7 armas bárbaras lendárias
Os romanos descreveram as civilizações que viviam além de suas fronteiras como “bárbaros” selvagens, mas essas tribos antigas eram qualquer coisa, menos primitivas.
Os líderes de grupos como os godos, celtas, hunos e vândalos eram quase sempre estrategistas militares brilhantes, e seus artesãos eram capazes de criar armas e tecnologia bélica avançadas, desde lâminas e arcos até armas de cerco. Conheça melhor as sete armas que as tribos guerreiras utilizavam pata enfrentar o Império Romano.
1. O machado de batalha
Poucas armas bárbaras causavam tanto medo quanto o machado. Enquanto a maioria dos guerreiros tribais levava lanças ou espadas para o combate, os soldados germânicos eram conhecidos por manejar machados de batalha pesados e capazes de destruir escudos, armaduras e capacetes com um único golpe. Já os francos tinham uma predileção por um machado de peso leve conhecido como “francisca”, o qual poderia ser usado como uma arma para mutilar ou para ser arremessada como um projétil, à queima roupa. “A cabeça de ferro dessa arma era espessa e excessivamente afiada nos dois lados, enquanto o punho de madeira era muito curto”, escreveu o historiador Procópio sobre a francisca no século VI d.C. “E eles estavam acostumados sempre a lançar esses machados ao sinal do primeiro ataque e destruir os escudos dos inimigos, matando-os”. O machado foi uma das várias armas bárbaras a serem utilizadas na Idade Média. Ele era especialmente popular entre a guarda varegue, um bando de mercenários vikings que atuava como guarda-costas dos impérios bizantinos nos séculos X e XI.
2. A espada longa
A espada longa de dois gumes era a principal arma dos gauleses, um conjunto de tribos celtas que viviam no território que agora é conhecido como França, Bélgica e oeste da Alemanha. Ao contrário do gládio, uma espada romana e mais curta utilizada principalmente para apunhalar, as espadas de ferro manejadas pelos galeses eram projetadas para cortar o inimigo em um movimento descendente semelhante a um golpe de machado. As espadas tendiam a ser menos eficientes em campos de batalha abarrotados, onde não havia muito espaço de manobra, mas elas eram especialmente mortais em combates individuais e de guerrilha – as táticas preferidas dos bárbaros. A espada longa foi figura de destaque em várias guerras travadas entre os gauleses e a República Romana. Quando o chefe gaulês Breno invadiu a Itália, no século IV a.C., suas tropas utilizaram de forma notória seus sabres para perfurar escudos e derrotar o exército romano ao longo do rio Allia. Em seguida, realizaram um terrível saque na cidade de Roma.
3. Cota de malha
Algumas vezes, as tribos bárbaras eram conhecidas por entrar de surpresa em batalhas completamente nuas para intimidar seus inimigos, mas elas também possuíam uma ampla variedade de escudos e armaduras. Entre as mais eficientes, estava a cota de malha, que teria sido inventada na Europa pelos celtas gauleses no século III a.C. A maioria das malhas gaulesas tinham o formato de uma camisa de manga curta ou de um colete feito de um enredamento de pequenos anéis metálicos. Isso dava flexibilidade ao mesmo tempo em que protegia o usuário de golpes cortantes por espadas e adagas, que simplesmente raspavam em sua superfície exterior e dura. A cota de malha era extremamente trabalhosa para fazer – uma única armadura podia incluir dezenas de milhares de anéis –, por isso ela costumava ser usada por chefes bárbaros e aristocratas em vez de soldados de baixo escalão. No entanto, sua eficácia em combate fez com que ela fosse altamente valorizada pelos romanos, que acabaram adotando camisas de malha parecidas e conhecidas como “lorica hamata” para suas legiões.
