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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Cientistas afirmam que encontraram indícios de universos que existiram antes do nosso

Cientistas afirmam que encontraram indícios de universos que existiram antes do nosso


É possível que outros universos tenham existido antes do nosso? Cientistas acreditam que sim. 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Sem pregos ou cola - Ela usa garrafas plásticas para fixar as junções de seus móveis


Sem pregos ou cola - Ela usa garrafas plásticas para fixar as junções de seus móveis


O novo método usado para fixar duas peças de madeira, desenvolvido por Micaella Pedros, de Londres, dispensa pregos. Em vez disso, ela envolve a junção com garrafas plásticas descartadas e esquenta o material. Nesse processo, o plástico se contrai proporcionando uma ligação extremamente sólida.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Bill Gates tomou: máquina transforma cocô em água limpa em 5 minutos


Bill Gates tomou: máquina transforma cocô em água limpa em 5 minutos



Você tem coragem de beber água que até alguns minutos antes era cocô humano? Bom, Bill Gates tem. Afinal, vale tudo para mostrar que o OmniProcessor funciona. A máquina é criação da Janicki Bioenergy, uma empresa que quer mudar o sistema de tratamento de água e saneamento no mundo através de tecnologias mais simples e sustentáveis.

sábado, 20 de abril de 2013

Árvore resiste no meio de milhares de pneus usados na França



Árvore resiste no meio de milhares de pneus usados na França

Árvore resiste no meio de milhares de pneus usados (Foto: Eric Cabanis/AFP)

Pneus foram abandonados em área de reciclagem.
Empresa de reciclagem de pneus usados foi fechada em 2004.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ziguezagues em campo verde - ECO92


ZIGUEZAGUES EM CAMPO VERDE - ECO92



Depois de idas e vindas, topadas e desencontros, enfim começa a tomar rumo a reunião mundial das organizações não governamentais ( ONGs), que vai se realizar junto com a conferência ambiental da ONU, no Rio.

