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quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A LENDA - Charles Chaplin

 A LENDA - Charles Chaplin

Desta vez trazemos uma das estrelas primordiais do cinema, o inesquecível CHARLES CHAPLIN, também conhecido por seu personagem "Carlitos".

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Descoberta histórica - NASA detecta a estrela mais distante do universo

Descoberta histórica - NASA detecta a estrela mais distante do universo

Batizada de Earendel, ela é tão longínqua que sua luz demorou 12,9 bilhões de anos para chegar à Terra.

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Mulher é acordada por meteoros que caiu em sua cama no Canadá

Mulher é acordada por meteoros que caiu em sua cama no Canadá

Ruth Hamilton quase foi atingida pelo objeto espacial, que foi parar em seu travesseiro.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Existem muito menos galáxias no universo do que se imaginava, diz estudo

 Existem muito menos galáxias no universo do que se imaginava, diz estudo

A espaçonave New Horizons, lançada em 2006 com o objetivo de estudar os limites do Sistema Solar, constatou que o número estimado de galáxias é menor do que se imaginava. 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Telescópio Hubble identifica raro exoplaneta que pode explicar mistério do Planeta Nove

Telescópio Hubble identifica raro exoplaneta que pode explicar mistério do Planeta Nove

Durante décadas de pesquisa espacial, a humanidade encontrou um limite praticamente intransponível, além de Netuno: uma região quase nada explorada pela humanidade. 

sábado, 10 de outubro de 2020

Astrofísicos detectam a colisão mais poderosa já registrada entre dois buracos negros

Astrofísicos detectam a colisão mais poderosa já registrada entre dois buracos negros

Pesquisadores do Observatório de Ondas Gravitacionais (LIGO) se surpreenderam ao identificar um conjunto inédito de ondas gravitacionais (ondulações na estrutura do espaço-tempo). 

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Cientistas divulgam primeiro mapa rico em detalhes da superfície da Lua

Cientistas divulgam primeiro mapa rico em detalhes da superfície da Lua


Pela primeira vez a superfície da Lua foi completamente mapeada em seus mínimos detalhes. 

domingo, 7 de junho de 2020

Astrônomos observam estrela escapar por pouco de ser devorada por buraco negro

Astrônomos observam estrela escapar por pouco de ser devorada por buraco negro


Astrônomos da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) flagraram um raro espetáculo cósmico. 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Estrela em forma de gota que pulsa de apenas um lado é encontrada pela primeira vez

Estrela em forma de gota que pulsa de apenas um lado é encontrada pela primeira vez


Ao analisar dados do satélite TESS, da NASA, um grupo de astrônomos amadores percebeu algo inusitado. 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Sonda da NASA entra nos limites do Sol de forma inédita e começa a revelar seus segredos

Sonda da NASA entra nos limites do Sol de forma inédita e começa a revelar seus segredos


A sonda Parker, da NASA, se aproximou do Sol de forma inédita e começou a revelar seus segredos. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Planeta gigante misterioso que não deveria existir desafia teorias astronômicas

Planeta gigante misterioso que não deveria existir desafia teorias astronômicas


Um planeta gasoso gigante "que não deveria existir" foi descoberto por uma equipe de cientistas da Alemanha e Espanha. 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Os 10 melhores lugares do mundo para observar as estrelas


Os 10 melhores lugares do mundo para observar as estrelas


A poluição luminosa é um fator determinante para a observação das estrelas, tanto que os lugares mais escuros do planeta são os melhores para isso. Com o objetivo de preservá-los, a UNESCO defende “o céu noturno e o direito à luz das estrelas”. Estes são os 10 melhores lugares do mundo para observar o céu noturno:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

A morte do Sol - Astronomia


A morte do Sol - Astronomia 



Ano 1 500 001 997 d.C. Um Sol gigantesco se levanta sobre o horizonte leste da Terra. Se você pudesse acordar nessa manhã, daqui a 1,5 bilhão de anos, não encontraria nada do mundo que conhece hoje. Nossa estrela está 10% mais brilhante e parece ocupar um pedaço enorme do céu, que por sinal não é mais azul. A atmosfera, opaca, úmida e abafada, é dominada por uma luz cor-de-laranja e amarela. Sobre o solo árido não há água, nenhuma planta ou animal. Enorme, brilhante e abrasador, o Sol está começando a morrer. E os primeiros sintomas da sua longa agonia já eliminaram a vida da Terra. Essa é a previsão da equipe de astrônomos liderada por Juliana Sackmann, do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Alguns cálculos que definem o cenário que você vai conhecer a seguir foram feitos pelos pesquisadores.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

SOL: Uma viagem para o inferno - Astrofísica


SOL: UMA VIAGEM PARA O INFERNO - Astrofísica


A estrela mais próxima da Terra não é ainda totalmente conhecida. E precisa ser porque da energia que ele emite depende o controle das naves e estações orbitais que voam nesse espaço. Este ano, uma frota de sondas sobe ao céu para tentar diminuir nossa ignorância

domingo, 29 de dezembro de 2013

Satélite europeu tem 'câmera mais poderosa da História'


Satélite europeu tem 'câmera mais poderosa da História'

O satélite Gaia em construção: câmera tem sensores que detectam distintos tipos de luz (Foto: BBC)

Gaia vai mostrar Via Láctea em 3D pela primeira vez e identificar cor e temperatura de estrelas.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Russos detectam asteroide de 10 toneladas que passou raspando pela Terra


Russos detectam asteroide de 10 toneladas que passou raspando pela Terra


Sistema de observação localizado na Rússia identificou a passagem do asteroide com características semelhantes ao que caiu na Terra em fevereiro.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Motim a Bordo - Cosmologia


MOTIM A BORDO - Cosmologia


As leis que explicam o nascimento e a evolução do Cosmo se fortalecem a despeito do grande número de críticas e tentativas de reformular o conhecimento atual.

