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sábado, 3 de outubro de 2015

A incrível e triste história do homem que lembrava de tudo


A incrível e triste história do homem que lembrava de tudo



A peculiar história do homem com a maior e melhor memória do mundo começa em Moscou, no início do século passado. O extraordinário talento de Solomon Shereshevsky foi descoberto enquanto ele dava seus primeiros passos no jornalismo. Ao fim de uma reunião de trabalho, o chefe da redação o chamou para repreendê-lo por não ter feito anotações, ao que o jovem respondeu que não precisava anotar nada, pois se lembrava de cada palavra que ele havia dito. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Países se reúnem na ONU para traçar acordo climático antes da COP 20


Países se reúnem na ONU para traçar acordo climático antes da COP 20


Em Bonn, na Alemanha, diplomatas estão reunidos para negociar um acordo climático antes da realização da COP 20, no Peru (Foto: Reprodução/Facebook/UNFCCC)

Negociações climáticas seguem esta semana e tentam superar diferenças.
É último encontro antes de Cúpula que ocorre no Peru, em novembro.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ziguezagues em campo verde - ECO92


ZIGUEZAGUES EM CAMPO VERDE - ECO92



Depois de idas e vindas, topadas e desencontros, enfim começa a tomar rumo a reunião mundial das organizações não governamentais ( ONGs), que vai se realizar junto com a conferência ambiental da ONU, no Rio.

