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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Enxaqueca o sofrimento inútil - Medicina


ENXAQUECA O SOFRIMENTO INÚTIL - Medicina


O sistema nervoso pode se tornar um masoquista e provocar sensações de dor e mal-estar por qualquer motivo. Esta é a mais recente teoria para explicar o martírio dos cerca de 400 milhões de enxaquecosos ao redor do planeta.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

E como dói - A Dor

E COMO DÓI - A Dor



Só há pouco tempo, passou-se a estudar o fenômeno da dor como um mal em si mesmo, que merece tratamentos específicos. E descobertas surpreendentes conduzem à cura na esmagadora maioria dos casos.

Alguns podem suportar uma dor durante certo tempo, mas decididamente ninguém suporta quem reclama de dor muito tempo. "Como vai?" - alguém lhe pergunta, e o maria-das-dores, em vez de um cortante "tudo mal", explica que arde, aperta, pinica, perfura, belisca, queima, irrita, estremece, lateja aqui e ali. No início, até dói no coração de quem ouve, que retira um providencial analgésico do bolso, lembra-se de um fantástico chá da vovó, procura o endereço daquele médico que curou outro amigo. Mas há dores que vencem não só esses primeiros socorros como também todas as demais manifestações de caridade. Esgotam ainda as receitas do médico da família. Porque não têm domínio da situação, as pessoas tendem a achar que o problema de fato não existe ou se sentem constrangidas pela falta de solução. E quem já sofria de uma dor experimenta outra - a da solidão. Esse "chato de doer" talvez ignore que hoje existem médicos especializados em compreender suas queixas e curá-lo. A Medicina nos últimos anos passou a pesquisar o fenômeno da dor, que agora é muitas vezes considerado uma doença em si. Pode ser um alívio saber que existem tratamentos - embora nem sempre cura definitiva - para todos os casos. Talvez por não contar com os recursos modernos, o homem tentou no passado encontrar consolo valorizando a dor. Sofrer, como escreveu o poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), "é um divino remédio para as nossas impurezas". Várias religiões propagaram essa idéia: basta lembrar os sofrimentos da paixão de Cristo ou o martírio dos santos. Apenas em 1957, uma encíclica de Pio XII autorizou os médicos católicos a usar a morfina "em doses moderadas" para acalmar o suplício dos pacientes. Em geral, é sempre assim: no cinema, o bandido leva um soco e fica se contorcendo no chão; o herói leva um tiro, range os dentes, passa a mão na camisa ensangüentada e vai à luta. Isso porque permanece inconscientemente a idéia de que quem agüenta a dor é íntegro e corajoso. Mas, na hora H, ninguém quer ser admirado por agüentá-la. Só pessoas com distúrbios psíquicos, os masoquistas, sentem prazer na dor. A grande maioria quer é distância dessa sensação inapelavelmente desagradável. A princípio, porém, a dor aguda tem uma causa nobre, pois faz parte de um importante sistema de alarme do organismo, chamado nociceptor ou receptor de agentes nocivos. Na verdade, dor é uma interpretação cerebral de estímulos captados por estruturas nervosas existentes na pele, nos músculos e vísceras, encarregadas de registrar e comunicar qualquer anormalidade de pressão, temperatura ou eletricidade. Assim, quando um agente externo danifica o corpo, como um prego que fura o pé ou uma panela que queima a mão, sente-se uma dor que, primeiro, afasta a pessoa do que a machuca e, depois, a obriga a cuidar da região afetada. Da mesma forma, dores alertam para problemas internos: a digestão malfeita se manifesta em ardor no estômago, por exemplo. Existem ainda dores mais sofisticadas, que não se limitam a dar o alarme. A angina no peito informa que um infarto pode estar a caminho. É claro que todos têm uma certa consciência disso e, sentindo a queimação no peito, não saem correndo para buscar socorro, evitando esforços para o coração. Mesmo assim, o organismo parece tomar suas precauções; a dor típica no braço esquerdo dos cardíacos dificulta qualquer movimentação, praticamente obrigando a pessoa a ficar imóvel e, dessa maneira, poupar o coração em crise. Outro exemplo é o parto. A inesperada pontada na barriga da grávida - a dor da primeira contração - é que impede que a criança nasça na rua. Mas, além de ordenar a ida para a maternidade, essa dor tem outra função. Ser mãe é padecer de uma contração dolorosa do útero atrás de outra - ao menos, até que se tome anestesia. Em partos normais, para os quais o corpo da mulher naturalmente se prepara, a dor ajuda a expulsão da criança cada vez que obriga a mãe a contrair a barriga num espasmo. Quem não sente dor alguma - pessoas portadoras de uma doença congênita chamada analgesia - costuma ter muitos problemas no dia-a-dia e até morrer cedo. Felizmente, são raridades: não há mais que trinta casos registrados neste século no mundo inteiro. O primeiro deles, da década de 20 foi o de uma garotinha inglesa, Mary Andrews, que chegou em casa com uma perna inchada. Os médicos acharam que era mais um caso de reumatismo infantil. Depois de vários tratamentos fracassados, descobriram que a menina tinha três fraturas na perna - sem sentir dor; porém, ela caminhava normalmente