"Existem muitas dúvidas de que o universo surgiu de uma grande explosão. As observações sugerem que ela talvez nunca tenha existido. "
Fred Hoyle, astrônomo inglês

"Uma certa dose de ceticismo é saudável, mas não há nenhuma contradição bem estabelecida contra a teoria do big bang".
James Peebles, astrônomo americano

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Novas descobertas sobre o nascimento das Galaxias - Cosmologia


NOVAS DESCOBERTAS SOBRE O NASCIMENTO DAS GALÁXIAS - Cosmologia



Mapas da época em que o Universo andava de calça curta espantam os teóricos pela rapidez com que se formam os grandes turbilhões de estrelas

"Eu não estou interessado neste ou naquele fenômeno. Eu quero saber como Deus criou o  mundo, quais são os seus pensamentos. O resto é detalhe" - Albert Einstein
Quando Einstein começou a investigar a origem do Universo, em 1915, tinha apenas uma vaga idéia a respeito daquilo com que estava lidando. Basta ver que os personagens principais das suas equações eram as galáxias, formidáveis redemoinhos cósmicos, contendo bilhões de astros, e milhares de vezes mais distantes que as estrelas do céu. Mas, até então, conhecia-se apenas uma - a Via Láctea, à qual pertencem o Sol e as estrelas visíveis. E, embora os astrônomos e o próprio Einstein estivessem certos da existência de muitas outras, esse fato só seria comprovado dez anos mais tarde, em 1925. Isso mostra que muitas vezes é melhor confiar em uma boa idéia e deixar de lado os detalhes. Mais cedo ou mais tarde, porém, os detalhes tornando-se importantes - é o  que está acontecendo agora, quando, segundo se estima, nada menos que 35 bilhões de galáxias se encontram ao alcance dos mais avançados instrumentos. Em vista disso, embora a visão geral dos teóricos esteja correta, surgiram inúmeros detalhes que não se encaixam adequadamente na história do Cosmo. 

A própria origem das galáxias é um desafio - em princípio, as estrelas deveriam espalhar-se de maneira uniforme por todo o espaço. Que força as teria confinado nesses vótices, criando, ao mesmo tempo, imensos vazios entre eles? Para piorar, quando se reúnem milhares de galáxias numa única imagem (veja foto), descobre-se que também existem galáxias de galáxias - amontoados cada vez maiores de matéria, num processo que parece não ter fim. "Simplesmente, não sabemos como reproduzir esse fenômeno em nossas equações", resume a astrofísica Margat Geller, do centro de pesquisas Harvard-Ssmithsoniam, Estados Unidos. Ela diz que é difícil seguir as novas encontradas nos confins do Cosmo. Numa primeira escala, as galáxias reúnem-se em grupos de algumas dezenas; depois, em aglomerados de centenas; por fim, erigem super aglomerados contendo milhares de objetos (veja ilustração).Além disso, as distâncias aumentam sem parar. Dois grupos simples geralmente encontram-se a alguns milhões de anos-luz (cada ano-luz mede cerca de 10 trilhões de quilômetros), mas dois superglomerados podem estar separados por vazios de centenas de milhões de anos-luz. Até bem pouco tempo, esses amontoados não chegavam a dar dor de cabeça nos pesquisadores. Numa analogia reconfortante, eram comparados com grãos de areia numa caixa. Vistos de perto, dependendo do lugar que se observa, os grãos parecem formar montes em alguns pontos e vales em outros. À distância, porém, o conjunto de montes e vales pode acabar distribuindo-se democraticamente, pois o que falta em um ponto é compensado por excesso, em outro.O mesmo  problema, portanto, poderia estar prejudicando as primeiras fotografias amplas do céu: como não abarcavam porções suficientemente grandes da caixa (ou seja, o Universo), não permitiram avaliar a verdadeira distribuição dos grãos de areia (as galáxias). A ironia, no entanto, é que, quanto mais os cientistas ampliam o seu campo de visão, mais granuloso e esburacado torna-se o Cosmo. Por outro lado é quase certo que no início dos tempos não era assim. Por incrível que pareça, antes de as estrelas nascerem, os átomos espalhavm-se pelo Universo com regularidade impecável. Pelo menos é o que mostram espantosas investigações com a do satélite americano Cobe. Sua façanha, realizada no final do ano passado foi medir a radiação remanescente do próprio Big Bang, a explosão primordial que deu início ao Universo, há quinze bilhões de anos.

