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sábado, 17 de setembro de 2022

Por acidente, experiência genética transforma hamsters em monstros mutantes raivosos

Por acidente, experiência genética transforma hamsters em monstros mutantes raivosos

Manipulação dos genes fez com os animais fofinhos virassem feras agressivas.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Estudos apontam que sexo nos deixa mais inteligentes e estimula a memória

Estudos apontam que sexo nos deixa mais inteligentes e estimula a memória


Diferentes pesquisas apontam que a atividade sexual impacta de forma positiva tanto na produção de novos neurônios (neurogênese), quanto no hipocampo, área do cérebro responsável pelo desempenho mental na formação de memória a longo prazo. 

sábado, 17 de agosto de 2019

Cientistas usam fermento de 4.500 anos para recriar pão do Antigo Egito

Cientistas usam fermento de 4.500 anos para recriar pão do Antigo Egito


Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos assou um pão com um ingrediente inusitado. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Bebês recordam língua que ouvem no começo da vida


Bebês recordam língua que ouvem no começo da vida


O primeiro ano de vida é um período de impressionante desenvolvimento linguístico do ser humano (Foto: Scott Housley/CDC)


bebês constroem o conhecimento sobre o seu idioma já nos primeiros meses de vida. Por isso, mesmo que uma pessoa mude de país e esqueça a sua língua nativa, ainda assim será capaz de voltar a falá-la rapidamente, dizem os cientistas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Nova equação pode ser a chave para a Teoria de Tudo


Nova equação pode ser a chave para a Teoria de Tudo


Físicos podem ter descoberto a ligação entre buracos de minhoca, gravidade e viagens no espaço-tempo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Como foi possível ? - Clonagem


Como foi possível ? - Clonagem


A notícia da façanha de Wilmut foi uma bomba, uma unanimidade, uma festa e tanto. Manchetes em todas as televisões, jornais, rádios, revistas, sites da Internet. E por que tudo isso?

Bem, comecemos pelo verbo "clonar", que por sinal ainda não faz parte do Aurélio. Esse neologismo genético significa fazer cópia, artificialmente, de um ser vivo. Aliás, "clonar", em si, nem é uma novidade. Cientistas do mundo inteiro andam "clonando" por aí há quase vinte anos. Desde 1978, vários tipos de animais são copiados - e, se não fosse proibido, já teriam sido anunciados os clones de gente. Mas antes as cópias eram obtidas a partir de embriões - e embriões, você sabe, são aqueles pequenos ovos gerados a partir do encontro de um óvulo com um espermatozóide. Portanto, a técnica de clonagem partia da multiplicação forçada de embriões. Reproduziam-se num tubo de ensaio diversos embriões de uma matriz, que depois eram colocados nos úteros de várias fêmeas.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Ao contrário do que todos pensavam, o sabor vem do cérebro e não da língua


Ao contrário do que todos pensavam, o sabor vem do cérebro e não da língua


Pesquisadores dos EUA, em um estudo divulgado na revista Nature, revelaram que testes com camundongos mostraram que o sabor era ativado e silenciado por certas células cerebrais.
Isso demonstra pela primeira vez que o gosto é determinado pelo cérebro, e não por nossos paladares.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Cientistas comandam rota de cobaias por sonda com controle remoto


Cientistas comandam rota de cobaias por sonda com controle remoto


Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolveram um dispositivo que promete revolucionar a neurociência. Os primeiros testes, realizados com camundongos, apresentaram resultados promissores.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pasteur: Ciência das Ruas


PASTEUR: CIÊNCIA NAS RUAS



O criador da vacina anti-rábica e da Microbiologia uniu as experiências de laboratório às demandas da vida cotidiana.

