Primeira descrição da estrutura do DNA completa 60 anos
Cientista James Watson com a modelo original feito pelos descobridores do DNA, em foto de 2005 (Foto: Odd Andersen/AFP/Arquivo)
Artigo com descoberta da dupla hélice foi publicado pela 'Nature' em 1953.
Estrutura fica no núcleo das células e contém o material genético.
A primeira descrição da dupla hélice do DNA, descoberta em um laboratório da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e que mudou para sempre a compreensão da vida, completa 60 anos nesta quinta-feira (25).
A revista científica "Nature" divulgou no dia 25 de abril de 1953 o artigo "Estrutura do ácido desoxirribonucleico", assinado pelo britânico Francis Crick e o americano James Watson, que receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1962 junto com o também britânico Maurice Wilkins, que anos antes havia iniciado uma pesquisa sobre o DNA.
Mais concretamente, a dupla hélice é onde se conservam, em forma de sequência, os genes que contêm as instruções para sintetizar moléculas maiores, que por sua vez constroem células com funções específicas.
Graças à descoberta de Crick e Watson, em pouco mais de uma década foi possível entender o funcionamento do código genético e, a partir daí, teve início uma era de avanços sem precedentes na biologia.
Desde que o naturalista austríaco Gregor Mendel apontou as leis da herança genética em 1865, começou uma corrida de quase um século que chegou a seu ponto culminante quando Crick e Watson compreenderam que o DNA é ordenado em forma de uma dupla hélice.
A descoberta aconteceu no laboratório Cavendish de Cambridge -- onde 29 ganhadores prêmios Nobel trabalharam no último século -- e foi a cristalização de vários anos de avanços em um campo que teve seu impulso definitivo em 1944, quando foi mostrado que a chave da transmissão genética estava escondida no DNA.
Descobrir a estrutura de uma molécula que prometia dar acesso aos segredos da vida se tornou o objetivo de alguns dos centros científicos mais avançados do mundo, e Crick e Watson abandonaram todos os projetos que tinham em 1951 para se dedicarem totalmente a essa tarefa.
A concorrência era dura: o biólogo americano Linus Pauling, que já tinha se aprofundado na estrutura das proteínas, e o britânico John Randall, que contava com uma equipe completa no King's College de Londres, também tentavam descobrir os segredos do DNA.
A cristalógrafa inglesa Rosalind Franklin tinha desenvolvido nessa mesma universidade londrina pesquisas sobre o estudo com raios-x da estrutura molecular que foram essenciais para desvendar o mistério da dupla hélice.
Os dados experimentais de Rosalind poderiam ter dado uma vantagem para os pesquisadores da King's College, mas o estudo acabou nas mãos dos biólogos de Cambridge.
Com ele, Crick e Watson ensaiaram um caminho diferente do que estava sendo seguido pelas demais equipes dedicadas a descobrir a forma do DNA, que insistiam em buscar a molécula com microscópios que não eram suficientemente potentes.
Os dois cientistas acertaram ao compreenderem que, submetendo a molécula a raios X e estudando a difração desses raios, podiam chegar a uma estrutura em forma de dupla hélice.
A descoberta não foi uma mera descrição da molécula. Ela começou a explicar o mecanismo com o qual o DNA se separa em duas fibras -- daí a dupla hélice -- para se reproduzir em duas moléculas idênticas, a base da herança genética.
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