Ao pé da letra, "organização não governamental" é toda e qualquer entidade que não faz parte de um governo. Um time de futebol é uma organização não governamental tanto quanto um sindicato de padeiros ou uma sociedade de físicos. Certo? Nem sempre.
Dessa controvérsia aparentemente bizantina resultou boa parte dos ziguezagues que retardaram  o plantio da conferência mundial dos verdes - o encontro  paralelo à Eco-92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o desenvolvimento, a realizar-se no Rio em junho do ano que vem. Esta, como se sabe, vai reunir representantes oficiais de uma centena e meia de países para discutir o futuro do planeta. A outra, que à sua maneira discutirá a mesma coisa, deveria reunir-quem ? A dúvida semeou a cizânia entre os ecologistas .
"Para nós, a expressão "organização não governamental" abriga, sob o mesmo guarda-chuva, os mais diferentes setores da sociedade, desde empresas transnacionais a grupos indígenas, passando, naturalmente, pelos movimentos ambientalistas", interpreta o americano Warren Lindner, diretor executivo do Centro para o Nosso Futuro Comum , uma fundação criada na Suiça para acompanhar no mundo inteiro as atividades relacionadas com o célebre relatório da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1987, de cujo título ela tomou o nome emprestado. Com o olhar atento e o cachimbo que lhe dão ar de personagem de policial inglês, Lindner é um dos 25 membros do Internacional Facilitating Committee ( IFC) . Sediado em Genebra , o comitê nasceu no ano passado justamente para facilitar a participação da Eco- 92 de todos os setores interessados.
"Para nós, uma organização não governamental (ONG) é algo bem diferente", rebate a holandesa Joy Hyvarinen, diretora do Greenpeace Internacional o mastodôntico movimento ambientalista com sede em Amsterdam, escritórios em mais de 100 países e  cerca de 6 milhões de filiados. Com a autoridade de quem representa uma das mais antigas, zangadas e eficientes entidades de defesa da natureza, Joy decreta que, para ser ONG, não basta não ser governo: "E preciso que seja uma associação de base, ligada à ecologia, sem fins lucrativos, formada por voluntários". Resultado: "Ficou difícil separar a interpretação semântica da interpretação política", resume o engenheiro Rubens Born, do Centro de Estudos e Atividades de Conservação da Natureza (Ceacon), que até há pouco representou o Brasil no IFC.
  De todo modo, com a intenção de englobar aquelas organizações, formou-se o Environmental Liaison Center International (ELCI). Sediado em Nairóbi, no Quênia, esse centro internacional de enlace ambiental, como é chamado, também tem um instrumento para a Eco-92, o Steering Committe (comitê condutor). É preciso paciência e boa vontade para não se perder no matagal de siglas e nomes. Além do. IFC, do ELCI e do Steering Committee, está envolvido na preparação de, conferência paralela o Center of Non Governamental Organizations (Congo), que reúne cerca de uma centena de ONGs muito especiais-aquelas reconhecidas oficialmente pela ONU e por ela consideradas "organismo de consulta". Desse grupo de eleitos fazem parte entidades como a Federação Mundial da Juventude (que nos velho 5 tempos era o braço adolescente do movimento comunista), a União Mundial de Sindicatos Livres (que nesses mesmos tempos era o braço obreiro do movimento anticomunista), a Associação Mundial das Associações Cristãs de Moços (que dispensa apresentações, e a Federação Internacional de Organismos de Planejamento Familiar (com a qual as associações cristãs não hão de simpatizar muito).
Como o IFC, o Congo fica em Genebra. Ali trabalha Delmar Blasco, diretor executivo do International Council of Voluntary Agencies (ICVA), Conselho Internacional de Agências Voluntárias, e membro do comitê do Congo para a Eco-92. Com a tranqüilidade de quem tem a bênção do reconhecimento formal da ONTU, ele paira sobre as disputas entre o IFC e o Steering Committee. "O problema todo é que uns acham que não dá para misturar as organizações de base, sem fins lucrativos, com os setores empresariais que de certa maneira estão comprometidos com o modelo de desenvolvimento que levou a Terra à situação em que está". diz Blasco. "Algumas organizações acham que não se pode misturar água e óleo. " Ou, na versão do brasileiro Born: "Não dá para sentar à mesma mesa a UDR dos fazendeiros e as associações de índios". O pessoal do IFC, a propósito, torce o nariz diante do próprio conceito "organizações não governamentais", que a seu ver soa mais como antigovernamentais". Prefere-se ali falar em "setores independentes", para marcar a diversidade e a pluralidade desses grupos.
Para tornar ainda mais confuso o quadro. houve um problema prático com o Fórum Brasileiro das ONGs, que congrega cerca de 600 associações. Ele ainda não existia quando os organismos internacionais já se movimentavam para preparar a conferência paralela. Em pouco tempo, movidos pelo temor de perder a vez na montagem do evento, os ecologistas brasileiros se articularam, criaram o Fórum e exigiram um papel de primeira grandeza - o de 