 Descoberta por acidente, em 1964, e denominada radiação de fundo, ela pode ser ouvida como um estranhíssimo ruído de rádio, vindo ao mesmo tempo de todos os pontos do universo. Não importa em que direção se dirija uma antena, o som se faz ouvir sempre com a mesma freqüência. Também tem sempre a mesma temperatura, o que dá uma medida de sua energia. E o fato de ela não se alterar tem um significado preciso: quer dizer que a matéria do universo, no momento da explosão, era altamente homogênea, ou muito pouco granulosa.Para se ter uma idéia, basta ver que a temperatura da radiação é de -240,4 graus celsius. A missão do cobe era checar se, em alguma direção do espaço, essa medida apresentava alguma variação por menor que fosse. Mas, embora seus  instrumentos estivessem preparados para denunciar uma diferença até 25 000 vezes menor que 1 grau, nada registraram. Do ponto  de vista das equações cosmológicas - que regem a evolução do universo -, trata-se de um resultado entusiasmante, pois elas pressupõem que, no início dos tempos, a matéria fosse homogênea.É o que se diz o astrofísico david schramm, um ex-campeão de luta greco-romana, atualmente a serviço da universidade de chicago, "o big bang está em grande forma e tem sido aprovado em todos os testes a que é submetido". No entanto, ele reconhece que a  situação é crítica - ou, como diz o  veterano james peeble, da universidade princeton, "as coisas estão confusas". Afinal, justamente porque já se sabe muito, maior é a expectativa por uma explicação. "finalmente, podemos dizer que temos um verdadeiro mapa do cosmo", garante margaret geller. É certo, por exemplo, que os superaglomerados de galáxias já eram conhecidos há dez anos. Mas não existem números precisos sobre o seu tamanho, sua massa, ou a quantidade de luz que emitem. Em suma, as informações disponíveis eram pobres."agora, graças à estatística, estamos em condições de avaliar com exatidão os dados que colhemos", anima-se o matemático Will Saunders, atualmente alocando no departamento de física da universidade oxford. Autor de um trabalho de grande impacto, publicado recentemente na revista  nature (3/1/91), saunders estendeu a todo espaço medidas que até agora eram mais ou menos isoladas. Comprovou, assim, que tão comuns estruturas do tipo da grande muralha, uma imensa concentração de galáxias, descoberta por margaret geller e john hucha, também do harvard-smithsonian (superinteressante número 4 ano 4). Situada na direção da  constelação de virgem, essa verdadeira cordilheira cósmica tem a descomunal extensão de meio bilhão de anos-luz.Para compensar tais massas, os astrofísicos vinham encher os vazios cósmicos com algo invisível - isto é,  com matéria que não emite luz,  por ser muito fria, e que isso não pôde, até hoje, ser detectada. Esses ingredientes existem, com certeza, antes de mais nada, na forma de gás e poeira. E, de fato, parecem construir a maior parte da matéria existente, como se pode verificar de maneira indireta: sem eles,  por exemplo, não se conseguiria explicar a velocidade de rotação do sol em  torno do centro da via láctea. Se a galáxia reunisse apenas estrelas e outros corpos luminosos, sua massa seria muito pequena e o sol giraria mais devagar do que efetivamente gira. Portanto, deve haver um grande halo de matéria escura envolvendo-a, talvez numa proporção de vezes maior que a matéria luminosa.Extrapolamos para o reto do universo, esses dados garantiriam que a homogeneidade inicial continua em vigor: apenas não está à vista. Mesmo porque, além de gás poeira, a matéria invisível também pode incluir partículas subatômicas, como os neutrinhos, produzidos com grande abundância pelo sol e as outras estrelas (superinteressante número 12, ano 4). Imagina-se  que inúmeras outras partículas, ainda não descobertas, poderiam completar o cardápio. No entanto, trata-se renhida disputa para saber se tal extrapolação é suficiente para entupir os abismos da geografia cósmica. As mais recentes dificuldades surgiram após o vôo do extraordinário satélite europeu iras, capaz de observar matéria em temperaturas muito baixas.Apesar de ter voado em 1983 só agora seus dados estão terminando de ser analisados - saunders, por  exemplo, utilizou-os em seus cálculos. Esse número não são a última palavra, mas sugerem que não há no meio intergalático matéria escura em quantidade suficiente para dar conta das estruturas cósmicas. Em vista disso, inúmeros cientistas -antes entusiasmados com a matéria escura - mudaram de idéia. Pensam que seria melhor tentar uma outra solução; por exemplo, uma velha hipótese, concebida pelo próprio einstein e depois abandonada. Trata-se de constante cosmológica, uma força antigravidade que agiria apenas em escala cósmica - por isso não se faz sentir na superfície da terra.Embora esse esquema possa funcionar, é visto, de antemão, com certo desagrado,  pois parece artificial, ou forçado. Einstein abandonou-o por esse motivo, depois de considerá-lo o maior erro que cimeteu. David schrann é ainda mais enfático e perseverante. ´só porque não sabemos explicar certos  fenômenos, não podemos abandonar nossas idéias básicas", argumenta. É até provável que, nos próximos anos, a confusão geral aumente sem precedentes no volume de novos dados sobre o cosmo. Mas isso não é mau sinal, entre eles pode estar a pista para se compreender melhor como funciona o universo. E nenhuma boa pista se deixa desvendar logo à primeira vista. É mais ou menos assim que margaret geller vê as atuais atribulações. "um dia, quando tivermos colocado todas as peças no lugar, vamos nos perguntar por que não pensamos nisto antes".

Fósseis cósmicos

Aos 30 anos, graduado Galaxia em Matemática Pura e mestre em Astronomia, o inglês Will Saunders, da Universidade de Oxford, projetou-se precocemente entre os astrofísicos pelos mapas que elaborou sobre as maiores estruturas do Universo - os superaglomerados de galáxias. Mas o exaustivo trabalho científico não o impede de pensar em outros assuntos, como a fome no mundo, ou a defesa do meio ambiente. "Se a ciência não me tomasse tanto tempo, eu provavelmente me alistaria numa organização ecológica", declarou a nós, em Londres, durante uma entrevista na qual fala de suas idéias e de sua emoção ao estudar o Cosmo

P - Você declara que está estudando os restos fósseis do Universo quando este era jovem. O que quer dizer com isso?
R - Atualmente podemos mapear uma quantidade assombrosa de galáxias, a uma distância enorme da Terra - cerca de meio bilhão de anos-luz. Isso significa que as estruturas formadas por elas não tiveram tempo de mudar, desde o tempo que o Universo nasceu. Daí o motivo da expressão "restos fósseis". A luz que agora chega à Terra foi emitida quando as galáxias eram muito jovens. Para se ter uma idéia, na época da emissão nem os dinossauros haviam surgido nesse planeta.

P - O que mostram os mapas que elaborou?
R - Eles indicam quantas galáxias existem neste ou naquele ponto do espaço. Primeiro é preciso calcular quantas galáxias. em média, existem numa imagem; em seguida, verifica-se cada ponto da imagem para avaliar se o número de galáxias é maior ou menor que a média. Mesmo com boas técnicas matemáticas, o trabalho demora anos, pois é preciso contar milhares de galáxias.

