24/02/2011 17h22 - Atualizado em 24/02/2011 17h22
Game que estimula brincadeiras sensuais chega para Wii e PS3
'We Dare' da Ubisoft promete agitar a noite dos casais.
Desafios incluem strip-tease e tapinhas no bumbum.
'We Dare' da Ubisoft (Foto: Reprodução)Um game da produtora francesa Ubisoft propõe brincadeiras sensuais entre casais adultos. Chamado de "We Dare", o game utiliza os controles sensíveis a movimento Wii Remote, do Wii, e PlayStation Move, do PlayStation 3, para criar desafios entre os participantes.
Entre os minigames estão uma corrida para realizar um strip-tease, tapinhas no bumbum para que os personagens virtuais participem de uma corrida e beijar o controle para fazer com que os avatares do game comam uma maçã. A intenção da empresa é estimular casais e amigos com minigames sensuais.
Os jogadores podem criar seus personagens (ou usar os Miis no Wii) para realizar as tarefas usando os controles sensíveis a movimentos. Podem ser selecionados cinco temas para as festas como "encantador", "persuasivo", "aventureiro" e "picante", por exemplo, apresentando jogos diferentes.
PUBLICADOS BRASIL - DOCUMENTARIOS E FILMES... Todo conteúdo divulgado aqui é baseado em compilações de assuntos discutidos em listas de e-mail, fóruns profissionais, relatórios, periódicos e notícias. Caso tenha algo a acrescentar ou a retirar entre em contato. QSL?
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Empresa dos EUA desenvolve 1º 'beija-flor-robô' para espionagem
18/02/2011 10h03 - Atualizado em 18/02/2011 11h13
Empresa dos EUA desenvolve 1º 'beija-flor-robô' para espionagem
Protótipo tem uma envergadura de 6,5 polegadas.
Pássaro foi desenvolvido para a Agência de Defesa dos EUA.
Uma empresa da Califórnia, nos Estados Unidos, apresentou o primeiro "robô" em forma de beija-flor que pode ser controlado remotamente para voar como um pássaro de verdade.
Por meio da instalação de uma câmera, a AeroVironment divulgou um vídeo (assista) na quinta-feira (17) para mostrar como o pássaro artificial pode ser controlado remotamente para voar com precisão. Ele foi desenvolvido para a Agência de Defesa dos EUA.
Beija-flor artificial tem uma envergadura de 6,5 polegadas e voa com precisão (Foto: AP)O beija-flor usa apenas as suas duas asas para a impulsão e o controle do voo. Para o vídeo, um operador controlou o pássaro ao ar livre e depois o conduziu até a entrada de um prédio. O protótipo tem uma envergadura de 6,5 polegadas e um corpo feito em forma de um beija-flor de verdade.
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Empresa dos EUA desenvolve 1º 'beija-flor-robô' para espionagem
Protótipo tem uma envergadura de 6,5 polegadas.
Pássaro foi desenvolvido para a Agência de Defesa dos EUA.
Uma empresa da Califórnia, nos Estados Unidos, apresentou o primeiro "robô" em forma de beija-flor que pode ser controlado remotamente para voar como um pássaro de verdade.
Por meio da instalação de uma câmera, a AeroVironment divulgou um vídeo (assista) na quinta-feira (17) para mostrar como o pássaro artificial pode ser controlado remotamente para voar com precisão. Ele foi desenvolvido para a Agência de Defesa dos EUA.
Beija-flor artificial tem uma envergadura de 6,5 polegadas e voa com precisão (Foto: AP)O beija-flor usa apenas as suas duas asas para a impulsão e o controle do voo. Para o vídeo, um operador controlou o pássaro ao ar livre e depois o conduziu até a entrada de um prédio. O protótipo tem uma envergadura de 6,5 polegadas e um corpo feito em forma de um beija-flor de verdade.
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Eminem supera Lady Gaga como artista preferido no Facebook
25/02/2011 13h36 - Atualizado em 25/02/2011 13h41
Eminem supera Lady Gaga como artista preferido no Facebook
No momento, há 28.980.568 pessoas que 'curtiram' ele na rede social.
Rapper deve superar Michael Jackson, que conta com 29 milhões de 'curtiu'.
É oficial: Eminem é o artista vivo de quem mais pessoas no Facebook dizem "curtir". O rapper de Detroit superou Lady Gaga esta semana nesse quesito. No momento, há 28.980.568 pessoas que afirmam "curtir" ele na rede social, contra 28.929.906 que dizem curtir Lady Gaga.
Eminem, 38 anos, vem recebendo ultimamente, em média, meio milhão de adeptos por dia, segundo a Famecount. Se continuar nesse ritmo, em breve ele deve ultrapassar Michael Jackson como o artista "preferido" no Facebook, já que o Rei do Pop conta atualmente com 29,1 milhões de indicações.
Eminem é o artista vivo que os usuários do Facebook mais 'curtiram' (Foto: Reprodução)Mas, no quadro mais amplo de influência nas redes sociais, Lady Gaga está muito à frente de Eminem em matéria de seguidores no Twitter, com 5 milhões a mais que o rapper.