e, por não ter sido imobilizada a tempo, a perna ficou defeituosa. Diz o ditado que a gente tem aquilo que dói. Pois foi o filósofo francês René Descartes (1596-1650), o mesmo que afirmou "penso, logo existo", quem primeiro desenhou um possível caminho da dor, que seria uma ligação direta da área dolorida até o cérebro. Não é bem assim, sabe-se hoje. As microestruturas nervosas que captam alterações que afetam o corpo estão ligadas a nervos que na verdade não seguem direto ao cérebro. Em primeiro lugar, o estímulo é desencadeado quando essas estruturas liberam para os nervos determinadas substâncias que formam uma corrente elétrica. Esta passa pela medula da espinha e só então segue para o cérebro ou, mais especificamente, para o tálamo, onde se tem as sensações. Aqui já se sente a dor, mas não se sabe ainda nem a intensidade nem o que a provoca. Enfim, não se interpreta a sensação - isso só acontecerá quando a informação alcançar o córtex cerebral, uma fração de segundo mais tarde. Os cientistas definem esse percurso como "processo ascendente da dor". O "processo descendente" é quando o cérebro, em resposta, manda socorro para a medula. O remédio orgânico são substâncias analgésicas que ou bloqueiam totalmente ou ao menos aliviam a dor. Isso acontece porque elas se encaixam como uma chave na fechadura nas substâncias que desencadeiam a informação dolorosa. Tais analgésicos, as endorfinas, foram descobertos em 1975 por cientistas americanos. Já se sabia que, estimulando com choques elétricos certas regiões cerebrais, conseguia-se um efeito analgésico. Os cientistas começaram a operar ratinhos usando esse estímulo como anestesia. Mas, para surpresa geral, os bichos continuavam sem demonstrar dor mesmo quando os choques eram interrompidos. Se fosse o mero estímulo de uma área do cérebro a causa da ausência de dor, esta deveria se manifestar com a interrupção dos choques. O fato de isso não acontecer indicava que existia algo mais - daí a descobrir que os choques estimulavam a produção de analgésicos naturais foi um passo. As endorfinas são muito parecidas com as drogas sintetizadas pelo homem, como a morfina. Acredita-se que a diferença na produção dos analgésicos biológicos - seja de indivíduo para indivíduo ou de situação para situação - faça da dor uma experiência pessoal e intransferível. Por exemplo, descobriu-se que, quando se está concentrado numa atividade qualquer e não na dor em si, a produção de endorfinas aumenta. O povo parece ter aprendido isso antes dos cientistas: quem, sentindo dor, já não ouviu o conselho: "Pense em outra coisa, que passa"? Os atletas são craques em driblar a dor: um jogador de futebol pode levar caneladas e continua em campo. Depois da partida, pode até chorar de dor. Mas só depois. A vida de quem se sente feliz também é menos dolorida. Está provado que aqueles que ficam deprimidos por algum motivo ou estressados têm sua produção de endorfinas diminuída. Com isso, a dor é percebida como se estivesse sob uma lente de aumento. De uma forma ou de outra, todos já puderam testar essa diferença do próprio limiar da dor: quando se está louco para ir a um encontro e aparece uma dor de cabeça, toma-se um comprimido, mas não se perde o programa; quando a perspectiva é um tedioso dia no escritório, a dor pode tornar o trabalho impossível. Tudo ainda leva a crer que a produção de endorfinas é maior no sexo feminino. Portanto, o ditado deveria ser "mulher que é mulher não chora", pois os homens nesse aspecto são o sexo mais frágil. As dores também tendem a provocar reações diferentes, conforme as origens de cada um. Ao levar um beliscão, um japonês, por exemplo, limita-se, regra geral, a retirar o braço; o mesmo beliscão num italiano costuma gerar um berreiro. Por mais cuidado que se deva ter com tais generalizações, as pesquisas indicam que os campeões mundiais de resistência à dor são os orientais; no outro extremo, estariam os italianos e os judeus. Os brasileiros, segundo os pesquisadores, estariam entre os mais resistentes. Resta saber se essas pessoas sentem a dor da mesma maneira, mas a demonstram de formas diferentes, ou se a produção de endorfinas pode ser influenciada pelo ambiente familiar e pela herança cultural transmitida na educação. Existem, é claro, regiões do corpo, como os olhos e os lábios. Mais sensíveis à dor - porque têm um número maior de nociceptores. Os cientistas acham que qualquer estrutura sensitiva pode desencadear a dor e não apenas os nociceptores especializados. Os corpúsculos de Ruffini, por exemplo, são microestruturas das células que enviam ao cérebro informações sobre temperatura. Se tremendamente excitados, quando se toca a língua em um líquido muito quente ou se encosta a mão num cigarro aceso, o cérebro interpreta a sensação intensa como dor. Enfim, como os nociceptores não atuam sozinhos, a intensidade de uma dor torna-se ainda mais relativa. Para a ciência - embora isso agrida a experiência concreta de cada um - não há dores menos ou mais dolorosas. Em matéria de intensidade da dor, não existe um campeão absoluto. Segundo uma teoria, a percepção seria também efeito da "memória de dor" - um conjunto de conceitos, lembranças e associações. Assim, um médico poderia sentir mais a dor de uma injeção