Quase um século após a morte de Louis Pasteur seu nome está impresso no cotidiano de milhões de pessoas. Em cada saquinho de leite comprado numa padaria, por exemplo, a embalagem avisa que o produto está pasteurizado, ou seja, livre de germes causadores de doenças. O cientista francês também empresta o nome a 27 institutos de pesquisa e tratamento de doenças infecciosas e parasitárias espalhados pelo mundo. Era assim mesmo que o químico e microbiologista Louis Pasteur gostava de fazer ciência: em contato com a vida real, confirmando suas teorias com experiências e preocupando-se em divulgar os resultados de suas pesquisas, para que fossem aplicados em benefício da indústria, da Medicina ou da agricultura. A ciência de Pasteur, antes de tudo, estava casada com o dia-a-dia.
Além da pasteurização, o nome de Pasteur é prontamente associado ao da vacina anti-rábica. Embora essas duas descobertas sejam as mais famosas, ele também foi o pioneiro da Microbiologia, inaugurou um ramo da Química chamado Estereoquímica e sobretudo provou que são os microorganismos que causam as doenças e os processos de fermentação. Antes de Pasteur, a Medicina mal conhecia as causas das doenças contagiosas e por isso era incapaz tanto de preveni-las como de tratá-las. A cirurgia era o último recurso em que se pensava para salvar um doente, pois a menor incisão do bisturi freqüentemente era uma porta aberta para a morte. Pasteur provocou uma revolução científica que transformaria as condições da existência humana.
Durante sua infância, porém, nada sugeria a inteligência curiosa do futuro brilhante cientista. Filho de um curtidor de couros, Pasteur nasceu em 27 de dezembro de 1822, na pequena cidade de Dolé, no leste da França, a 370 quilômetros de Paris. Até os 20 anos, ainda que aluno razoável, só tinha olhos para o desenho. Os trabalhos dessa época, que incluem pastéis, litografias e desenhos, estão expostos em seu museu, em Paris, e revelam uma técnica surpreendente, embora puramente intuitiva. Numa dessas pinturas, Pasteur retratou o pai - e o quadro permite supor que, se o autor tivesse seguido a carreira de artista plástico, teria feito sucesso.
Mas estudar era preciso e Pasteur formou-se no colégio de Besançon, onde junto com o diploma recebeu o veredicto implacável do professor de Química: "Medíocre". É nessa época que seu temperamento obstinado começa a despertar.Em Paris, ao prestar concurso para a Escola Normal Superior, foi aprovado em décimo quinto lugar entre 22 candidatos. Insatisfeito, deixa o curso, prepara-se para novo exame e é aprovado no ano seguinte - dessa vez em quarto lugar. Leva o curso tão a sério que recebe sucessivas cartas do pai pedindo-lhe para reduzir o ritmo de trabalho. Em 1848, um ano depois de obter o doutorado, apresentou à Academia de Ciências de Paris uma descoberta notável em Química.
Pasteur investigara os cristais do ácido paratartárico, que havia sido recentemente descoberto. Para tanto, dispunha de equipamentos bastante rudimentares: seus microscópios eram capazes de proporcionar aumentos de até 800 vezes - pouco mais que os modelos amadores de hoje em dia. Pasteur demonstraria que um dos cristais do ácido paratartárico que era igual aos do ácido tartárico podia ser utilizado na nutrição de microorganismos, enquanto o outro não era assimilado por organismos vivos. Baseado nesses experimentos, elaborou a teoria da assimetria molecular, segundo a qual as propriedades biológicas das substâncias químicas não dependem apenas da natureza dos átomos que formam suas moléculas mas também da disposição desses átomos no espaço. Esse novo ramo da ciência receberia o nome de Estereoquímica.
Em 1849, aos 27 anos, Pasteur foi nomeado professor de Química da Universidade de Estrasburgo, onde conheceu a jovem Marie Laurent, filha do reitor. Apaixonado a ponto de não conseguir concentrar-se em mais nada, decide pedi-la em casamento, não sem antes - como exigia a praxe da época - mandar uma carta ao senhor reitor explicando sua origem humilde e condição financeira apenas razoável. Pelo visto, a carta foi bem recebida, pois dois meses depois Pasteur casou-se com Marie, que permaneceria sua colaboradora dedicada por mais de 45 anos. O casal teve cinco filhos, mas três meninas morreram de doença ainda crianças, sobrevivendo apenas os filhos Jean-Baptiste e Marie-Louise. Jean-Baptiste seria o grande companheiro dos últimos anos do pai, quando este sofreu dois derrames sucessivos.
Pasteur revelou-se um excelente professor. Sério, introspectivo, preparava as aulas meticulosamente, preocupado com todos os detalhes, procurando os termos mais adequados e um perfeito encadeamento de idéias. Jamais afirmava algo sem uma demonstração. Quando assumiu o posto de reitor da Universidade de Lille, em 1854, colocou em prática conceitos modernos de educação. Instituiu cursos noturnos para os jovens trabalhadores, levava os alunos às fábricas da região e organizava cursos práticos, para demonstrar a relação que acreditava existir entre teoria e prática. Nesse sentido, estava perfeitamente sintonizado com as melhores tendências de seu tempo tão carregado de inovações.
Em sua atividade, Pasteur exibia um caráter obstinado. Além de administrador da Escola Normal, onde ficou conhecido pelo seu apego militar à hierarquia e à disciplina, ensinava Química na Sorbonne e dedicava várias horas do dia à pesquisa, trabalhando até nos fins de semana."Tenho a impressão de que estarei cometendo um roubo se passar um dia sem trabalhar", dizia. Jamais deixou de prosseguir nas suas pesquisas, mesmo quando, no início de seu período como diretor da Escola Normal, o laboratório colocado à sua disposição não passava de um sótão inabitável. Depois de três anos ali, transferiu-se para um minúsculo pavilhão, onde, para que coubesse todo o material de que precisava, era obrigado a trabalhar ajoelhado.
Essa foi, não obstante, uma fase extremamente produtiva. O acaso o desviou de suas pesquisas com cristais, o grande fascínio de sua vida. Ele havia descoberto que um dos dois tipos de cristais do ácido paratartárico, que se dissocia na fermentação, servia para alimentar microorganismos. Pasteur concluiu então que a fermentação só poderia ser causada por uma substância viva, ao contrário do que imaginavam os químicos. Assim, a fermentação passou a ser o tema de suas novas pesquisas.
Em 1854, quando Pasteur começou a se interessar pelos micróbios, o nome nem sequer existia: esses seres microscópicos eram conhecidos como animálculos, levedos, vibriões ou glóbulos. Sua presença era notada nas fermentações, sem que se conhecesse porém, sua função exata no processo. Com um estudo que se estenderia por mais de quinze anos, Pasteur criaria as bases da ciência hoje conhecida como Microbiologia. O início desse trabalho deu-se em 1856, quando um industrial de Lille solicitou-lhe ajuda. Proprietário de uma destilaria, ele se preocupava com o destino de sua produção de álcool de beterraba, comprometida por muitos problemas cujas causas não conseguia identificar.
Pasteur constatou então que o suco da beterraba apresentava os tais animálculos: redondos, quando a fermentação era sadia; e alongados, quando defeituosa. O mesmo fenômeno se repetia na fermentação do leite. Observando ao microscópio o movimento dos glóbulos, Pasteur concluiu que sua febril atividade alterava a composição do líquido. O próximo passo seria determinar a procedência desses seres que agiam como fermento. Pasteur acreditava que os germes viviam em suspensão no ar e decidiu provar a hipótese.