anfitriões, com a responsabilidade por toda a logística da reunião. Só que durante o terceiro encontro do comitê preparatório da ONU, o Prepcom, em Genebra, em fins de março último, as ONGs internacionais manifestaram insatisfação com a demora dos brasileiros em tomar providências. A ansiedade e  a preocupação exprimiram-se de maneira "menos que diplomática", lembra diplomaticamente Beatrice Olivastri, diretora do IFC.
"Havia um desentendimento cultural muito grande e falta de confiança de parte a parte", registra por sua vez Eileen Nic, da International Organization of Consumer Unions ( Organização Internacional das Associações de Consumidores) e representantes da US 
Citizen Network (Rede de Cidadãos Americanos), uma das muitas entidades que reúnem ONGs dos Estados Unidos desejosas de vir para a Eco -92. "De nosso lado, não sabemos nem quantas pessoas podem ir. O Fórum brasileiro, de seu lado, não sabe quantas querem ir e quais são as suas expectativas", desabafava Eileen tempos atrás. "Se as pessoas não souberem como ficarão hospedadas, não irão. Eu mesma não vou se tiver de dormir em barraca. Prefiro ficar em casa e acompanhar tudo pela televisão."
Seria ingênuo, em todo caso, esperar que as ONGs preparassem sua reunião com a mesma naturalidade de uma ONU, que tem dinheiro, uma legião de funcionários, o apoio dos Estadosmembros e um conjunto de procedimentos já testados. "As ONGs não têm nem um chefe nem uma direção". constata Barbara Adams, diretora do escritório de Nova York do Serviço de Ligação Não Governamental das Nações Unidas. "Mas a sua força reside justamente na sua diversidade e riqueza de idéias "
No final de maio, depois de quatro dias de reuniões que começavam às 9 da manhã e entravam madrugada adentro, no Hotel Internacional-Rio- em cujos apartamentos existe uma cesta de lixo especial para papéis a serem reciclados-, a grande família verde resolveu parar de brigar, arregaçar as mangas e trabalhar para valer, unida. Para tanto, com gente do IFC, do Steering, do Congo e do Fórum, criou-se um grupo que se ocupa da produção do congresso, definindo os locais das conferências e fazendo reservas em hotéis. Esse comitê conjunto tem dois escritórios, um em Genebra, outro no Rio. Ali pousarão as respostas aos 12 000 questionários que o Fórum fez chegar às ONGs de todo o mundo para saber de cada uma delas, entre outras coisas, quantos integrantes estarão no encontro paralelo.
"Finalmente podemos trabalhar bem", suspira Warren Lindner, o americano fumador de cachimbo do Nosso Futuro Comum, um veterano de viagens ao Brasil que se sentia seguro de si o bastante para sair desatento do seu hotel carioca num aprazível fim de tarde de maio e acabar cercado por um grupo de trombadinhas armados de navalhas. "Reagi e voltei correndo. Foi um susto e tanto." Os assaltos a turistas no Rio, tão corriqueiros que nem mais merecem destaque no noticiário policial. preocupam de maneira peculiar o embaixador Marcos Azambuja, secretário geral do Itamaraty. Falante, muito engraçado, ele é conhecido-e temido-por sua língua afiada e ironia ferina. E tanto a violência o preocupa que, há algum tempo, ao saber da inquietação dos colegas estrangeiros com a possibilidade de serem roubados durante a conferência, disparou: Minha tarefa é devolver esse pessoal com vida aos seus países. Aos diabos as suas carteiras".
Telão no Aterro mostrará as imagens do Riocentro
O espectro da insegurança ainda não parece tirar o sono dos organizadores do encontro paralelo, voltados em primeiro lugar para a tarefa de preparar os ambientes onde se realizarão os eventos. A hipótese de fazer a reunião no Autódromo de Jacarepaguá, como inicialmente se previa, foi abandonada tão logo os representantes das ONGs defrontaram com um orçamento de 1,5 milhão de dólares-o custo de adaptação do autódromo à reunião ecológica. Já que o governo brasileiro não assumiu a despesa, concluímos que seria melhor usar nossos recursos para patrocinar a vinda de ONGs do Terceiro Mundo do que desperdiçá-los com a arrumação de instalações que seriam desativadas tão logo terminasse a conferência"explica a americana Barbara Bramble, diretora de programas internacionais do World Wildlife Fund, uma das dez mais do ranking mundial das entidades ambientalistas .
Em vez de Jacarepaguá, os não governamentais vão se instalar no Aterro do Flamengo, o próprio cartão-postal do Rio, com vista para o Pão de Açúcar e o Corcovado. Um telão permitirá acompanhar ao vivo a conferência oficial, no Riocentro. Perto do Aterro, numerosos auditórios e instalações podem servir para reuniões de grupos específicos e outros eventos. É o caso do Museu de Arte Moderna e da sede da Petrobrás. A conferência das ONGs diretamente vinculadas às questões ambientais se realizará no centro de convenções do Hotel Glória, em frente ao Aterro. Deve reunir algo como 4000 pessoas-uma estimativa mais modesta que as inflacionadas previsões iniciais. " É preciso não esquecer que nossa reunião será estritamente de trabalho", observa Helga Moss, coordenadora das ONGs noruguesas. Estas integram a Aliança dos Povos do Norte para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, uma poderosa rede de associações que se espalha por toda a Europa, incluindo a União Soviética, pelos Estados Unidos e pelo Canadá.
