domingo, 9 de maio de 2010

Nerds vaidosos dão origem à tribo dos tecnossexuais

16/03/09 - 06h30 - Atualizado em 16/03/09 - 08h25

Nerds vaidosos dão origem à tribo dos tecnossexuais
Eles gostam de eletrônicos, redes sociais e de cuidar da aparência.
Fizemos raio-x do tecnossexual e propõe teste, para você saber se é um.

Ele não sairá de casa -- onde tem um computador com disco rígido de 1 terabyte -- sem vestir boas roupas, passar perfume, arrumar o cabelo e pegar seu iPhone. O telefone da Apple, inclusive, está abarrotado de aplicativos que facilitam sua vida em situações como na hora de escolher um restaurante japonês. Esse mesmo aparelho, ou algum multimídia similar, também serve para ele se relacionar com amigos via redes sociais e twittar suas impressões daquela balada recém-inaugurada -- que cobra na entrada o equivalente a um plano de dados ilimitado para celulares 3G. Conheça o tecnossexual, um fã de tecnologia que se preocupa tanto com a aparência no mundo off-line quanto com a atualização constante de sua página no Facebook.

A palavra para designar essa tribo tornou-se “oficial” depois de ser divulgada há alguns anos, no Urban Dictionary, pelo consultor de mídia digital norte-americano Ricky Montalvo. No entanto, a popularização de gadgets (equipamentos eletrônicos) como o iPhone e outros aparelhos multimídia faz com que a definição se mantenha atual e ganhe ainda mais força.

Mesmo que você não conheça (ou seja) um tecnossexual “extremo”, como o descrito no início desta reportagem, é possível que já tenha deparado com pessoas que se encaixam em maior ou menor grau na descrição de Montalvo: “um narcisista que não ama apenas ele mesmo, mas também seu estilo de vida urbano e gadgets; um homem que está em contato com seu lado feminino e também aprecia eletrônicos como celulares, PDAs, computadores, software e a internet”. Faça o teste abaixo e descubra se você tem características tecnossexuais.

Atenta à tendência, a Calvin Klein chegou a registrar em 2006 a patente do termo “technosexual”, prevendo que essa seria uma palavra forte na publicidade voltada a americanos nascidos entre 1982 e 1995. Em 2007, a companhia manteve sua ligação com um termo anunciando o perfume CK in2u como a “primeira fragrância para a geração tecnossexual”.

Declarados

Foto: Arquivo pessoal Alvino diz que, ao contrário dos nerds, os tecnossexuais não se interessam só por tecnologia. (Foto: Arquivo pessoal) Alvino Aparecido Moreira Netto acredita se encaixar na definição de tecnossexual. “Me interesso por tecnologia e, entre passar janeiro na praia e na Campus Party, escolheria a segunda opção. Apesar de gostar de comprar roupas, não deixo de ter celular, laptop, iPod e afins: sempre as alternativas mais modernas e completas”, contou ao G1 o estudante de direito e de letras estrangeiras, que vive em Londrina (PR) e trabalha em um escritório de advocacia.

Aos 20 anos, ele também diz praticar triatlon todos os dias da semana e sair sempre com os amigos. Para ele, o tecnossexual é diferente dos geeks e nerds justamente porque o grupo dos vaidosos não se interessa apenas por tecnologia. Alvino não se incomoda com o rótulo e conta que já fez loucuras para se manter antenado: “quando morava fora do país, gastava horrores com aparelhos que levariam anos para chegar ao Brasil. E já pedi a um amigo que estava no Japão para trazer um celular moderníssimo”.



Roberto Vinicius Aghazarian, de 28 anos, também considera se encaixar parcialmente na tribo. Profissional da área de marketing, ele sempre gostou muito de eletrônicos, acompanha lançamentos de produtos e está sempre conectado à internet. “Só não me encaixo totalmente na definição, pois hoje já aprendi a ter discernimento para minhas prioridades”, afirmou ao G1. Para ele, o tecnossexual tem um apelo melhor que os nerds e geeks: a tribo “é mais social, atraente e nem por isso menos inteligente”.


Os dois não estão sozinhos. No site de relacionamentos Orkut, por exemplo, é possível encontrar grupos com dezenas de brasileiros (e também brasileiras, o que foge da descrição original do termo) que se declaram tecnossexuais. A descrição da maior dessas comunidades, encaixada na categoria “moda e beleza”, diz: “se você gosta de tecnologia e é bonito, cuida do corpo e da aparência, gosta de academia, MP3, internet, MSN, cuidado! Você é um tecnossexual. Essa coisa de metrossexual já era, é coisa do passado. Bem-vindo ao futuro”.




Comunidades no Orkut reúnem internautas que se consideram tecnossexuais. (Foto: Reprodução )

Casamento tecnossexual
Uma comunidade do Facebook aborda o assunto sob a ótica das mulheres casadas com esses fãs vaidosos de tecnologia. Joanna Wiebe, a norte-americana dona do grupo “I married a technosexual”, contou ao G1 que seu marido se encaixa nessa definição por estar sempre atualizado sobre as novidades tecnológicas.



“A melhor parte dessa história é que ele pode arrumar qualquer laptop, gravador digital de vídeos ou aparelho de som. A parte ruim é que ele não entende como outras pessoas não gostam tanto de tecnologia quanto ele. Além disso, na maioria das noites algum eletrônico, como laptop ou iPhone, vai para a cama com a gente”, afirmou Joanna, de 30 anos. Apesar do fanatismo, ela diz que consegue convencê-lo a largar o controle do Xbox quando quer sua companhia para fazer caminhadas.

Joanna admite que, às vezes, é difícil engolir a quantia gasta pelo cônjuge com novidades tecnológicas. E quando perguntada sobre a maior loucura que ele já fez em nome do amor pelos gadgets, ela lembra: “foi no lançamento do iPhone. Durante uma semana ele enfrentou filas em diversas lojas, mas quando chegava sua vez o produto já tinha acabado. Ele pegou fila até em Las Vegas, onde fomos passar as férias. Para mim foi engraçado, mas para ele foi frustrante”, diverte-se.




Comunidade no Facebook reúne mulheres casadas com tecnossexuais. (Foto: Reprodução )

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