Ao pé da letra, "organização não governamental" é toda e qualquer entidade que não faz parte de um governo. Um time de futebol é uma organização não governamental tanto quanto um sindicato de padeiros ou uma sociedade de físicos. Certo? Nem sempre.
Dessa controvérsia aparentemente bizantina resultou boa parte dos ziguezagues que retardaram  o plantio da conferência mundial dos verdes - o encontro  paralelo à Eco-92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o desenvolvimento, a realizar-se no Rio em junho do ano que vem. Esta, como se sabe, vai reunir representantes oficiais de uma centena e meia de países para discutir o futuro do planeta. A outra, que à sua maneira discutirá a mesma coisa, deveria reunir-quem ? A dúvida semeou a cizânia entre os ecologistas .
"Para nós, a expressão "organização não governamental" abriga, sob o mesmo guarda-chuva, os mais diferentes setores da sociedade, desde empresas transnacionais a grupos indígenas, passando, naturalmente, pelos movimentos ambientalistas", interpreta o americano Warren Lindner, diretor executivo do Centro para o Nosso Futuro Comum , uma fundação criada na Suiça para acompanhar no mundo inteiro as atividades relacionadas com o célebre relatório da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1987, de cujo título ela tomou o nome emprestado. Com o olhar atento e o cachimbo que lhe dão ar de personagem de policial inglês, Lindner é um dos 25 membros do Internacional Facilitating Committee ( IFC) . Sediado em Genebra , o comitê nasceu no ano passado justamente para facilitar a participação da Eco- 92 de todos os setores interessados.
"Para nós, uma organização não governamental (ONG) é algo bem diferente", rebate a holandesa Joy Hyvarinen, diretora do Greenpeace Internacional o mastodôntico movimento ambientalista com sede em Amsterdam, escritórios em mais de 100 países e  cerca de 6 milhões de filiados. Com a autoridade de quem representa uma das mais antigas, zangadas e eficientes entidades de defesa da natureza, Joy decreta que, para ser ONG, não basta não ser governo: "E preciso que seja uma associação de base, ligada à ecologia, sem fins lucrativos, formada por voluntários". Resultado: "Ficou difícil separar a interpretação semântica da interpretação política", resume o engenheiro Rubens Born, do Centro de Estudos e Atividades de Conservação da Natureza (Ceacon), que até há pouco representou o Brasil no IFC.
  De todo modo, com a intenção de englobar aquelas organizações, formou-se o Environmental Liaison Center International (ELCI). Sediado em Nairóbi, no Quênia, esse centro internacional de enlace ambiental, como é chamado, também tem um instrumento para a Eco-92, o Steering Committe (comitê condutor). É preciso paciência e boa vontade para não se perder no matagal de siglas e nomes. Além do. IFC, do ELCI e do Steering Committee, está envolvido na preparação de, conferência paralela o Center of Non Governamental Organizations (Congo), que reúne cerca de uma centena de ONGs muito especiais-aquelas reconhecidas oficialmente pela ONU e por ela consideradas "organismo de consulta". Desse grupo de eleitos fazem parte entidades como a Federação Mundial da Juventude (que nos velho 5 tempos era o braço adolescente do movimento comunista), a União Mundial de Sindicatos Livres (que nesses mesmos tempos era o braço obreiro do movimento anticomunista), a Associação Mundial das Associações Cristãs de Moços (que dispensa apresentações, e a Federação Internacional de Organismos de Planejamento Familiar (com a qual as associações cristãs não hão de simpatizar muito).
Como o IFC, o Congo fica em Genebra. Ali trabalha Delmar Blasco, diretor executivo do International Council of Voluntary Agencies (ICVA), Conselho Internacional de Agências Voluntárias, e membro do comitê do Congo para a Eco-92. Com a tranqüilidade de quem tem a bênção do reconhecimento formal da ONTU, ele paira sobre as disputas entre o IFC e o Steering Committee. "O problema todo é que uns acham que não dá para misturar as organizações de base, sem fins lucrativos, com os setores empresariais que de certa maneira estão comprometidos com o modelo de desenvolvimento que levou a Terra à situação em que está". diz Blasco. "Algumas organizações acham que não se pode misturar água e óleo. " Ou, na versão do brasileiro Born: "Não dá para sentar à mesma mesa a UDR dos fazendeiros e as associações de índios". O pessoal do IFC, a propósito, torce o nariz diante do próprio conceito "organizações não governamentais", que a seu ver soa mais como antigovernamentais". Prefere-se ali falar em "setores independentes", para marcar a diversidade e a pluralidade desses grupos.
Para tornar ainda mais confuso o quadro. houve um problema prático com o Fórum Brasileiro das ONGs, que congrega cerca de 600 associações. Ele ainda não existia quando os organismos internacionais já se movimentavam para preparar a conferência paralela. Em pouco tempo, movidos pelo temor de perder a vez na montagem do evento, os ecologistas brasileiros se articularam, criaram o Fórum e exigiram um papel de primeira grandeza - o de 
anfitriões, com a responsabilidade por toda a logística da reunião. Só que durante o terceiro encontro do comitê preparatório da ONU, o Prepcom, em Genebra, em fins de março último, as ONGs internacionais manifestaram insatisfação com a demora dos brasileiros em tomar providências. A ansiedade e  a preocupação exprimiram-se de maneira "menos que diplomática", lembra diplomaticamente Beatrice Olivastri, diretora do IFC.
"Havia um desentendimento cultural muito grande e falta de confiança de parte a parte", registra por sua vez Eileen Nic, da International Organization of Consumer Unions ( Organização Internacional das Associações de Consumidores) e representantes da US 
Citizen Network (Rede de Cidadãos Americanos), uma das muitas entidades que reúnem ONGs dos Estados Unidos desejosas de vir para a Eco -92. "De nosso lado, não sabemos nem quantas pessoas podem ir. O Fórum brasileiro, de seu lado, não sabe quantas querem ir e quais são as suas expectativas", desabafava Eileen tempos atrás. "Se as pessoas não souberem como ficarão hospedadas, não irão. Eu mesma não vou se tiver de dormir em barraca. Prefiro ficar em casa e acompanhar tudo pela televisão."
Seria ingênuo, em todo caso, esperar que as ONGs preparassem sua reunião com a mesma naturalidade de uma ONU, que tem dinheiro, uma legião de funcionários, o apoio dos Estadosmembros e um conjunto de procedimentos já testados. "As ONGs não têm nem um chefe nem uma direção". constata Barbara Adams, diretora do escritório de Nova York do Serviço de Ligação Não Governamental das Nações Unidas. "Mas a sua força reside justamente na sua diversidade e riqueza de idéias "
No final de maio, depois de quatro dias de reuniões que começavam às 9 da manhã e entravam madrugada adentro, no Hotel Internacional-Rio- em cujos apartamentos existe uma cesta de lixo especial para papéis a serem reciclados-, a grande família verde resolveu parar de brigar, arregaçar as mangas e trabalhar para valer, unida. Para tanto, com gente do IFC, do Steering, do Congo e do Fórum, criou-se um grupo que se ocupa da produção do congresso, definindo os locais das conferências e fazendo reservas em hotéis. Esse comitê conjunto tem dois escritórios, um em Genebra, outro no Rio. Ali pousarão as respostas aos 12 000 questionários que o Fórum fez chegar às ONGs de todo o mundo para saber de cada uma delas, entre outras coisas, quantos integrantes estarão no encontro paralelo.