que um paciente - por saber o que acontece exatamente e o que pode dar errado quando a agulha penetra na pele. Da mesma forma, índios que nunca tinham passado por tratamentos dentários nada sentiram numa extração sem anestesia - eles simplesmente ignoravam que aquilo ia doer. Ou seja, a antecipação da dor, causada pelo medo, influiria na intensidade da dor.Para medir uma dor, os médicos só contam com um instrumento: o relato de quem a sente. "Nossa filosofia é sempre acreditar no paciente". diz o neurologista Jorge Roberto Pagura, 39 anos, da Escola Paulista de Medicina. Há oito anos, ele fundou em São Paulo a primeira clínica particular do Brasil para tratamento da dor - não aquela que serve como alarme, mas as dores crônicas. "Elas não são um aviso. Elas são o próprio problema", diz. Quase sempre, segundo o neurologista, o diagnóstico é encontrado. "A dor tem uma razão fisiológica que deve ser tratada" explica Pagura "Muitas vezes, localizada a causa da dor o paciente é encaminhado a especialistas e fisioterapeutas - exercícios específicos e medicação resolvem mais de 70 por cento dos casos." O restante deve apelar para o bisturi. Só a cirurgia, por exemplo, descomprime o nervo trigêmeo, que desce das têmporas para os lábios, cuja dor chega a paralisar a face. Quem já sentiu diz que não há nada pior em matéria de suplício físico.As cirurgias, em geral, podem interferir de duas maneiras: interrompendo o processo ascendente da dor, ou seja, cortando os nervos que levam os sinais dolorosos, ou estimulando a produção de endorfinas mediante o implante de eletrodos na medula e no cérebro. Esses eletrodos são controlados por um marcapasso similar ao usado pelos cardíacos A dor de que os brasileiros mais padecem - sem falar, é claro, da dor-de-cotovelo - é a terrível dor de cabeça, mais especificamente a afamada enxaqueca. Os ambulatórios para tratamento dessa dor, existentes em muitas faculdades de Medicina do país, atendem uma média de quarenta casos por dia. Foi trabalhando num desses ambulatórios, o do Hospital dos Servidores Públicos de São Paulo, que o neurologista Célio Levymann acabou se especializando em dor de cabeça. "A cura de dores crônicas como a enxaqueca é fácil, desde que o diagnóstico seja adequado", diz ele.Os brasileiros consomem por ano 3 bilhões de comprimidos para dor de cabeça - sem dúvida uma enormidade, mas ainda assim dez vezes menos que os americanos. Os cientistas, porém, estão quase certos de que, em excesso, analgésicos eventualmente se viram contra o feiticeiro e, em vez de fazerem a dor sumir num piscar de olhos, como num passe de mágica, podem aumentá-la. Quem não tem crises freqüentes de enxaqueca pode optar por remédios sintomáticos, que aliviam a dor quando ela aparece. Para quem tem duas a três crises por mês - é a média dos casos, de acordo com Levymann -, a solução é prevenir, também com medicamentos, combinados conforme a situação. A mais famosa enxaqueca do Brasil pertence ao poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto, autor de Morte e vida severina e de Ode à aspirina. O que não falta são teorias para explicar a enxaqueca. A clássica é de que se trata de uma alteração na irrigação sanguínea do cérebro. Hoje. porém, também se leva em conta que, quando existe enxaqueca, há também uma alteração nos hormônios cerebrais que produzem as endorfinas. E estudos muito recentes mostram que os enxaquecosos, como dizem os médicos, têm uma tendência maior que as pessoas normais a formar coágulos sanguíneos. Isso faz muitos cientistas encararem essa dor como um problema hematológico, que diz respeito ao sangue, e não neurológico. Para o acupunturista Jou El Jia, de São Paulo, a dor - como prega a medicina tradicional chinesa - é cansada quando a energia que deve fluir, por todo o corpo fica estagnada ou não passa por um determinado ponto. As agulhas da acupuntura restabeleceriam o fluxo normal. O doutor Jou, porém. não discrimina as explicações da ciência ocidental para o fenômeno. "Embora a questão da energia seja fundamental para a tradição chinesa", diz, "estudos avançados provaram que as agulhas, na verdade, estimulam a produção das endorfinas, além de bloquear a chegada dos sinais de dor." O doutor Jou assegura que as agulhas eliminam qualquer dor em duas ou três sessões. Outros médicos, porém, afirmam que nem sempre esse tratamento oferece resultados positivos. "De fato". esclarece o doutor Jou, "as agulhas eliminam cólicas renais ou menstruais. Mas, se a pessoa está com a energia muito baixa, precisamos elevar esse nível, antes de tratar de outras dores mais complexas." Num livro publicado no começo do ano na França, L´homme sans douleur, o neurocirurgião Gabriel Mazar escreve com todas as letras que "a ciência possui todos os meios de dominar a dor, seja qual for a sua origem ou os órgãos afetados". Primeiro clínico parisiense a tratar da dor como tal, já em 1960 Mazar oferece um verdadeiro cardápio de alternativas médicas, algumas extremamente sofisticadas, para o combate à dor. Por exemplo, injeções de morfina no cérebro ou a coagulação de uma pequena área da medula espinhal, Mazar insiste em que mesmo pacientes desenganados podem ser poupados do sofrimento. Para ele, em suma, deve-se viver e morrer sem dor.