Esta semana Eminem alcançou a marca de 1 bilhão de vezes em que suas músicas foram tocadas no YouTube, tornando-se, com isso, o terceiro artista a conseguir esse feito. Ele perde para Lady Gaga e Justin Bieber, estando atrás dos dois por uma diferença de 190 milhões e 340 milhões de vezes, respectivamente, em que suas músicas foram tocadas.
Eminem supera Lady Gaga como artista preferido no Facebook
No momento, há 28.980.568 pessoas que 'curtiram' ele na rede social.
Rapper deve superar Michael Jackson, que conta com 29 milhões de 'curtiu'.
É oficial: Eminem é o artista vivo de quem mais pessoas no Facebook dizem "curtir". O rapper de Detroit superou Lady Gaga esta semana nesse quesito. No momento, há 28.980.568 pessoas que afirmam "curtir" ele na rede social, contra 28.929.906 que dizem curtir Lady Gaga.
Eminem, 38 anos, vem recebendo ultimamente, em média, meio milhão de adeptos por dia, segundo a Famecount. Se continuar nesse ritmo, em breve ele deve ultrapassar Michael Jackson como o artista "preferido" no Facebook, já que o Rei do Pop conta atualmente com 29,1 milhões de indicações.
Eminem é o artista vivo que os usuários do Facebook mais 'curtiram' (Foto: Reprodução)Mas, no quadro mais amplo de influência nas redes sociais, Lady Gaga está muito à frente de Eminem em matéria de seguidores no Twitter, com 5 milhões a mais que o rapper.
Esta semana Eminem alcançou a marca de 1 bilhão de vezes em que suas músicas foram tocadas no YouTube, tornando-se, com isso, o terceiro artista a conseguir esse feito. Ele perde para Lady Gaga e Justin Bieber, estando atrás dos dois por uma diferença de 190 milhões e 340 milhões de vezes, respectivamente, em que suas músicas foram tocadas.
Doença rara faz garota britânica não conseguir comer
23/02/2011 17h38 - Atualizado em 23/02/2011 18h46
Doença rara faz garota britânica não conseguir comer
Daisy Palmer sobrevive com uma sonda ligada ao coração.
Corpo de menina de 7 anos rejeita até mesmo alimentos pastosos.
A britânica Daisy Palmer, de 7 anos, possui uma doença rara que a impede de comer alimentos sólidos, mesmo que seja uma barra de chocolate derretida. A pseudo-obstrução intestinal crônica faz o corpo da menina rejeitar alimentos, vomitando tudo o que coloca na boca. A doença não tem cura e é causada por problemas na formação dos músculos e nervos do sistema digestivo.
O diagnóstico da doença só foi feito em 2008. Até os quatro anos de idade Daisy conseguia ingerir alimentos pastosos como iogurtes, sopas e pudins. Com o passar dos anos, ela perdeu cada vez mais a capacidade de comer, chegando a perder peso e sofria com dores intensas após as tentativas de alimentação.
Daisy Palmer é portadora de pseudo-obstrução intestinal crônica, doença rara que a impede de comer. Ela recebe nutrientes por meio de uma sonda ligada ao coração (Foto: Barcroft Media / Getty Images)Portadores da doença apresentam uma dificuldade para movimentar os alimentos pelo sistema digestivo. O intestino, o estômago e até mesmo o esôfago ficam afetados, mesmo sem nenhuma obstrução física nos órgãos.
Em janeiro de 2010, ela recebeu uma sonda diretamente ligada ao coração para poder receber alimentos parcialmente digeridos. Daisy precisou permanecer no hospital até agosto do ano passado.
Agora, ela precisa passar 17 horas, durante todos os dias, ligada a uma máquina que injeta a comida fluida diretamente no seu corpo. O tubo recebe apenas um líquido especial, contendo os nutrientes que Daisy precisa para sobreviver. Ao todo, a garota recebe 1200 calorias diárias.
Daisy Palmer com a família na Grã-Bretanha (Foto: Barcroft Media / Getty Images)
Doença rara faz garota britânica não conseguir comer
Daisy Palmer sobrevive com uma sonda ligada ao coração.
Corpo de menina de 7 anos rejeita até mesmo alimentos pastosos.
A britânica Daisy Palmer, de 7 anos, possui uma doença rara que a impede de comer alimentos sólidos, mesmo que seja uma barra de chocolate derretida. A pseudo-obstrução intestinal crônica faz o corpo da menina rejeitar alimentos, vomitando tudo o que coloca na boca. A doença não tem cura e é causada por problemas na formação dos músculos e nervos do sistema digestivo.
O diagnóstico da doença só foi feito em 2008. Até os quatro anos de idade Daisy conseguia ingerir alimentos pastosos como iogurtes, sopas e pudins. Com o passar dos anos, ela perdeu cada vez mais a capacidade de comer, chegando a perder peso e sofria com dores intensas após as tentativas de alimentação.
Daisy Palmer é portadora de pseudo-obstrução intestinal crônica, doença rara que a impede de comer. Ela recebe nutrientes por meio de uma sonda ligada ao coração (Foto: Barcroft Media / Getty Images)Portadores da doença apresentam uma dificuldade para movimentar os alimentos pelo sistema digestivo. O intestino, o estômago e até mesmo o esôfago ficam afetados, mesmo sem nenhuma obstrução física nos órgãos.
Em janeiro de 2010, ela recebeu uma sonda diretamente ligada ao coração para poder receber alimentos parcialmente digeridos. Daisy precisou permanecer no hospital até agosto do ano passado.
