Os principais desastres ambientais ocorridos no Brasil
Considerado por especialistas e pelo próprio governo federal como a “maior tragédia ambiental da história do Brasil”, o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), no dia 5 de novembro de 2015, provocou a liberação de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos e a formação de uma onda de lama de aproximadamente 10 metros de altura, que deixou um rastro de destruição e morte. “É a maior catástrofe ambiental do país, isso é inegável. Eu vi o acidente. É impressionante o impacto na flora e nas atividades econômicas”, considerou a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira.
Especialistas destacam que a grandiosidade dos danos se deve à amplitude dos impactos ambientais, bem como à variedade e à extensão atingida. “Trata-se de um desastre que além de trazer incalculáveis prejuízos ambientais, também acarreta prejuízos sociais, econômicos e culturais”, avalia Gustavo Souto Maior, do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB).
Barragem se rompe e inunda distrito no interior de Minas
“São várias as dimensões do desastre, que ainda está ocorrendo. Não consigo ver na história do Brasil nada parecido em termos de proporção”, complementa o especialista. Na lista abaixo, relembre outros desastres ambientais que ocorreram no Brasil e saiba porque o de Mariana é considerado o mais grave até hoje:
1984, incêndio na Vila Socó
Em fevereiro, um falha em dutos subterrâneos da Petrobras espalhou 700 mil litros de gasolina nos arredores da Vila Socó, em Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio destruiu parte da favela. Foram contabilizados, oficialmente, 93 mortos.
1987, Césio 137 em Goiânia
Em setembro, um dos mais graves casos de exposição à radiação do mundo ocorreu em Goiânia (GO), por meio da contaminação pelo material radioativo Césio 137. Na ocasião, dois catadores de lixo arrobaram um aparelho radiológico nos escombros de um antigo hospital e encontraram um pó branco que emitia luminosidade azul. Os catadores levaram o material radioativo a outros pontos da cidade, contaminando pessoas, água, solo e ar. Pelo menos quatro morreram devido à exposição, e centenas de outras desenvolveram doenças. Em 1996, a Justiça condenou, por homicídio culposo, três sócios e um funcionário do hospital abandonado. A pena foi de três anos e dois meses de prisão. Porém, as penas foram trocadas por prestação de serviços voluntários.
2000, vazamento de óleo na Baía de Guanabara
Em janeiro, o Ibama aplicou duas multas à Petrobras, uma de R$ 50 milhões e outra de R$ 1,5 milhão, após o vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo in natura na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro (RJ). Um acidente com um navio petroleiro resultou no vazamento. O incidente causou morte da fauna local e poluiu também o solo em vários municípios, como Magé.
2000, vazamento de óleo em Araucária
Em julho, o Ibama aplicou três multas à Petrobras, totalizando R$168 milhões, pelo vazamento de quatro milhões de litros óleo na refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária (PR).
2003, vazamento de barragem em Cataguases
Em março, ocorreu o rompimento de barragem de celulose na região de Cataguases (MG), com vazamento de 520 mil m³ de rejeitos compostos por resíduos orgânicos e soda cáustica. Os resíduos atingiram os rios Pomba e Paraíba do Sul, originando prejuízos ao ecossistema e à população ribeirinha, que teve o abastecimento de água interrompido.
O incidente também afetou áreas do Estado do Rio de Janeiro. O Ibama aplicou multa de R$ 50 milhões à Florestal Cataguases e Indústria Cataguases de papel.
2007, rompimento de barragem em Miraí
Houve rompimento de barragem de mineração na região de Miraí (MG), com vazamento de 2.280.000 m³ de água e argila (lavagem de bauxita).
O órgão estadual aplicou multa de R$ 75 milhões à empresa Mineração Rio Pomba Cataguases.
2011, Chuvas na região serrana do Rio
Em janeiro, em decorrência de um elevadíssimo nível de chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, uma série de deslizamentos e enxurradas destruiu casas nas regiões de encosta. Foram totalizadas aproximadamente 800 mortes. As chuvas, principalmente nas regiões Sudeste e Sul, costumam ser as grandes causadoras de acidentes naturais. Em 2008, a região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, sofreu uma grande enchente, que resultou em mais de 100 mortes.
2011, vazamento de óleo Bacia de Campos
Em novembro, houve o vazamento de uma grande quantidade de óleo da Chevron na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro (RJ). O Ibama aplicou duas multas à empresa, uma de R$ 50 milhões e outra de R$ 10 milhões, pelo vazamento de 3,7 mil barris de óleo no Campo de Frade.
Estima-se que a mancha provocada pelo vazamento no mar tenha chegado a 162 km², o equivalente a metade da Baía de Guanabara.
Especialistas registraram uma grande quantidade de animais mortos nas áreas afetadas pela mancha. A empresa americana Chevron, responsável pela perfuração do poço que vazou, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 95 milhões ao governo brasileiro para compensar os danos ambientais causados.
2015, incêndio na Ultracargo
Em abril, após incêndio no Terminal Alemoa, em Santos (SP), a empresa Ultracargo foi multada pelo órgão estadual de meio ambiente em R$ 22,5 milhões por lançar efluentes líquidos no estuário, em manguezais e na lagoa contígua ao terminal. A Ultracargo foi multada por lançar efluentes líquidos no estuário de Santos, em manguezais e na lagoa ao lado do terminal, além de emitir efluentes gasosos na atmosfera, colocar em risco a segurança das comunidades próximas, dos funcionários e de outras instalações localizadas na mesma zona industrial
2015, rompimento da barragem de Mariana
Barragem de Mariana - antes e depois - Google Earth
Em novembro, o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) provocou a liberação de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos. “O Rio Doce já estava razoavelmente comprometido antes desse desastre, por fatores como poluição e assoreamento. Agora, com esta quantidade de lama acho muito difícil que muitos danos sejam reparados”, avalia Souto Maior.
Em Minas Gerais, só nos últimos 14 anos, ocorreram “acidentes” na Mineração Rio Verde, em Nova Lima (2001), na Mineração Rio Pomba Cataguases, em Miraí (2007), e na Mineração Herculano, em Itabirito (2014).
Por enquanto, a Samarco, responsável pelas operações de mineração, já recebeu cinco multas do Ibama, que somam R$ 250 milhões, e arcará com todos os custos indenizatórios individuais e coletivos e mais a recuperação ambiental da área impactada, de duração imprevisível.
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