Armas do alívio

Uma vez diagnosticada, qualquer dor tem tratamento. Mesmo nos casos sem cura, pelo menos algum alívio temporário sempre se consegue. Eis as armas mais utilizadas nessa guerra sem fim:Fisioterapia - Indicada na maioria dos casos, sozinha ou ainda como tratamento auxiliar. Os resultados são positivos apenas quando o especialista encontra o ponto exato que está gerando a dor - assim se tira maior proveito dos exercícios.Acupuntura - A aplicação de agulhas em determinados pontos do corpo bloqueia a mensagem da dor para o cérebro e ainda estimula a produção das endorfinas. Em casos de dor muito forte, os acupunturistas intensificam o tratamento girando as agulhas aplicadas no paciente ou recorrendo a choques elétricos nesses pontos de dores. Em crianças, o raio laser pode substituir a agulha; no adulto, que tem a pele mais grossa, o laser não consegue estimular o suficiente.Cirurgias - Em casos graves, como as dores de câncer, drogas como a morfina estão sendo substituídas pela cirurgia que destrói a glândula hipófise: isso gera uma série de processos químicos no cérebro que impedem a sensação de dor.Estímulo transcutâneo - Diversos eletrodos são ligados ao corpo da pessoa para que ondas elétricas bloqueiem a dor. Serve apenas para as dores temporárias, como as do pós-operatório, pois ninguém sai por aí envolto em fios e eletrodos.Analgésicos - Não mexem com a causa, mas eliminam a sensação da dor, com substâncias que irão se juntar aos receptores nervosos, impedindo que captem os sinais dolorosos.


O circuito da dor

1) Um furo de prego, por exemplo, excita terminações nervosas especiais, os nociceptores, que então liberam substâncias químicas desencadeadoras de uma corrente elétrica
2) A corrente mensageira da dor percorre os nervos até chegar à medula espinhal
3) Da medula, vai para o tálamo, região cerebral onde a dor é sentida: nesse instante, a pessoa afasta o pé do prego
4) Três décimos de segundo depois, o estímulo alcança o córtex cerebral, onde a intensidade da dor é analisada. Aqui termina o chamado "processo ascendente da dor" com a ordem do cérebro de enviar substâncias para atenuar a sensação
5) A medula passa a liberar endorfinas, substâncias analgésicas biológicas produzidas pelo cérebro
6) As endorfinas, graças ao formato de suas moléculas, se encaixam com as substâncias que desencadeiam a corrente elétrica, ficando assim bloqueada a mensagem da dor.

Emoções doloridas

A pontada de susto no estômago, o aperto da paixão no peito, o nó na garganta da tristeza - sentimentos fortes estão associados à dor fisiológica. O suplício de uma saudade não é apenas uma imagem literária: machuca mesmo por dentro. Isso acontece porque, ao se emocionar, a pessoa perde parte do controle do sistema nervoso vegetativo, que comanda o funcionamento de diversos órgãos do corpo. Assim, desencadeia-se uma série de alterações drásticas e repentinas nas secreções em geral - daí o coração partido, por causa do disparo do hormônio adrenalina; eis também a razão orgânica da sensação de pancada no estômago que, na verdade, é uma contração súbita misturada a uma descarga extra de sucos gástricos. Tensão emocional automaticamente se transforma em tensão muscular e o corpo fica todo dolorido. Não há como não sentir essas dores - pois não há como não sentir emoções.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Heroína, o analgésico que mata.