Agora, ela precisa passar 17 horas, durante todos os dias, ligada a uma máquina que injeta a comida fluida diretamente no seu corpo. O tubo recebe apenas um líquido especial, contendo os nutrientes que Daisy precisa para sobreviver. Ao todo, a garota recebe 1200 calorias diárias.
Daisy Palmer com a família na Grã-Bretanha (Foto: Barcroft Media / Getty Images)
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Coração de camundongo recém-nascido se regenera
25/02/2011 09h54 - Atualizado em 25/02/2011 10h07
Coração de camundongo recém-nascido se regenera, diz estudo
Segundo pesquisa, é a primeira vez que esse processo é observado em mamíferos.
Cientistas americanos descobriram que os corações de camundongos recém-nascidos podem se regenerar, em um processo nunca visto entre mamíferos e divulgado por meio de um estudo nesta sexta-feira pela revista Science.
Camundongo geneticamente modificado pia como passarinhoTécnica com camundongos 'cura' paciente de câncer de pâncreasOs pesquisadores do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas, autores da pesquisa, removeram o que é conhecido como o ápice ventricular esquerdo do coração (cerca de 15% do músculo cardíaco) dos camundongos, apenas um dia depois de eles terem nascido.
Foi observado que o coração se recompôs completamente após 21 dias. Dois meses depois, o órgão parecia estar funcionando normalmente.
Muitos peixes e anfíbios são conhecidos por sua capacidade de reconstruir o tecido de seus corações, mas, segundo o estudo divulgado nesta sexta, isso nunca tinha sido observado em mamíferos.
Para especialistas britânicos, o entendimento desse processo nos camundongos pode ajudar em tratamentos cardíacos para humanos.
Período curto
No entanto, quando o mesmo experimento foi realizado em roedores com uma semana de vida, o coração foi incapaz de se refazer sozinho, indicando que é curto o período em que os animais preservam a habilidade de autorregeneração.
Acredita-se que as células cardíacas continuem a se replicar e se recompor durante um breve intervalo após o nascimento do camundongo.
"Nossos resultados mostram que as células do novo músculo cardíaco, que recuperam a área amputada do coração, vêm da proliferação e migração de células cardíacas pré-existentes", disse um dos autores do estudo, o professor Eric Olson. "Não temos evidência de que tenham vindo de uma população de células-tronco."
Segundo Olson, há motivos para acreditar que o coração humano tenha a mesma capacidade.
"Tudo o que sabemos sobre o desenvolvimento e as funções iniciais do coração do camundongo são comparáveis ao coração humano. Portanto, estamos confiantes que esse processo pode se repetir em humanos, ainda que isso ainda precise ser mostrado."
Ataques cardíacos
Os cientistas americanos agora buscam formas de ativar esta capacidade regenerativa em corações de camundongos adultos, com a ambição de fazer o mesmo em humanos e corrigir danos causados durante ataques cardíacos.
"Identificamos um micro-RNA (pequeno pedaço de material genético) que regula esse processo e vamos tentar usá-lo como forma de incrementar a capacidade de regeneração cardíaca. Também estamos buscando novas drogas que possam reavivar esse mecanismo na vida adulta", afirma Olson.
O pesquisador diz, no entanto, que novas pesquisas esbarram em desafios, como evitar que a alteração das células cardíacas humanas provoque arritmias, por exemplo. Além disso, o funcionamento do coração humano é mais complexo do que o de outros animais.
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Coração de camundongo recém-nascido se regenera, diz estudo
Segundo pesquisa, é a primeira vez que esse processo é observado em mamíferos.
Cientistas americanos descobriram que os corações de camundongos recém-nascidos podem se regenerar, em um processo nunca visto entre mamíferos e divulgado por meio de um estudo nesta sexta-feira pela revista Science.
Camundongo geneticamente modificado pia como passarinhoTécnica com camundongos 'cura' paciente de câncer de pâncreasOs pesquisadores do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas, autores da pesquisa, removeram o que é conhecido como o ápice ventricular esquerdo do coração (cerca de 15% do músculo cardíaco) dos camundongos, apenas um dia depois de eles terem nascido.
Foi observado que o coração se recompôs completamente após 21 dias. Dois meses depois, o órgão parecia estar funcionando normalmente.
Muitos peixes e anfíbios são conhecidos por sua capacidade de reconstruir o tecido de seus corações, mas, segundo o estudo divulgado nesta sexta, isso nunca tinha sido observado em mamíferos.
Para especialistas britânicos, o entendimento desse processo nos camundongos pode ajudar em tratamentos cardíacos para humanos.
Período curto
No entanto, quando o mesmo experimento foi realizado em roedores com uma semana de vida, o coração foi incapaz de se refazer sozinho, indicando que é curto o período em que os animais preservam a habilidade de autorregeneração.
Acredita-se que as células cardíacas continuem a se replicar e se recompor durante um breve intervalo após o nascimento do camundongo.
"Nossos resultados mostram que as células do novo músculo cardíaco, que recuperam a área amputada do coração, vêm da proliferação e migração de células cardíacas pré-existentes", disse um dos autores do estudo, o professor Eric Olson. "Não temos evidência de que tenham vindo de uma população de células-tronco."