Em primeiro lugar, imaginou recolher amostras de poeira, mediante um dispositivo concebido por ele mesmo para aspirar o ar da rua: um tubo que tinha numa das pontas um algodão funcionando como rolha. Esse algodão seria em seguida introduzido num frasco cheio de líquido fermentável e colocado em uma estufa a uma temperatura de 25 a 30 graus centígrados. Ao final de alguns dias, o líquido estaria coberto por uma camada mais espessa, sinal de que os microorganismos do ar, captados pelo algodão, tinham-se desenvolvido. Sempre cuidadoso, Pasteur tomou certas precauções: primeiro, certificou-se de que tanto o tubo com o algodão como o frasco estavam totalmente desinfetados.
Também o líquido fermentável utilizado na experiência fora mantido em uma estufa à temperatura de 110 graus. Além disso, num procedimento que se tornaria habitual em todo tipo de pesquisa, outro frasco, cheio do mesmo tipo de líquido, foi utilizado como termo de comparação - ao contrário do outro, nele não se introduziu o algodão contaminado. Concluída a experiência, o líquido em contato com o algodão poluído estava fermentado, enquanto o que permanecera em condições assépticas continuava puro, comprovando a teoria de Pasteur. A demonstração, contudo, não foi suficiente para convencer os cientistas partidários da teoria da "geração espontânea", segundo a qual os organismos sadios desenvolviam doenças espontâneamente.
As ciências biológicas, apesar de todo o salto cultural do século XIX, ainda abrigavam erros e crendices do passado. Acreditava-se, por exemplo, que a própria carne produzia os vermes que surgiam com a putrefação, e não que esses vermes estivessem no ambiente. Para convencer os críticos, Pasteur desenvolveu uma técnica mais complexa capaz de comprovar sua tese. Durante o ano de 1860, percorreu diferentes lugares da França coletando amostras de ar em pequenas balões de vidro. Expostos no pátio do Observatório de Paris, os líquidos contidos nos balões ficaram turvos pela fermentação, enquanto em Chamonix, a 2 mil metros de altitude, apenas um entre vinte balões revelou a existência de microorganismos.
Pasteur pôde então afirmar que a poeira em suspensão no ar era a origem exclusiva da vida nas infusões e que os germes estão repartidos de forma desigual. Ao lado dos estudos sobre geração espontânea, Pasteur prosseguia nas pesquisas sobre fermentação. Depois do álcool de beterraba, passou a estudar o vinho, o vinagre e a cerveja, identificando os germes que tornavam as bebidas amargas e impróprias para consumo. As experiências com o ar ensinaram-lhe que os instrumentos mal esterilizados transformam-se em refúgio de bactérias, que podem ser eliminadas a altas temperaturas.
Assim, descobriu que um calor da ordem de 60 graus impede a proliferação daqueles germes no vinho, cerveja, vinagre e leite. Recomendou então aos produtores que conservassem os líquidos a essa temperatura até embalá-los em recipientes assépticos e hermeticamente fechados. Esse procedimento, adotado hoje em todo o mundo, deve o nome a seu inventor: pasteurização. Em 1873, já membro da reverenciada Academia Francesa, Pasteur continua seu tenaz combate às moléstias infecciosas. De todas as doenças mortais da época, existia uma que o interessava especialmente, e cuja cura, descoberta por ele próprio no início da década de 80, lhe traria fama mundial - a raiva. 
Transmitida por cães, raposas ou lobos, a raiva mata depois de uma longa agonia, em que as vítimas são pouco a pouco dominadas por uma paralisia, seguida de fortes convulsões, e acometidas de intensa sede, ao mesmo tempo que manifestam forte aversão aos líquidos. Antes de Pasteur, os doentes eram tratados segundo métodos os mais estranhos e ineficazes, como a ingestão do fígado de um, animal raivoso, ou de olhos de caranguejo, banhos de imersão no oceano ou ainda compressas de pólvora. A primeira descoberta de Pasteur foi a de que a raiva era uma doença do sistema nervoso e que só se manifestava quando o micróbio atingia o cérebro numa viagem cujo ponto de partida era a mordida. Quanto mais provida de nervos fosse a área atingida, mais rápido seria esse percurso.
Depois de isolar o vírus causador da raiva em tecidos de animais contaminados - embora ignorasse o próprio conceito de vírus, os detalhes de sua ação no organismo e os mecanismos de sua reprodução -, Pasteur conseguiu produzi-lo numa forma atenuada e chegou à vacina, que se provou eficiente quando testada em cobaias. Faltava-lhe, porém, confiança para testá-la em seres humanos. Mais do que o risco de falhar e ser impiedosamente massacrado pelos críticos - que não lhe perdoavam ter fuzilado a idéia da geração espontânea -, Pasteur temia sacrificar vidas humanas. Já estava pronto para testar a vacina em si próprio, quando as circunstâncias mudaram seus planos. No dia 6 de julho de 1885, foi levado a seu laboratório um menino de 9 anos, Joseph Meister, que havia sido mordido mais de quinze vezes por um cão raivoso.
Depois de ouvir o médico que examinou Meister, Pasteur convenceu-se de que a qualquer momento o menino ia contrair a doença e decidiu aplicar-lhe o tratamento. Durante dez dias, certamente os dez mais longos dias da vida de Pasteur, pontuados de angústia, insônia e até febre, Meister recebeu treze aplicações de vacina no abdômen. Várias semanas se passaram sem que a doença se manifestasse.
Meister estava salvo. Depois, sucederam-se várias outras curas e a novidade se espalhou, levando um número cada vez maior de pessoas mordidas a seu laboratório - vindas não só de Paris e do interior da França como também de outros países, até da longínqua Rússia. Em 1886, de 726 pessoas tratadas, apenas quatro não puderam ser salvas e, mesmo assim, porque, mordidas no rosto ou na cabeça, só foram levadas a Pasteur muito tempo depois de atacadas.
Foi o caso de Louise Pelletier. uma menina de 10 anos, mordida na cabeça e levada ao laboratório 37 dias mais tarde. Seu estado, a essa altura, já era desesperador. Pasteur sabia que a vacina não teria nenhum efeito. Sabia também que seus adversários só estavam à espera de uma tragédia para retomar os ataques contra ele. Apesar disso, o desejo de salvar uma vida prevaleceu acima de qualquer consideração racional: Pasteur submeteu a menina ao tratamento, que, como ele imaginava, não deu resultado. Quando ela morreu , dias mais tarde, o cientista, que não arredara pé de sua cabeceira, teve uma incontrolável crise de choro.
O pequeno laboratório de Pasteur já não comportava tantas pessoas em busca de tratamento contra a raiva.Por isso, ele solicitou à Academia de Ciências a criação de um estabelecimento especial para vacinação contra raiva, que acabou construído com donativos vindos de toda parte. Entre os doadores, estava o imperador brasileiro Pedro II, cujo busto ornamenta a biblioteca do estabelecimento, chamado, naturalmente, Instituto Pasteur. Inaugurado em novembro de 1888, até hoje é um dos mais importantes centros de pesquisa do mundo.
Louis Pasteur dirigiu o instituto até sua morte, em 28 de setembro de 1895, aos 72 anos. No seu septuagésimo aniversário, recebeu a última grande homenagem em vida, no grande anfiteatro da Sorbonne, a universidade de Paris. Hemiplégico, apoiado ao braço do presidente da República, foi aplaudido de pé por centenas de personalidades do mundo inteiro, vindas especialmente para a cerimônia. E Pasteur, o típico cientista do século XIX que chamava a si a responsabilidade de desenvolver pesquisas sem depender de instituições, declarou com deliberada modéstia: "Minha contribuição foi pequena, mas tenho a consciência de ter feito o que pude". .