Talvez esteja aí a principal diferença de atitude entre as ONGs ambientalistas e as entidades da chamada sociedade civil constituídas a partir de outros interesses-movimentos de jovens, mulheres, pesquisadores, indígenas, industriais, religiosos e incontáveis etc. "As ONGs têm um papel fundamental na execução das resoluções a serem adotadas na Eco-92", ressalta Jean Claude Fabby, diretor do escritório de Nova York da conferência (Unced). "Essa implementação vai além dos governos." Concorda Eduardo Gutierrez, coordenador da Unced no Brasil: "Será um desafio para as ONGs transformar palavras em papéis e papéis em ações concretas, tanto por parte dos governos quanto dos cidadãos".
É tudo que elas querem. Desde o encontro inaugural de preparação da conferência, em Nairóbi, há um ano, as ONGs marcam sob Pressão as reuniões oficiais para aumentar sua influência no processo de decisão. Graças a isso conseguiram que a ONU aprovasse a participação de ONGs de respeitável currículo na montagem da Eco-92, embora só com direito a voz, não a voto. Assim, 198 organizações foram credenciadas para acompanhar os encontros oficiais, como a mais recente sessão do comitê preparatório da ONU, que acaba de se reunir em Genebra. Em meados do ano, previa-se que o PrepCom definiria a natureza da atuação das ONGs na conferência oficial. "Queremos, no mínimo, o direito de falar na Eco 92, concedido aos empresários", declarava Carole Saint Laurent. coordenadora do WWF Intemational, outro peso pesado do ambientalismo, com sede em Gland, na Suíça.
Além de azucrinar os delegados governamentais na ONU, as ONGs têm assessorado as autoridades de seus países na elaboração dos relatórios nacionais, os documentos em que cada qual confessará a quantas anda em matéria de ecologia & economia. No Brasil, foi mais fácil falar do que fazer. No encontro de fins de maio, no Rio, o diplomata Carlos Garcia, chefe do grupo de trabalho do governo federal encarregado de preparar a Eco92, reclamou: "Há dois meses, o governo pediu ao Fórum que apresentasse um nome para o grupo do relatório nacional e até agora ninguém foi indicado". Ninguém contestou o puxão de orelha.
Pelo mundo afora, as ONGs estão tratando de estimular debates sobre temas ecológicos. Até junho de 1992, vão pipocar em todo o planeta centenas de eventos dos mais variados formatos, relacionados à pauta da Eco-92-uma agenda comparável aos inumeráveis serões musicais pelos 200 anos da morte de Mozart. Ao mesmo tempo, organizam-se redes para facilitar a troca de informações e a discussão de estratégias. Conferências telefônicas e comunicação via computador estão bastante difundidas. Toda essa coreografia vai filtrar, além de idéias, planos de viagem.. Supõe-se que venham ao Rio cerca de 10 000 pessoas. Só a Citizens Alliance for Saving the Atmosphere and the Earth (Casa), uma rede de ONGs japonesas, por exemplo, vai lotar um navio com 1200 militantes para a conferência paralela.
O ponto culminante de todo esse aquecimento se dará em Paris, entre os dias 17 e 20 de dezembro, no salão de convenções de La Villette futurístico museu das ciências a da indústria, quase na periferia da capital. Ali, com parte das despesas pagas graças ao cheque de 4,5 milhões de dólares a ser assinado pelo presidente François Mitterrand, representantes de 850 ONGs do mundo inteiro pretendem acertar os ponteiros não só para a Eco92 mas para o que vier depois. Poderá ocorrer uma amazônica queda-de-braço entre os verdes do Primeiro Mundo e os do Terceiro. "As ONGs do Sul devem atacar antes que os países desenvolvidos acusem os pobres de serem os principais causadores da destruição ambiental", atiça Henri de Riboul, chefe do ramo francês do Environment and Development of the Third World (Enda), uma ONG de origem africana que ficou de cuidar da logística da conferência do La Villette.
A grande tarefa programada para esse encontro é a elaboração das propostas a serem formalmente levadas à Eco-92, acompanhando a pauta da reunião da ONU, mas baseadas no que os verdes designam, com poluente pedantismo, como eixos transversais de reflexão. O resultado se chamará Brazil Document. Segundo Roberto Smeraldi, do ramo italiano da ONG Friends of Earth International e co-presidente do Steering Committee, o documento deverá ser distribuído a todos os governos até o fim de janeiro, ainda a tempo-esperam os ecologistas-de influir nas decisões da conferência oficial. Nada mais justo. Afinal, muito antes que os governos começassem a se inquietar com a degradação ambiental, as organizações independentes já denunciavam as agressões à natureza cansadas pelas políticas de desenvolvimento a qualquer preço. "A própria conferência é substancialmente a conferência delas", reconhece o embaixador Marcos Azambuja.
Os mais otimistas acreditam que as ONGs poderão ter um "peso político fantástico", como diz o inglês radicado no Brasil Anthony Gross. do Centro Ecumênico de Documentação e informação(Cedi), de São Paulo. "A conferência da sociedade civil fornecerá aos meios de comunicação uma avaliação constante do andamento da Eco-92, o que poderá se refletir nos próprios rumos do evento". Seja como for, o mundo não acaba em junho do ano que vem. "Nosso trabalho irá muito além da conferência", promete a portuguesa Maria Santos, que integra a bancada verde no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. "Ela é apenas mais um passo na caminhada para tentar salvar a Terra."

