UM ABRAÇO PARA O MEU PAI - ÚLTIMA POSTAGEM DO ANO (2024) - JRL
As últimas palavras do ano 2024 vão para o meu pai, ano este que levou meu pai e amigo João embora, que foi tudo que um pai exemplar poderia ser, um patriarca para toda família que fez crescer, que cumpriu com perfeição sua função de cidadão e sempre fonte de boas inspirações em nossas vidas.
Sim, é pra ele que escrevo hoje. Para aquele que já foi Herói, o meu pai herói. Aquele que catava conchinhas na praia comigo, demonstrava as ferramentas no quadro e suas aplicações, e que adorava explicar o mundo pra mim… Que sempre tinha uma resposta pra tudo, mas que não tinha vergonha de dizer que não sabia. Aprendi tantas coisas com seu exemplo na vida prática: algumas coisas ainda guardo até hoje, e ainda me servem, e ainda são tão verdadeiras… Outras devo ter deixado pelo caminho, no difícil exercício de crescer. Se me examino mais de perto, ele está sempre lá; aliás, aqui, dentro de todos nós da família LIMA… no meu jeito de pensar, na forma mais otimista e ingênua de ver a vida, achando sempre que vai dar tempo, que vai dar certo, que o trânsito não atrasa, que o acaso sempre ajuda, na desorganização com as coisas pequenas, na incapacidade de prestar atenção aos detalhes pra ver o todo… Não tem nenhum lado em que eu olhe pra minha PESSOA e que eu não o encontre em algum lugar.
Das pessoas da minha vida, ele sempre foi o que mais me deu apoio, me deu a mão. O braço e o abraço. Tem muitos defeitos, é certo, mas quase nenhum como PAI. Se os tem, não lembro, não registrei… Prefiro lembrar de todo o tempo investido em me fazer crescer, me apoiar, me incentivar, me dar FORÇA… Talvez ainda persista em mim, aquela PESSSOA que insiste em vê-lo como herói… O meu MELHOR AMIGO! Sempre me fez BONS MOMENTOS em família, tinha certa incapacidade de nos fazer chorar. Mas sempre nos fazia feliz…
Pra ele, toda a ADMIRAÇÃO do mundo… Todo o nosso amor de família! Pra ele, as minhas orações, minhas preces e boas energias! Por ele, a minha caminhada, a minha luta e a minha estrada… Com ele, em todos os momentos, inclusive os que eu estou distante, porque é parte de mim! Porque se fosse pra escolher de novo, hoje, amanhã ou nos próximos mil anos, quando não houver mais tempo, nem espaço, nem matéria, nem nada, escolheria sempre ele como meu pai.
Eu sei que cada um de nós significa essa relação pai/filho de uma maneira peculiar. Sei também que a experiência de ser filho é única, singular e intransferível, que mesmo entre irmãos é possível e bastante comum que não se tenha a mesma visão sobre o pai ou sobre a mãe. São muitas as variáveis que atuam na forma como nos relacionamos com o outro. Não acho que a minha forma de me relacionar com o meu pai seja melhor ou pior do que qualquer outra. É apenas diferente… É a minha! Mas torço bastante pra que muitas pessoas se identifiquem com ela, não porque ela seja perfeita, longe disso, mas porque ela é danada de bonita e construtiva… E me orgulho demais da relação que conseguimos estabelecer… Digo CONSEGUIMOS porque uma relação é sempre uma construção… E é aqui onde quero chegar…
Com o fim de mais um ano se aproximando, gostaria de propor um exercício de reflexão: que tipo de relação estamos CONSTRUINDO com o nosso pai, nossa mãe, nossos irmãos, amigos… Com as pessoas? O que estamos fazendo pra estabelecer relações mais verdadeiras e mais genuínas ao longo do caminho? O que estamos DIZENDO para as pessoas que nos são caras e especiais sobre a importância delas nas nossas vidas?
Assim, neste mais um fim de ano, espero que você possa eventualmente perder o tempo, o fio, a meada, a vergonha… Mas NÃO PERCA a oportunidade de construir uma relação (fazendo, dizendo, mostrando, perdoando, ajudando, visitando, ponha o verbo que lhe caiba) com seu pai, que faça mais sentido pra você. E aqui não importa se seu pai está vivo ou não… Importa muito mais o significado e os re-significados que vamos dando ao longo da vida a essa relação tão especial. Sempre é tempo!!! Afinal, quase sempre, “temos todo o tempo do mundo”…
Missa Adicional de um mês de falecido - Curitiba - Paroquia São Vicente de Paulo
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UM MOMENTO DE LÁGRIMAS IMPOSSÍVEL DE NÃO ACONTECER NESTE ANO DE PERDA, POIS RELEMBRANDO TUDO NESTE TRISTE FIM DE (2024)...
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Extras já postados:
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RELEMBRANDO: OS 100 ANOS DO MEU PAI - 100 FILMES - JRL
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INST.:
INST.:
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Mia Couto – O Habitante - O MEU PAI
Mia Couto – O Habitante - O MEU PAI
Se partiste, não sei.
Porque estás,
tanto quanto sempre estiveste.
Essa tua,
tão nossa, presença
enche de sombra a casa
como se criasse,
dentro de nós,
uma outra casa.
No silêncio distraído
de uma varanda
que foi o teu único castelo,
ecoam ainda os teus passos
feitos não para caminhar
mas para acariciar o chão.
Nessa varanda te sentas
nesse tão delicado modo de morrer
como se nos estivesses ensinando
um outro modo de viver.
Se o passo é tão celeste
a viagem não conta
senão pelo poema que nos veste.
Os lugares que buscaste
não têm geografia.
São vozes, são fontes,
rios sem vontade de mar,
tempo que escapa da eternidade.
Moras dentro,
sem deus nem adeus.
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Mia Couto, Vagas e Lumes
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