Segundo Olson, há motivos para acreditar que o coração humano tenha a mesma capacidade.
"Tudo o que sabemos sobre o desenvolvimento e as funções iniciais do coração do camundongo são comparáveis ao coração humano. Portanto, estamos confiantes que esse processo pode se repetir em humanos, ainda que isso ainda precise ser mostrado."
Ataques cardíacos
Os cientistas americanos agora buscam formas de ativar esta capacidade regenerativa em corações de camundongos adultos, com a ambição de fazer o mesmo em humanos e corrigir danos causados durante ataques cardíacos.
"Identificamos um micro-RNA (pequeno pedaço de material genético) que regula esse processo e vamos tentar usá-lo como forma de incrementar a capacidade de regeneração cardíaca. Também estamos buscando novas drogas que possam reavivar esse mecanismo na vida adulta", afirma Olson.
O pesquisador diz, no entanto, que novas pesquisas esbarram em desafios, como evitar que a alteração das células cardíacas humanas provoque arritmias, por exemplo. Além disso, o funcionamento do coração humano é mais complexo do que o de outros animais.
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Cientistas descobrem que processo celular pode reduzir câncer
26/02/2011 09h00 - Atualizado em 26/02/2011 09h00
Cientistas descobrem que processo celular pode reduzir câncer
Por meio da autofagia, células cancerosas são eliminadas.
Agora, a esperança é conseguir reduzir tumores usando o método.
imprimir Cientistas do Trinity College, em Dublin, Irlanda, descobriram que a autofagia desempenha um papel importante em evitar o desenvolvimento do câncer. A pesquisa foi publicada pelo jornal científico “Molecular Cell”.
A autofagia é um processo no qual uma célula literalmente se come. Normalmente, ocorre em períodos de jejum prolongado, e nesse contexto é benéfica para manter a nutrição do corpo até que o indivíduo se alimente outra vez.
A equipe liderada pelo professor Seamus Martin descobriu que mutações num gene chamado Ras, envolvido em cerca de 30% dos cânceres humanos, provoca a autofagia excessiva, levando à autodestruição da célula que origina um tumor.
O Ras mutante aumenta a produção de Noxa, uma proteína que aciona o processo de autofagia, fazendo com que as células se comam até a morte enquanto o câncer ainda está no estágio inicial. O estudo sugere que a autofagia seja um importante método natural de combate ao desenvolvimento do câncer.
Outra descoberta importante envolve membros da família de genes Bcl-2. Esses genes interrompem o processo da autofagia, o que faz com que as células cancerosas sobrevivam. Isso sugere que um tratamento com drogas que neutralizem o Bcl-2 possa reativar o processo natural de autodestruição e ajudar a reduzir tumores.
“Essa descoberta é um passo importante em direção à compreensão de como as células nos estágios iniciais do câncer apertam o botão de autodestruição e sugere novas formas pelas quais possamos reativar esse processo em cânceres que de fato se estabeleçam”, comentou Martin.
Cientistas descobrem que processo celular pode reduzir câncer
Por meio da autofagia, células cancerosas são eliminadas.
Agora, a esperança é conseguir reduzir tumores usando o método.
imprimir Cientistas do Trinity College, em Dublin, Irlanda, descobriram que a autofagia desempenha um papel importante em evitar o desenvolvimento do câncer. A pesquisa foi publicada pelo jornal científico “Molecular Cell”.
A autofagia é um processo no qual uma célula literalmente se come. Normalmente, ocorre em períodos de jejum prolongado, e nesse contexto é benéfica para manter a nutrição do corpo até que o indivíduo se alimente outra vez.
A equipe liderada pelo professor Seamus Martin descobriu que mutações num gene chamado Ras, envolvido em cerca de 30% dos cânceres humanos, provoca a autofagia excessiva, levando à autodestruição da célula que origina um tumor.
O Ras mutante aumenta a produção de Noxa, uma proteína que aciona o processo de autofagia, fazendo com que as células se comam até a morte enquanto o câncer ainda está no estágio inicial. O estudo sugere que a autofagia seja um importante método natural de combate ao desenvolvimento do câncer.
Outra descoberta importante envolve membros da família de genes Bcl-2. Esses genes interrompem o processo da autofagia, o que faz com que as células cancerosas sobrevivam. Isso sugere que um tratamento com drogas que neutralizem o Bcl-2 possa reativar o processo natural de autodestruição e ajudar a reduzir tumores.
“Essa descoberta é um passo importante em direção à compreensão de como as células nos estágios iniciais do câncer apertam o botão de autodestruição e sugere novas formas pelas quais possamos reativar esse processo em cânceres que de fato se estabeleçam”, comentou Martin.
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Cientistas descobrem 'cacto ambulante' de 520 milhões de anos
25/02/2011 13h04 - Atualizado em 25/02/2011 17h05
Cientistas descobrem 'cacto ambulante' de 520 milhões de anos
Criatura pode ser o mais antigo antepassado das aranhas.
Fóssil foi encontrado na parte chinesa do Himalaia.
Fóssil da Diana cactiformis (Foto: AFP)Uma equipe de pesquisadores chineses encontrou o fóssil de uma criatura de 520 milhões de anos, apelidada de "cacto ambulante", que poderia ser o antepassado mais antigo descoberto até agora das atuais aranhas, segundo informaram nesta sexta-feira à Agência Efe estes cientistas.