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Chá de todas as horas - Costumes



CHÁ DE TODAS AS HORAS - Costumes



Das folhas de uma planta originária da Índia se faz a mais apreciada infusão do mundo. Um escritor, não por acaso inglês, chegou a dizer que sua falta abalaria a ordem do Universo.

Todas as tardes, por volta das 17 horas, no longo intervalo entre as refeições, a duquesa Anna de Beresford, mulher do sétimo duque de Beresford, conselheiro da Coroa britânica, costumava ficar indisposta, com a sensação de vazio no estômago. Para amenizar o desconforto, ela ordenava à criada que Ihe levasse aos aposentos uma bandeja com chá, pão e manteiga. O mal-estar passava e o hábito da duquesa começou a ser imitado pelas amigas, pelas amigas das amigas e também pelos respectivos maridos. E foi assim que ofive orsquo;clock tea, tendo nascido em 1840, como um santo remédio para aplacar o apetite da senhora de Beresford, dez anos depois tinha se tornado uma instituição nacional, o chá das cinco, tão confiável como a monarquia e tão inevitável como os impostos. As ladies da sociedade passaram a se reunir ao entardecer em volta dos elegantes serviços de porcelana para contar os últimos mexericos, enquanto os homens discutiam as mais recentes peripécias da expansão colonial britânica também sorvendo a fumegante infusão, um símbolo da respeitabilidade do Império e da era vitoriana.
A tal ponto o chá se instalou na vida britânica que o escritor Rudyard Kipling (1865-1936), um dos grandes propagandistas das virtudes civilizadoras da política colonial de Sua Majestade, permitia-se advertir que "a falta de chá durante uma semana abalaria a ordem do Universo". O poder das folhas dessa planta da família das camélias, conhecida pelos botânicos como Thea sinensis (chá da China), era tão difundido que um século antes já havia servido indiretamente de estopim para o movimento de libertação dos Estados Unidos. Em 1773, a três anos do nascimento da nação, americanos de Boston, na então colônia britânica de Massachusetts, disfarçados de índios, jogaram ao mar 342 caixas de chá que esperavam o desembarque a bordo de três veleiros da Companhia das Índias Orientais. Indignados com tamanha provocação, os ingleses adotaram uma série de represálias que apenas serviram para unir as colônias contra o domínio imperial e apressar a Guerra de Independência.
No Brasil, onde se bebe em média cinco xícaras de chá por ano, menos do que um inglês numa semana, é difícil avaliar a presença da Thea sinensis na história dos costumes humanos - ingleses ou não. Por estas paragens, de fato, a palavra chá continua comumente associada à idéia de um geralmente infalível remédio caseiro contra males prosaicos o suficiente para dispensar a mão-de-obra da ida ao médico, males que afligem de preferência a metade menos nobre do corpo humano. Sinônimo de várias ervas de propriedades medicinais específicas, o chá tal qual é falado incorretamente no Brasil tanto pode ser a erva-doce como a camomila, a carqueja e o confrei, o boldo e a catuaba, talvez os mais conhecidos entre algumas centenas de modalidades de nomes peculiares, como alfavaca e espinheira santa, cavalinha e cana-do-brejo, cáscara-sagrada e pepino-de-são-gregório. A confusão está em chamar chá, nome próprio de uma planta, a infusão de um sem-número de ervas - cujos atributos terapêuticos são com justa razão levados a sério pela veneranda Medicina chinesa, que prefere ainda hoje prescrever em forma natural os princípios ativos sintetizados em laboratório. Pois a verdadeira Thea sinensis, a bebida estimulante, rica em cafeína, cuja falta "abalaria a ordem do Universo" e cujo nome contém um equívoco geográfico é um arbusto originário, não da China, mas de Assam, região do norte da Índia.
O arbusto mede pouco mais de 1 metro de altura e tem folhas pequenas, ovaladas, de cor verde-escura. As melhores folhinhas, ou pekoes, na versão ocidentalizada do chinês pak-ho, são colhidas nas montanhas da Índia, Sri-Lanka (Ceilão), China, Japão e Indonésia. Há também variedades que proporcionam uma bebida aprazível, procedentes de lugares tão diversos como o Quênia, no coração da África, e o Vale do Ribeira, no sul de São Paulo. Venha de onde vier o chá, a receita é sempre a mesma. As folhas, inteiras ou moídas, devem permanecer em água fervente de três a cinco minutos. Para o chá a granel, usa-se uma colher de sobremesa para cada quatro xícaras. Os ingleses preferem temperar a infusão forte com um pouco de leite, uma fórmula menos difundida que o chá com limão dos europeus do Leste e dos americanos. Os japoneses usam as folhas verdes, não fermentadas e muito amargas na sua célebre cerimônia do chá. Em climas mais tropicais, há quem goste de chá gelado, que deve ser derramado aos poucos num copo cheio de gelo.
Quentes ou frios, os melhores chás, como os melhores vinhos, resultam de colheitas especiais, têm sabores distintos e irresistíveis aromas remanescentes de ervas, flores, frutas e especiarias. Um dos mais apreciados, por exemplo, é o Darjeeling, colhido nas escarpas do Himalaia, na Índia. Outro é o Oolong, originário de Formosa. Outro ainda chama-se Earl Grey, aromatizado com tangerina, cujo nome é uma homenagem ao chanceler inglês Edward Grey (1862-1933), que descobriu essa maravilha numa viagem diplomática ao Oriente. Foi, aliás, nessa parte do mundo que surgiu o costume de tomar chá. Diz a lenda que, para manter-se acordado, um certo monge budista hindu, de nome Bodhidarma, que introduziu a doutrina zen no Japão e na China, no século VI da era cristã, cortou as próprias pálpebras. No lugar onde caíram nasceu a planta cujas folhas em infusão serviriam para mantê-lo desperto durante as longas horas que dedicava à meditação. A lenda, como se vê, consagra as propriedades estimulantes do chá, mas falha na data de seu aparecimento. O mais provável é que se tornou conhecido muito antes, há cerca de 2 mil anos, quando o budismo se alastrou pela China.
Os primeiros consumidores do chá preferiam-no sólido. As folhas eram cozidas em vapor, espremidas e secas. Formavam assim bolos misturados com arroz, gengibre, sal, casca de laranja, cravo, leite e cebola. Até hoje, no Tibete, uma espécie de bolo de chá, o tsampa, é saboreado com manteiga de iaque, o gado do lugar. Mais tarde, os chineses começaram a apreciar o chá bebida, feito de folhas moídas em infusão na água fervente. Esse método se difundiu para o Japão, onde, até o século XII, o mancha, como se chamava o chá verde em pó, era consumido apenas pelos monges budistas. Duzentos anos depois, o hábito já havia transposto as portas dos mosteiros e atravessado os umbrais dos palácios. Os convidados da corte, depois de provarem várias xícaras de chá, tratavam de identificar as melhores regiões produtoras; quando acertavam, ganhavam belos prêmios.
