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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Percy Fawcett, o explorador que desapareceu no Brasil e inspirou Indiana Jones

Percy Fawcett, o explorador que desapareceu no Brasil e inspirou Indiana Jones

Aventureiro sumiu sem deixar vestígios enquanto buscava a lendária cidade de "Z" em 1925.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Doutor Aventura

DOUTOR AVENTURA



O que safenados e mergulhadores têm em comum? Astronautas podem ajudar no tratamento de fraturas? Essas perguntas são parte do trabalho do inglês Kevin Fong, médico e professor de fisiologia da University College de Londres (UCL), na Inglaterra. Membro do Centro de Aviação, Espaço e Ambientes Extremos da universidade, ele busca nos esportes radicais tratamentos para males que vão da osteoporose a problemas cardíacos. O raciocínio é simples: o comportamento do corpo humano em situações extremas pode dar pistas valiosas sobre nossas reações a doenças e acidentes.

Fong começou a pensar nisso quando trabalhava como anestesista em salas de emergência. Em 1999, ao receber vítimas de um ataque a bomba num pub londrino, viu que elas tinham ferimentos mais do que suficientes para matá-las. E mesmo assim seus corpos resistiam à pressão. Para estudar esse fenômeno, resolveu submeter o próprio corpo aos limites.

Aos 33 anos, Fong foi eleito pela revista Esquire uma das 100 personalidades jovens mais influentes do planeta. Sua rotina alterna seringas e salas de aula com mergulhos nas ilhas Fiji, escalada de montanhas na Malásia, expedições ao Himalaia e até vôos sem gravidade num avião da Nasa. Isso é que é vida: diversão em nome da ciência.



Qual a relação entre esportes radicais e novos tratamentos médicos?

Nosso grupo reúne médicos interessados na medicina dos ambientes extremos, como grandes altitudes, mergulho, viagens espaciais, aviação e exposição a muito frio ou calor. Analisamos o que acontece com os sistemas fisiológicos nessas situações porque, sob muitos aspectos, o mesmo ocorre na terapia intensiva. Quando alguém fica doente ou gravemente ferido, os sistemas que fazem o corpo humano funcionar também chegam ao limite. Se entendermos melhor esses mecanismos, pode ficar mais fácil trazer os pacientes de volta à normalidade.


Como vocês estabelecem as correspondências entre uma atividade física e um problema médico? O que, por exemplo, o Everest e uma UTI têm em comum?

Nós observamos o corpo para ver como ele reage a certas atividades físicas e a problemas médicos. Por exemplo, em grandes altitudes, a pressão do oxigênio é menor, o que dificulta sua absorção pela corrente sanguínea. Problemas na absorção do oxigênio pelo sangue também são comuns entre pessoas doentes ou feridas. Para entender melhor tudo isso, estou tentando conseguir financiamento para uma expedição científica ao Everest em 2007. Vamos medir a quantidade de oxigênio no sangue num ponto bem alto da montanha - algo que nunca foi feito. A idéia é estudar como o oxigênio chega à corrente sanguínea quando a pressão é extremamente baixa. Com essa informação, poderemos aprender mais sobre os níveis que conseguimos tolerar aqui embaixo. Atualmente, não temos noção de qual quantidade de oxigênio no sangue faz a diferença entre estar vivo e morto. Queremos mostrar pela primeira vez quais são os limites da vida humana. O pico do Everest é o limite de onde pode existir vida humana. É surpreendente ver pessoas escalando a montanha. Como isso ocorre? Como o corpo se adapta? Essas perguntas podem nos dizer algo sobre como nos adaptamos a condições críticas.



E os mergulhos, como eles podem ajudar a medicina?

Estamos interessados na doença descompressiva, provocada pelo retorno muito rápido à superfície. Quando isso ocorre, bolhas de ar se formam nas veias do mergulhador, provocando complicações semelhantes às causadas por pontes de safena. Se entendermos melhor o mecanismo de uma coisa, podemos tratar melhor a outra. As câmaras hiperbáricas, usadas no tratamento da doença, também podem nos ajudar bastante. A combinação de alta pressão e grande concentração de oxigênio dentro das câmaras ajuda na cicatrização. Funciona bem no tratamento de feridas que atingem muitos diabéticos com problemas de circulação.



Além de novas maneiras de encarar velhas doenças, quais áreas da medicina podem lucrar com experiências com o limite do corpo humano?