Da raiva à AIDS.

O Instituto Pasteur comemorou em Paris seu centenário em 1988 com o mesmo propósito de seu criador: vencer as doenças e melhorar as condições de saúde pública. Mas suas instalações mudaram muito desde que Pasteur o inaugurou. Vários edifícios foram anexados ao prédio inicial e o conjunto abriga hoje mais de 2 mil pessoas, das quais quinhentas são pesquisadoras permanentes. As atividades de pesquisa do Instituto são repartidas em oitenta unidades, dedicadas à Microbiologia, à Biologia do desenvolvimento e à Imunologia.
Entre as pesquisas recentes mais importantes estão a elaboração da vacina contra a hepatite B, que começou a ser distribuída publicamente em 1981, e a busca de uma vacina contra a malária, que pode ser viabilizada nos próximos cinco anos. A pesquisa, por sinal é dirigida pelo médico brasileiro Luís Hildebrando Pereira da Silva. Em 1983, a equipe chefiada pelos médicos Jean-Luc Montagnier, Jean-Claude Chermann e Françoise Barré foi a primeira a identificar o vírus da AIDS, e o Instituto criou um laboratório especialmente para combater a doença.
Mas não há só pesquisa no Instituto Pasteur. Existem ali também um hospital especializado nas doenças pesquisadas pelos cientistas, centros de referência que prestam serviços de controle epidemiológico junto ao Ministério da Saúde francês e à Organização Mundial de Saúde, dois museus e um centro de estudos pós-universitários. O velho Pasteur teria de que se orgulhar.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A busca da Felicidade - A Natureza