A bizarra criatura, com dez pares de patas articuladas e seis centímetros de comprimento, se chama Diania cactiformis e é o primeiro elo perdido conhecido entre os vermes e os artrópodos.
A Diania habitava o fundo marinho do que hoje é a província de Yunnan, na cordilheira do Himalaia, no sudoeste do país asiático.
"A importância da Diania para a biologia é que os artrópodos são um dos grupos de animais invertebrados de maior sucesso e é muito lindo ter descoberto o que pode ser o animal mais primitivo deste grupo com patas articuladas", assinalou à Efe Jianni Liu, líder da equipe de pesquisa conjunta entre a Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, e a do Noroeste da China, em Xian.
Liu acrescentou que este descobrimento é "importante porque apresenta evidências que os artrópodos evoluíram a partir dos lobopódios", isto é, os antepassados dos vermes, cujos registros fósseis se remontam ao período Cambriano.
Os corpos dos extintos lobopódios eram formados por segmentos e suas patas acabavam numa unha em seus extremos.
O fóssil da Diania cactiformis foi descoberto em 2006 durante uma prospecção no distrito de Chengjian, em Yunnan. O objeto dos estudos poderia ser o membro mais evoluído dos lobopódios ou mesmo o primeiro artrópodo, filo que atualmente representa mais de 80% das espécies vivas.
A doutora Liu publicou na revista "Nature" a tese trabalhada por ela e por sua equipe, onde se reflete a habilidade que a Diania tinha de se deslocar com grande velocidade e saltar com agilidade.
A equipe acredita que alguns dos apêndices da Diania evoluíram até se transformar em articulações que deram mais capacidade de sobrevivência aos artrópodos.
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Cientistas descobrem 'cacto ambulante' de 520 milhões de anos
Criatura pode ser o mais antigo antepassado das aranhas.
Fóssil foi encontrado na parte chinesa do Himalaia.
Fóssil da Diana cactiformis (Foto: AFP)Uma equipe de pesquisadores chineses encontrou o fóssil de uma criatura de 520 milhões de anos, apelidada de "cacto ambulante", que poderia ser o antepassado mais antigo descoberto até agora das atuais aranhas, segundo informaram nesta sexta-feira à Agência Efe estes cientistas.
A bizarra criatura, com dez pares de patas articuladas e seis centímetros de comprimento, se chama Diania cactiformis e é o primeiro elo perdido conhecido entre os vermes e os artrópodos.
A Diania habitava o fundo marinho do que hoje é a província de Yunnan, na cordilheira do Himalaia, no sudoeste do país asiático.
"A importância da Diania para a biologia é que os artrópodos são um dos grupos de animais invertebrados de maior sucesso e é muito lindo ter descoberto o que pode ser o animal mais primitivo deste grupo com patas articuladas", assinalou à Efe Jianni Liu, líder da equipe de pesquisa conjunta entre a Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, e a do Noroeste da China, em Xian.
Liu acrescentou que este descobrimento é "importante porque apresenta evidências que os artrópodos evoluíram a partir dos lobopódios", isto é, os antepassados dos vermes, cujos registros fósseis se remontam ao período Cambriano.
Os corpos dos extintos lobopódios eram formados por segmentos e suas patas acabavam numa unha em seus extremos.
O fóssil da Diania cactiformis foi descoberto em 2006 durante uma prospecção no distrito de Chengjian, em Yunnan. O objeto dos estudos poderia ser o membro mais evoluído dos lobopódios ou mesmo o primeiro artrópodo, filo que atualmente representa mais de 80% das espécies vivas.
A doutora Liu publicou na revista "Nature" a tese trabalhada por ela e por sua equipe, onde se reflete a habilidade que a Diania tinha de se deslocar com grande velocidade e saltar com agilidade.
A equipe acredita que alguns dos apêndices da Diania evoluíram até se transformar em articulações que deram mais capacidade de sobrevivência aos artrópodos.
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Chineses intoxicados em fábrica da Apple querem indenização maior
25/02/2011 16h38 - Atualizado em 25/02/2011 18h02
Chineses intoxicados em fábrica da Apple querem indenização maior
Fábrica ofereceu US$ 12 mil para 115 funcionários afetados por substância.
N-hexano foi usado entre 2008 e 2009 para acelerar ritmo de produção.
Fábrica da Wintek em Taiwan (Foto: Reuters)Uma fábrica de Taiwan que produz componentes para produtos da Apple comunicou que está oferecendo cerca de 80 mil iuanes (US$ 12.177) como indenização para cada um dos 115 trabalhadores afetados por um produto químico tóxico, mas alguns deles afirmaram que a soma não é suficiente.
A Wintek, proprietária da fábrica, no parque industrial Suzhou, que fica no leste da China, disse que reservou 10 milhões de iuanes como indenização para funcionários expostos ao n-hexano, e irá pagar mais caso os sintomas perdurem.
No entanto, dois funcionários contatados pela Reuters nesta sexta-feira afirmaram que a quantia de 80 mil iuanes para cada trabalhador não é suficiente. "Não ofereçam 80 mil iuanes, nem 800 mil iuanes seriam o bastante", disse Hu Zhiyong, trabalhador de 26 anos.