4. A carruagem celta
Durante suas campanhas na Grã-Bretanha, em 55 e 54 a.C., Júlio César se tornou o primeiro general romano a encontrar carros de combate das tribos celtas nativas. Esses veículos eram geralmente compostos por dois cavalos com rodas de aro de ferro e plataformas resistentes feitas de vime e madeira. No combate, eles funcionavam como uma espécie de transporte pessoal antigo: condutores deixavam um guerreiro solitário perto da luta, escondiam-se e depois voltavam para pegar o soldado se ele estivesse ferido ou precisasse recuar. “Eles [os guerreiros] andam por todas as direções e lançam suas armas e muitas vezes quebram as fileiras dos inimigos com o grande pavor causado pelos cavalos e o barulho das rodas”, escreveu César, “e quando eles fazem seu trabalho por entre as tropas de cavalos, saltam das carruagens e entram na luta a pé”. Posteriormente, a carruagem britânica teria um papel fundamental na revolta de 60 d.C. da rainha guerreira Boadiceia, que uniu várias tribos celtas contra os romanos. Embora ela tenha conseguido arrasar três cidades bretãs da província romana, seus carroceiros acabaram sendo cercados e abatidos na Batalha de Watling Street.
5. A falcata
Quando os romanos invadiram a atual Espanha, em 218 a.C., eles ficaram cara a cara com uma tribo bárbara conhecida como celtiberos. Esses guerreiros eram reconhecidos tanto por sua capacidade de luta em guerrilhas quanto por sua habilidade como ferreiros. Uma de suas armas mais famosas era a “falcata”, uma espada de aço curvada, com 60 cm de comprimento, com um gume perto do punho e dois gumes na ponta. A arma pesava mais na direção da ponta, o que lhe permitia cortar e apunhalar com maior facilidade através da armadura. Ela era conhecida, inclusive, por cortar espadas romanas pela metade. A falcata serviu bem os bárbaros por mais de 200 anos de guerra com Roma e era altamente valorizada pelo antigo general Aníbal, que equipava as tropas cartaginesas com ela durante a Segunda Guerra Púnica. Armas celtiberas também se mostraram influentes para os romanos. Depois de encontrarem aço espanhol de qualidade superior, eles transformaram a pequena espada celtibera no famoso gládio das legiões romanas.
6. O arco recurvo
No século V d.C., Átila e seus hunos saqueadores das estepes invadiram a Europa a partir do leste e traçaram um caminho sangrento por todo o Império Romano. O “Flagelo de Deus” (como Átila era conhecido) e seus hunos chocaram os ocidentais com sua cavalaria móvel e táticas de batida e fuga, mas eles possuíam também uma arma nova e formidável: o arco recurvo. A maioria dos guerreiros hunos levava arcos feitos de madeira, nervos, chifre e ossos. Ao contrário dos arcos ocidentais essas armas das estepes eram feitas de modo que se curvassem em direção a si mesmas nas extremidades, o que gerava uma rotação e fazia com que as flechas voassem com velocidade suficiente para penetrar armaduras a 90 metros de distância. Eles também eram menores que os arcos tradicionais, sendo mais fáceis de manejar em um cavalo. Os arqueiros montados hunos eram conhecidos por sua habilidade em disparar seus arcos com precisão, mesmo andando a todo galope. Nas batalhas, eles geralmente emboscavam seus adversários em grupos dispersos, disparando uma metralhadora devastadora de flechas antes de se esconderem. Depois que o inimigo estivesse enfraquecido, os hunos se aglomeravam sobre ele e finalizavam o trabalho com lanças, sabres e até mesmo laços.
7. Torres de cerco e aríetes
Ao contrário de grande parte dos grupos bárbaros, os hunos eram especialmente proficientes na guerra de cerco. Eles ganharam conhecimento da tecnologia de cerco enquanto serviam como auxiliares romanos e é possível que eles tenham contado com a ajuda de prisioneiros e desertores romanos na construção de máquinas de guerra. Segundo a descrição do cronista Prisco de Pânio do cerco de Naísso em 443 d.C., os hunos usaram torres de cerco imensas e com rodas, para levar os arqueiros protegidos às muralhas, e chuvas de flechas nos defensores da cidade. Eles também esmurraram as paredes da cidade com enormes aríetes, que Prisco descreveu como “um feixe com uma ponta de metal afiada e suspensa em correntes que pendiam de uma estrutura de madeira em forma de V”. As armas de cerco dos hunos só o fizeram destruir Naísso e eles seguiram para a captura de várias outras cidades fortalezas do Império Romano, incluindo as cidades conhecidas hoje como Sófia, Povdiv, Lüleburgaz. O imperador romano do Oriente, Teodósio II, deu fim a essa destruição, pagando quantias grandes, mas não demorou muito até que Átila, o Huno desse início a outra campanha mortal – dessa vez contra a Europa Oriental e a Itália.
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