P - A evolução das galáxias é explicada pela teoria da matéria escura, que agora está sendo questionada O que você pensa disso?
R - Creio que ela não basta para explicar os fenômenos que vemos. De acordo com ela, a matéria distribuía-se de maneira muito uniforme, no início dos tempos. Mas já continha pequenas imperfeicões. Por meio de um computador, e possível analisar como elas crescem com o tempo e desse modo simular a criação das galáxias. É uma técnica incrivelmente bem-sucedida, mas não explica as estruturas que vemos. Alguns cientistas até exageram: o Universo, com todas as irregularidades, ainda é muito, mais uniforme. Entretanto, para que a teoria estivesse certa, ele teria que ser ainda mais uniforme do que é.

P - Como você encara o seu trabalho?
R - Eu penso que é maravilhoso descobrir o que existe no Universo. Eu me sinto como os grandes navegadores que, no passado, exploraram a África e descobriram a América. Mas também acho que é um pouco estúpido passar três anos contando galáxias. Quero dizer que, afinal, o Universo pode tomar conta de si mesmo. E existem assuntos mais urgentes que deveriam ocupar mais o tempo dos cientistas. como as questões sociais.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sob o Domínio de Saturno - Astronomia


SOB O DOMÍNIO DE SATURNO - Astronomia



Milhares de anéis e 18 luas de gelo compõem o universo do segundo maior planeta do sistema solar. A nave americana Cassini irá até lá para conferir toda sua grandeza.