"Finalmente podemos trabalhar bem", suspira Warren Lindner, o americano fumador de cachimbo do Nosso Futuro Comum, um veterano de viagens ao Brasil que se sentia seguro de si o bastante para sair desatento do seu hotel carioca num aprazível fim de tarde de maio e acabar cercado por um grupo de trombadinhas armados de navalhas. "Reagi e voltei correndo. Foi um susto e tanto." Os assaltos a turistas no Rio, tão corriqueiros que nem mais merecem destaque no noticiário policial. preocupam de maneira peculiar o embaixador Marcos Azambuja, secretário geral do Itamaraty. Falante, muito engraçado, ele é conhecido-e temido-por sua língua afiada e ironia ferina. E tanto a violência o preocupa que, há algum tempo, ao saber da inquietação dos colegas estrangeiros com a possibilidade de serem roubados durante a conferência, disparou: Minha tarefa é devolver esse pessoal com vida aos seus países. Aos diabos as suas carteiras".
Telão no Aterro mostrará as imagens do Riocentro
O espectro da insegurança ainda não parece tirar o sono dos organizadores do encontro paralelo, voltados em primeiro lugar para a tarefa de preparar os ambientes onde se realizarão os eventos. A hipótese de fazer a reunião no Autódromo de Jacarepaguá, como inicialmente se previa, foi abandonada tão logo os representantes das ONGs defrontaram com um orçamento de 1,5 milhão de dólares-o custo de adaptação do autódromo à reunião ecológica. Já que o governo brasileiro não assumiu a despesa, concluímos que seria melhor usar nossos recursos para patrocinar a vinda de ONGs do Terceiro Mundo do que desperdiçá-los com a arrumação de instalações que seriam desativadas tão logo terminasse a conferência"explica a americana Barbara Bramble, diretora de programas internacionais do World Wildlife Fund, uma das dez mais do ranking mundial das entidades ambientalistas .
Em vez de Jacarepaguá, os não governamentais vão se instalar no Aterro do Flamengo, o próprio cartão-postal do Rio, com vista para o Pão de Açúcar e o Corcovado. Um telão permitirá acompanhar ao vivo a conferência oficial, no Riocentro. Perto do Aterro, numerosos auditórios e instalações podem servir para reuniões de grupos específicos e outros eventos. É o caso do Museu de Arte Moderna e da sede da Petrobrás. A conferência das ONGs diretamente vinculadas às questões ambientais se realizará no centro de convenções do Hotel Glória, em frente ao Aterro. Deve reunir algo como 4000 pessoas-uma estimativa mais modesta que as inflacionadas previsões iniciais. " É preciso não esquecer que nossa reunião será estritamente de trabalho", observa Helga Moss, coordenadora das ONGs noruguesas. Estas integram a Aliança dos Povos do Norte para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, uma poderosa rede de associações que se espalha por toda a Europa, incluindo a União Soviética, pelos Estados Unidos e pelo Canadá.
Talvez esteja aí a principal diferença de atitude entre as ONGs ambientalistas e as entidades da chamada sociedade civil constituídas a partir de outros interesses-movimentos de jovens, mulheres, pesquisadores, indígenas, industriais, religiosos e incontáveis etc. "As ONGs têm um papel fundamental na execução das resoluções a serem adotadas na Eco-92", ressalta Jean Claude Fabby, diretor do escritório de Nova York da conferência (Unced). "Essa implementação vai além dos governos." Concorda Eduardo Gutierrez, coordenador da Unced no Brasil: "Será um desafio para as ONGs transformar palavras em papéis e papéis em ações concretas, tanto por parte dos governos quanto dos cidadãos".
É tudo que elas querem. Desde o encontro inaugural de preparação da conferência, em Nairóbi, há um ano, as ONGs marcam sob Pressão as reuniões oficiais para aumentar sua influência no processo de decisão. Graças a isso conseguiram que a ONU aprovasse a participação de ONGs de respeitável currículo na montagem da Eco-92, embora só com direito a voz, não a voto. Assim, 198 organizações foram credenciadas para acompanhar os encontros oficiais, como a mais recente sessão do comitê preparatório da ONU, que acaba de se reunir em Genebra. Em meados do ano, previa-se que o PrepCom definiria a natureza da atuação das ONGs na conferência oficial. "Queremos, no mínimo, o direito de falar na Eco 92, concedido aos empresários", declarava Carole Saint Laurent. coordenadora do WWF Intemational, outro peso pesado do ambientalismo, com sede em Gland, na Suíça.
Além de azucrinar os delegados governamentais na ONU, as ONGs têm assessorado as autoridades de seus países na elaboração dos relatórios nacionais, os documentos em que cada qual confessará a quantas anda em matéria de ecologia & economia. No Brasil, foi mais fácil falar do que fazer. No encontro de fins de maio, no Rio, o diplomata Carlos Garcia, chefe do grupo de trabalho do governo federal encarregado de preparar a Eco92, reclamou: "Há dois meses, o governo pediu ao Fórum que apresentasse um nome para o grupo do relatório nacional e até agora ninguém foi indicado". Ninguém contestou o puxão de orelha.
Pelo mundo afora, as ONGs estão tratando de estimular debates sobre temas ecológicos. Até junho de 1992, vão pipocar em todo o planeta centenas de eventos dos mais variados formatos, relacionados à pauta da Eco-92-uma agenda comparável aos inumeráveis serões musicais pelos 200 anos da morte de Mozart. Ao mesmo tempo, organizam-se redes para facilitar a troca de informações e a discussão de estratégias. Conferências telefônicas e comunicação via computador estão bastante difundidas. Toda essa coreografia vai filtrar, além de idéias, planos de viagem.. Supõe-se que venham ao Rio cerca de 10 000 pessoas. Só a Citizens Alliance for Saving the Atmosphere and the Earth (Casa), uma rede de ONGs japonesas, por exemplo, vai lotar um navio com 1200 militantes para a conferência paralela.
O ponto culminante de todo esse aquecimento se dará em Paris, entre os dias 17 e 20 de dezembro, no salão de convenções de La Villette futurístico museu das ciências a da indústria, quase na periferia da capital. Ali, com parte das despesas pagas graças ao cheque de 4,5 milhões de dólares a ser assinado pelo presidente François Mitterrand, representantes de 850 ONGs do mundo inteiro pretendem acertar os ponteiros não só para a Eco92 mas para o que vier depois. Poderá ocorrer uma amazônica queda-de-braço entre os verdes do Primeiro Mundo e os do Terceiro. "As ONGs do Sul devem atacar antes que os países desenvolvidos acusem os pobres de serem os principais causadores da destruição ambiental", atiça Henri de Riboul, chefe do ramo francês do Environment and Development of the Third World (Enda), uma ONG de origem africana que ficou de cuidar da logística da conferência do La Villette.
A grande tarefa programada para esse encontro é a elaboração das propostas a serem formalmente levadas à Eco-92, acompanhando a pauta da reunião da ONU, mas baseadas no que os verdes designam, com poluente pedantismo, como eixos transversais de reflexão. O resultado se chamará Brazil Document. Segundo Roberto Smeraldi, do ramo italiano da ONG Friends of Earth International e co-presidente do Steering Committee, o documento deverá ser distribuído a todos os governos até o fim de janeiro, ainda a tempo-esperam os ecologistas-de influir nas decisões da conferência oficial. Nada mais justo. Afinal, muito antes que os governos começassem a se inquietar com a degradação ambiental, as organizações independentes já denunciavam as agressões à natureza cansadas pelas políticas de desenvolvimento a qualquer preço. "A própria conferência é substancialmente a conferência delas", reconhece o embaixador Marcos Azambuja.
Os mais otimistas acreditam que as ONGs poderão ter um "peso político fantástico", como diz o inglês radicado no Brasil Anthony Gross. do Centro Ecumênico de Documentação e informação(Cedi), de São Paulo. "A conferência da sociedade civil fornecerá aos meios de comunicação uma avaliação constante do andamento da Eco-92, o que poderá se refletir nos próprios rumos do evento". Seja como for, o mundo não acaba em junho do ano que vem. "Nosso trabalho irá muito além da conferência", promete a portuguesa Maria Santos, que integra a bancada verde no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. "Ela é apenas mais um passo na caminhada para tentar salvar a Terra."