Hu, que afirmou gastar mais de 800 iuanes por dia com os cuidados médicos, acrescentou que sua maior demanda são os cuidados futuros com a saúde depois de deixar a companhia. Ele também disse esperar um pedido de desculpas por parte da Apple.
A Reuters noticiou esta semana que alguns dos funcionários enviaram uma carta para o presidente-executivo da Apple, Steve Jobs, exigindo que a companhia ajudasse a resolver os problemas.
A Wintek afirmou que empregou o n-hexano de maio de 2008 a agosto de 2009, mas interrompeu o uso após descobrir que a substância estava deixando os funcionários doentes. A companhia usava o produto, que evapora mais rapidamente que o álcool, para acelerar o ritmo de produção. Agora, voltou a empregar o álcool.
"Nós respondemos por todas as responsabilidades", afirmou o diretor de finanças da Wintek, Jay Huang, nesta sexta-feira. "Caso descubram que a doença irá continuar no futuro, iremos indenizá-los como demanda a lei".
Segundo a Wintek, 91 trabalhadores concluíram os exames médicos e 24 ainda estão sendo examinados. Ela estima que cada um receba 80 mil iuanes como indenização.
Outros 22 funcionários não foram envenenados.
Chineses intoxicados em fábrica da Apple querem indenização maior
Fábrica ofereceu US$ 12 mil para 115 funcionários afetados por substância.
N-hexano foi usado entre 2008 e 2009 para acelerar ritmo de produção.
Fábrica da Wintek em Taiwan (Foto: Reuters)Uma fábrica de Taiwan que produz componentes para produtos da Apple comunicou que está oferecendo cerca de 80 mil iuanes (US$ 12.177) como indenização para cada um dos 115 trabalhadores afetados por um produto químico tóxico, mas alguns deles afirmaram que a soma não é suficiente.
A Wintek, proprietária da fábrica, no parque industrial Suzhou, que fica no leste da China, disse que reservou 10 milhões de iuanes como indenização para funcionários expostos ao n-hexano, e irá pagar mais caso os sintomas perdurem.
No entanto, dois funcionários contatados pela Reuters nesta sexta-feira afirmaram que a quantia de 80 mil iuanes para cada trabalhador não é suficiente. "Não ofereçam 80 mil iuanes, nem 800 mil iuanes seriam o bastante", disse Hu Zhiyong, trabalhador de 26 anos.
Hu, que afirmou gastar mais de 800 iuanes por dia com os cuidados médicos, acrescentou que sua maior demanda são os cuidados futuros com a saúde depois de deixar a companhia. Ele também disse esperar um pedido de desculpas por parte da Apple.
A Reuters noticiou esta semana que alguns dos funcionários enviaram uma carta para o presidente-executivo da Apple, Steve Jobs, exigindo que a companhia ajudasse a resolver os problemas.
A Wintek afirmou que empregou o n-hexano de maio de 2008 a agosto de 2009, mas interrompeu o uso após descobrir que a substância estava deixando os funcionários doentes. A companhia usava o produto, que evapora mais rapidamente que o álcool, para acelerar o ritmo de produção. Agora, voltou a empregar o álcool.
"Nós respondemos por todas as responsabilidades", afirmou o diretor de finanças da Wintek, Jay Huang, nesta sexta-feira. "Caso descubram que a doença irá continuar no futuro, iremos indenizá-los como demanda a lei".
Segundo a Wintek, 91 trabalhadores concluíram os exames médicos e 24 ainda estão sendo examinados. Ela estima que cada um receba 80 mil iuanes como indenização.
Outros 22 funcionários não foram envenenados.
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Celulares alteram o cérebro, mas efeitos na saúde são desconhecidos
23/02/2011 11h24 - Atualizado em 23/02/2011 12h27
Celulares alteram o cérebro, mas efeitos na saúde são desconhecidos
Metabolismo do órgão é afetado após 50 minutos de uso do aparelho.
Estudo foi publicado na revista da Associação Médica dos EUA.
Estudo revela que celulares alteram os níveis
de açúcar no cérebro (Foto: Gurinder Osan/AP)Um estudo divulgado na edição desta quarta-feira (23) da revista da Associação Médica dos Estados Unidos (JAMA, na sigla em inglês) mostra que celulares alteram os níveis de açúcar (glicose) no cérebro, mas não chegaram a uma conclusão sobre os efeitos do uso do aparelho à saúde das pessoas.
A pesquisa foi coordenada por Nora Volkow, dos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos (NIH, na sigla em inglês), e contou com 47 participantes, monitorados durante todo o ano de 2009.
Os voluntários usaram o aparelho nas orelhas esquerda e direita e foram submetidos a exames de tomografia para verificar como o cérebro estava sendo afetado pela exposição à radiação do aparelho.
A comparação foi feita com o telefone ligado e desligado, mantido próximo ao corpo dos participantes durante 50 minutos. Os médicos descobriram que, embora o cérebro inteiro não fosse alterado, algumas regiões, especialmente aquelas mais próximas à antena do celular foram afetadas, com os níveis de glicose aumentando em até 7% nas áreas.
Células cancerígenas normalmente consomam um volume maior de açúcar, mas Nora Volkow e sua equipe não afirmam que o uso prolongado de celulares tenha relação com o surgimento de tumores no cérebro. "Mais estudos são necessários para analisar os efeitos no longo prazo, inclusive quanto ao aparecimento de câncer", diz a especialista.
