terça-feira, 22 de março de 2011

Gene ligado ao nanismo protege contra câncer e diabetes, diz estudo

17/02/2011 15h06 - Atualizado em 17/02/2011 17h29

Gene ligado ao nanismo protege contra câncer e diabetes, diz estudo
Pessoas com a síndrome de Laron tiveram menor incidência das doenças.
Cientistas pretendem elaborar tratamentos bloqueando hormônios.


A pesquisa acompanhou cerca de cem pessoas com a síndrome de Laron (Foto: Cortesia / Jaime Guevara-Aguirre)Um estudo de 22 anos com pessoas anormalmente baixas sugere que as mutações que causam o nanismo podem também diminuir o risco de câncer e diabetes. Na pesquisa, o biólogo celular Valter Longo, da Universidade do Sul da Califórnia, nos EUA, e o endocrinologista equatoriano Jaime Guevara-Aguirre acompanharam uma comunidade remota nas encostas dos Andes.

Nesta comunidade, há muitas pessoas com a síndrome de Laron, um defeito num gene que impede o corpo de utilizar o hormônio do crescimento (GH). Os cientistas acompanharam cerca de cem indivíduos com a síndrome e 1,6 mil de estatura normal.

Durante os 22 anos, não foi registrado nenhum caso de diabetes e apenas um de câncer – que não levou à morte – entre os anões. Em contrapartida, entre as pessoas de estatura normal, 5% tiveram diabetes e 17% sofreram de câncer. Como eles viviam no mesmo ambiente e tinham os mesmos fatores genéticos, os cientistas concluíram que o hormônio do crescimento tem suas desvantagens.


O pesquisador Jaime Guevara-Aguirre e com participantes da pesquisa em 1988 (Foto: Cortesia / Jaime Guevara-Aguirre)“As pessoas com deficiência de recepção do hormônio do crescimento não têm duas das principais doenças do envelhecimento. Também têm uma incidência muito baixa de acidentes vasculares, mas o número de mortes por conta deles foi muito baixo para determinar se isto é significante”, afirmou Longo.

Contudo, a expectativa de vida dos dois grupos é aproximadamente a mesma, pois os anões morrem pelo abuso de substâncias ou por acidentes com mais frequência. “Embora os indivíduos que encontramos aparentem estar relativamente felizes e normais e sabidamente tenham funções cognitivas normais, há muitas causas de morte estranhas, incluindo muitas ligadas ao álcool”, explicou o pesquisador.

O que ainda não está claro para os cientistas é como a deficiência de hormônios de crescimento pode proteger um indivíduo. De toda forma, existe a esperança de desenvolver um tratamento a partir do bloqueio dos hormônios. A ideia é utilizar tal tratamento em adultos com alta taxa destes hormônios, tentando levá-los a uma taxa média, e apenas em famílias com alta incidência de câncer e diabetes.

O estudo foi divulgado pela publicação científica “Science Translational Medicine”.

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