domingo, 14 de outubro de 2012

O Mundo de cada um - Ambiente


O MUNDO DE CADA UM - Ambiente



Os ecologistas acham que qualquer pessoa pode fazer algo para mudar o planeta e - dizem como. Esse é o mote do Dia da Terra.

A nave espacial Terra não transporta passageiros. Somos todos tripulantes.
Marshall McLuhan (1911-1980), sociólogo canadense

No quarto domingo deste mês, dia 22, pelo menos um em cada cinqüenta homens, mulheres e crianças dos quatro cantos do mundo, algo como 100 milhões de pessoas ao todo, fará a sua parte naquela que será a maior manifestação coletiva da história: a comemoração do Dia da Terra.
Trata-se de uma invenção americana que agora, ao completar vinte anos, já transpôs todas as fronteiras, nas asas dos movimentos de defesa do ambiente.
O importante é que um evento dessa grandeza tem tudo para carimbar com o signo da universalidade um tipo de preocupação e de ativismo que de modo geral ainda permanece confinado aos guetos verdes da militância ecológica. E não é por outro motivo que a palavra de ordem deste Dia da Terra, modelo 1990 é a desafiadora pergunta "Quem diz que você não pode mudar o mundo?"
Eis um declarado, irrestrito convite à ação individual para deter o processo de deterioração de um planeta que em seus presumíveis 4,5 bilhões de anos sobreviveu a traumas geológicos e climáticos sem que neles houvesse a marca da mão do homem. No entanto, em um prazo muitíssimo mais curto, medido no horizonte de um punhado de gerações, a Terra provavelmente não será a mesma que o homem se acostumou a conhecer ao longo de alguns milênios. E para que ela não mude tanto a ponto de desfigurar ou mesmo impedir a presença humana em sua superfície é que se quer convencer cada pessoa de que está ao seu alcance fazer algo para mudar esse mundo de previsões apocalípticas, subscritas pela ciência, das quais emergem o pesadelo do buraco na camada de ozônio e o horror do efeito estufa.
Além da penetração maior dos nefastos raios ultravioleta, o acúmulo de gás carbônico na atmosfera, rastro do avanço mal traçado da civilização industrial apoiada na queima de combustíveis fósseis, poderá fazer com que a temperatura do globo aumente até 4,5 graus centígrados nos próximos cinqüenta anos. Com isso o clima que tornou possível a existência humana em quase todos os rincões da Terra se tornará irreconhecível: o nível dos oceanos subirá o suficiente para inundar enormes áreas costeiras e transformar solos férteis em desertos salgados - catástrofes que prenunciarão outras, afetando o conjunto da natureza.
Nesse cenário cada vez mais verossímil, no mínimo 8 bilhões de pessoas terão de ganhar o pão e a água de todo dia em condições dramaticamente adversas. Até que ponto mudanças no comportamento individual podem abrandar esse cenário? Para os ambientalistas, pequenas alterações de hábitos cotidianos tenderão a acumular benefícios em escala literalmente planetária, sendo o primeiro deles a percepção de que governos complacentes e empresas gananciosas não são os únicos vilões nessa história: cada qual tem seu grão de responsabilidade própria pela avalanche de desacertos ecológicos que castiga o mundo.
Embora produtores de apenas 5 por cento do gás carbônico lançado na atmosfera, menos de um quarto do volume made USA, os brasileiros sem dúvida estão entre os mais cobrados a se engajar na luta para salvar a Terra. A razão não há criança que ignore. A Amazônia Legal brasileira representa, afinal, um terço de todas as florestas tropicais do globo e sua preservação tornou-se uma preocupação mundial. Duas mil queimadas por dia, em média, já destruíram nos últimos anos quase um décimo da mata tropical e lançaram aos céus uma quantidade de gás carbônico suficiente para figurar entre os culpados pelo efeito estufa.
A Amazônia certamente não será salva por pequenas mudanças de hábitos cotidianos de pessoas vivendo a milhares de quilômetros da floresta, mas entre o que se passa na mata e o que se faz na cidade existe um parentesco que a vista não alcança - e que os ecologistas se esforçam por exibir assim como evidenciam o nexo entre as diversas agressões ao ambiente. "Temos a destruição das nascentes dos rios pelo garimpo, caça e pesca predatórias incontroláveis, cidades ameaçadas por nuvens de fumaça e praias imundas", relaciona o jornalista Fernando César Mesquita, 51 anos, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no governo José Sarney. "Temos, acima de tudo, um problema cultural. As pessoas ainda não reconhecem o seu papel no ambiente."
Mas é patente que já há algum tempo os ventos sopram a favor do ambientalismo. Em 1988, por exemplo, cálculos americanos indicavam que a população mundial de militantes do que se convencionou chamar movimentos ecológicos somava 13 milhões de pessoas; na virada para os anos 90, outros 3 milhões se incorporaram à onda verde. No Brasil, a contabilidade disponível se refere a organizações: são já mais de 2 500 entidades ambientalistas, a maioria núcleos de algumas centenas de pessoas dedicadas à defesa de causas específicas. A maior é a Fundação S.O.S. Mata Atlântica, com 3 mil sócios. Outra de bom tamanho é a Associação de Defesa da Juréia, cujos 1400 sócios pretendem preservar a região paulista da Mata Atlântica entre Peruíbe e Iguape.
"Há quinze anos, se você falasse em meio ambiente seria rotulado de romântico e antiprogressista", lembra o arquiteto Clayton Ferreira Lino, diretor da Fundação S.O.S Mata Atlântica, em São Paulo. "Atualmente, em compensação, a verdadeira militância convive com a moda da militância". E entre o discurso bonito e a prática de cada um existe um abismo", critica. Isso talvez se entenda pela constatação de que a bandeira verde nem sempre é leve. Muitas vezes, a busca do melhor para o meio ambiente exige no dia-a-dia individual mais paciência, mais despesas, menos conforto imediato. Isso explicaria por que, embora quatro em cada cinco americanos se considerem ambientalistas, poucos entre eles mudam a própria vida para mudar o mundo - a população dos Estados Unidos roda cerca de 1 bilhão de quilômetros por ano, queimando pouco mais de um quarto do combustível usado na Terra.
"Ninguém está pedindo para que se ande a pé", assegura o engenheiro Gabriel Murgel Branco, gerente do Programa de Controle de Veículos (Proconve), um bem-preparado plano de metas, aprovado há três anos pelo governo federal, que prevê a fabricação de carros nacionais menos poluidores, estabelecendo limites graduais de emissão de gases pelo escapamento. "Se as pessoas regulassem o motor com freqüência, seguindo sempre a indicação do fabricante, se só comprassem peças originais que garantam o desempenho programado para aquele motor e, finalmente, se não inventassem na garagem coquetéis incrementados de combustível, apenas com isso a poluição nas cidades diminuiria no mínimo 30 por cento", garante o engenheiro.
