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segunda-feira, 14 de agosto de 2023

sábado, 16 de janeiro de 2021

Raro esqueleto de baleia de 5 mil anos é encontrado bem preservado na Tailândia

Raro esqueleto de baleia de 5 mil anos é encontrado bem preservado na Tailândia

Um raro esqueleto de baleia foi encontrado a uma distância de 12 quilômetros da costa da Tailândia. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Falsas Assassinas - Orca - Natureza


FALSAS ASSASSINAS - ORCA - Natureza


Há vinte anos, quase nada se sabia sobre elas. Hoje, depois de muitas observações, os pesquisadores descobriram que esses enormes mamíferos são dóceis, inteligentes, sociáveis e se movimentam em grupos liderados pelas fêmeas

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Estaleiro de Ossos - História Natural

ESTALEIRO DE OSSOS - História Natural


Com trabalho pesado e muita paciência, cinco técnicos belgas restauram três centenárias baleias do Museu de História Natural de Paris.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Orca : Dentes e Cérebro


ORCA: DENTES E CÉREBRO



Se algum dia você tiver a chance de caminhar pela praia nas ilhas Crozet, um fim-de-mundo entre a costa leste da África e a Antártida, é provável que presencie uma cena meio impensável: uma baleia encalhando por vontade própria. Não, o bicho não endoidou, mesmo porque essa não é exatamente uma baleia. Se prestar atenção nos guinchos desesperados que vêm da boca da presa, você consegue resolver o mistério: essa é uma orca, e ela acaba de arriscar o próprio couro só para abocanhar um filhote de elefante-marinho que tomava sol por ali. De repente, uma onda mais forte atinge aquela parte da praia e carrega a caçadora de volta para o mar, em segurança - e com o almoço no papo.

A técnica de captura nada ortodoxa é só uma amostra dos talentos múltiplos das orcas, um dos predadores mais versáteis e cheios de manhas da Terra. É claro que ter várias toneladas e dentes afiados ajuda, mas o segredo do sucesso desses bichos é mesmo o cérebro. Não é à toa: na verdade, a orca não é uma baleia, como muita gente pensa. Ela é, sim, um golfinho avantajado, animal que, como todo mundo sabe, é sinônimo de inteligência. "De fato, as orcas são cetáceos (o grupo das baleias e golfinhos) odontocetos, ou seja, que possuem dentes na boca, e atualmente se encontram na família dos delfinídeos, junto com diversas espécies de pequenos golfinhos", afirma o biólogo Marcos César de Oliveira Santos, da USP.

"Em português, durante muito tempo, se utilizava o nome ‘baleia-assassina’. Além de ser um termo pejorativo, ele traz problemas à compreensão do que os animais realmente são. Por isso, nos anos recentes, há uma tendência entre os pesquisadores para chamá-las de orcas, que quer dizer tonel ou barril em latim", diz o pesquisador. Pelo menos em relação aos humanos, a fama de assassina é infundada, porque praticamente não existem relatos de um ataque direto dos bichos contra pessoas. Há quem diga que o significado original do termo se referia ao fato de que as orcas eram assassinas de baleias - nesse caso, até que é verdade. Que fique claro: ela só mata para se alimentar e, assim, sobreviver.

Mas reduzir esses animais a meros comedores de baleias, focas e afins não é muito justo. Na hora do jantar, as orcas não têm preconceito, e também se fartam de peixes, lulas, pingüins, tartarugas-marinhas e até lontras-do-mar. Como fazem alguns dos outros grandes carnívoros em terra, como leões e lobos, a especialidade delas é a caça coordenada, em grupo. "A sociabilidade é uma ferramenta de extrema valia para mamíferos que vivem em ambiente aquático", diz Marcos César.

A vida debaixo d’água fez com que a evolução favorecesse uma espécie de sonar para achar a presa. Como o som se transmite muito depressa no meio aquático (viajando a uns 1 500 quilômetros por hora), os bichos usam os estalidos, um de seus tipos de chamado, para localizar o possível jantar. Basicamente, é como se o som viajasse até a presa, fosse rebatido na forma de eco, e as características das ondas sonoras que voltam permitissem a formação de uma "imagem mental" da presa, ainda que a água esteja turva. O mesmo mecanismo vale para verificar a profundidade da água, para evitar o encalhe, que só dá certo se for friamente calculado. Já os assobios, outro tipo de chamado, permitem a comunicação entre os membros do bando e a coordenação dos ataques. As horas e horas de gravações que os pesquisadores obtiveram mostram que cada bando têm seu próprio dialeto - um recurso para avisar os competidores de que eles não devem se aproximar, pois a presa já tem dono.