Celulares alteram o cérebro, mas efeitos na saúde são desconhecidos
Metabolismo do órgão é afetado após 50 minutos de uso do aparelho.
Estudo foi publicado na revista da Associação Médica dos EUA.
Estudo revela que celulares alteram os níveis
de açúcar no cérebro (Foto: Gurinder Osan/AP)Um estudo divulgado na edição desta quarta-feira (23) da revista da Associação Médica dos Estados Unidos (JAMA, na sigla em inglês) mostra que celulares alteram os níveis de açúcar (glicose) no cérebro, mas não chegaram a uma conclusão sobre os efeitos do uso do aparelho à saúde das pessoas.
A pesquisa foi coordenada por Nora Volkow, dos Institutos Nacionais de Saúde norte-americanos (NIH, na sigla em inglês), e contou com 47 participantes, monitorados durante todo o ano de 2009.
Os voluntários usaram o aparelho nas orelhas esquerda e direita e foram submetidos a exames de tomografia para verificar como o cérebro estava sendo afetado pela exposição à radiação do aparelho.
A comparação foi feita com o telefone ligado e desligado, mantido próximo ao corpo dos participantes durante 50 minutos. Os médicos descobriram que, embora o cérebro inteiro não fosse alterado, algumas regiões, especialmente aquelas mais próximas à antena do celular foram afetadas, com os níveis de glicose aumentando em até 7% nas áreas.
Células cancerígenas normalmente consomam um volume maior de açúcar, mas Nora Volkow e sua equipe não afirmam que o uso prolongado de celulares tenha relação com o surgimento de tumores no cérebro. "Mais estudos são necessários para analisar os efeitos no longo prazo, inclusive quanto ao aparecimento de câncer", diz a especialista.
Quem precisa do Genoma ? - DNA
QUEM PRECISA DO GENOMA? - DNA
No curso de biologia da USP, tradicionalmente os veteranos dão uma aula inaugural repleta de bobagens para receber os calouros. Este ano aceitei, com muita honra, o convite para ser o professor dessa "aula-trote". Um dos tópicos foi a "Genética de aves de altitude". Essa suposta linha de pesquisa teria como objetivo o melhoramento genético de urubus para obter uma espécie que não voasse tão alto, evitando assim o choque com aviões.
Foi aí, então, que um dos calouros perguntou: "Se eu estou entendendo", disse ele, "vocês querem fazer melhoramento genético de urubus." "Isso mesmo", respondi. "Mas não seria mais fácil", retrucou, "buscar alguma solução nos aviões para que os urubus não entrem nas turbinas?" Como não podia dar o braço a torcer, respondi que os engenheiros não tinham uma solução aerodinamicamente viável e, como o problema persistia, os biólogos entraram em ação.
Trotes à parte, no dia seguinte fui surpreendido pela notícia de que cientistas brasileiros estão sendo festejados por terem identificado genes do verme Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose, que poderiam servir como vacina contra essa doença. Conforme o que foi divulgado, cobaias vacinadas retêm 50% a menos de vermes e, como convém às pesquisas de destaque, o resultado acabava de ser publicado em renomada revista internacional, e a devida patente dos genes já estava sendo requerida nos EUA.
A pesquisa mereceu atenção sobretudo porque a doença, conhecida também como barriga d’água, atinge 10 milhões de pessoas só no Brasil. É típica de países subdesenvolvidos e de locais sem saneamento básico, pois o verme chega ao corpo humano após o contato com as chamadas "lagoas de coceira", onde vivem os caramujos que abrigam o verme.
O trabalho baseou-se no seqüenciamento do genoma do Schistosoma e consumiu milhões de dólares dentro e fora do Brasil. Ele, contudo, parece não ter como objetivo principal erradicar a doença, e, em certa medida, segue o mesmo raciocínio absurdo do melhoramento genético de urubus. Não seria mais fácil investir em outro ponto?
Sendo a doença um problema de saneamento, não seria mais fácil investir no tratamento da água? Ainda que isso não fosse possível, não seria mais fácil esclarecer a população quanto à relação de causa e efeito entre nadar em lagoas de coceira e ficar barrigudo? Não valeria a pena estudar maneiras de como reduzir as populações de caramujos, de maneira parecida com o que é feito com o mosquito transmissor da dengue? Há muito tempo existem pessoas trabalhando nessas áreas, mas seu financiamento é infinitesimal quando comparado ao dos projetos que envolvem seqüenciamento.
Isso mostra que a motivação maior de alguns cientistas não é erradicar a doença, mas sim fazer a pesquisa da moda, publicar artigos, fazer uma carreira brilhante resolvendo problemas que não existem. Poder-se-ia argumentar que se trata de pesquisa básica, em que estão sendo desenvolvidas técnicas que podem lançar luz nas teorias da biologia. Entretanto, nem esse ponto de vista é aceitável, pois o seqüenciamento é meramente uma técnica, que em boa parte pode ser executada por qualquer pessoa bem treinada e na qual não deveríamos desperdiçar nossos graduandos e pós-graduandos. Estes deveriam pensar em problemas reais e não apenas em publicar artigos e fazer carreira com pesquisas sem objetivo.