Se com um automóvel bem cuidado se pode atenuar parte do problema do aquecimento da atmosfera e mesmo da chuva ácida - a reação das gotas com os poluentes do ar -, em relação à poluição marinha a ação individual só tem a saída da precaução. Claro que jogar lixo na praia é arruinar o lugar ao sol do próprio usuário sujão, mas há coisa pior neste departamento. Na opinião de Luiz Roberto Tomazzi, diretor do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo, a grande inimiga dos mares é a especulação imobiliária. "Ao tirar os vegetais à beira-mar, o solo exposto à erosão é arrastado pela chuva para o mar; ali, as partículas de terra ficam em suspensão, impedindo a luz de penetrar na água", ele explica. "Assim, sem poder realizar a fotossíntese (a conversão de energia solar em nutrientes), morrem vegetais aquáticos e, em seguida, seus dependentes sucessivos, até chegar aos peixes. Nesse toma-lá, dá-cá todo o ecossistema marinho fica abalado."
Quando, meses atrás, técnicos da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo chegaram à Ilha Comprida, no litoral sul paulista, descobriram que ali tinham sido vendidos 300 mil lotes em uma área que, para se evitar o excesso de esgoto, comportaria no máximo 70 mil. "Quem compra um terreno no litoral deve exigir um comprovante de que o loteamento tem licença do órgão ambiental da região", aconselha Ivan Gânglio, diretor de Planejamento Ambiental da Secretaria. "Caso contrário, estará comprando hoje um pedaço do paraíso, para ter amanhã uma casa no inferno."
Quem se encontra no litoral ainda tem de cuidar em dobro do desperdício de água. Apenas 3 por cento da água que banha o planeta serviria para matar a sede do homem, ou seja, é água fresca; ocorre, porém, que três quartos desse total permanecem congelados nas regiões polares. Para tornar o líquido ainda mais precioso, três em cada dez lençóis aquáticos subterrâneos - formados pela chuva filtrada pela terra que se satura a determinada profundidade - estão contaminados também devido ao uso exagerado de pesticidas na agricultura, cujos resíduos tóxicos são arrastados solo abaixo pela água.
Para o geólogo Nélson Ellert, da Universidade de São Paulo, que há dez anos pesquisa a poluição desses lençóis, "o consumo excessivo de água causa estragos principalmente na região litorânea". Ali costuma haver o que se chama sobreexplotação, ou seja, a água fresca, menos densa fica sobre um lençol de água salgada, mais densa. "A diminuição em ritmo acelerado do volume de água doce faz subir aquela água que está logo abaixo, salgando portanto toda a fonte. O fenômeno não é raro, informa o pesquisador, citando áreas do litoral do Rio Grande do Norte, entre os casos mais recentes.
No hemisfério norte, cada vez com mais freqüência quem vai lavar as mãos depara com uma torneira seca e não se surpreende com isso: equipamentos hidráulicos modernos acoplam células fotossensíveis, que fazem a água jorrar apenas quando as mãos estiverem na direção do jato. Isso evita por exemplo a velha cena da escovação dos dentes enquanto a água fresca escorre pelo ralo, um descuido de quem desconhece o seu valor para o homem. Estuda-se também acima do equador a possibilidade de reaproveitar no vaso sanitário a água usada na pia. Faz sentido: cada vez que se aperta a válvula da descarga. o jato contém no mínimo 5 litros de água fresca tratada, a mesma que serviria para a higiene pessoal.
O desperdício é provavelmente o mais curto estopim da bomba ecológica que está para estourar nos próximos anos. Aparece camuflado nas atitudes mais inocentes. como a da dona de casa caprichosa que verte doses generosas de amaciante de roupa no tanque. "Detergentes, sabões, amaciantes, tudo isso no mercado nacional é declarado biodegradável, ou seja, suas moléculas são naturalmente assimiladas pelo ambiente. Mas na prática é outra história", adverte o químico Omar El Seoud, da Universidade de São Paulo, especialista no assunto. "Se o esgoto não passar por três etapas de tratamento - o que nem sempre acontece -, o produto não terá condições de ser degradado, transformando-se em mais uma substância tóxica no ambiente", adverte. "Por isso. ultrapassar a recomendação da embalagem é gerar doses extras de poluição."
Pior é quando se trata daquilo que se joga fora - no sentido literal: a humanidade precisará de aterros suficientes para os 60 milhões de toneladas de lixo que se estima serão produzidos nos próximos sessenta anos. O problema não é apenas a falta de espaço, que já desespera os americanos, por exemplo, mas a contaminação do solo, quando este não é preparado para receber os resíduos, como acontece com oito de cada dez aterros no Brasil. "A única saída é a reciclagem", prevê a engenheira Maria Helena Orth, diretora de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), uma mulher bem-vestida e de hábitos refinados que há quinze anos está de olho nos cerca de 700 gramas que cada brasileiro põe fora todo dia. "É a metade do que ele consome", calcula.
Reaproveitar aquilo que se elimina é um costume em relação ao qual o Brasil  
engatinha. O Japão, mestre nessa tecnologia recicla aproximadamente 
metade dos 100 milhões de toneladas do lixo produzidos por ano - fabricam com a matéria-prima das lixeiras, entre outras coisas, papel higiênico suficiente para embrulhar a Terra quatro vezes. Na Europa Ocidental, em média, um terço do lixo é reciclado: para estimular a população a separar embalagens de resíduos orgânicos. os franceses até criaram postos onde se trocam garrafas latas e caixas de papelão por billets de metrô ou de ônibus.
Muitas vezes, pode-se ajudar o ambiente simplesmente criando menos lixo, como, fiel às suas convicções, pretende o deputado federal Fábio Feldman, do PSDB de São Paulo, primeiro representante do ambientalismo no Congresso. Ele prepara um projeto pelo qual a indústria que utiliza embalagens descartáveis terá a obrigação de reaver 40 por cento desse material depois de vendido. "O consumidor deveria optar pelo descartável só em último caso, quando vai viajar, por exemplo, ensina. Seria ingênuo em todo caso imaginar que, se cada um cuidar das pequenas questões, as grandes se resolverão sozinhas.
O zelo ecológico na vida pessoal não exclui outras formas de ação, destinadas a influenciar as decisões dos poderosos deste mundo. É por isso que cientistas laureados como o astrônomo Carl Sagan e o químico Linus Pauling, além de manterem regulados os motores de seus carros, como se presume, assinam manifestos dirigidos ao governo americano pedindo leis mais duras de defesa do ambiente. Não é por mero otimismo que observadores como a socióloga Laura Tetti, da Cetesb, a agência de saneamento ambiental do governo paulista, acreditam que as pessoas estão dispostas a pagar o preço necessário para conservar o ambiente e, em última análise, a própria qualidade de vida. "Já passou a fase do ambientalismo romântico", analisa ela. "Todos agora querem receitas para cooperar."