Como esse costume tivesse se tornado moda, as plantações prosperaram e o chá se tornou uma bebida tão popular no Japão como o cafezinho seria no Brasil. Em contraste, as tradições associadas ao seu consumo desapareceram da China com as invasões mongóis do século XIII. embora os chineses ainda produzam e apreciem em larga escala a bebida. No Oriente como no Ocidente, o processo de transformação do chá não difere muito desde então. O connaisseur sabe que uma importante referência para avaliar a qualidade da bebida é a parte da planta utilizada para beneficiamento. As folhas superiores, naturalmente as mais novas, são também as melhores. No passado, eram as únicas que serviam. A colheita manual feita, por exemplo, na região indiana de Darjeeling, ainda hoje se limita a essas folhas e as duas seguintes. Mas, fora dali, no mundo inteiro, a colheita é quase sempre mecanizada, o que exclui qualquer seleção. As fases posteriores de produção obedecem as mesmas regras dos tempos antigos. No processo de beneficiamento, espalham-se as folhas sobre prateleiras de bambu para secar. Depois são enroladas a fim de não quebrar. Atualmente, as máquinas retiram todo o suco das folhas. No caso do chá preto, elas ainda passam por um período de fermentação, antes de serem classificadas. Os bons produtores de chá possuem provadores especializados em notar as mínimas diferenças nas amostras. Em geral, as melhores folhas chamam-se orange pekoe, por causa das pontas alaranjadas. Em seguida, vêm as pekoe, pekoe souchong  (folhas pequenas, grossas e mais velhas) e as souchong  (ainda mais velhas). Mas a classificação pode ser mais complicada. Os chás do tipo oolong, por exemplo, variam conforme a estação em que é feita a colheita. Existem pelo menos oito qualidades, cujo gosto vai da castanha ao mel. As folhas quebradas (broken, em inglês) obedecem às mesmas classificações. Muitos consumidores, no entanto, só conhecem os chás de folhas pulverizadas, chamadas fannings ou dusts, de qualidade relativamente inferior, vendidos em saquinhos.
No Ocidente, até o século XVI, a rigor, nem sequer se conhecia a planta asiática. Somente em 1550, o autor veneziano Gian Battista Ramusio (1485-1557), citando mercadores da Pérsia, exaltaria as virtudes medicinais do chá na obra Delle navigationi et viaggi, sua versão das aventuras de Marco Polo. Também nessa época, os portugueses que estabeleceram uma colônia em Macau, no sul da China, tomaram contato com a Thea sinensis pela primeira vez. Mas, não sabendo como fazer o chá de folhas secas, perderam a glória de serem os primeiros a levá-lo à Europa. Esse privilégio coube aos navegadores holandeses, que compraram toda a produção de uma pequena ilha japonesa no interior da baía de Nagasáqui.
No Velho Mundo, o chá precisou concorrer com duas outras bebidas estimulantes que também abriam caminho rumo às xícaras dos consumidores: o café e o chocolate. Para vencê-los, a propaganda nos jornais londrinos louvava as qualidades "dessa bebida chinesa, aprovada pelos médicos e chamada pelos chineses tcha, por outras nações tay, aliás, tea". Dissesse o que dissesse a publicidade, o sabor, no entanto, não ajudava. Pois, enquanto todos apreciavam as delícias do café árabe bem forte ou do chocolate quentinho, aquela que viria a ser a bebida nacional inglesa tinha então o gosto de um purgante. Certamente porque ninguém sabia como prepará-la - às vezes a infusão ficava guardada feito cerveja em barril durante semanas, antes de ir para as xícaras. Um horror que bem poderia servir de fundamento à antiga teoria oriental de que o homem branco não passa de um bárbaro sem o mais remoto refinamento. Não é de admirar, portanto, que antes de ser apreciado pelo seu delicioso sabor o chá fosse procurado por suas faladas qualidades medicinais.
No tempo em que a falta de higiene e o excesso de ignorância reduziam drasticamente a expectativa de vida das populações européias, o chá era considerado uma espécie de panacéia - capaz de curar desde pedra na bexiga a diarréia, passando por cansaço e melancolia. Na verdade, como exigia água fervida para o seu preparo, indiretamente impediu a disseminação de verminoses. A par disso, as folhinhas da Thea sinensis de fato podem fazer bem à saúde. "O chá contém vitamina B1 e B2, além de potássio, que contribui para a regularidade dos batimentos cardíacos", informa a nutricionista Flora Spolidoro, responsável por uma empresa de projetos alimentares em São Paulo. "E em sua composição entram tanino e cafeína, ambos excelentes digestivos." A cafeína, que aparece em maior proporção no café, também serve para estimular o cérebro e o sistema nervoso, proporcionando bem-estar. Isso deu origem à crença popular de que uma xícara de chá preto antes de dormir tem efeito calmante. Ledo engano: pode, isso sim, acarretar uma indesejável insônia. Aliás, tomada indiscriminadamente, a bebida não é aconselhada para quem é nervoso, tenso ou sofre de problemas cardíacos. Como não tem sal nem calorias, recomenda-se, porém sem açúcar, em casos de complicações estomacais.
Segundo cálculos de 1830, cada súdito de Sua Majestade britânica, homem, mulher e criança com mais de 10 anos, consumia pelo menos uma xícara por dia, o que dava uma média de 14 toneladas de chá por ano. Naquele mesmo ano, em comparação, o resto do mundo todo não bebia mais de 10 toneladas de chá. Atualmente, a produção mundial é de 1 bilhão de toneladas anuais, das quais 20 por cento made in India e 15 por cento consumidas na Inglaterra e Irlanda do Norte. Surpreende até certo ponto que o chá tenha conseguido tamanha popularidade na Inglaterra, pois, no século XVIII, a bebida custava caro ali. Uma libra-peso de folhas, ou 453,5 gramas, valia um terço do salário de um trabalhador qualificado. Ainda assim, os fabricantes de cerveja escocesa se ressentiam da concorrência. Em documento datado de 1742 fizeram a queixa suprema:"Mesmo as famílias mais miseráveis acompanham suas refeições da manhã com chá... em vez de cerveja". Como os impostos eram extorsivos, poucos se sentiam constrangjdos em apelar para o contrabando. Nas costas da Irlanda e da Inglaterra, os párocos reservavam esconderijos para os contrabandistas perseguidos, em troca, é claro, de um, digamos, dízimo das preciosas folhas. Havia até chá falsificado: mistura de folhas autênticas com cinzas de outras plantas, sulfato de ferro e estrume de carneiro.
Só quando os ingleses passaram a importar o chá diretamente da Índia, em 1834, a bebida tornou-se efetivamente acessível a quase todos os bolsos. A preciosa bebida dos ingleses só voltou a ser racionada durante a Segunda Guerra Mundial, com o fechamento dos centros de produção no Oriente, e no inicio da década de 50. Com a entrada em cena do café solúvel e a enxurrada dos refrigerantes do tipo cola, o chá passou por seu mais duro teste de popularidade. Muitos jovens, na onda contestatária dos anos 60, adotaram a pose de torcer o nariz para o que chamavam com desprezo "essa água quente dos velhos". Mais recentemente, a franja mais radical da geração verde incluiu o chá preto no rol de produtos tabus para a saúde, junto com o café, o açúcar, as bebidas alcoólicas e as carnes vermelhas. Ao que tudo indica, pouco importa: segundo as últimas estatísticas, o chá aparece nas xícaras de metade da população mundial. E na Inglaterra, para variar, onde o consumo anual por habitante é de quase 3 quilos de folhas, só perde para outra bebida: a água.