As diferenças de dialeto, aliás, se refletem também em preferências de caça. Uma das subpopulações mais bem estudadas da espécie, a das orcas que rondam as costas do Canadá e do noroeste dos Estados Unidos, se divide em basicamente dois grupos: residentes e transientes. As primeiras têm bandos bem maiores, que passam de 100 indivíduos, e ficam de olho principalmente em peixes, como salmões e trutas. As transientes, em grupos menores (compostos de no máximo poucas dezenas), caçam em águas mais rasas, perto de rochedos, por exemplo, e se concentram em mamíferos marinhos - principalmente focas.

Presas diferentes, estratégias diferentes. Os bandos maiores costumam brincar de cão pastor com os cardumes de salmões e trutas, cercando-os e direcionando-os para águas mais fechadas. Quando a concentração parece a ideal, todos mergulham e começam o banquete. Se o cardume está particularmente alerta e difícil de cercar, as orcas apelam para o que os cientistas chamam de comportamento percussor - trocando em miúdos, encher a água de pancadas com a cauda ou as nadadeiras, de forma a atordoar os peixes.

Os animais parecem conhecer tão bem a caça que, quando a comida é peixe, emitem seus sons típicos sem parar - sabem que as presas não conseguem ouvi-los. Mas tomam todo o cuidado para não ser vistos. Não é incomum ainda que as orcas subam um trecho dos rios da costa oeste da América do Norte atrás dos salmões, que vão procriar em água doce. Mas, quando vão dar um bote em um cardume, certificam-se de chegar por trás e, assim, surpreender os peixes.

A coisa muda de figura quando o alvo é outro cetáceo. Nesse caso, a estratégia da orca é manter o bico calado. Quando se trata de uma baleia de grandes dimensões, os adultos do bando avançam por todos os lados, mordiscando pedaços e mais pedaços do gigante marinho até que ele morra e seja devorado. Há relatos de que, como acontece entre os leões, os machos só começam a se alimentar quando as fêmeas já dominaram a presa grande - mas isso ainda precisa ser confirmado por novas pesquisas. Seja como for, os enormes pedaços de carne são engolidos de uma vez: as orcas não mastigam a comida.

No caso de presas menores, como focas, lobos-marinhos e elefantes-marinhos, os golpes de cauda e nadadeira ajudam a deixá-las fora de combate antes de serem devoradas. Mas, se o animal está esperto e não se arrisca a entrar na água, as orcas de lugares como a Antártida, por exemplo, costumam usar um truque que quase sempre se revela recompensador. Imagine um pingüim tranqüilo sobre uma plataforma de gelo. O que ele não sabe é que uma orca acaba de nadar para debaixo dela. Com um impulso, o cetáceo arrebenta a crosta congelada, joga o pingüim pelos ares e o agarra com a boca quando ele cai de volta.
Talvez o mais surpreendente na vida desse "lobo dos mares" é que os cientistas comprovaram a existência de uma forma rudimentar de cultura entre os bandos de orcas. Animais que caçam por encalhe, por exemplo, só habitam dois pontos do planeta: além das Ilhas Crozet, na região argentina da Patagônia. "Mães passam a estratégia para os filhotes por meio de treinamentos e da própria captura", conta Marcos César. "E isso passa de geração a geração. Por que nem todas as populações de orcas fazem isso? Por que há populações que se alimentam somente de peixe e outras que comem exclusivamente animais de sangue quente? Muito provavelmente há uma contribuição da transmissão cultural", afirma o biólogo. Pelo visto, técnica de caça também é cultura.