Pense, por exemplo, numa missão tripulada a Marte. Seriam entre seis e nove meses para chegar lá, cerca de um ano e meio na superfície e mais seis a nove meses para voltar. Se os astronautas passarem mal, o hospital mais próximo estará a dois anos e meio de viagem. Não dá para levar um hospital ao espaço, mas dá para levar um hospital virtual. É por isso que a telemedicina é um campo promissor nos programas espaciais. A idéia é desenvolver olhos e ouvidos eletrônicos para que, aqui na Terra, possamos fazer o diagnóstico e recomendar tratamentos. O médico aqui teria acesso a fotos e vídeos da área afetada. Poderia também ouvir o coração do astronauta. Tudo isso pode ser aproveitado aqui na Terra em regiões remotas, sem acesso a médicos.



Quais outros equipamentos desenvolvidos para viagens especiais podem ser utilizados pela medicina?

Eu passei uma temporada na Nasa estudando formas de transformar a água a bordo em um fluido esterilizado que seria utilizado para preparação de soro fisiológico e antibióticos injetáveis. Isso seria muito útil em regiões isoladas onde faltam líquidos estéreis para uso médico. Um dos meus colegas da Nasa enfrentou esse problema ao socorrer vítimas de uma enchente em Moçambique, na África. Mas, infelizmente, a pesquisa não seguiu adiante por falta de financiamento.



Você também está envolvido em pesquisas com a saúde dos astronautas expostos à falta de gravidade. Qual o objetivo desse projeto?

Vôos espaciais de longa duração afetam praticamente todos os sistemas do corpo humano. No espaço, sem o impacto da gravidade, temos a oportunidade única de entender mecanismos fisiológicos fundamentais. A ausência de peso, por exemplo, enfraquece músculos e ossos, que se acostumam com a idéia de não precisar mais trabalhar contra a gravidade. Temos um interesse especial por esses processos. A ciência médica ainda não entende exatamente como ossos quebram e se reconstituem. Acredito que pesquisando o comportamento de ossos adormecidos pela ausência de gravidade poderemos desenvolver novas drogas para doenças como a osteoporose.



Além do interesse teórico, você também teve experiências práticas na Nasa. Como isso ocorreu?
Tive a chance de voar algumas vezes nos aviões simuladores de microgravidade usados no treinamento dos astronautas. É bem divertido. O avião atinge cerca de 7,6 mil metros e, então, num intervalo de 45 segundos, sobe até 10,6 mil metros e mergulha a 3 mil metros. No meio desse tempo, por causa da ausência de peso, a gente flutua por 23 segundos. Isso se repete umas 45 vezes no vôo. Uns dois terços das pessoas a bordo vomitaram. O avião até ganhou o apelido de "cometa do vômito". Ainda bem que os instrutores nos ensinam a usar um saquinho para o vômito não flutuar com a gente - é preciso tê-lo sempre à mão, porque nessas situações é muito importante que o saquinho chegue a sua boca antes de você vomitar. Eu tive a sorte de passar mal apenas no fim do vôo, depois de ter me divertido um bocado.


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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mistério no Xingu - Percy Fawcett

FAWCETT: MISTÉRIO NO XINGU



O que aconteceu a Percy Fawcett? Feita desde 1925, a pergunta até hoje não foi satisfatoriamente respondida. O explorador inglês desapareceu na selva do Xingu, com o filho Jack e um amigo, quando procurava uma cidade perdida. Eles foram mortos pelos índios do Brasil Central ou, como sustentam alguns esotéricos, a expedição atravessou um portal e ingressou num plano espiritual elevado? Acompanhe a história do sertanista e arqueólogo que inspirou a criação do personagem Indiana Jones.

A polêmica sobre o desaparecimento de Fawcett reflete as contradições vividas pelo próprio explorador. O topógrafo que conquistou respeito internacional por suas medições em trechos quase inacessíveis da Amazônia era profundamente místico. Militar, Fawcett serviu no Ceilão, onde se apaixonou pela arqueologia e se converteu ao budismo. Ele acreditava nas profecias de astrólogos da região, feitas antes do nascimento de seu primeiro filho, segundo as quais a criança nasceria em 19 de maio, dia da festa de Buda (o que se confirmou), e seria o pai de uma nova raça. Também admitia a existência de índios brancos, descendentes dos atlantes, e os procurara nos Andes e na floresta tropical. E jamais se separava de uma estatueta de basalto que recebera do escritor H. Rider Haggard, autor do romance As Minas do Rei Salomão. A imagem, supostamente vinda do Brasil, continha inscrições desconhecidas.