Quando as naves americanas Voyager foram lança-das ao espaço, no início dos anos 70, tinham como missão obter as primeiras imagens detalhadas dos mais distantes planetas, cuja estrutura não pode ser examinada apenas ao telescópio. Mas assim acabaram abrindo um novo capítulo na conquista do sistema solar, pois essa região é ocupada por corpos muito diferentes da Terra e dos seus poucos vizinhos - a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte e seus dois satélites, Fobos e Deimos, todos constituídos, basicamente, por rochas e metais. A partir de 1980, em vez disso, os cientistas descortinaram uma grande diversidade de mundos, construídos segundo uma bizarra arquitetura de gelos e de gases. Nessa nova vitrine de criações cósmicas, Saturno, o segundo maior planeta do sistema solar, ocupa um lugar especial. Antes de mais nada, por causa dos anéis - milhões de rochas geladas que flutuam praticamente encostadas à superfície do planeta, as mais próximas a apenas 17 000 quilômetros, 5 por cento da distância entre a Terra e a Lua. Em compensação, espalham-se no espaço como uma finíssima lâmina de 80 000 quilômetros de extensão e 2,5 quilômetros de espessura. O resultado é um inigualável espetáculo de equilíbrio e harmonia, no qual as rochas contrabalançam a imensa gravidade de Saturno girando à velocidade de 50 000 quilômetros por hora.Não menos impressionante, porém, é o cortejo de satélites do planeta, composto por nada menos que dezoito corpos celestes das mais variadas formas e tamanhos. Titã, por exemplo, o maior deles, é um verdadeiro achado cósmico. Por incrível que pareça, embora gelado e sem água, ele pode conter pistas importantes sobre a química da vida. Primeiro, porque possui uma atmosfera parecida à da Terra; é uma das três únicas luas dotadas de ar, junto com Tritão, de Netuno, e Io, de Júpiter. Mas apenas a Terra e Titã contêm ar com uma grande proporção de nitrogênio misturado a um pouco de metano. Em segundo lugar, ambos apresentam substâncias como o ácido cianídrico, o cianogênio e o cianoacetileno, consideradas as precursoras das moléculas orgânicas. Parece significativo que as mesmas substâncias tenham se formado em ambientes tão diferentes, e diversos cientistas, atualmente, debruçam-se sobre essa questão. Entre eles está o físico brasileiro Carlos Vianna Speller, da Universidade Federal de Santa Catarina. De posse dos dados das Voyagers, ele criou um simulacro da atmosfera titaniana em seu laboratório e agora se dedica a bombardeá-la com radiação. Assim, pretende descobrir como se formaram as substâncias que, na Terra, precederam o aparecimento dos seres vivos. "Queremos deslindar os meandros dessa química", conta.Os americanos, por outro lado, pretendem abordar essa questão mais diretamente. Estão se preparando para lançar a sonda automática Cassini, cuja meta é estacionar numa órbita próxima de Saturno e, de lá, enviar uma nave auxiliar à superfície de Titã. Equipada com inúmeros instrumentos científicos e uma câmara de TV, a pequena sonda será lançada até 1996. E quando chegar ao destino, em 2002, vai encontrar um mundo que é quase um planeta. Titã tem um raio de aproximadamente 2 000 quilômetros, não muito menor que o de Mercúrio, que mede 2 500 quilômetros, ou o de Marte, com 3 000 quilômetros. Além disso, é coberto por extensos mares de hidrocarbonetos - parentes químicos da gasolina, de grande importância nos fenômenos estudados por Speller. Esses líquidos poderiam compensar a falta da água, tão necessária às reações químicas.No entanto, ao contrário dos planetas mais conhecidos, metade do corpo de Titã é feito de gelo, pois a água era um material extremamente abundante em todo o sistema solar na época de sua formação. Os planetas e luas mais próximos do Sol, devido ao calor, perderam a maior parte de sua cota. Mas, além da órbita de Marte, a água e outras substâncias geladas condensaram-se na forma de corpos celestes. Nos outros satélites saturnianos, a importância dessa matéria-prima chega a ser maior que em Titã, pois contém de 60 a 70 por cento de gelo. Curiosamente, esses mundos distantes acabam tendo uma vida geológica mais ativa que alguns astros rochosos. É que o gelo é mais fácil de moldar - por exemplo, por meio da energia liberada durante o impacto de meteoros.Esses últimos, efetivamente, produzem mudanças drásticas nos arredores de Saturno, como se vê em Japeto, a segunda lua em tamanho, que tem metade de sua superfície coberta por uma estranha substância escura. A idéia é que se trata de uma espécie de lava, isto é, matéria do interior do satélite que, sob um forte impacto externo, fundiu-se e vazou para a superfície. "Imaginamos que essa pasta contenha amônia, gelo de água e algum outro composto escuro, de natureza incerta" arriscam os planetologistas Laurence Soderblom e Torrence Johnson, ligados à agência americana NASA. Eles afirmam que, antes dos anos 80, já se esperava que os satélites de Saturno, assim como os de Júpiter, apresentassem alto grau de atividade geológica."Mas os resultados foram muito mais amplos que o esperado". acrescentam. Réia, uma lua quase do mesmo tamanho que Japeto (com 1500 quilômetros de raio), exibe os mesmos estranhos vazamentos escuros. Em outros satélites, como Tétis, existem largas rachaduras superficiais, provavelmente devido a fortes tensões em sua crosta gelada. O próprio Saturno é um gigante de gelo, mas nesse caso há um componente adicional: a imensa massa de gases que o circunda. Embora seja 750 vezes maior que a Terra, Saturno é o planeta mais rarefeito de todo o sistema solar - se fosse possível colocá-lo em uma bacia com água, flutuaria.Isso não quer dizer que seja leve, pois é 95 vezes mais pesado que a Terra. No entanto, apenas o seu núcleo, com 5 por cento do volume total, é constituído por gelo e rocha sólida. Acima dessa, existe um mar de hidrogênio líquido e o resto são gases de hidrogênio e hélio, os mais leves da natureza. Isso faz com que a densidade do planeta se torne menor que a da água", ensina o planetologista Oscar Matsuara, da Universidade de São Paulo (USP). Outra conseqüência da massa gasosa é que ela dá a Saturno uma superfície extremamente turbulenta, já que, apesar de todo seu tamanho, ele leva somente 10 horas e 32 minutos para completar uma volta em torno de si mesmo.Como se vê, muito se aprendeu desde o tempo em que Saturno foi descoberto - ele já era conhecido pelos sábios da Babilônia, no século VII a.C. A cerca de 1 bilhão de quilômetros da Terra, era o mais longínquo planeta conhecido pelos antigos. Posteriormente, a descoberta dos anéis maravilhou o mundo. O autor da façanha foi o italiano Galileu Galilei (1564-1642), que, em julho de 1610, observou duas estranhas "orelhas" nas bordas do planeta. Seu telescópio mostrava apenas as extremidades dos anéis, pois apareciam dos lados de Saturno, bem nítidas contra o céu escuro; não permitia ver a pane central, ofuscada pelo astro, ao fundo. Assim, o enigma só foi decifrado em 1656, pelo astrônomo holandês Christiaan Huygens (1629-1695). No século seguinte, um outro engano seria derrubado pela argúcia do físico francês Pierre Simon de Laplace (17491827). A história começou com o astrônomo italiano Gian Domenico Cassini (1625-1712), que descobriu a divisão dos anéis em faixas concêntricas.Mesmo depois disso, no entanto, continuou-se a pensar que os anéis eram sólidos e formavam um único bloco - uma teoria absurda, segundo Laplace. Se os anéis formassem um bloco, disse ele, seriam destruídos por sua própria rotação, pois seu aro interno, mais próximo de Saturno, sofreria uma atração gravitacional mais intensa. Como conseqüência, tenderia a girar mais rapidamente. Já o aro externo, mais distante e menos solicitado pela força, giraria com mais lentidão. Em suma, a diferença de velocidade entre as panes destroçaria o suposto corpo único e íntegro. Por ironia, parece ter sido exatamente assim que os anéis surgiram - pelo menos é o que pensam os defensores da hipótese de que eles são os restos de um antigo satélite.Dessa vez o raciocínio pioneiro coube ao francês Édouard Roche (1820-1883), que, não contente em aceitar a idéia de Laplace, decidiu aplicá-la a um corpo qualquer. Perguntou se, então, o que aconteceria se a Lua se aproximasse cada vez mais da Terra. A resposta, é claro, teria de ser semelhante àquela que se havia obtido com os anéis: o hemisfério mais próximo da Terra seria atraído com mais força e acabaria separando-se do hemisfério mais distante. De acordo com as contas de Roche, a Lua se desintegraria quando estivesse a 15 563 quilômetros do centro da Terra. Hoje, ela está segura, pois encontra-se a 384 000 quilômetros de distância e está se afastando gradualmente. Mas há 350 milhões de anos, a apenas 18 000 quilômetros, passou bem perto da desintegração. A mesma sorte não tiveram os anéis, pois, nesse caso, o raio de Roche é de cerca de 150 000 quilômetros, contados a partir do centro de Saturno - e o mais externo deles está a pouco mais de 136 000 quilômetros de distância. Assim, eles podem ter se originado de um ou vários satélites que passaram o limite e foram destruídos.Até que as imagens das Voyagers chegassem à Terra ninguém foi capaz de antever toda a riqueza de movimentos de que são capazes essas pequenas rochas geladas. Perfiladas em milhares de faixas - e não três, como ainda se supunha dez anos atrás -, elas às vezes se apresentam emboladas, torcidas como urna rosca, ou mesmo alinhadas numa reta, em flagrante desafio à geometria circular das órbitas.Análises recentes revelam que esses fenômenos devem-se à influência gravitacional de miniluas imersas na vasta planície dos anéis. Elas impedem que as pequenas rochas se misturem, e assim criam inúmeras faixas orbitais estreitas. Por isso, recebem o apelido de "pastoras", embora em muitos casos, em vez de guiar, esse tipo de ação sirva para subverter o movimento mais usual das rochas geladas. Os anéis, então, assumem as configurações torcidas, alinhadas ou emboladas. Além desse papel peculiar, as seis miniluas identificadas até agora fazem uma ponte entre as rochas dos anéis e os satélites.Com os seus 250 quilômetros de diâmetro, em média, elas criam uma escala crescente de tamanho que começa com os 50 metros das pequenas rochas e vai até os satélites, com um diâmetro de 1000 quilômetros ou mais. Em vista disso, já não há muito sentido em diferenciar anéis e satélites, pois algumas miniluas são quase tão grandes como alguns dos menores satélites. Também é possível que novas "pastoras" sejam descobertas nos próximos anos: é difícil discerni-las no emaranhado de anéis. Por último, mas não menos interessante, há miniluas que partilham a órbita dos satélites mais próximos.Essa curiosa circunstância, embutida nas leis da gravitação, havia sido prevista em 1772 pelo matemático francês Joseph Louis Lagrange, mas nunca havia sido observada. Com toda a justiça, os corpos nessa situação são chamados de satélites lagrangianos. Fatos como esse denunciam a acanhada perspectiva que se tinha do sistema solar, até época recente. Ao mesmo tempo, revelam que os planetas têm uma dinâmica de riqueza aparentemente inexaurível. Galileu chocou os seus contemporâneos quando mostrou que os mundos distantes não eram diferentes da Terra. Reconhecer essa semelhança foi um grande avanço, naqueles tempos. Hoje, esses mundos que, mesmo entre iguais, pode haver um universo de diferenças.  