HEROÍNA, O ANALGÉSICO QUE MATA.



A morte vem aos poucos, com a destruição das defesas do organismo. Ou é instantânea, numa overdose; a cura, quando acontece, é lenta, cara e tão dolorosa que muitos viciados desistem no meio do caminho.

Para ficar viciado em heroína é fácil: basta uma ou duas semanas. Para livrar se do vicio é um pouco mais difícil: são necessários três anos de tratamento caro e extremamente doloroso. Não é à toa que apenas três em cada dez viciados conseguem abandonar a droga. Mais que o álcool. a maconha e a cocaína, eis aí a grande ameaça aos jovens deste fim de século.

Derivada do ópio e sintetizada a partir da morfina pela primeira vez em laboratório, em 1898. chegou a ser considerada uma solução para a cura dos viciados em morfina. Mas depois que se descobriu que ela é no mínimo três vezes mais poderosa que a própria morfina, sua fabricação foi proibida no mundo inteiro.

Como as outras drogas derivadas do ópio. a heroína age sobre os sistemas digestivo e nervoso central, onde os efeitos de torpor e tontura vêm associados, nos estágios iniciais, há um sentimento de leveza e euforia. Agindo como depressora do sistema nervoso central, alivia as sensações de dor e angústia. Segue-se um estado de letargia que pode durar horas. As primeiras doses podem provocar vômitos ou náuseas. Os sintomas desaparecem em pouco tempo mas voltam com violência quando a droga deixa de ser consumida, porque o organismo se acostuma rapidamente a ela.
Injetada diretamente no sangue, com o uso de seringas, a heroína produz efeitos que duram de duas a quatro horas. Como qualquer outra substância externa precisa de cúmplices no organismo - elementos químicos que funcionam como receptores - para propagar seu efeito. Estes encontram-se em determinadas regiões do cérebro, nos músculos e nos intestinos. Por ter a propriedade de combinar-se muito facilmente com os receptores, a heroína é considerada o protótipo das drogas geradoras de dependência. Um dos medicamentos usados no tratamento de viciados é a metadona. por sua propriedade de ocupar os mesmos espaços da droga nas moléculas receptoras. Mas seu uso é limitado pois também gera dependência.
As reações adversas são muitas. A heroína impede a produção de endorfinas, analgésicos naturais do organismo, porque a própria droga se encarrega de fornecê-los. As conseqüências não podem ser piores: quando o viciado tenta suprimir a droga, o organismo não volta automaticamente a produzir as endorfinas logo, nada ameniza a dor da pessoa. O mesmo processo se repete com outras substâncias.
Segundo o psiquiatra Zacaria Borge Ramadam, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a heroína é extremamente poderosa porque "imita as funções e exagera os efeitos de uma substância sintetizada em nosso próprio organismo". Os opiáceos, como a morfina e a heroína, agem sobre o sistema parassimpático, que em equilíbrio com o sistema simpático influi decisivamente no comportamento humano. O primeiro, com a adrenalina, regula as funções de ataque e defesa; e o segundo, com a acetilcolina, as funções de fuga, relaxamento, sonolência e descontração. E em especial sobre o sistema parassimpático que age a heroína, substituindo as propriedades da acetil-colina. Mais poderosa que essa substância, a heroína acaba por ocupar seu espaço no organismo; com o aumento das doses, simplesmente a acetil-colina deixa de ser produzida.
"Por isso o viciado sofre reações tão adversas, quando resolve abandonar a droga", explica Ramadam. Seu organismo não tem como suprir a necessidade criada pela ingestão da heroína. Inibida a produção natural das endorfinas e da acetilcolina, ocorrem os terríveis sintomas da síndrome de abstinência quando a droga é suspensa. Tão difícil é largar o vício que, mesmo sabendo que corre risco de vida, o drogado muitas vezes acaba optando pela heroína.
Até a próxima dose, depois até outra e outra ainda. se estabelece um circuito que leva o dependente a viver apenas para a droga, onde o que pudesse haver de prazer no inicio é substituído pela necessidade pura e simples de mais heroína. Para a maior parte dos viciados, os sintomas de abstinência se manifestam assim que se aproxima a hora da próxima dose: incontroláveis bocejos que podem até provocar deslocamento do queixo: o nariz escorre e suores frios brotam por todo o corpo. Os sintomas aumentam de severidade nas 36 ou 72 horas seguintes. O intestino, antes bloqueado, volta a funcionar - junto com náuseas, vômitos. tremores musculares. dores nas costas. pernas e braços.