A BUSCA DA FELICIDADE - A Natureza



Felicidade é um truque. Um truque da natureza concebido ao longo de milhões de anos com uma só finalidade: enganar você. A lógica é a seguinte: quando fazemos algo que aumenta nossas chances de sobreviver ou de procriar, nos sentimos muito bem. Tão bem que vamos querer repetir a experiência muitas e muitas vezes. E essa nossa perseguição incessante de coisas que nos deixem felizes acaba aumentando as chances de transmitirmos nossos genes. "As leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo", escreveu o escritor e psicólogo americano Robert Wright, num artigo para a revista americana Time.

A busca da felicidade é o combustível que move a humanidade - é ela que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade. Felicidade é uma cenoura pendurada numa vara de pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar uma mordidinha. Mas a cenoura continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando para a frente. Felicidade é um truque.

E temos levado esse truque muito a sério. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação - as pessoas tristes são indesejadas, vistas como fracassadas completas. A doença do momento é a depressão. "A depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço", afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A Euforia Perpétua. Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros - e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade.

Esse assunto sempre foi desprezado pelos cientistas. Mas, na última década, um número cada vez maior deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A idéia é finalmente desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita causa. Veja nas próximas páginas o que eles já descobriram.



Três caminhos

Um dos motivos pelos quais a felicidade é tão difícil de alcançar é que nem sabemos bem o que ela é (veja algumas tentativas de defini-la no quadro da página 52). Daí a importância das pesquisas do psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia. Seligman concluiu que felicidade é na verdade a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.

Prazer você sabe o que é. Trata-se daquela sensação que costuma tomar nossos corpos quando dançamos uma música boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou comemos chocolate. Um jeito fácil de reconhecer se alguém está tendo prazer é procurar em seu rosto por um sorriso e por olhos brilhantes. Já engajamento é a profundidade de envolvimento entre a pessoa e sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida. E, finalmente, significado é a sensação de que nossa vida faz parte de algo maior.

A vantagem de dividir a felicidade em três é que assim fica mais fácil definirmos nossos objetivos. "Buscar a felicidade" é uma meta meio vaga, fica difícil até de saber por onde começar. Mas, se você se conscientizar de que basta juntar essas três coisas - prazer, engajamento e significado - para a felicidade vir de brinde, a tarefa torna-se menos penosa. Seligman acha que um dos maiores erros das sociedades ocidentais contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em apenas um dos três pilares, esquecendo os outros. E geralmente escolhemos justo o mais fraquinho deles: o prazer. "Engajamento e significado são muito mais importantes", disse ele numa entrevista à Time. Como então alcançá-los? (Veja algumas dicas práticas para ser feliz, no quadro à direita.)

Comecemos pelo engajamento. Algumas pessoas são capazes de se engajar em tudo: entram de cabeça nos romances, doam-se ao trabalho, dão tudo de si a todo momento. Isso é raro e nem sempre é bom (inclusive porque gente engajada demais tende a negligenciar outros aspectos da vida, em especial o prazer). Ninguém precisa ir tão longe, mas o esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.

Mihaly Csikszentmihalyi (pronuncie "txicsentmirrái"), pesquisador da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, estuda um fenômeno cerebral chamado "fluxo", que ocorre quando o engajamento numa atividade torna-se tão intenso que dá aquela sensação boa de estar completamente absorto, a ponto de esquecer do mundo e perder a noção do tempo. Ou seja, é um estado de alegria quase perfeita. Esse fenômeno acontece com monges em estado de meditação, mas também em situações muito mais comuns, como ao tocar um instrumento, andar de bicicleta ou até mesmo ao consertar a estante da casa. Um outro pesquisador, o americano Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, observou em laboratório que as pessoas em estado de fluxo ativam uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal esquerdo, o que pode ter uma série de efeitos no organismo, inclusive um melhor funcionamento do sistema imunológico. Ao longo de um estudo realizado na Holanda, pessoas que entraram em fluxo tiveram seu risco de morte reduzido em 50%, por reagirem melhor a doenças.