A cerimônia da serenidade

No Japão, tomar chá pode ser um ritual, nascido nos mosteiros zen. A liturgia, ou chanoyu (água quente para o chá), parece uma interminável sucessão de meros gestos de boas maneiras. Mas, para os japoneses, cada procedimento exprime a filosofia de vida baseada na simplicidade, no bom gosto e na harmonia com o mundo. A cerimônia ocorre numa casa de chá, construída com a aparente modéstia de uma choupana e separada das instalações principais da residência do anfitrião. Num dos cantos há sempre um nicho, onde é colocado um rolo de pergaminhos e um arranjo de flores. A sala também contém um fogareiro usado para a preparação da bebida. Os convidados entram agachados por uma pequena porta, para sugerir humildade. Mas o ritual propriamente dito começa antes, com o oferecimento de água fresca para uma purificação simbólica. Enquanto participam da cerimônia, os visitantes tratam de mostrar com reverência a sua apreciação da casa, do jardim, dos utensílios, da decoração do ambiente e dos arranjos.
Finalmente, o anfitrião oferece doces enquanto prepara a infusão do matcha - chá verde em pó - no pequeno fogareiro. A cerimônia toda pode durar quatro horas e termina com novas reverências, agradecimentos e gestos de humildade. Para Sokei Hayashi, há seis anos em São Paulo ensinando as minúcias do ritual, ao oferecer a bebida aos visitantes, "o anfitrião procura compartilhar a paz numa tigela de chá". Para quem pensa que o chanoyu não encontra mais lugar no Japão supermodernizado de hoje, mestre Hayashi informa que cerca de 100 mil pessoas se matriculam todo ano no Centro Urasenke, uma das mais tradicionais escolas de chá do país. Em São Paulo, no ano passado, trezentas pessoas, na maioria descendentes de imigrantes, interrompiam uma vez por semana sua rotina para buscar a serenidade na tigela de chá.

Era uma vez no Brasil

Há cerca de cinqüenta anos, o imigrante japonês radicado no Brasil Torazo Okamoto e sua mulher Hishe fizeram uma viagem à ilha do Ceilão, hoje Sri Lanka, de onde trouxeram sessenta sementes de chá. Dito deste modo, pode parecer uma banalidade. Mas a operação envolveu uma série de peripécias dignas de filme de espionagem. A planta, que se desenvolvia tão bem na ilha, não podia ser exportada. Suas sementes acabaram contrabandeadas, escondidas dentro do pão que os marinheiros do navio de Okamoto levavam para o lanche. Ao, longo de dois meses de travessia, o esperto imigrante tratou de alojar as sementes em baldes de madeira cheios de terra. Resultado: ao chegarem afinal ao Brasil, mais precisamente em Registro, na região sul paulista, as sementes da Thea sinensis tinham germinado e se tornariam as ancestrais das plantinhas cultivadas nos 2 mil alqueires dos campos de chá da região.
A história de Okamoto, falecido em 1977, é contada por seu filho Hitoshi, um senhor de 60 anos, proprietário do Chá Ribeira, não por acaso o maior dos seis fabricantes brasileiros da infusão. A variedade que o pai se apressou em cultivar no pequeno pedaço de terra que recebeu ao desembarcar aqui pela primeira vez em 1919, era mais indicada para fazer chá verde, não-fermentado, popular apenas entre os imigrantes. "O velho não podia competir com o chá preto, na época importado da Índia pela Lipton", lembra Hitoshi. "Por isso aventurou-se ao Ceilão." Hoje a lavoura do chá do Vale do Ribeira representa a quase totalidade da produção nacional de 10 mil toneladas, ou seja, irrisório 0,5 por cento da oferta mundial. O consumo de chá neste país do café também é desprezível, mas, segundo Hitoshi, "se cada brasileiro tomasse uma xícara de chá por mês, a produção não atenderia o consumo porque 80 por cento do total é exportado".