Os primeiros passos da vida nos desertos gelados de Titã

Com uma temperatura de 150 graus negativos e praticamente nenhuma água em estado líquido, Titã não parece ser um bom local para o desenvolvimento da vida. Apesar disso, contém ácido cianídrico, cianogênio e cianoacetileno - substâncias que na cálida e úmida Terra, há 4 bilhões de anos, foram decisivas para o surgimento dos seres vivos. Mas como puderam formar-se nas adversas paisagens titanianas? Essa é a pergunta que o físico Carlos Vianna Speller procura responder - mesmo sem sair de seu laboratório, em Florianópolis, SC. Para isso, reproduziu a receita da atmosfera de Titã numa câmara fechada, do tamanho de uma caixa de fósforo, e bombardeia essa mistura de gases com radiação. Agora espera que a energia radioativa force as reações químicas entre os gases: isso pode ter acontecido em Titã, pois no espaço também há radiação.Parecida com o ar da Terra primitiva - antes que as bactérias começassem a fabricar oxigênio -, a atmosfera titaniana contém 95 por cento de nitrogênio, 5 por cento de metano e menor quantidade de argônio. A diferença é que é muito rarefeita e fria. Essas condições extremas, copiadas por Speller sugerem uma analogia curiosa. "É como se a Terra tivesse sido colocada no congelador." O físico não espera provar, logo de saída, que os gases são a matéria-prima das substâncias orgânicas Mas já confirmou que, sob a blitz radioativa, eles tornam-se eletricamente carregados e formam grupos. Seria o primeiro passo para a união dos gases simples em uma arquitetura química maior e mais complicada. 

C=193.191

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Velozes Raios de Sol - Energia


VELOZES RAIOS DE SOL - Energia



Os projetistas do carro solar queriam ganhar uma corrida, mas conquistaram um prêmio maior: provaram que o automóvel movido a energia limpa não é um sonho de todo impossível.