Dinheiro no lixo

No Brasil, apenas 0,8 por cento do lixo é reaproveitado - e isso graças aos garrafeiros e catadores de papel. Mas o governo começa a remexer o problema. De dezembro do ano passado a março último, os moradores do bairro paulistano de Vila Madalena participaram de uma experiência pioneira: receberam sacolas para recolher papéis, latas, vidros, enfim, materiais recicláveis que habitualmente vão parar no lixo. Mais que o zelo ambiental, o que moveu a Prefeitura foi a preocupação com o dinheiro. Não é para menos: tratar as 12 mil toneladas de lixo que os paulistanos produzem todos os dias consome 15 de cada 100 cruzados da receita municipal. Em quatro meses de experiência a Administração conseguiu vender 70 toneladas daquele tipo de material - diante desse resultado,o projeto deverá ser implantado para valer  na cidade.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Mar de desperdício - Reciclagem


MAR DE DESPERDÍCIO - Reciclagem



Os moradores da cidade de Seattle, nos Estados Unidos, passaram a ter mais cuidado com o que põem na lata de lixo desde 1º de janeiro deste ano, quando entrou em vigor uma nova lei municipal que pretende incentivar a separação de material para reciclagem. A quantidade de papel, vidro, plástico e alumínio não poderá mais exceder 10% do volume colocado na lata de lixo comum, em um exame visual. Quem violar essa regra vai receber, neste ano, somente uma advertência. A partir do ano que vem, a prefeitura passará a cobrar uma multa e, em determinados casos, deixará de recolher o lixo de quem não separar os itens recicláveis. Com essa medida, Seattle quer se firmar como a cidade-modelo nos Estados Unidos em relação à maneira como lida com o lixo. Sua meta é chegar a um índice de 60% de reciclagem até o ano 2010. Para se ter uma idéia, Nova York, apontada como a capital mundial do lixo, com produção de cerca de 11 000 toneladas diárias, recicla menos de 20% dos seus resíduos.

Iniciativas como a de Seattle, que tendem a ser copiadas por outras cidades, tentam evitar que o mundo naufrague em um mar de lixo. É assim que os mais pessimistas vêem a humanidade até o final deste século. Além da população de 9 bilhões de pessoas prevista para o planeta até 2050, eles levam em conta o provável crescimento do nível de consumo por habitante. Quanto maior o consumo, maior o volume de descarte. Essa equação aponta que, nas próximas décadas, a quantidade de resíduos sólidos deve aumentar bem mais do que a população - nos últimos anos, ela cresceu duas vezes mais que a população. No município de São Paulo, por exemplo, o número de habitantes cresceu cerca de 20% na última década. No mesmo período, o volume de lixo aumentou 80%.

"Quanto mais se produz, maior a quantidade de resíduos, sejam provenientes do processo de fabricação, seja do encerramento da vida útil da mercadoria", diz o economista Sabetai Calderoni, consultor da ONU e autor do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo (Humanitas, 1997). O que fazer para não morrer afogado num mar de lixo? Parar de consumir e voltar ao tempo das cavernas? Não é preciso ser tão radical, dizem os especialistas. Basta que os governantes, as empresas e os cidadãos comuns revejam alguns de seus velhos hábitos e procedimentos. As perspectivas não são tão sombrias assim: 90% do que se joga fora poderia ser reciclado e voltar para a sociedade em forma de energia ou novos produtos. Os países da comunidade européia assinaram um acordo para, até 2006, eliminar todos os lixões e aterros sanitários. A idéia é instalar máquinas de reciclagem de resíduos sólidos e biodigestores que transformem resíduos orgânicos em fertilizantes ou energia.

Cada homem produz, em média, cinco quilos de lixo por dia. A maior concentração está nas regiões mais ricas, que consomem mais, e nas mais populosas, pelo acúmulo. Do total produzido, 76% acaba nos lixões a céu aberto. A situação dos oceanos também preocupa. Anualmente, eles recebem 14 bilhões de quilos de resíduos. Cerca de 100 000 mamíferos e um milhão de aves marinhas morrem a cada ano ao se alimentar de lixo, principalmente de sacos plásticos jogados na água. "Descartar os resíduos pura e simplesmente é interromper o ciclo de vida útil de milhares de produtos, além de trazer muitos e caros problemas para a vida do homem", diz Calderoni. Ele lembra que o acúmulo de lixo tem impacto direto na qualidade da água e do solo e, assim, na saúde humana.



ATÉ NO ESPAÇO

Há muito mais resíduos do que é visível nos lixões, nas ruas ou nos rios. O lixo industrial (produzido principalmente pelo descarte de eletroeletrônicos, como celulares e computadores) e até o espacial também são preocupantes. De meados do século 20 até o final de 2004, estima-se que tenham sido descartados 315 milhões de computadores no mundo. E quase 3 000 toneladas de lixo espacial - desde fragmentos de foguetes até satélites artificiais desativados - orbitavam a menos de 200 quilômetros da Terra, na virada do século. A Nasa prevê que esse número vá dobrar até 2010.

Muita gente não se dá conta de que, para se livrar do lixo, não é só jogá-lo em uma lixeira e pronto. O lixo não some da sua vida quando você joga aquele pneu ou sofá velho no rio. Quando menos você espera, poderá sofrer os efeitos daquilo que descartou, pois o acúmulo de resíduos nos lixões produz substâncias tóxicas, tanto líquidas como gasosas. A falta de percepção disso é um dos maiores entraves para resolver o problema da destinação do lixo. No livro Os Bilhões Perdidos no Lixo, Calderoni mostra que a questão envolve vários aspectos da vida humana e não pode ser analisada de forma pontual, apenas como uma alternativa de geração de renda para populações pouco qualificadas. "Racionalizar o consumo de embalagens e produtos e destinar o restante para reciclagem não é favor para ninguém, mas uma questão de sobrevivência", afirma o consultor da ONU. Sua contabilidade dos bilhões que jogamos no lixo inclui o desperdício de comida. Só o Brasil descarta em alimentos o equivalente a 1,4% do seu PIB.
Embora de importância indiscutível, a reciclagem não é a única saída para o lixo. Na verdade, na política dos "cinco Rs", aplicada no mundo inteiro em relação a resíduos, a reciclagem é indicada como a última medida. Antes dela, os especialistas recomendam Refletir sobre a compra de um produto, Recusar se o mesmo não for necessário, Reduzir o consumo como uma diretriz de vida, Reutilizar tudo o que puder e, por fim, Reciclar os produtos. Não parece tão complicado, não é mesmo?


Tendências




- SELETIVA

A coleta seletiva de lixo é uma política que tende a ser adotada cada vez mais. Apesar do seu caráter educativo, pode passar a incluir medidas punitivas para quem não separar os itens recicláveis do resto do lixo.



- EXPLOSÃO

A quantidade de lixo no mundo vem crescendo em ritmo superior ao da população. Como o nível de consumo também vem aumentando, a tendência é que as grandes metrópoles, a exemplo de Nova York, tenham de "exportar" seus resíduos para outras cidades.