A crença na existência desse local misterioso, no interior do país, nasceu quando Fawcett leu a transcrição inglesa de relatos sobre a cidade e as minas de prata de Muribeca, encontradas (e novamente perdidas) nos séculos 17 e 18. Ele jamais esqueceu a descrição do grande núcleo desértico, com arcos na entrada, estátuas, templos e pepitas de prata na superfície da terra. A descoberta do centro inca de Machu Picchu, em 1911, no Peru, reforçou sua crença de que a América do Sul encerrava tesouros arqueológicos - além de ouro e prata. Numa carta dirigida aos jornais que financiavam sua expedição, observou: "Não duvido um só instante da existência dessas velhas cidades. Eu mesmo vi parte de uma delas".

Improviso no sertão
Empreendidas entre 1920 e 1925, as expedições brasileiras de Fawcett seriam bem diferentes das que o consagraram, como topógrafo, sob a bandeira boliviana. O aventureiro contava com uma confiança inabalável e conhecimentos enciclopédicos sobre a sobrevivência na floresta. Ele sabia, por exemplo, que podia usar o som de instrumentos musicais para fascinar grupos indígenas hostis. Dessa vez, porém, o inglês agia por conta própria, com recursos mínimos. Ele chegou a recusar o apoio logístico do governo brasileiro - embora aceitasse um financiamento dos cofres públicos -, só para não dividir os méritos de eventuais descobertas. Em tais condições, o improviso e a precariedade marcaram todo o projeto.

Entre setembro e novembro de 1920, Fawcett percorreu os sertões ao norte de Cuiabá. Tinha apenas um companheiro, um norte-americano apelidado de Felipe. Na segunda investida, os dois partiram de Salvador em maio de 1921. Exploraram durante dois meses as regiões de Ilhéus e Vitória da Conquista, sem encontrar indício da cidade perdida. Em janeiro de 1925, Percy Fawcett, seu filho Jack e um amigo deste, Raleigh Rimell, desembarcaram no Rio de Janeiro. Em 4 de março, os três chegaram a Cuiabá. Em 20 de abril, deixaram a capital mato-grossense, com dois guias. O projeto era seguir para o norte, até o Paralelo 12, e depois para leste. Em algum ponto, acreditavam, encontrariam a cidade perdida.

O grupo chegou ao Posto Simão Lopes, porta de acesso ao Xingu, em 15 de maio. Fawcett despediu os guias e retomou a jornada na semana seguinte. No dia 29, escreveu para a mulher, Nina, e aos jornais que financiavam a expedição. "Vou me encontrar com índios selvagens em breve, mas você não deve temer nenhum tipo de fracasso." Foram as últimas notícias do explorador. Sabe-se que ele seguiu em direção às terras dos cuicuros e calapalos - e desapareceu.
O jornal inglês The Times ofereceu um prêmio de 10 mil libras a quem comprovasse o que havia acontecido ao explorador. Num relatório de 1942, o então general Cândido Rondon afirmou que Fawcett havia sido morto pelos calapalos. Nos anos 1950, esses índios admitiram sua responsabilidade ao sertanista Orlando Villas-Boas e mostraram a ele os supostos restos mortais do aventureiro. Mas a família nunca permitiu a realização de exames de DNA, que poderiam esclarecer a questão. Nina Fawcett morreu em 1954, convencida de que mantinha contato telepático com o marido e o filho, ambos vivos no Brasil. Os místicos do Planalto Central continuam a dizer que Percy Fawcett entrou em uma dimensão superior, junto com sobreviventes de Atlântida. O prêmio do The Times permanece em aberto.

O viajante
Nascido em 1867 na Inglaterra, Percy Fawcett foi militar e serviu na Ásia. Seus conhecimentos de topografia levaram-no a prestar serviços ao governo boliviano, que precisava de um profissional capaz de percorrer áreas em litígio na região da Amazônia. Entre 1906 e 1913, Fawcett conduziu diversas expedições pela floresta. Tornou-se um explorador famoso, cujos relatos fascinavam o público (ele inspirou Conan Doyle na ambientação do romance O Mundo Perdido). Em 1914, o major Fawcett lutou na Primeira Guerra Mundial. No final do conflito, deixou o Exército e veio ao Brasil em busca de uma cidade perdida.