Frisbee de arraia


Orcas adoram brincar. A pesquisadora Ingrid Visser encontrou na costa da Nova Zelândia um grupo de orcas que mergulhava até 20 metros para capturar arraias. As arraias, com até 2 metros, pertenciam a três espécies diferentes. A cientista via uma das orcas subindo para a superfície com o bicho vivo na boca e o jogando para as outras, até que o peixe ficasse provavelmente numa posição em que não houvesse risco de feri-la com sua cauda venenosa. Só então a orca devorava a arraia. Ingrid acha que essa tática seja também um jeito de ensinar orcas mais jovens a lidar com presas perigosas.


Como é a caçada




1. Preparar...

Da água, a orca localiza o alimento



2. ...Apontar...

Ela toma impulso e se lança sobre a superfície sólida



3. ...Fogo!
A presa é capturada e a orca volta rapidamente à água


Fatos selvagens




Nome vulgar

Orca, baleia-assassina



Nome científico

Orcinus orca



Dimensões

Até 9,8 metros de comprimento



Peso

Até 10 toneladas



Principais armas

Batidas de rabo, dentes de 10 centímetros, cérebro avantajado e sistema de sonar



Comportamento social

Bandos que variam entre algumas dezenas e pouco mais de 100 indivíduos



Ataques a humanos

Não há relatos confiáveis sobre esse tipo de evento na natureza



Expectativa de vida

Média de 35 anos (machos) e 50 anos (fêmeas)



Quanto come

Até 400 quilos por dia



Dieta

Trutas, salmões, lulas, elefantes-marinhos, leões-marinhos, focas, baleias-jubartes, arraias, lontras-do-mar



Principais inimigos

Tubarões-brancos



Se você encontrar uma
As orcas nunca vão perseguir um nadador humano até matá-lo, mas é bom não tentar contato físico com os bichos


Para saber mais




Na livraria

Dolphin Societies - Discoveries and Puzzles - Karen Pryor e Kenneth S. Norris (org.), University of California Press, EUA, 2004
Becoming a Tiger - How Baby Animals Learn to Live in The Wild - Susan McCarthy, Harper-Collins, EUA, 2004


terça-feira, 16 de novembro de 2010

A fúria de Moby Dick

ESSEX: A FÚRIA DE MOBY DICK



Oceano Pacífico, 20 de novembro de 1820. Mais um dia de trabalho começava para os tripulantes do Essex, que estava há mais de um ano em alto-mar capturando baleias para extrair o óleo usado na iluminação pública e na lubrificação das máquinas industriais. Um dia que entrou para a História. O dia em que, pela primeira e única vez, foi registrado um ataque de uma baleia contra um barco. Um ataque que deixaria os 20 tripulantes à deriva durante três meses, obrigando-os até a comer os próprios companheiros mortos para não passar fome - e que serviria de inspiração para um dos maiores clássicos da literatura mundial, Moby Dick (leia mais no quadro da página 32).Hoje, a caça é largamente condenada, mas no início do século 19 a extração do óleo de baleia era uma importante atividade econômica. A ilha de Nantucket, na costa leste dos Estados Unidos, era um dos maiores centros baleeiros. Mais de 70 embarcações iam e vinham constantemente. O trajeto era bem conhecido dos marinheiros: pelo Atlântico, rumo ao sul. Os barcos, porém, só retornavam ao porto com os porões cheios.

Por isso, era preciso contornar a América do Sul em direção ao Oceano Pacífico. Era exatamente isso que o Essex tinha feito. Naquela manhã de novembro, ele contava com aproximadamente 700 barris de óleo, metade de sua capacidade total. O céu estava claro e havia pouco vento (clima perfeito para caçar) quando os esguichos dos cetáceos foram avistados - e os botes se lançaram ao mar. O primeiro imediato Owen Chase logo teve de dar meia-volta para reparar seu barco, atingido pela cauda de uma baleia, fato bastante corriqueiro. Foi quando a tragédia começou. O camareiro Thomas Nickerson, que ajudava Chase no conserto, viu algo estranho. Era um cachalote macho, com 26 metros de comprimento, cerca de 8 toneladas e a cabeça cheia de cicatrizes. O bichão não era apenas enorme. Estava a menos de 35 metros do Essex e nadava em direção a ele, com a cauda de 6 metros de largura chacoalhando para cima e para baixo.