- FIM DOS LIXÕES
A instalação de máquinas de reciclagem de resíduos sólidos e biodigestores para produção de fertilizantes pode ser um passo para eliminar os lixões e aterros sanitários.


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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lixo precioso - Reciclagem de PET

LIXO PRECIOSO - Reciclagem de PET



Você não percebe, mas a saboneteira que está no seu banheiro, a tinta que cobre as paredes do seu quarto ou o cano que leva o esgoto da sua casa até a rede pública pode já ter passado por suas mãos algum tempo antes. A evolução tecnológica da reciclagem de plásticos permite que a embalagem de refrigerante de ontem tenha, hoje, essas entre tantas outras formas.

Quando as garrafas de vidro começaram a ser substituídas pela resina polietileno tereftalato (PET), no final dos anos 80, havia iniciativas tímidas para sua reciclagem. As embalagens de refrigerante descartadas davam origem a alguns modelos de cordas e tecidos de poliéster. Na década de 90, com a saída quase total do vidro do mercado de refrigerantes e a adoção do PET em outros segmentos da indústria de embalagens, os processos de reciclagem avançaram rapidamente. Além dos aspectos ambientais, reciclar plástico vem se transformando em um promissor negócio para muita gente. "A tecnologia se desenvolveu com muita velocidade nos últimos anos. Já conseguimos, a partir dos processos de reciclagem, uma matéria-prima com características muito próximas às da resina virgem", diz o engenheiro químico Antonio Cláudio dos Santos, integrante da Comissão de Meio Abiente da Associação Brasileira das Indústrias de PET (Abipet). Isso significa que muita coisa que antes precisava de resina vinda da natureza hoje pode ser feita a partir do processamento de produtos jogados no lixo.
As pesquisas se direcionam também para aprimorar a transformação de PET reciclado em embalagens de alimentos. É o chamado bottle to bottle (de garrafa para garrafa). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil, e órgãos semelhantes no exterior ainda proíbem o uso de PET reciclado em embalagens que tenham contato direto com os alimentos. É uma precaução contra algum tipo de contaminação que o material possa ter sofrido em sua vida anterior. "Há experiências de grande sucesso em bottle to bottle na França, na Austrália e em outros países, usando reatores no processo de produção", diz Santos. No Brasil, há três empresas que utilizam essa tecnologia. Elas transformam garrafas PET recicladas em embalagens novas para produtos de limpeza.

Desperdício
Em 2003, o Brasil reciclou 140 000 toneladas de garrafas PET, segundo a Abipet. Em relação ao ano anterior, o avanço foi de 35%. Acredita-se que o Brasil recicle cerca de 40% do PET que produz. "Poderia ser mais", avalia o engenheiro Antonio Cláudio dos Santos. "As iniciativas de conscientização da população ainda são muito tímidas, bem como o investimento governamental em sistemas de coleta seletiva próprios ou de incentivo à organização dos catadores". Ele mostra que o crescimento dessa indústria, tanto no aspecto econômico quanto no ambiental, pode ser prejudicado caso não haja uma conscientização maior, principalmente do consumidor final. "A indústria de reciclagem brasileira carece de matéria-prima. Ainda se enterra muita garrafa PET", lamenta.

O impacto da descoberta
Os avanços tecnológicos no processo de fabricação de embalagens a partir de Pet reciclado levaram a uma economia de até 96% nos gastos com energia, em comparação com os meios tradicionais que dependem da resina originada diretamente do petróleo

terça-feira, 9 de junho de 2009

Novo alvo na luta contra aquecimento global

24/04/09 - 12h02 - Atualizado em 24/04/09 - 12h02

Fuligem de fogões a lenha é novo alvo na luta contra aquecimento global
'Carbono negro' pode ser responsável por 18% da mudança climática.
Vastas regiões da Índia e da África emitem esse tipo de poluente.

"É difícil de acreditar que isso está derretendo as geleiras", disse Veerabhadran Ramanathan, um dos maiores cientistas do clima do mundo, enquanto percorria cabanas feitas de tijolo de barro, cada uma contendo um forno de barro que libera fuligem na atmosfera. Enquanto mulheres envoltas em sáris multicoloridos fabricam pão e cozinham lentilhas no começo da noite sobre o fogo alimentado de galhos e esterco, crianças tossem devido à densa fumaça que preenche as casas. Uma sujeira preta reveste o lado de dentro de tetos de palha. No nascer do dia, uma nuvem negra se estica pela paisagem como um lençol escuro e diáfano.




Vila de Pipal Kheda, na Índia, coberta da fumaça do fogo usado para cozinhar (Foto: Adam Ferguson/NYT)
Em Kohlua, na Índia central, sem carros e sem eletricidade, as emissões de dióxido de carbono, o principal gás detentor de calor relacionado ao aquecimento global, são quase nulas. No entanto, a fuligem – conhecida também como carbono negro – produzida por dezenas de milhares de vilas como esta está emergindo como uma grande e antes minimizada fonte causadora do aquecimento climático global.

Apesar do dióxido de carbono ser o contribuidor número um para o aumento das temperaturas no mundo, afirmam cientistas, o carbono negro emergiu como o número 2 em importância. Estudos recentes estimam que ele é responsável por 18% do aquecimento do planeta, em comparação aos 40% atribuídos ao dióxido de carbono. Diminuir as emissões de carbono negro poderia ser uma forma relativamente barata de frear significativamente o aquecimento global – especialmente no curto prazo, sustentam especialistas em clima. Substituir fornos primitivos por versões mais modernas, capazes de emitirem muito menos fuligem, poderia se tornar uma solução temporária bastante necessária, enquanto os países lidam com a tarefa mais difícil de iniciar programas e desenvolver tecnologias com o objetivo de restringir as emissões de dióxido de carbono a partir de combustíveis fósseis.

Na verdade, reduzir o carbono negro é apenas um de uma série de reparos climáticos, relativamente rápidos e simples, usando tecnologias existentes – geralmente chamados de "fruta ao alcance da mão" – que os cientistas reafirmam a necessidade de serem colhidas imediatamente, a fim de evitar as conseqüências mais desastrosas já projetadas para o aquecimento global. "Está claro para qualquer pessoa que se importa com as mudanças climáticas que isto terá um enorme impacto no ambiente global", disse Ramanathan, professor de ciências climáticas do Scripps Institute of Oceanography, atualmente desenvolvendo trabalhos com o Instituto de Energia e Recursos de Nova Déli num projeto para ajudar famílias pobres a adquirir novos fornos.