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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Seitas Ufológicas - OVNI

SEITAS UFOLÓGICAS - OVNI



No dia 27 de março de 1997, nada menos do que 39 pessoas foram encontradas mortas numa mansão ao norte de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos. Elas haviam cometido suicídio coletivo, levadas pela crença cega em Marshall Applewhite, líder de uma seita denominada Heaven’s Gate (literalmente, "Portal do Paraíso"). Applewhite fez seus seguidores acreditarem que alcançariam a vida eterna se morressem no momento da passagem do cometa Halle-Bopp pela Terra, pois o astro abrigaria em sua cauda uma nave espacial.
Fundada em 1970, a Heaven’s Gate é só uma das muitas seitas que se espalharam pelo mundo ancoradas em elementos ufológicos. Na maior parte das vezes, seus líderes se dizem pessoas eleitas por "forças extraterrestres" para cumprir alguma missão na Terra. O ufólogo Vanderlei D’Agostino diz que existem três tipos de líderes de seitas: os bem-intencionados, os que têm algum desvio de conduta (eventualmente patológico) e os literalmente charlatães. Ou seja, não dá para generalizar. Nem todos, é claro, levam a um final trágico quanto o do Heaven’s Gate. A seguir, conheça mais algumas seitas que arrebanharam seguidores com base em crenças e dogmas ligados à ufologia.

Movimento Raeliano
Fundado em 1975 pelo jornalista francês Claude Vorilhon, que se autodenomina Rael, prega que o ser humano foi criado em laboratório por extraterrestres. Rael, hoje com 59 anos, afirma ter sido contatado e abduzido em 1973 por um ET, que lhe pediu para construir uma "embaixada" na Terra, para receber de volta os alienígenas. O francês teria sido escolhido como o "messias", destinado a conscientizar a humanidade sobre a necessidade de evolução. A seita tem 70 mil seguidores no mundo. Nos últimos anos, tem chamado a atenção por sua defesa da clonagem humana - tida como um meio de atingir a imortalidade. Há rumores de que a Clonaid, empresa criada por Rael em 1997, já teria conseguido gerar uma menina, clone de uma mulher de 31 anos.

Comando Ashtar
Baseia-se em supostos contatos realizados entre humanos e um extraterrestre chamado Ashtar Sheran, que seria o grande "comandante intergaláctico", incumbido de promover a regeneração da Terra. É um movimento forte na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. A figura de Ashtar estaria ligada a mensagens de alerta à humanidade. Nos anos 50, segundo seus seguidores, Ashtar teria entrado em contato com a Terra para evitar que bombas atômicas destruíssem nosso planeta e colocassem em risco o equilíbrio intergaláctico.

Projeto Portal
A seita foi fundada há dez anos em Corguinho (MS) por Urandir Fernandes de Oliveira, que se considera um representante dos ETs na Terra. "Tem causado grandes estragos na vida de inúmeras pessoas que o procuram na busca de curas e contatos com ETs", diz Rafael Cury, presidente da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil. Urandir chegou a ser preso, sob acusação de participar de um esquema de venda ilegal de lotes de terra em Corguinho. Segundo Urandir, o mundo será castigado por uma grande inundação, mas o lugar que ele chama de "A Cidade dos ETs" - onde ficam os tais lotes de terra - estaria imune à tragédia.

Lineamento Universal Superior (LUS)
Criado pela vidente brasileira Valentina Andrade e por seu marido, o argentino José Teruggi, em Buenos Aires. Segundo eles, só os seguidores da seita seriam salvos do apocalipse, resgatados por naves espaciais. Nos anos 80, Valentina e outros membros do grupo foram acusados de castrar nove meninos de 8 a 14 anos e assassinar seis deles, em rituais satânicos, entre 1989 e 1993, em Altamira, no Pará. "Quando invadiram sua residência em Londrina, no Paraná, encontraram várias fitas de vídeo em que ela, em transe, dizia: ‘Matem criancinhas’", conta Rafael Cury. Presa em 2003, Valentina foi julgada e absolvida por falta de provas. Outros quatro acusados foram condenados a penas de 35 a 77 anos de prisão.

Grupo Rama
Começou no Peru, com os irmãos Sixto e Carlos Paz. Após se desentender com o irmão, Carlos mudou-se para o Brasil e criou um braço da seita, o Grupo Amar (Rama ao contrário). Os irmãos organizavam vigílias para aguardar a chegada de naves alienígenas. Afirmavam viajar com freqüência à Constelação de Órion, onde eram recebidos por ETs. Após denúncias sobre a falsidade desses contatos, a seita caiu no ostracismo. Carlos acabou mudando de sexo e Sixto perdeu credibilidade depois de participar de um programa de TV e ser reprovado por um detector de mentiras. As duas vertentes da seita deixaram de existir no início dos anos 90.

Cultura Racional
Foi criada por Manoel Jacinto Coelho em 1935, no Rio de Janeiro, num centro espírita no bairro do Méier. Nos meios usados para sua divulgação, a Cultura Racional cita com freqüência discos voadores e seres extraterrestres. Considera-se um movimento cultural, não uma seita. Nos anos 70 e 80, atraiu milhares de seguidores, entre eles o cantor Tim Maia, que acabou deixando o movimento. Seus princípios se baseavam em um conjunto de livros denominado Universo em Desencanto, considerado por muitos um instrumento de lavagem cerebral.