"Olhamos uns para os outros com total espanto, quase mudos", escreveu Chase no livro Narratives of The Wreck of the Whale-Ship Essex, em que relata o episódio. Foi tudo muito rápido. De um golpe, o animal atingiu a parte frontal do navio. Em seguida, passou por baixo do casco, arrancou a quilha e emergiu do outro lado. Afastou-se um pouco e voltou ao ataque. Em grande velocidade, atingiu o barco logo abaixo da âncora. O Essex estava condenado a ser enterrado no fundo do mar. A baleia se desvencilhou dos destroços e saiu nadando para nunca mais ser vista.

Terror no mar
Chase, 22 anos, era tripulante do Essex desde 1815. Pela primeira vez, fazia uma viagem na condição de primeiro imediato (o último passo antes de se tornar capitão). Thomas Nickerson estreava no mar e era o mais jovem dos marinheiros. Tinha apenas 14 anos e sonhava desde criança em partir com um baleeiro. Mal sabia ele que o barco, com mais de duas décadas de serviços no mar (e fama de pé-quente), faria sua última viagem. Todos estavam preparados para ficar até três anos a bordo. No momento do ataque, porém, foi só desespero. Owen, Nickerson e outros sete homens tiveram de correr para tirar o máximo de provisões dos destroços do Essex e colocar na baleeira. A poucos metros de distância, os 11 tripulantes que estavam nos dois botes que espreitavam as presas na água quase não acreditavam no que viam. "Nenhuma palavra foi dita por vários minutos", relatou Chase em seu livro. Com muito esforço, foi possível recuperar 270 quilos de bolachas, um pouco de água doce, algumas tartarugas que haviam sido capturadas nas Ilhas Galápagos e instrumentos de navegação.

Quando o sol raiou, todos se dividiram nos três barcos menores e se prepararam para partir. Tinham duas opções: ir até as ilhas Marquesas, na Polinésia, a 1200 milhas (cerca de 2 mil quilômetros), ou tentar chegar à costa da América do Sul, bem mais distante. Por medo dos canibais que, dizia-se, habitavam a região das Marquesas, escolheram a segunda alternativa. O destino se revelaria de uma trágica ironia (veja no infográfico da página 30 o percurso feito pelos náufragos).

Em meio às águas geladas do Pacífico, os marujos experimentaram novos limites de sobrevivência. Muitos nem conseguiam dormir, só de pensar no desastre. E a natureza não ajudava em nada. Os ventos fortes desviavam as baleeiras do destino sonhado e os jatos de água salgada deixavam todos molhados e com frio. Os cabelos começaram a cair e a pele queimada pelo sol cobria-se de dolorosas feridas. O primeiro grande desafio foi mesmo a fome. A pouca comida resgatada proporcionava apenas 500 calorias diárias para cada um - menos de um terço do necessário para um adulto. Para piorar, logo no terceiro dia parte das bolachas se perdeu depois que o bote de Chase foi atingido por uma onda. Em seguida, as bolachas do bote do capitão George Pollard Jr. se estragaram.

O próximo martírio foi a sede. "A violência da sede delirante não encontra paralelo no catálogo das calamidades públicas", observou Chase na época. Resultado: gargantas irritadas, saliva grossa e língua inchada. Pouco mais de 20 dias depois, a solução foi beber a própria urina. Ao final do primeiro mês à deriva, uma esperança renasceu. O grupo avistou terra firme. Não foi muito difícil chegar até a ilha, mas ela tinha pouco (em termos de comida e bebida) a oferecer aos náufragos, que ficaram apenas uma semana e voltaram ao mar. Três marinheiros acharam melhor ficar do que se arriscar naquela viagem rumo ao desconhecido. Os outros dividiram-se nos três botes e seguiram em frente, para mais privações e perigos.

De cara com a morte
No caminho, um dos barcos se perdeu - para sempre. E em 20 de janeiro de 1821 morreu Lawson Thomas, um dos tripulantes do bote do arpoador Obed Hendricks. Era a terceira morte desde o afundamento do Essex. Até então, os corpos eram jogados ao mar. Naquele momento, uma necessidade se impôs: por que não usá-lo como alimento? Por mais que o canibalismo fosse visto como um ato incivilizado, a prática era razoavelmente disseminada nos oceanos, uma saída legítima para a sobrevivência. Cruel ironia. Meses antes, todos preferiram evitar as ilhas Marquesas por medo dos canibais. Agora, estavam prestes a comer um de seus companheiros. O jeito foi retirar todos os sinais de humanidade, como cabeça, mãos e pés. Em registros posteriores, o capitão Pollard Jr. contou que, antes de ser comidos, os órgãos e a carne eram assados numa pequena chama acesa sobre uma pedra chata no fundo do bote.

