quinta-feira, 12 de junho de 2014

Morar no Espaço - Tecnologia


MORAR NO ESPAÇO - Tecnologia



A estação Alpha, próxima
etapa da exploração sideral,
ficará em órbita da Terra como um laboratório permanentemente habitado a
460 quilômetros de altitude, a partir de 2002.
Veja como ela vai ser construída, peça por peça



A nova etapa da conquista do céu começou com um aperto de mãos. No dia 29 de junho, o americano Robert Gibson, comandante do ônibus Atlantis, atracou na estação orbital Mir, atravessou um túnel de conexão entre as duas naves e cumprimentou o comandante russo Vladimir Dezhurov. O gesto marcou o sucesso do acoplamento das naves e o início do mais ambicioso projeto espacial até agora: a estação Alpha.
Nascida das cinzas do projeto Freedom, rejeitado há dois anos pelo Congresso norte-americano por causa do seu preço (23 bilhões de dólares), a Alpha consagra a divisão de custos e a cooperação entre Estados Unidos, Rússia, Japão, Canadá e a Comunidade Econômica Européia. Orçada em 17,4 bilhões de dólares, divididos entre os parceiros conforme seus projetos particulares, estará pronta no ano 2002. Será um laboratório permanentemente em órbita da Terra, voando a 28 000 quilômetros por hora. O objetivo inicial é realizar experiências científicas na microgravidade, que equivale a um milionésimo da gravidade existente na Terra. Uma das primeiras beneficiadas será a biotecnologia, pois a diminuição do peso facilita o estudo da estrutura das proteínas.
Outro objetivo é a exploração futura de Marte. A idéia é testar com os tripulantes as maneiras de compensar o efeito da redução da gravidade sobre o corpo humano e analisar os efeitos das radiações cósmicas no organismo.
Também a cooperação internacional será testada. Há vinte anos, em 17 de julho de 1975, os astronautas americanos e russos das naves Apolo e Soyuz apertaram as mãos no espaço. Mas a guerra fria impediu o desenvolvimento da cooperação. Com o fim do comunismo e a crise econômica mundial, o alto custo dos programas aproximou os países, de novo. A NASA, agência espacial americana, e o Centro Espacial de Baikonur, que os russos mantêm no Cazaquistão, estão sob aguda crise orçamentária. A Alpha une todos os países interessados na exploração do espaço, rateia os orçamentos e mantém ocupados cientistas que poderiam ser atraídos para a indústria bélica. Mas para dar certo, precisa de 15 anos de relações internacionais estáveis.
Trinta e quatro viagens de ônibus espaciais americanos e foguetes russos serão necessárias para transportar e montar as peças da Alpha. O projeto está dividido em três fases. A primeira, que começou com o aperto de mãos entre o russo e o americano em junho passado, compreende dez vôos dos ônibus espaciais americanos para acoplamento com a Mir, a serem realizados entre 1995 e 1997. O objetivo é criar uma rotina de trabalho entre tripulações de países diferentes.
A segunda etapa se inicia em novembro de 1997, com a construção efetiva da nova estação. A primeira coisa a ser levada para cima é a Salyut FGB, um veículo russo que contém os propulsores e os meios de controle para manter a nova estrutura na órbita estabelecida. Essa fase vai até setembro de 1998, com os lançamentos de duas unidades de acoplamento, um módulo de serviço russo, uma plataforma de fornecimento de energia e o laboratório americano. Ao fim de onze meses, a Alpha estará pronta para começar as experiências científicas, com três tripulantes a bordo. Uma nave Soyuz permanecerá acoplada à estação, como veículo para emergências.
A terceira fase termina em junho de 2002. Até lá, terá sido agregada uma estrutura central, onde serão conectados os painéis solares que fornecerão energia, e os módulos de pesquisa Columbus (europeu) e JEM (japonês). Uma outra nave de emergência Soyuz e um guindaste robotizado canadense para manutenção externa também vão ser incorporados.
A Alpha será controlada pelo Centro Espacial Houston, nos Estados Unidos, que apoiará o trabalho dos seis astronautas a bordo, substituídos a cada seis meses, durante operações de abastecimento rotineiras dos ônibus espaciais. A cada três meses, haverá um vôo. Vivendo no módulo de habitação, os astronautas terão a bordo cama, artigos de higiene pessoal, fogão, geladeira, comida e uma sala para refeições, reuniões e videoconferências com o pessoal de terra. Terão até chuveiro, mas água que é bom, só para um banho rápido de dois em dois dias. Em compensação, a vista da janela será a mais deslumbrante do mundo.

Uma linha de montagem flutuante

1 - Novembro de 1997

O primeiro vôo leva a Salyut FGB, o propulsor fabricado pela Rússia que manterá a Alpha em órbita.

2 - Julho de 1998

A estação estréia as unidades de acoplamento, o módulo de serviço e uma nave Soyuz, que vai ser usada em caso de emergência.

3 - Fevereiro de 1999

Os primeiros painéis de captação de energia solar já estarão montados. Entra em funcionamento o primeiro laboratório americano.

4 - Novembro de 1999

Colocadas várias partes da armação central, com os sistemas de conexão necessários, mais unidades de acoplamento e o laboratório russo.

5 - Março de 2000

Acopladas outras partes da estrutura central e mais painéis solares. Entra em funcionamento o módulo de pesquisa japonês JEM.

6 - Junho de 2002

Armação central e painéis solares completos. Sobem mais dois laboratórios russos e a plataforma externa japonesa. A estação está pronta com o módulo de pesquisa europeu Columbus e o compartimento de habitação.


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