01/05/09 - 14h00 - Atualizado em 01/05/09 - 14h00
'Poderoso chefão 2' perde a força na adaptação para os games
Jogador assume papel de 'don' na família Corleone.
Falhas técnicas e história vazia acabam com a brincadeira.
Foto: Divulgação Veja a ficha completa de 'O poderoso chefão II' (Divulgação/Arte G1) Se nos cinemas o segundo filme da trilogia “O poderoso chefão” levanta discussões contra o primeiro (até ganhou Oscar, se isso conta), nos games a história muda. Não que a estreia da família Corleone em terras virtuais (“Godfather I”, 2006) tenha sido um exemplo a se seguir.
– longe disso. “Godfather 2”, porém, promete muito e entrega quase nada. O resultado fica ainda mais difícil de engolir quando você compara o jogo à obra de arte dirigida por Francis Ford Coppola nos filmes.
O jogo de ação tem versões para PC, Xbox 360 e PlayStation 3 e pode ser encontrado em lojas brasileiras a partir de R$ 99,90 (versão PC).
Dominic é o aspirante a chefão na família Corleone. Você cria o rosto de seu herói e passa a fazer parte dos acontecimentos do segundo filme da série. A ação começa em 1958, na festa de ano novo em Havana (Cuba). Depois da tragégia, você volta para Nova York e assume cargo de confiança na família Corleone. A missão, a longo prazo, é levantar a própria família, ganhando respeito, dinheiro e posses em Havana, Nova York e Miami.
Simplificar para facilitar:
"O poderoso chefão 2" mistura elementos de estratégia, ação e tiro, o que talvez não tenha sido uma grande ideia.
A estratégia surge no mapa estiloso, que representa a visão do chefão sobre a cidade. Você pode acessá-lo a qualquer momento para ter um acompanhamento geral dos negócios. Ele permite identificar prédios e ruas, traz ícones que mostram quais famílias estão dominando determinados lugares. Seu objetivo, claro, é dominar os negócios dos rivais, derrubar os focos de resistência e, enfim, eliminar de vez a família inimiga. Para isso, é preciso ir para as ruas.
Seu personagem criado no jogo (à direita, no caso) interage com os personagens do filme - quase sempre ouvindo ordens (Foto: Reprodução) A vida de aspirante a chefão não é tranquila. Você recruta capangas e parte para tentar tomar os negócios dos rivais. A estrutura é semelhante à do primeiro jogo. Você invade uma padaria, por exemplo, e pressiona o dono do lugar até ele aceitar sua oferta: você protege o
lugar, em troca de alguns dólares. O "segredo" é descobrir o ponto fraco de cada pessoa.
Alguns se entregam depois de algumas pancadas, outros não podem ver seu patrimônio ser destruído. Agora aplique essa regra para todos os estabelecimentos comerciais presentes no jogo, e você tem horas de repetição pela frente.
A história do filme se cruza com as missões do jogo, mas toda a classe da trilogia se perde nos cenários pobres e na ação repetitiva. Chega um momento em que você é quase um chefão, e mesmo assim sai às ruas escolhendo anônimos que precisam de algum favor. O pedido, geralmente, envolve assassinar alguém ou destruir alguma loja, com justificativas nada intrigantes através dos diálogos. São os valores e a tradição da máfia italiana sendo reduzidos a uma série de tiroteios burros e ações fora de contexto.
Nem as cenas narrativas, reproduzidas dos filmes, com boa dublagem, conseguem salvar a "brincadeira". Se você estiver fugindo da polícia, por exemplo, e parar para conversar com Michael Corleone para uma próxima missão, as autoridades vão continuar disparando, o sangue vai continuar espirrando, e vocês dois vão continuar conversando como se nada estivesse acontecendo.
Favores na rua:
Sua "família" é formada por recrutas que você escolhe em pontos pela cidade. A especialidade de cada um deles faz diferença nos combates, então vale conversar um pouco com cada um antes de fazer a contratação. Existem médicos, especialistas em explosivos e em arrombamento de cofres, por exemplo. Só mais uma prova de como a sutileza e a classe do filme foram deixadas de lado, em troca de algo mais prático.
Dirigir é tão frustrante quanto no primeiro jogo da série: carros todos parecidos, realismo quase zero (Foto: Divulgação) O universo "aberto" segue o gênero inaugurado por "GTA III", mas sofre com uma artificialidade incomum. Além das falhas técnicas (carros que desaparecem), a pobreza dos cenários e das pessoas é chocante - principalmente se você passou algumas horas em "GTA IV".
Pessoas circulam pelo lugares menos prováveis, como robôs programados para andar sem motivo. Mulheres ostentam o mesmo corte de cabelo - desde a festa em Havana até os becos de Nova York. Você rouba um carro "gentilmente", sem violência e sem barulho, e pessoas a um quadra de distância começam a correr agachadas.
Será por isso que o cineasta Francis Ford Coppola não gosta de videogames?
Um oferta recusável:
O mapa é uma das inovações que deram certo, permitindo que você tenha visão ampla da cidade, sem deixar de acompanhar os detalhes (Foto: Divulgação)
É difícil achar um lugar de destaque para "O poderoso chefão". Se você procura mundos abertos para explorar até o fim da vida, fique com "GTA IV" (Rockstar Games, 2008). Se quer reviver a "era de ouro" da máfia nos EUA, fique com o subestimado "Mafia: the city of lost heaven" (2K Games, 2002). Até mesmo "Scarface" (Sierra, 2006) faz um trabalho mais convincente com personagens e diálogos - e tem o melhor Al Pacino nos games até hoje.
Mas se você ainda não sabe como começou e terminou essa história de Corleones, famílias rivais e grandes frases que marcaram o cinema, resgate a trilogia dos filmes e contente-se em assistir - apertando, no máximo, o botão pause quando necessário.
PUBLICADOS BRASIL NO ORKUT
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