Não demorou muito para o desespero atingir níveis ainda maiores. Apenas duas semanas mais tarde, diante da absoluta falta de comida, decidiu-se fazer uma espécie de votação para definir quem seria o próximo a servir de alimento aos sobreviventes. No dia 6 de fevereiro, Owen Coffin, então com 18 anos, foi o escolhido. Ele era primo do capitão - e estava no mesmo bote. A mãe do garoto, Nancy, nunca perdoou o sobrinho por não ter impedido tamanha crueldade com o filho - e, o que é ainda pior, por ter ele próprio se alimentado daquela carne. "Ela ficou quase louca ao saber daquilo e nunca mais tolerou a presença do capitão", escreveu Nickerson.

A tragédia estava por terminar. Doze dias depois, em 18 de fevereiro de 1821, quase três meses após o naufrágio, o primeiro barco foi resgatado, navegando sem controle na altura do porto de Valparaíso, no Chile. Com os olhos saltados da cavidade do crânio e o rosto salpicado de sal e sangue, Owen Chase, Thomas Nickerson e o arpoador Benjamin Lawrence tiveram de ser carregados para dentro do navio inglês que os avistou. Cinco dias mais tarde, o bote do capitão Pollard se aproximou da Ilha de Santa Maria, também na costa chilena. Quando os tripulantes do baleeiro Dauphin avistaram a embarcação, só viram ossos. Pollard e Charles Ramsdell estavam encolhidos, cada um em uma extremidade, incapazes de se mexer. Não queriam largar, de jeito nenhum, os ossos que chupavam em desespero, único alimento que restara desde a última morte do grupo. Os três marujos que ficaram na ilha Henderson foram resgatados no dia 9 de abril.

Por mais incrível que possa parecer, os oito homens que sobreviveram à tragédia do Essex acabaram por voltar ao mar. Pollard reassumiu o posto de capitão no inverno seguinte e levou consigo Nickerson, promovido a arpoador. A viagem foi um tremendo fracasso. Pollard decidiu virar vigia noturno em Nantucket. E Nickerson transformou-se em dono de pousadas na ilha. Chase fez mais uma viagem antes de se tornar capitão. Tinha 28 anos - e prosseguiu atravessando os oceanos por vários anos. No entanto, as lembranças daquela manhã de céu azul e pouco vento nunca o deixaram em paz. Morreu em 1869, aos 71 anos, considerado louco. No fim da vida, sentia fortes dores de cabeça que acreditava ser conseqüência do naufrágio. Passou também a esconder comida no sótão de sua casa. Nem mesmo a paixão pelo mar foi capaz de fazê-lo superar as cicatrizes deixadas por aquele cachalote.


Tragédia em quatro momentos

1. O começo do sofrimento

O Essex foi atacado em 20 de novembro de 1820 e a tripulação se refugiou em três botes salva-vidas. No terceiro dia, uma onda quebrou sobre um dos barcos, molhando as bolachas. Os marinheiros fizeram o possível para salvar o alimento, sem sucesso

2. Chuva de peixes voadores

Perto do 20º dia no mar, um cardume de peixes voadores cercou os botes. Quatro se chocaram com as velas improvisadas. Um foi devorado no mesmo instante. Foi a primeira e única vez que todos sentiram vontade de rir - em vez de chorar - da situação em que se achavam

3. Esperança frustrada

Após um mês de naufrágio, muitos já haviam desistido de sobreviver. Mas uma ilha foi avistada e a idéia de encontrar comida e água animou o grupo. Os botes logo voltaram ao mar, mas três tripulantes optaram por ficar. Seriam resgatados, com vida, mais de três meses depois

4. O desespero da fome

Com quase três meses no Pacífico, a morte mostrou sua face. Quando o terceiro faleceu, muitos pensaram: por que não comer essa carne? Até o resgate, seis marinheiros, mortos, foram devorados e um foi assassinado para servir de alimento