As vitimas não conseguem encontrar nenhuma posição confortável e experimentam crises de extrema ansiedade e desejo intenso de voltar à droga. Depois de 72 a 96 horas. os sintomas começam a diminuir. Embora os viciados venham a se queixar de insônia e letargia nas semanas seguintes. a maioria vence a pior fase das reações orgânicas em uma semana. Os sintomas continuarão a reaparecer e algumas sequelas como alterações na pressão arterial. persistirão anos a fio. As conseqüências psicológicas - depressão e vontade de voltar à droga - também continuam por um considerável período de tempo.
O psiquiatra francês Claude Olivenstein, que há 25 anos cuida de drogados em seu hospital em Paris, adverte para outros obstáculos que o viciado enfrenta, até chegar à recuperação: "Rompida a dependência física. vem o sofrimento moral e a tentação de livrar-se dele voltando à droga. Existe ainda a pressão dos antigos companheiros de vicio e traficantes para que ele volte a se drogar".
Por que uma pessoa se vicia? Olivenstein acredita que a adesão às drogas resulta da associação de três fatores: o produto, a personalidade e o momento sócio-cultural". Na Europa. por exemplo, a heroína é ameaça maior que a cocaína, pela longa tradição de consumo daquela droga e também pelo seu baixo custo, em relação à coca. Já nos Estados Unidos, o grande aumento no consumo a partir da década de 60 foi conseqüência da guerra do Vietnã. Explica-se: os grandes centros produtores de ópio, a matéria-prima da heroína - ficam no sudeste asiático, no Laos. Birmânia e Tailândia. O Paquistão e a Turquia também são grandes produtores de ópio
Extraído há milênios da papoula (Papaver somniferum), o ópio é um alcalóide obtido mediante algumas incisões nas cápsulas da flor, que deixa escorrer um liquido viscoso. como o látex da seringueira. Ao secar, ele se transforma numa massa escura e pegajosa. Aí, ela é depurada em várias etapas, chegando aos viciados como um pó branco. Os opiáceos já foram usados como remédio para uma legião de problemas de saúde, desde insônia a mordidas de cobra, passando por crises respiratórios, cólicas, epilepsia e dificuldades urinárias. Mas o que produziram mesmo foi uma legião de viciados.
"No Brasil, ainda é desprezível o consumo de heroína", informa o psiquiatra Miguel Roberto Jorge, da Escola Paulista de Medicina e membro do Conselho Federal de Entorpecentes, do Ministério da Justiça. Os grandes problemas que enfrentamos são o álcool, a maconha e agora a cocaína. ´´Já existem no pais alguns centros de tratamento e recuperação de drogados. Mas são muito poucos ainda", observa Miguel Jorge.
Vítima de um sistema onde o único beneficiado é o traficante, o viciado em heroína. como os dependentes de outras drogas consumidas por via venosa, integra um dos grupos de alto risco no processo de contágio e transmissão da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Normalmente. os viciados se agrupam em verdadeiras tribos e se entregam ao ritual do consumo sem cuidado algum com a higiene. Seringas contaminadas passam de mão em mão: muitas vezes não são lavadas nem em água corrente. entre uma aplicação e outra. Além da AIDS, o uso de seringas contaminadas traz doenças como a hepatite. tétano ou inflamações do endocárdio. a película que envolve o coração por dentro. A seringa industrial surgiu em 1893. Seu inventor, o inglês Alexander Wood, usou como cobaia a própria mulher, que morreu em conseqüência de uma overdose de morfina.
O estado de torpor e desinteresse causado pelo vício enfraquece os mecanismos de autodefesa da pessoa. Por isso é fácil o heroínomano exagerar na dose e morrer disso. Também é grande o consumo de drogas misturadas com talco, analgésicos. bicarbonato - ou qualquer outro pó que possa aumentar o lucro do traficante. O resultado é que, ao ter acesso a uma droga mais pura, o viciado corre o risco de morrer de overdose.

Os males de todas essas drogas

Além dos narcóticos, como a heroína existem outras categorias de entorpecentes. São os depressores, estimulantes e alucinógenos, além dos derivados da cannabis (maconha e haxixe), que não se encaixam a rigor numa única dessas categorias. Em qualquer caso, trata se sempre de substâncias capazes de criar alta dependência e tolerância. Algumas são usadas em medicamentos, como analgésicos, anticonvulsivos, tranqüilizantes ou moderadores de apetite. E de nenhum deles se sai sem problemas.

O álcool - a mais difundida de todas as drogas - é tóxico ao fígado pâncreas, coração e cérebro. Entre os efeitos crônicos, geralmente agravados pela desnutrição, o alcoólatra sofre um acelerado processo de envelhecimento, com a destruição dos neurônios - as células do cérebro. Rico em calorias vazias, que não alimentam, o álcool também leva à obesidade, fonte de outras doenças.