E como se entra no tal fluxo? Csikszentmihalyi afirma que o segredo é buscar atividades nas quais se possa usar todo o seu talento. Tem de ser um desafio não muito fácil a ponto de ser entediante, nem tão difícil que se torne frustrante. Procurar experiências desse tipo é recompensador e traz níveis bem altos de felicidade. Claro que infelizmente nem todo mundo tem a sorte de encontrar desafios assim no trabalho. Nesse caso, um hobby pode ajudar na busca por engajamento e por momentos de fluxo - pode tanto ser uma atividade manual ou intelectual quanto um esporte.

Quanto ao terceiro pilar da felicidade, o significado, o jeito tradicional de conquistá-lo é via religião. Há milênios, a humanidade encontra alento na crença de que cada um de nós faz parte de uma ordem maior. Pesquisas mostram que as pessoas religiosas consideram-se, na média, mais felizes que as não-religiosas - elas também têm menos depressão, menos ansiedade e suicidam-se menos. A crença de que Deus está nos observando, nas palavras do psicólogo e estudioso da religião Michael McCullough, da Universidade de Miami, é uma espécie de "equivalente em grande escala do pensamento ‘se eu não conseguir pagar o aluguel, meu pai vai ajudar’". Ou seja, é um conforto, uma garantia de que, no final, as injustiças serão corrigidas e nossos esforços, reconhecidos.

Mas a religião não é a única forma de dar significado à vida. Um truque eficaz para ficar mais feliz é fazer o bem para os outros - visitar um orfanato, ajudar uma criança a fazer a lição de casa, dar um presente útil. E isso não é conversa mole. Seligman mediu em laboratório os efeitos do altruísmo e percebeu que um único ato de bondade pode melhorar efetivamente os níveis de felicidade de uma pessoa por até dois meses. Cinco atos de bondade por semana turbinaram sensivelmente o astral dos cobaias - e, quando todos os cinco foram realizados num mesmo dia, o benefício foi ainda maior. Também se alcança significado construindo algo que pode sobreviver a você. O exemplo clássico é criar filhos. Uma outra dica é acreditar que sua vida é importante para alguma grande causa: a história, a ciência, a justiça social, a democracia, a liberdade, o progresso, a natureza. Ou seja, é útil crer em algo, mesmo que não seja em Deus.

Para terminar, há uma regra da qual especialista nenhum discorda: ter amigos (e nem precisam ser muitos) ajuda a ser feliz. Amigos contam pontos nos três critérios: trazem, ao mesmo tempo, prazer, engajamento e significado para nossas vidas.



Ser infeliz é preciso

Ok, já temos a receita da felicidade. Basta juntar prazer, engajamento e significado e nossa vida se resolve para sempre? Ah, se fosse assim tão simples. A felicidade, como não cansam de repetir os poetas e os chatos, é breve. Ainda bem. Felicidade, por definição, é um estado no qual não temos vontade de mudar nada. Ou seja, se passássemos tempo demais assim, nossas vidas estacionariam. A busca da felicidade é o que nos empurra para a frente - se agarramos a cenoura, paramos de correr e a brincadeira perde completamente a graça. Portanto, um pouco de ansiedade, de insatisfação, é perfeitamente saudável.

"Felicidade é projetada para evaporar", escreveu Robert Wright. E, segundo ele, há uma razão evolutiva para isso também: "se a alegria que vem após o sexo não acabasse nunca, então os animais copulariam apenas uma vez na vida". Mora aí um dos grandes problemas atuais. Muita gente acredita que é possível viver uma existência só de altos, sem nenhum ponto baixo, sem tristeza, sem sofrimento. E alguns estão dispostos a conseguir isso sem esforço algum, só à custa de antidepressivos.

Isso é conversa de cientista, mas alguns religiosos, em especial os budistas, já afirmam algo parecido há muito tempo. Um de seus preceitos básicos é o de que "a vida é sofrimento". Coisa chata, né? Talvez, mas ter consciência de que o sofrimento é inevitável pode ajudar a trazer felicidade, e certamente diminui a ansiedade. O conselho do dalai-lama é que, quando as coisas estiverem mal, em vez de se entregar à infelicidade ou tentar apenas minimizar os sintomas, você respire fundo e tente descobrir o porquê da situação.

Segundo ele, grande parte da dor é criada por nós mesmos, pela nossa inabilidade de lidar com a tristeza e pela sensação de que somos obrigados a ser sempre felizes. Ao encarar o sofrimento de frente e identificar as suas causas reais, você estará dando um passo na direção do autoconhecimento, o que vai lhe permitir entender quais seus objetivos na vida, quais seus valores. Para usar a terminologia de Seligman, esse autoconhecimento dará a você mais clareza sobre que tipo de atividades lhe traz prazer, engajamento e significado. Ou seja, são esses momentos ruins que criarão condições para você correr atrás da sua própria realização - individual, pessoal e intransferível.