Foi dada a partida para mais um grande prêmio automobilístico. Mas desta vez não se ouve o ronco atordoante dos motores nem se vê fumaça no ar, como em qualquer corrida do gênero. Na verdade, os veículos concorrentes não têm cilindros e pistões, nem mesmo escapamentos, já que não queimam combustível - são movidos a energia solar. Trata-se da Grande Prova Mundial do Sol, realizada em 1987 na então recém-pavimentada rodovia Stuart, que atravessa o continente australiano de mar a mar. Da cidade de Darwin, na costa norte, os 25 carros vindos de sete países - Austrália, Dinamarca, Alemanha Ocidental, Japão, Paquistão, Suíça e Estados Unidos - partiram sob o sol intenso do deserto para percorrer os 3 200 quilômetros que levam até Adelaide, na costa sul. O vencedor da competição foi uma idéia: a de que o carro tal qual existe há quase um século, baseado na combustão poluente de matéria fóssil, talvez possa um dia ceder passagem a modelos movidos a energia limpa. Para Hans Tholstrup, um aventureiro australiano defensor das chamadas fontes de energias alternativas, era a realização de um antigo sonho. Em 1983, ele já tinha sido um dos primeiros a construir e dirigir um carro solar, percorrendo os 4 mil quilômetros que separam as cidades de Perth e Sydney. No rastro da publicidade em torno de seu feito, resolveu convocar os maiores fabricantes de automóveis do mundo para uma grande corrida de veículos solares, certo de que isto levaria à pesquisa e desenvolvimento desse tipo de tecnologia.
Os resultados foram melhores do que ele poderia esperar, pois entre os concorrentes estava um superprojeto da multinacional americana General Motors (GM): o Sunraycer - um jogo de palavras que se poderia traduzir livremente por raio de sol corredor (Sun-ray-racer). Em cinco dias e meio de corrida, à velocidade média de 80 quilômetros durante o dia (a ausência de Sol durante a noite obrigava todos a parar), a "barata voadora", como o carro da GM ficou conhecido devido à carapaça de coletores solares, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, seguido muito de longe pelo protótipo.australiano Ford Model-S, com um dia inteiro de diferença. Ao todo, catorze carros completaram a prova, o último deles um mês depois da largada. Todos ganharam o mérito de colaborar para a pesquisa séria de veículos não poluentes, em particular daqueles movidos por baterias, considerados pelos engenheiros especializados como ideais para o transporte urbano. Mas coube unicamente ao Sunraycer demonstrar que os carros solares podem alcançar uma velocidade respeitável - o máximo atingido foi 112 quilômetros por hora - com quantidades de energia surpreendentemente pequenas. Para atravessar a Austrália de cima a baixo, ele consumiu energia solar equivalente a menos de 20 litros de gasolina. Como boa parte da corrida estava prevista para uma autoestrada. as poucas regras estipulavam apenas os limites para o tamanho dos carros, que deveriam ainda obedecer às leis de tráfego locais, apresentando luzes de freio, indicadores de mudança de direção e espelhos retrovisores.
"Essa liberdade de criação nos permitiu imaginar as mais diversas configurações", conta um de seus criadores, o americano Paul MacCready, engenheiro mecânico e professor universitário, famoso anteriormente por inventar a bicicleta voadora que atravessou o canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 1977. "E, por sinal, a maior parte dos engenhos que imaginamos acabou sendo construída por outros concorrentes", orgulha-se. Além de uma aerodinâmica que conquistou os especialistas, a forma em lágrima do Sunraycer revelou-se também bastante moderna e esportiva-em suma, algo que o famoso agente 007, certamente pilotaria numa de suas aventuras.
Dos primeiros testes no túnel de vento com um modelo em escala até o protótipo real, fabricado em menos de cinco meses, os engenheiros capricharam no acabamento, incluindo uma tela que substitui o espelho retrovisor convencional, com imagens captadas por fibras ópticas na traseira do carro, e sinalizadores de direção embutidos em pequenas asas estabilizadoras no alto do capô. A parte do teto sobre o motorista foi chapada em ouro, o que garante um reflexo de até 90 por cento da luz, impedindo assim que também o piloto acabasse recebendo os raios do Sol. Para criar um veículo tão notável, entretanto, as limitações técnicas mostraram-se bem maiores que as impostas pelos organizadores da corrida. Os engenheiros da GM tiveram de extrair o máximo desempenho de cada sistema do carro que, afinal, só contaria com o escasso rendimento energético de suas células solares.
Para se ter uma idéia do problema enfrentado, basta dizer que as células fotovoltaicas de silício, comumente usadas nos satélites de comunicação, convertem em eletricidade útil algo como 10 por cento da luz solar que recebem. E o que é pior: as curvas e pregas da carroceria do carro reduziam em mais de um décimo o rendimento das células solares. Quanto maior fosse o veículo, maior seria também sua área exposta ao sol; logo, maior seria a energia captada, como nas  usinas movidas a energia solar. Mas como não teria sentido desenhar um carro gigantesco, a saída deveria ser procurada em outra parte. Assim, para compensar a falta de energia, apostaram-se todas as fichas na aerodinâmica, o que acabou por garantir ao Sunraycer o mais baixo coeficiente de resistência ao ar (0,125) jamais obtido por um veículo terrestre. Os coeficientes da maioria dos carros de hoje são pelo menos o dobro. Além disso, os engenheiros substituíram as células solares comuns por outras de arsenieto de gálio, que liberam de 20 a 30 por cento mais energia para a mesma quantidade de luz.
No total, foram 9500 células, captando uma energia de até 1 550 watts ao meio-dia - o suficiente para acender quase 26 lâmpadas comuns. Na verdade, as grandes preocupações com a forma do veículo se justificavam não só pelo desempenho que dele se esperava, mas também pelo fator segurança. O protótipo precisava provar que poderia suportar os ventos fortes do deserto australiano, além do tráfego dos chamados "trens do asfalto", as enormes carretas de 150 toneladas e quase 60 metros de comprimento que circulam a mais de 110 quilômetros por hora em todo o trajeto da rodovia. Um desses pesados caminhões tipicamente australianos poderia até fazer voar longe o pequeno e leve Sunraycer, tão vulnerável nos seus 6 metros de comprimento por 2 de largura e 1 de altura.
De fato, nada é muito pesado no raio de sol corredor, a começar pela carroceria feita com um sanduíche de dois materiais plásticos leves e resistentes: o kevlar, utilizado em coletes à prova de balas e o nomex, caracterizado pela forma de colméia. O sanduíche recobre um esqueleto de tubos de alumínio - parecido com os empregados em carros de corrida comuns para proteger o piloto-que pesa apenas 7 quilos e, no entanto, suporta todo o peso do resto do carro e do passageiro: mais de 270 quilos no total. Pesando a metade de um fusca, ainda menor que ele, o Sunraycer conseguiu dispensar pneus mais grossos, bastando aqueles usados em bicicletas, cuja pressão de quase 7 mil gramas por centímetro quadrado é capaz de garantir a aderência do veículo ao solo sem aumentar o atrito
Para um determinado peso, os pneus de bicicleta têm cerca de um terço do atrito apresentado pelos pneus de automóveis e metade daquele dos pneus de motocicletas. O coração de um carro a sol é sua bateria, que armazena a energia solar, a qual nem sempre está disponível e aí apareceram mais desafios para a equipe da GM, pois as baterias não evoluíram praticamente nada desde sua concepção, há quase um século. A solução encontrada foi utilizar as caras baterias de prata-zinco, cuja capacidade de estocagem é de 3 quilowatts-hora e pesam apenas 30 quilos. As melhores baterias de ácidos, capazes de estocar a mesma quantidade de energia, pesariam quatro vezes mais.
A maior dificuldade é que esse tipo de bateria pode ser danificada se descarregada totalmente e não há um meio fácil e confiável de medir o nível de suas cargas. Para aproveitar a carga que conseguiu ser salva, o motor adequado, por sua vez, precisaria ser simples, com o mínimo de eixos e engrenagens que dissipassem a energia. Os técnicos, então, criaram o motor magnequench, com apenas 5 quilos, que fornece ao Sunraycer em média 1 cavalo de potência, ainda que em movimento possa chegar a 10, em curtas acelerações. Produzido de acordo com uma tecnologia totalmente nova, esse poderoso tipo de motor com ímãs permanentes é feito de um composto de neodímio, aço e boro, que é temperado rapidamente segundo processo desenvolvido na GM. 
Toda a força do motor é transmitida diretamente ao eixo traseiro, sem engrenagens intermediárias ou câmbio de transmissão; como só há uma roda atrás, também não existe diferencial (o mecanismo que faz algumas rodas girarem mais depressa que outras nas curvas). Isso significa que o motor perde ainda menos energia para o movimento do eixo. A quantidade de eletricidade vinda das baterias é regulada por um sistema eletrônico baseado no controle de uma ponte feita de materiais semicondutores, cuja eficiência é da ordem de 98 por cento. Sobrando, assim, uma única parte móvel em todo o sistema de tração, a maior parte da freada pode ser feita pelo próprio motor, que reaproveita a energia utilizada. Durante esse processo, o tráfego nas pontes se faz no sentido inverso, recarregando as baterias com até metade do esforço gasto. O motor, portanto, pára junto com o carro. Todas essas características fizeram do Sunraycer um vencedor de múltiplas competições - por uma forma aerodinâmica perfeita, por materiais leves e resistentes, sistemas eletrônicos e mecânicos de alto desempenho etc. Mesmo assim, ainda parece impensável utilizar a radiação solar como fonte de energia para automóveis comuns. Aumentam, entretanto, as esperanças no avanço dos carros elétricos.
A própria GM apresentou no Salão do Automóvel de Los Angeles do ano passado um protótipo de carro elétrico denominado Impact, capaz de percorrer 200 quilômetros sem recarregar as baterias, à média de 90 quilômetros por hora e aceleração até 160. Assim, oitenta anos depois de um breve surto, quando o número de carros elétricos chegou até a superar o de veículos a gasolina, a explosão da crise ambiental parece criar uma forte pressão pela sua volta. "O motor elétrico é realmente limpo, sendo ideal e viável para o tráfego urbano", defende Gilmar Barreto, engenheiro elétrico da Universidade de Campinas, que circula em uma Kombi que ele adaptou para essa energia.
Segundo ele, um carro de passeio particular costuma rodar uma média de 32 quilômetros por dia dentro das cidades, um padrão de uso que não é incompatível com um veículo elétrico. Em 1985 diversas fábricas holandesas já anunciavam modelos de carros com painéis solares de pouco mais de 1 metro quadrado, com uma autonomia de até 40 quilômetros. No ano seguinte, uma estimativa indicava que 140 mil veículos nos Estados Unidos poderiam ser convertidos a motores elétricos, considerando-se que as baterias de ácido em uso garantiriam um alcance de 100 quilômetros por dia. No Brasil, uma dupla de engenheiros está construindo um carro a sol por eles projetado.
Mas contra essa esperança ainda pesa um impedimento decisivo: a capacidade de estocar energia de uma bateria convencional é irrisória comparada a um combustível fóssil. Um motor comum poderia retirar da gasolina energia suficiente para carregar seu peso inicial a 1 600 quilômetros de distância, enquanto as melhores baterias de ácidos fornecem energia para movimentar seu próprio peso menos de 16 quilômetros, ou seja, rendem cem vezes menos que a gasolina. Até que essa proporção se altere, a energia da vida, aquela que vem do Sol, não conseguirá desalojar do pódio a energia do progresso industrial, que vem dos combustíveis fósseis poluentes.