Os estimulantes, entre eles a cocaína, causam euforia, excitação, hiperatividade, insônia, perda de apetite, aceleração do pulso e aumento da pressão arterial. A superdosagem pode trazer aumento da temperatura, alucinações, convulsões e morte.

A síndrome de abstinência é caracterizada por apatia, longos períodos de sono, depressão, desorientação e delírios paranóicos. Junto da cocaína, são estimulantes a anfetamina e a efedrina, essa última usada em crises de asma.

Os depressores do sistema nervoso central (barbitúricos. benzodiazepinas, solventes orgânicos, como aguarrás e cola de sapateiro, clorofórmio e éter) denunciam o viciado pela voz pastosa, desorientação e estado de embriaguez. A superdosagem inibe a respiração, provoca pele fria, pupilas dilatadas, pulso rápido e fraco, coma e possível morte. O clorofórmio e o éter podem em especial causar parada cardíaca. Já a síndrome de abstinência se manifesta em tremores, ansiedade, insônia, delírio e convulsões.

Dos alucinógenos, o mais conhecido é o LSD, que provoca ilusões e alucinações. alterando a percepção do tempo e da distancia. Seu consumo pode representar uma viagem sem volta, com irreparáveis danos psíquicos. loucura e morte. A maconha e o haxixe, fumados em cigarros, são drogas mais leves, mas nem por isso menos perigosas. Provocam aumento da freqüência cardíaca, congestão dos olhos e alterações na percepção. A maconha, como o álcool, traz euforia e relaxamento das inibições. Consumida regularmente, porém, tende a causar fadiga e alheamento da realidade. A abstinência induz à insônia e hiperatividade.

Por último, mas não menos tóxico, o cigarro: a nicotina com grande taxa de tolerância e dependência, vítima no mundo inteiro milhares de pessoas todos os dias com câncer do pulmão. enfisemas, problemas cardíacos. Ao contrário das demais drogas, castiga por tabela os não-fumantes, habitualmente obrigados a respirar o ar contaminado pela nicotina alheia.


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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

História da Anestesia - Drogas

ÉTER, GÁS HILARIANTE, DOIS DENTISTAS E A INCRÍVEL HISTÓRIA DA ANESTESIA



E aí? Vamos ao dentista dar uma geral naquele dente que dói há tempos? Não? Por quê? Medo do motorzinho? Acha que vai doer? Vai não. Já temos anestesia. Abra a boca, relaxe e imagine como seria pouco menos de 200 anos atrás. Imaginou? Pois bem, nós lhe contamos: doía pacas. E isso para uma simples extração de dente. Para abrir a barriga, então, nem perca seu tempo imaginando. Era um tipo de cirurgia raramente praticado até o século 19. "Operar dentro do crânio, do tórax ou mesmo do abdome era praticamente impossível", conta o médico Moacyr Scliar em seu texto na revista Aventuras na História de setembro. E era impossível simplesmente porque não havia anestesia. Ou melhor, nenhum método anestésico conhecido até então era eficiente o bastante para permitir tal intervenção. "A qualidade básica do cirurgião era a rapidez", prossegue Scliar. "Ele tinha de lutar com a agitação dos pacientes, muitos dos quais eram amarrados. Os mais sortudos desmaiavam."

Os pacientes só deixaram de ser amarrados e desmaiar graças a dois dentistas norte-americanos: Horace Wells e William Thomas Green Morton. O primeiro ficou conhecido por utilizar o óxido nitroso - também chamado de gás hilariante - como anestésico. O segundo entrou para a história da medicina por protagonizar a primeira demonstração pública do éter numa cirurgia.

Wells trabalhava em Hartford, Connecticut. Em 11 de dezembro de 1844, aos 29 anos, sentou-se na cadeira de dentista de seu próprio consultório e ordenou a um colega que extraísse um dente siso que o incomodava. O procedimento não doeu nada. "Começou uma nova era na extração dentária!", exclamou Wells já com um dente a menos na boca. A nova era fora anunciada por conta do gás hilariante que ele inalara. Além de deixá-lo imune à dor, causou-lhe tremenda euforia e bem-estar.

O gás foi descoberto em 1776 pelo cientista e ministro presbiteriano inglês Joseph Priestley, o mesmo que já havia identificado e produzido o oxigênio em laboratório. Cerca de 20 anos depois, Humphry Davy, conterrâneo de Priestley e aprendiz de farmácia, testou em si próprio os efeitos da inalação do óxido nitroso. Teve uma sensação muito agradável. Sua dor de cabeça passou e sentiu um desejo incontido de rir - daí o nome gás hilariante. "Já que o gás hilariante parece possuir a propriedade de acalmar as dores físicas, seria recomendável empregá-lo contra as dores cirúrgicas", escreveu Davy.

