Nanotubos de carbono formam fibra resistente chamada de 'músculo artificial' (Foto: Science/Divulgação)
Material sintético se contrai e dilata como um músculo humano.
Produto tem grande potencial de uso na robótica, dizem pesquisadores.
Uma equipe internacional, com a participação efetiva de pesquisadores brasileiros, desenvolveu um novo tipo de material que possui características parecidas com as do músculo humano – o produto recebeu, inclusive, o nome de "músculo artificial".
O objeto consiste de nanotubos de carbono, substâncias microscópicas que formam uma fibra bastante resistente. Dentro dos espaços vazios que restam nessa fibra, os cientistas colocam algum material que tenha grande potencial de expansão sob alterações de temperatura – no caso, uma parafina.
Dessa forma, a fibra passa a responder a estímulos térmicos se expandindo ou se contraindo. Grosso modo, é a mesma coisa que a fibra muscular humana faz quando recebe os impulsos neurais – que são sinais elétricos. Por isso, o material é conhecido como "músculo artificial".
A pesquisa publicada pela revista "Science" desta quinta-feira (15) usou estímulos térmicos, mas, segundo os pesquisadores, isso pode ser feito também com estímulos elétricos, químicos ou apenas com a luz. Isso permitiria ao produto operar em condições extremas, desde temperaturas próximas dos -200º C até os 2.500º C.
Apesar do nome, a ideia não é usar o "músculo artificial" para substituir os músculos de verdade do corpo humano, pelo menos não por enquanto. Essas fibras podem ser usadas para substituir várias peças de automóveis e aviões, que seriam muito mais leves”, apontou Márcio Lima, pesquisador brasileiro que conduziu o estudo na Universidade do Texas, em Dallas, nos Estados Unidos.
Como suportam condições extremas, esses produtos podem ser aplicados em vários campos da robótica, inclusive em sondas espaciais, apontou o autor. Para o uso no corpo humano, no entanto, ainda seria necessário um longo trabalho de adaptação, e o mais indicado seria seu uso em próteses externas, com uma bateria.
Os criadores destacaram a leveza do material porque ele é capaz de suportar um peso até 100 mil vezes maior do que o seu próprio. Segundo os pesquisadores, o material é mais potente do que os motores a combustão.
"Mesmo antes de ter saído o paper [artigo científico], já tínhamos registrado a patente, porque o potencial é muito grande", destacou Mônica Jung de Andrade, brasileira que é colega de Márcio Lima em Dallas. O responsável pelo grupo é o americano Ray Baughman, da mesmo universidade.
Outros três pesquisadores brasileiros também participaram do trabalho: Douglas Galvão e Leonardo Machado, da Universidade Estadual de Campinas (SP) (Unicamp), e Alexandre Fonseca, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru (SP).
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