A cidade perdida

Uma corte do Brasil
A Biblioteca Nacional guarda um manuscrito, conhecido como Documento 512, publicado em 1839 pela Instituto Histórico Geográico Brasileiro. É o relato da descoberta, em 1753, de uma grande cidade deserta. "Uma corte do Brasil"

Escrita desconhecida
Escrita por um bandeirante que se perdeu nos sertões do Nordeste, o documento descreve a entrada da cidade, com um portal mais elevado trazendo incrições misteriosas, numa escrita desconhecida, ladeado por dois portais menores

Figuras humanas
O texto também menciona obeliscos, casas, contruções que parecem templos e duas imagens. Uma delas, lateral, é a de um jovem de peito nu com uma coroa de louros. A outra é "a estátua de um homem com o braço direito estendido"

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Navegador dos sete mares - Amyr Klink

ENTREVISTA: NAVEGADOR DOS SETE MARES



A bordo do veleiro Paratii2, o navegador Amyr Klink e tripulação acabam de concluir uma volta ao mundo sem escalas. Admirado por enfrentar águas geladas e pelo sucesso de seus projetos, o comandante diz levar uma vida normal.

Você acaba de concluir, com sucesso, uma nova circunavegação polar. como foi?

Maravilhosa. Cruzamos todos os meridianos - uma volta ao mundo dentro da convergência antártica - e vencemos, sem escalas, os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. Foi uma viagem de muitos riscos, pois ocorreu numa região sem registros de navegação. É legal ver que vencemos o desconhecido. Mas também é uma alegria que dura pouco. Já estou pensando em novos projetos.

Quais foram os momentos mais marcantes dos 76 dias de viagem?

Foi interessante colocar em prática tantas novidades que tínhamos pensado para o barco e foi também uma viagem surpreendente. Eu já tinha passado mais de dez vezes pelo estreito de Lemaire, mas nunca tinha visto uma série de coisas que vi agora. Sofremos congelamento de água salgada sobre o barco, navegamos em campos oceânicos de gelo e vimos as explosões de auroras austrais.

O desejo de explorar é inerente ao homem?

Sim e não. Todos temos tendência de ser exploradores, mas muitos apagam essa vocação. É triste que ao longo da vida a curiosidade de conhecer coisas novas desapareça, pois ela é essencial no espírito da exploração. Na viagem ficou claro isso. Tivemos ao todo nove tripulantes, entre os quais estiveram os dois piores com os quais já viajei até hoje. A falta de curiosidade fez com que se entregassem ao medo.

O que leva as pessoas a fazer coisas inéditas?

Acho que é a curiosidade, o interesse que traz consigo a coragem para enfrentar obstáculos.

Há quem diga que só a ciência confere valor a uma expedição. do contrário, é excursão.

Sem dúvida. Concordo plenamente com essa afirmação. Eu mesmo fiz mais excursões que expedições. Hoje procuro ter uma atitude científica desde antes da viagem propriamente dita. Meus projetos exigem investigação técnica, pesquisa, planejamento. É uma pena que no Brasil se dê tão pouco valor ao modo como se faz. Só se procura saber o resultado. Eu me orgulho muito de todo o processo de preparação e planejamento das minhas viagens, pois é ele que garante um resultado positivo no final. Ou seja, é fundamental.

Existe espaço para a improvisação?

Sim. Minhas viagens não são um processo totalmente científico nem completamente linear. Não acho ruim a improvisação. O risco é contar com ela, se apoiar nela. A gente tem improvisado com sucesso, porque gastou tempo se preparando.

Quando você decidiu ser um navegador?

Na infância. Sou filho de pai libanês e mãe sueca e em casa falávamos muitos idiomas. Ainda pequeno decidi que queria aprender inglês e francês e comecei a estudar com afinco. Além de literatura, passei a ler relatos marítimos e assim descobri histórias de muitos barcos que eu havia visto passar por Paraty, região que freqüentava. Naquela época, ainda adolescente, eu já tinha o sonho secreto de construir um veleiro para ir à Antártida.

Hoje, você também é escritor. tem alguma outra atividade que gostaria de fazer?

Se eu tivesse todo o dinheiro do mundo, estaria fazendo exatamente o que faço. Ao contrário do que muitos pensam, levo uma vida comum. Tenho 48 anos, sou casado, tenho três filhas, declaro Imposto de Renda, pago conta. O que pode ser que eu tenha de diferente é a oportunidade de levar uma vida simples, mas não monótona. Exerço muitas profissões nos meus projetos. Só poderia trabalhar em outra coisa que tivesse todas essas características. Quem sabe, na construção civil.

Amyr Klink

- Desde os 10 anos coleciona canoas antigas

- Economista, fazia análises financeiras num banco antes de virar aventureiro

- Casou-se em 1996 com Marina Bandeira, mãe de suas três filhas
- Com o pai, empresário libanês, aprendeu a não ter apego pelos bens materiais