, o Robonaut da Nasa foi o primeiro robô humanoide projetado para uso no espaço, assumindo tarefas que de outra forma teriam sido desempenhadas por humanos.

Suas mãos foram especialmente projetadas para que ele possa usar as mesmas ferramentas que os astronautas e fazer operações complexas e delicadas como segurar objetos, ligar e desligar botões. Tarefas como essas eram muito difíceis para outros robôs.

Em 2011, um modelo mais avançado do Robonaut foi enviado para a Estação Espacial Internacional a bordo do ônibus espacial Discovery para prestar auxílio em serviços de manutenção e montagem.

"Se precisarmos substituir um componente, ou limpar um painel solar, podemos fazer isso roboticamente", diz Shaun Azimi, líder da equipe de robótica do Centro Espacial Johnson da Nasa no Texas, EUA.

"Vemos os robôs como uma forma de proteger esses habitats quando os humanos não estão por perto."

Ele argumenta que robôs podem ser úteis, não para substituir humanos, mas para trabalhar ao lado deles.

Alguns robôs já estão trabalhando em outros planetas sem humanos, inclusive, tomando algumas decisões sozinhos.

A sonda Curiosity, por exemplo, está explorando uma região de Marte chamada Cratera Gale e realiza algumas tarefas científicas autonomamente, sem interferência de humanos.

"Você pode comandar a sonda para que ela faça fotos de algo, procure rochas que atendam às prioridades científicas da missão e depois, autonomamente, lance um laser sobre aquele alvo", diz Wagstaff.




O rover Perseverance da NASA em Marte tira uma selfie — Foto: Nasa via BBC


"Ela pode analisar uma rocha e enviar os dados de volta para a Terra enquanto os humanos estão dormindo."

Mas as capacidades de sondas como a Curiosity são limitadas por sua lentidão. E existe algo mais com que elas não podem competir: humanos têm o poder de inspirar as pessoas na Terra.

"Inspiração é algo intangível", argumenta o professor Coates.

Leroy Chiao, um astronauta aposentado da Nasa que voou três vezes para o espaço nas décadas de 1990 e 2000 concorda. "Humanos respondem melhor a humanos."

"O público em geral está interessado em missões robóticas, mas eu acho que a chegada do primeiro homem a Marte será um acontecimento ainda maior do que a chegada da primeira missão à Lua."


Vida em Marte?

Humanos não voam além da órbita da Terra desde dezembro de 1972, quando a última missão Apolo viajou até a Lua. A Nasa espera levar astronautas de volta ao solo lunar nesta década, com o programa Artemis.

Em 2026, quatro astronautas orbitarão a Lua. E em 2027, uma outra missão colocará astronautas da Nasa de volta em solo lunar.




Astronautas da missão Artemis 2 da Nasa — Foto: Reuters via BBC


A agência espacial chinesa também pretende enviar astronautas à Lua.

Em outra frente, Elon Musk, o homem mais rico do mundo e dono da empresa americana de transportes espaciais SpaceX, também anunciou planos envolvendo explorações espaciais.

Ele disse que pretende criar uma colônia em Marte onde humanos poderão pousar.

Seu plano é usar o Starship, foguete que sua companhia está desenvolvendo, para transportar até 100 pessoas por vez ao planeta vermelho. Segundo ele, o objetivo é que em 20 anos haja 1 milhão de pessoas em Marte.

"Musk argumenta que precisamos mudar para Marte como um plano alternativo para a humanidade caso algo catastrófico aconteça na Terra", diz Weinersmith.

"Se você compra essa ideia, então enviar humanos ao espaço é necessário."

No entanto, existem muitos obstáculos, incluindo incontáveis desafios técnicos, que precisam ser vencidos para que humanos possam viver em Marte.

"Talvez bebês não possam se desenvolver nesse ambiente", ela diz. "Existem questões éticas como essa para as quais não temos resposta."

"Acho que deveríamos diminuir o ritmo."

Martin Rees imagina um cenário diferente. Nele, explorações humanas e robóticas do espaço se unem até um ponto em que humanos se tornam, em parte, máquinas para poder sobreviver em ambientes extremos.

"Imagino que usarão todo tipo de técnicas de alteração genética e complementos ciborgues para sobreviver em ambientes muito hostis", diz ele.

"Talvez tenhamos uma nova espécie que seja feliz vivendo em Marte."

Até lá, no entanto, humanos irão, provavelmente, prosseguir caminhando a passos curtos na direção do Cosmos, seguindo uma trilha aberta, muito antes, por exploradores robóticos.





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