"Em termos de mudanças climáticas, estamos indo rapidamente em direção a um penhasco. Isso nos pouparia algum tempo", disse Ramanathan, que deixou a Índia há 40 anos, mas voltou ao seu país-natal por causa do projeto.



Efeito rápido
Melhor ainda, a diminuição da fuligem poderia ter um efeito bastante rápido. Ao contrário do dióxido de carbono, capaz de perdurar na atmosfera por anos, a fuligem permanece ali por algumas semanas. Mudar para fornos que emitem pouca fuligem removeria rapidamente os efeitos de aquecimento do carbono negro. Fechar um local de produção de carvão leva anos para reduzir substancialmente as concentrações globais do gás. Na Ásia e na África, fornos de cocção produzem grande parte do carbono, apesar dele também emanar de motores a diesel e produtoras de carvão. Nos Estados Unidos e na Europa, as emissões de carbono negro já foram reduzidas significativamente por filtros e outras ferramentas.

Como minúsculos absorvedores de calor, as partículas de fuligem aquecem o ar e derretem o gelo ao absorver o calor do Sol quando elas se estabelecem nas geleiras. Um estudo recente calculou que o carbono negro pode ser responsável por cerca da metade do aquecimento do Ártico. Apesar das partículas tenderem a se estabilizar com o tempo e não terem o alcance global dos gases do efeito estufa, elas se deslocam, descobriram os cientistas. A fuligem originária da Índia foi encontrada nas Ilhas Maldivas e no platô tibetano; a partir dos Estados Unidos, ela viaja para o Ártico. As implicações ambientais e geopolíticas das emissões de fuligem são enormes. Estima-se que as geleiras do Himalaia irão perder 75% do seu gelo até 2020, segundo o professor Syed Iqbal Hasnain, especialista em geleiras do estado indiano de Sikkim.

Essas geleiras são a fonte da maioria dos grandes rios da Ásia. O resultado no curto prazo do derretimento glacial são inundações graves em comunidades montanhosas. O número de inundações a partir de lagos glaciais já está aumentando acentuadamente, disse Hasnain. Quando as geleiras encolherem, os grandes rios da Ásia vão ter seu fluxo diminuído ou secar durante parte do ano. Batalhas desesperadas por água certamente surgirão como conseqüência, numa região já cheia de conflitos.

Médicos há muito tempo condenam o carbono negro por seus efeitos devastadores à saúde em países pobres. A combinação de benefícios à saúde e ao meio ambiente significam que a redução da fuligem oferece "um excelente retorno", disse Erika Rosenthal, experiente advogada da Earth Justice, organização baseada em Washington. "Agora, faz parte do interesse pessoal de cada um lidar com coisas como esse tipo de forno – não só porque milhares de mulheres e crianças lá longe estão morrendo cedo."

Mulher cozinha com lenha na vila de Kohlua, na Índia (Foto: Adam Ferguson/NYT)
Nos Estados Unidos, uma lei foi apresentada pelo Congresso, em março, que poderia exigir da Agência de Proteção Ambiental o direcionamento de ajuda a projetos para a redução do carbono negro no exterior, incluindo introduzir novos fornos em 20 milhões de lares. Eles custariam cerca de US$ 20 cada e usariam energia solar, ou outra mais eficiente. A fuligem seria reduzida em mais de 90%. Os fornos solares não usam galhos nem esterco. Outros fornos novos simplesmente queimam o combustível de forma mais limpa, geralmente pulverizando o combustível primeiro e adicionando um pequeno ventilador capaz de melhorar a combustão.

É difícil imaginar que vilas rurais remotas, como Kohlua, possam ter um papel fundamental para lidar com a crise do aquecimento global. Não existem carros aqui – o jipe branco antigo do chefe do vilarejo fica estacionado, porém sem uso, na frente de sua casa, como uma peça de museu. Não existe água corrente e a energia elétrica é esporádica, responsável por alimentar apenas algumas lâmpadas. Os 1.500 moradores daqui cultivam trigo, mostarda e batatas, e trabalham diariamente em Agra, onde fica o Taj Majal, a cerca de duas horas de ônibus.



Dois dólares por dia
Eles ganham cerca de US$ 2 por dia e, em sua maioria, nunca ouviram falar sobre aquecimento global. Porém, eles notaram períodos de seca frequentes nos últimos anos, o que muitos cientistas atribuem ao fenômeno do aquecimento. Os moradores também estão cientes de que o carbono negro é corrosivo. Em Agra, fornos e motores a diesel são proibidos na área ao redor do Taj Majal, pois a fuligem pode causar danos à preciosa fachada.

Ainda assim, substituir centenas de milhares de fornos – a fonte de calor, comida e água potável – não é uma questão simples. "Tenho certeza de que eles seriam lindos, mas teria que primeiro vê-los, experimentá-los", disse Chetram Jatrav, enquanto se agachava junto ao seu forno, fazendo chá e um pão chamado roti. Suas três crianças tossiam.

Ela gostaria de ter um forno "que fizesse menos fumaça e usasse menos combustível", mas não pode comprar, disse ela, jogando no fogo o esterco comprado por um rupee (moeda local). Ela havia acabado de comprar seu primeiro rolo de massa, assim o pão poderia sair "redondinho", como seus filhos tinham visto na escola. Igualmente importante, a chama aberta do forno dá sabor a alguns dos alimentos tradicionais. Pressionar os moradores das vilas a fazer roti num forno solar é quase como pedir a um italiano que cozinhe risoto no micro-ondas.

Em março, o projeto dos fornos novos, disse Surya, começou "uma fase de teste" com seis fornos alternativos nas vilas, em parte para quantificar seus benefícios. Os pesquisadores já se preocupam com o fato de que os novos fornos parecem instrumentos científicos e são frágeis; um deles até quebrou quando um morador local empurrou objetos com muita força.

No entanto, se o carbono negro tiver de ser administrado em grande escala, a aceitação dos novos fornos é crucial. "Não vou chegar para os moradores e dizer que o dióxido de carbono está aumentando e que em 50 anos poderemos ter enchentes", disse Ibrahim Rehman, colaborador de Ramanathan no Instituto de Energia e Recursos. "Vou falar com a mulher sobre seus pulmões e os dos seus filhos, mas sei que isso também vai ajudar com as mudanças climáticas."