Baleia famosa
O ataque ao baleeiro Essex foi um dos desastres mais comentados do século 19. Tanto que serviu de inspiração para um clássico da literatura, Moby Dick, do norte-americano Herman Melville (1819-1891). A idéia de escrever o livro veio depois que ele leu o relato de Owen Chase sobre a experiência. Na versão ficcional, o ataque da baleia é o clímax da história - enquanto na vida real ele foi apenas o início. "Moby Dick é uma colcha de retalhos. Fala de vários temas, da busca de Deus à questão do herói, o que o torna muito singular", comenta Viviane Cristine Calor, que escreveu uma tese de mestrado para a Universidade de São Paulo sobre a obra. Lançado em 1851, Moby Dick foi um fracasso comercial e de crítica. Só teve seu valor reconhecido quando Melville já havia morrido. "Ele estava à frente de seu tempo", destaca Viviane.

Atividade cruel
Pelo menos mil anos antes de Cristo os fenícios já caçavam baleias. Mas a caça em grandes embarcações, como na época do Essex, só foi adotada no século 8 da nossa era, pelos bascos. No século 19, o método de abate era o seguinte: ao avistar a presa, seis homens deixavam o navio num barco a remo e golpeavam a baleia com um arpão, para depois matá-la com uma lança. No início do século passado, as lanças foram substituídas por arpões com explosivos e os botes ganharam motor. Hoje, os baleeiros têm toda a aparelhagem necessária para transformar o animal em produtos devidamente embalados. Essas inovações tecnológicas passaram a representar um grande risco à sobrevivência desses bichos. Calcula-se que ao longo do século 20 mais de 2 milhões de baleias tenham sito mortas pelo homem - e hoje, entre as mais de 40 espécies existentes no mundo, cinco estão ameaçadas de extinção: a azul, a cinza, a bowhead, a jubarte e a franca.

A azul, a franca e a jubarte podem ser vistas na costa brasileira. Felizmente, nosso país proíbe a caça, pois é um dos membros da Comissão Baleeira Internacional, criada em 1946 para impedir a matança desordenada. Em 1986, a entidade aprovou uma moratória à caça comercial, mas nem todos os signatários (são mais de 50) a respeitam. Três países lideram o descumprimento da suspensão, alegando fins científicos para a caça: Japão, Noruega e Islândia.

Presa fácil

Minke
Seu nome científico é Balaenoptera bonaerensis. Japão, Islândia, Groenlândia e Noruega são caçadores vorazes

Cachalote
Foi uma Physeter macrocephallus que atacou o Essex em 1820. O Japão é seu maior algoz

Sei
A Balaenoptra borealis é uma das mais rápidas. Vive em todos os oceanos e é caçada por barcos do Japão

domingo, 13 de dezembro de 2009

Japão mata 680 baleias na Antártida

13/04/09 - 10h04 - Atualizado em 13/04/09 - 10h58

Japão mata 680 baleias na Antártida; caçada fica abaixo da meta
País diz que captura diminuiu por causa de ameaça de ativistas.
Japoneses fazem caça 'científica', mas carne é vendida em restaurantes.

A captura de baleias pelo Japão em sua mais recente caçada na Antártida ficou abaixo da meta do país após manifestações de ativistas contra a pesca desses cetáceos, disse nesta segunda-feira (13) a Agência Pesqueira do Japão.

O Japão, que considera esse tipo de pesca uma estimada tradição cultural, matou 679 baleias da espécie minke, apesar dos planos de caçar cerca de 850 animais. O país também pescou apenas uma baleia-comum, contra uma meta de 50 estimada no início da caça, em novembro. Alguns navios da frota japonesa de seis embarcações retornaram para casa após conflitos com o grupo radical Sea Shepherd Conservation Society, incluindo uma colisão que danificou um dos navios japoneses. A Agência Pesqueira japonesa disse que os navios não continuaram com a pesca em um total de 16 dias, devido ao mau tempo e aos conflitos com os ativistas.

O Japão interrompeu oficialmente a pesca comercial de baleias após entrar em acordo com uma moratória global em 1986, mas começou no ano seguinte o que é chamado de um programa de pesca científica de baleias para pesquisa. A carne de baleia pode ser encontrada em alguns supermercados e restaurantes japoneses.



PUBLICADOS BRASIL NO ORKUT

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