Cada um é cada um

É aí que está o pulo-do-gato. Não existe uma fórmula da felicidade que funcione com todo mundo - é justamente nisso que os livros de auto-ajuda costumam falhar. Cada pessoa é diferente e reage à vida de modo diferente. Foi essa a conclusão do estudo realizado em 1996 pelo pesquisador David Lykken, da Universidade de Minnesota. Ele comparou dados sobre 4 000 pares de gêmeos idênticos e percebeu que, na maioria dos casos, quando um tem tendência a ver o mundo de modo otimista, o outro tem também - e quando um é pessimista o outro é igual. Ou seja, existe um forte componente genético na nossa tendência a ser feliz. Não que isso seja uma grande surpresa. Qualquer pai ou mãe sabe que algumas crianças nascem com vocação para o sorriso, enquanto outras são simplesmente muito mais difíceis de agradar.

Nas últimas décadas, apareceram muitas evidências de que nós tendemos a manter um "nível de felicidade" constante ao longo de nossas vidas - e nem mesmo grandes acontecimentos parecem capazes de alterar bruscamente esse nível. Um exemplo disso é a pesquisa conduzida pelo psicólogo Richard Lucas, da Universidade do Estado de Michigan, Estados Unidos. Lucas passou 15 anos entrevistando solteiros e casados na Alemanha e pedindo que eles dessem notas de 0 a 10 para seu estado de felicidade. Os solteiros tinham média 7,28. No momento em que eles casavam, o valor aumentava muito: para perto de 8,5. Mas dois anos depois a média já era de exatamente 7,28 outra vez. Ou seja, a longo prazo, o casamento parece não mudar - para melhor ou para pior - o nível de felicidade .

O mesmo vale para outros acontecimentos radicalmente transformadores - para o bem ou para o mal. Um estudo com ganhadores da loteria realizado em 1978 mostrou que esses felizardos têm picos de felicidade logo após o prêmio, mas tendem a voltar aos níveis anteriores alguns meses depois. Algo equivalente parece acontecer com pessoas que ficam paraplégicas em acidentes. Elas passam por um período de infelicidade, mas dois meses depois recuperam níveis quase tão altos quanto os anteriores ao acidente.

Esse acúmulo de dados levou alguns especialistas a afirmarem que a felicidade é algo imutável. Oito anos atrás, o pesquisador Lykken criou polêmica ao afirmar publicamente que "parece que tentar se tornar mais feliz é tão fútil quanto tentar se tornar mais alto". Hoje até ele próprio reconhece que essa afirmação foi, no mínimo, exagerada. Parece que uma analogia melhor para a felicidade é compará-la com o peso. Cada um de nós tem um biotipo diferente - uma tendência para ser mais ou menos gordo. Mas é claro que os nossos hábitos e a nossa postura têm uma grande influência sobre o número que aparece na balança. É a mesma coisa com a felicidade: temos uma tendência natural para um certo nível. Mas fazer regime funciona.



Uma questão de desejo

Um exemplo do quanto podemos alterar nossa predisposição genética para a felicidade é a forma como lidamos com nossos desejos. Existem duas maneiras de alcançar a felicidade: possuindo mais ou desejando menos. Se a felicidade é a cenoura, a vara na qual ela está pendurada é o que chamamos de desejo. E estamos fazendo varas cada vez mais compridas.

Veja o caso dos países ricos. "Nos Estados Unidos e na Europa, há uma sensação de desapontamento, pois se está percebendo que existe um limite para a satisfação que a sociedade e os bens materiais trazem", diz o economista e filósofo Eduardo Giannetti, autor do ótimo livro Felicidade. Nos Estados Unidos, desde a Segunda Guerra Mundial, todos os indicadores econômicos e sociais melhoraram sem parar. A renda triplicou, o tamanho das casas dobrou e o acesso aos bens materiais cresceu tanto, que hoje há mais carros nas garagens do que habitantes no país. Ainda assim, o índice nacional de felicidade não cresceu um milímetro sequer. O Centro de Pesquisas de Opinião Nacional dos Estados Unidos entrevista periodicamente os americanos desde os anos 50 - e o resultado é invariavelmente o mesmo (um terço deles se considera "muito feliz").

Há uma razão para isso: os americanos querem cada vez mais. Seus desejos não páram de crescer. Ou seja, a cenoura está cada vez mais apetitosa, mas também mais distante. Demandas crescentes são a condição essencial para manter a economia funcionando. A lógica do capitalismo é criar necessidades, para então satisfazê-las - não por acaso, esse país de insatisfeitos é o mais rico do mundo. Precisamos das coisas a partir do momento em que elas estão disponíveis e isso vale tanto para produtos quando para idéias. Quando vemos pessoas lindas, maquiadas e malhadas nas capas das revistas, e aparelhos de som inacreditáveis nos anúncios, fica difícil nos satisfazer com nosso visual comum e com o walkman velho mas honesto. Acontece que a felicidade não está diretamente ligada aos bens materiais. Ed Diener, da Universidade de Illinois, estudioso do assunto há 25 anos, avaliou o nível de felicidade das 400 pessoas mais ricas do mundo segundo a revista Forbes, e concluiu que elas estão rigorosamente empatadas com os pastores maasai da África.