A boa luz do deserto

A maior dificuldade dos engenheiros da General Motors ao desenvolver um veículo solar certamente foi a limitada área destinada às células fotovoltaicas, que captam a energia dos raios do Sol e a transformam em eletricidade. Afinal, por melhores que sejam, as células só podem aproveitar os raios solares que recebem: 500 watts por metro quadrado nas regiões tropicais. Mas, quando espaço não é problema, a energia solar tem condições de competir em termos de preço com usinas convencionais a óleo e a carvão. É o caso da usina solar SEGS VIII, em operação desde o início do ano no deserto de Mojave, na Califórnia. Considerada a maior do mundo, gera 80 megawatts (milhões de watts) de eletricidade - o suficiente para abastecer mais de 115 mil casas - ao custo de centavos de dólar por quilowatt-hora. Até 1994, a empresa americana Luz responsável pelo projeto, espera que a usina atenda a mais de 1 milhão de pessoas, quase a população de Brasília.
Para centros industrializados como São Paulo, entretanto, a energia solar pode não ser a melhor resposta. "Se considerarmos um consumo médio de 10 mil megawatts para toda a cidade, seria preciso espalhar células numa área de 20 mil quilômetros quadrados", calcula José Roberto Moreira, diretor do Departamento de Energia da Universidade de São Paulo. Trata-se de uma área praticamente igual à da própria cidade. Embora um projeto desses seja claramente inviável para uma metrópole da extensão de São Paulo, não seria necessariamente um absurdo no caso de cidades menores. "As grandes barragens das hidrelétricas alagam porções maiores de terra", lembra Moreira. 

O solarmóvel brasileiro

Um dia os pilotos brasileiros poderão vencer grandes prêmios sem causar nenhuma poluição ao meio ambiente. Está sendo construído no país um carro solar capaz de competir em corridas como a da Austrália e, quem sabe, tornar-se uma opção limpa e viável para o motorista urbano. É o chamado solarmóvel Brasil Sol, projetado por Anne Corianna Gottberg, professora de Engenharia Elétrica da Universidade de Campinas e por seu aluno Augusto Cesar Redolfi. O empreendimento começou em 1987, inspirado num grande circuito turístico realizado por veículos solares na Suíça dois anos antes.
Desde então, o carro tomou forma no papel, recebendo algumas doações, como dois motores de 0,5 HP que deverão ser acoplados diretamente às rodas traseiras, baterias de chumbo ácido e níquel-cádmio, e ainda células solares de silício capazes de gerar até 35 watts de energia. "Nossa luta agora é para conseguir mais patrocinadores e fabricar um chassi de alumínio e a carroceria, em forma de gota, em fibra de vidro", descreve Augusto. O custo do protótipo, que poderia estar pronto em menos de um ano, seria igual ao de um Monza de luxo. O solarmóvel alcançaria um máximo de 100 quilômetros por hora.