A idéia de Horace Wells de usá-lo em extrações dentárias surgiu na noite anterior ao bem- sucedido 11 de dezembro de 1844. Wells atendia a uma animada palestra sobre os efeitos hilariantes do óxido nitroso quando, a certa altura, um dos alegres convidados - que havia inalado o gás - começou a correr feito doido entre os bancos do auditório. Suas canelas e joelhos ficaram ensangüentados, mas nenhuma dor lhe acometeu. Foi aí, então, que o astuto dentista percebeu a importância do que estava diante de seus olhos e decidiu ser sua própria cobaia na manhã seguinte.

Durante um mês, Wells fez fama e dinheiro na cidade com suas práticas indolores. Dezenas de clientes bateram à sua porta. Depois, rumou para Boston para realizar uma demonstração a um importante grupo de cirurgiões de Harvard. A apresentação fora acertada graças ao seu conhecido William Thomas Green Morton. Mas transformou-se num fracasso grandiloqüente. O dentista deveria extrair o dente de um aluno da universidade. A quantidade aplicada de óxido nitroso, porém, não foi suficiente. O voluntário gritou de dor (deve ter soltado vários impropérios também) e Wells foi posto para fora como charlatão e impostor. De volta a Hartford, quase matou um paciente. Caiu em descrédito, foi humilhado e terminou por abandonar a odontologia.

Já William Morton, seu colega, persistiria na idéia - só que, aconselhado por seu ex-professor de química Charles Thomas Jackson, substituiu o óxido nitroso pelo éter. O elemento era mais poderoso que o anterior e oferecia menos risco de causar asfixia. Morton utilizou-o com sucesso em animais, nos seus aprendizes e, não satisfeito, testou em si mesmo. Chegou também a realizar uma extração de dente.

Paciente Pronto
Em 16 de outubro de 1846, ele protagonizou uma demonstração pública durante uma importante cirurgia de pescoço no mesmo hospital onde Horace Wells fora execrado. Em seu livro A Assustadora História da Medicina, Richard Gordon conta que Morton entrou apressado na sala, "com seu novo inalador, um globo de vidro contendo uma esponja embebida em éter, com válvulas de couro para garantir o fluxo unidirecional para os pulmões do paciente". Quando o paciente ficou inconsciente, Morton se dirigiu a John Warren, o cirurgião, e disse: "Doutor, o paciente está pronto". A intervenção transcorreu sem nenhuma reação de dor por parte do enfermo. Ao término do feito histórico, Warren voltou-se para o auditório e afirmou: "Senhores, aqui não há truques". E mais: "Daqui a muitos séculos, os estudantes virão a este hospital para conhecer o local onde se demonstrou pela primeira vez a mais gloriosa descoberta da ciência."

Depois desse dia, o dentista assegurou para si a paternidade da anestesia - o termo foi sugerido pelo médico e poeta americano Oliver Holmes, mas já havia sido empregado por volta do ano 50 pelo grego Dioscórides. Sua invenção correu o mundo. Chegou à Europa no fim de 1846 e, no ano seguinte, aportou no Brasil, onde foi utilizada numa cirurgia feita pelo médico Roberto Jorge Haddock Lobo no Hospital Militar do Rio de Janeiro.

A epopéia, entretanto, não termina aqui. Morton queria royalties sobre o invento. Patenteou o éter - chamado por ele de letheon -, confeccionou panfletos e "contratou vendedores para vender o anestésico de costa a costa", como conta Richard Gordon. Seu plano de enriquecimento fácil, porém, fracassou. Charles Jackson, seu ex-professor, reivindicou uma parte nos lucros e os médicos de Boston ficaram fulos com a patente de uma substância capaz de aliviar o sofrimento humano. Para completar, relata Gordon, em 1852 o médico americano Crawford Williamson Long "anunciou calmamente que desde março de 1842 realizava cirurgias superficiais usando o éter como anestésico, quase cinco anos antes de Morton". "Depois de oito operações, ele abandonou o método com medo de ser linchado caso algum paciente morresse", conta Darcy Lima, professor de farmacologia e história da medicina na UFRJ.
Embora Crawford Long tenha sido o primeiro a praticar a anestesia geral pelo éter, nunca entrou na disputa direta pela autoria do procedimento e o mérito ficou com William Morton. Os dois, de qualquer maneira, revolucionaram a medicina e deram uma nova dimensão às cirurgias. Antes deles - e de Horace Wells também -, os tratamentos eram feitos à base de plantas e seus derivados, como as cascas de mandrágora, as sementes de meimendro, o ópio e a maconha (Cannabis), além de muita embriaguez pelo vinho. Eram métodos bastante precários e um tanto quanto ineficazes. Mas, ao menos, não havia o aterrador motorzinho...