Para complicar, temos cada vez mais opções. Na época em que a prateleira da farmácia abrigava apenas xampu para cabelos secos, normais ou oleosos, era fácil escolher um e ir para casa tranqüilo. Mas, quando na sua frente se enfileiram xampus de todas as procedências e preços, para cabelos ondulados, escuros, danificados, mistos, com pontas duplas, tingidos ou fracos, você não tem mais tanta segurança de que sua escolha foi a melhor. O mesmo acontece na hora de comprar um carro, creme dental ou comida congelada. Ou no momento de escolher um namorado ou uma profissão. "Muita gente fica simplesmente paralisada com tantas opções", diz o psicólogo americano Barry Schwartz em seu livro, The Paradox of Choice ("O Paradoxo da Escolha", não lançado no Brasil). Está aí uma fonte de frustração e ansiedade.

Em 2000, Sheena Iyengar e Mark Lepper, das Universidades de Columbia e Stanford, montaram em uma loja dois estandes com amostras de geléia, um com 24 opções de sabor e outro com apenas seis. O número de clientes que comprou o produto foi dez vezes maior no estande menos variado, ainda que o outro tenha atraído 50% mais gente. Por que isso acontece? Schwartz sugere que nessas situações as pessoas avaliam intuitivamente os "custos de oportunidade": uma escolha implica abrir mão de todas as outras opções. Quando há centenas de possibilidades, escolher uma só significa "perder" muito mais. E, no mundo de hoje, em que cada um tem acesso ao mundo inteiro pela internet e quase não há limites para os nossos desejos, parece inevitável ficar ansioso - e infeliz - com tudo isso.

Pesquisando o assunto, o psicólogo encontrou padrões de comportamento que permitem dividir as pessoas em dois grupos: as que procuram fazer escolhas apenas satisfatórias, sem tentar alcançar a perfeição, e as que não sossegam até que encontrem "a melhor opção de todas". As pessoas do segundo grupo costumam fazer escolhas melhores, é claro. Mas as do primeiro ficam mais felizes com suas decisões. "A solução é diminuir o número de opções ou melhorar nossa maneira de fazer escolhas", diz Schwartz.

Então tá. Mas será que sabemos fazer as melhores escolhas para nossa vida? Segundo os pesquisadores Daniel Gilbert, Tim Wilson, George Loewenstein e Daniel Kahneman, a resposta é não. Decisões são tomadas tendo como base nossa previsão de como cada opção vai afetar nossas vidas. Porém, segundo eles, temos uma dificuldade enorme para avaliar o quanto um acontecimento vai nos deixar felizes ou infelizes.

Nós superestimamos a intensidade e a duração das nossas reações emocionais, ao mesmo tempo que subestimamos nossa capacidade de adaptação. Lembra da história dos ganhadores da loteria e acidentados paraplégicos que logo voltam ao nível normal de felicidade? Pois então: somos capazes de nos acostumar com quase tudo. Damos importância demais a escolhas que não são tão definitivas assim e esquecemos que uma decisão "errada" não é o fim do mundo. É uma questão de colocar limites nos nossos desejos. Em outras palavras, ser feliz é muito mais simples do que se pensa.



Simples? Então explique

Tem uma idéia central: não leve tudo tão a sério. "Leveza" é a palavra-chave. Não quer dizer que todos devamos instalar um sorriso permanente no rosto e começar a achar bom tudo o que acontece. Leveza significa entender que até as melhores sensações têm fim, assim como não há aborrecimento que dure para sempre. Não é para se tornar um bobo-alegre: às vezes as circunstâncias nos obrigam a reagir de jeito negativo, e isso não é necessariamente ruim.

Gianetti chama atenção para a diferença entre "ser feliz" e "estar feliz". "Existem pessoas que levam uma vida cheia de momentos de prazer, mas que não têm um caminho ou um significado. No extremo contrário estão aqueles que abrem mão do ‘estar feliz’ por só pensar no futuro e viver com prudência demais". Talvez o melhor caminho esteja entre esses dois. Atingir esse equilíbrio não é moleza e infelizmente não há fórmula mágica nem manual completo. O lance é prestar atenção a si mesmo e ir mudando aos pouquinhos. "As transformações mentais demoram e não são fáceis. Demandam um esforço constante", aconselha o dalai.
Felicidade não é um fim em si, e sim uma conseqüência do jeito que você leva a vida. As pessoas que procuram receitas e respostas complicadas para ela acabam perdendo de vista os pequenos prazeres e alegrias. É o dia-a-dia de uma pessoa e a maneira como ela reage às situações mais banais que definem seu nível de felicidade. Ou, para resumir tudo: um jeito garantido de ser feliz é se preocupando menos em ser feliz.