Mas o pior de toda a história é que as agências de fomento à pesquisa, como CNPq, Capes e Fapesp, entraram nessa onda: projetos que incluem os termos "genoma" ou "seqüenciamento" parecem ter chances maiores de conseguir financiamento, mesmo que seus objetivos não sejam muito claros. Esse tipo de pesquisa incrementa os "indicadores científicos" do Brasil, como número de doutores "formados", artigos publicados etc. Mas nem sempre atende aos interesses do país.
E a imprensa tem sido pouco crítica em relação a essa situação. O sensacionalismo impera, decifrar o genoma é a panacéia. Apesar de muita coisa seqüenciada, poucas são as soluções teóricas ou aplicadas. Será que decifrar genomas é o caminho para os cientistas tupiniquins?
* Mestre em biologia e professor do ensino fundamental
No curso de biologia da USP, tradicionalmente os veteranos dão uma aula inaugural repleta de bobagens para receber os calouros. Este ano aceitei, com muita honra, o convite para ser o professor dessa "aula-trote". Um dos tópicos foi a "Genética de aves de altitude". Essa suposta linha de pesquisa teria como objetivo o melhoramento genético de urubus para obter uma espécie que não voasse tão alto, evitando assim o choque com aviões.
Foi aí, então, que um dos calouros perguntou: "Se eu estou entendendo", disse ele, "vocês querem fazer melhoramento genético de urubus." "Isso mesmo", respondi. "Mas não seria mais fácil", retrucou, "buscar alguma solução nos aviões para que os urubus não entrem nas turbinas?" Como não podia dar o braço a torcer, respondi que os engenheiros não tinham uma solução aerodinamicamente viável e, como o problema persistia, os biólogos entraram em ação.
Trotes à parte, no dia seguinte fui surpreendido pela notícia de que cientistas brasileiros estão sendo festejados por terem identificado genes do verme Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose, que poderiam servir como vacina contra essa doença. Conforme o que foi divulgado, cobaias vacinadas retêm 50% a menos de vermes e, como convém às pesquisas de destaque, o resultado acabava de ser publicado em renomada revista internacional, e a devida patente dos genes já estava sendo requerida nos EUA.
A pesquisa mereceu atenção sobretudo porque a doença, conhecida também como barriga d’água, atinge 10 milhões de pessoas só no Brasil. É típica de países subdesenvolvidos e de locais sem saneamento básico, pois o verme chega ao corpo humano após o contato com as chamadas "lagoas de coceira", onde vivem os caramujos que abrigam o verme.
O trabalho baseou-se no seqüenciamento do genoma do Schistosoma e consumiu milhões de dólares dentro e fora do Brasil. Ele, contudo, parece não ter como objetivo principal erradicar a doença, e, em certa medida, segue o mesmo raciocínio absurdo do melhoramento genético de urubus. Não seria mais fácil investir em outro ponto?
Sendo a doença um problema de saneamento, não seria mais fácil investir no tratamento da água? Ainda que isso não fosse possível, não seria mais fácil esclarecer a população quanto à relação de causa e efeito entre nadar em lagoas de coceira e ficar barrigudo? Não valeria a pena estudar maneiras de como reduzir as populações de caramujos, de maneira parecida com o que é feito com o mosquito transmissor da dengue? Há muito tempo existem pessoas trabalhando nessas áreas, mas seu financiamento é infinitesimal quando comparado ao dos projetos que envolvem seqüenciamento.
Isso mostra que a motivação maior de alguns cientistas não é erradicar a doença, mas sim fazer a pesquisa da moda, publicar artigos, fazer uma carreira brilhante resolvendo problemas que não existem. Poder-se-ia argumentar que se trata de pesquisa básica, em que estão sendo desenvolvidas técnicas que podem lançar luz nas teorias da biologia. Entretanto, nem esse ponto de vista é aceitável, pois o seqüenciamento é meramente uma técnica, que em boa parte pode ser executada por qualquer pessoa bem treinada e na qual não deveríamos desperdiçar nossos graduandos e pós-graduandos. Estes deveriam pensar em problemas reais e não apenas em publicar artigos e fazer carreira com pesquisas sem objetivo.
Mas o pior de toda a história é que as agências de fomento à pesquisa, como CNPq, Capes e Fapesp, entraram nessa onda: projetos que incluem os termos "genoma" ou "seqüenciamento" parecem ter chances maiores de conseguir financiamento, mesmo que seus objetivos não sejam muito claros. Esse tipo de pesquisa incrementa os "indicadores científicos" do Brasil, como número de doutores "formados", artigos publicados etc. Mas nem sempre atende aos interesses do país.
E a imprensa tem sido pouco crítica em relação a essa situação. O sensacionalismo impera, decifrar o genoma é a panacéia. Apesar de muita coisa seqüenciada, poucas são as soluções teóricas ou aplicadas. Será que decifrar genomas é o caminho para os cientistas tupiniquins?
* Mestre em biologia e professor do ensino fundamental
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O Início da História - Atari
O INÍCIO DA HISTÓRIA - Atari
O mito nasceu em 1977. Foi nesse ano que a empresa criada por Nolan Bushnell levou às prateleiras o revolucionário Atari 2600. Era superior a qualquer coisa já inventada no mercado de diversões eletrônicas. O sucesso não foi imediato, é verdade. Só a partir da virada da década o videogame pegou para valer e fez da Warner - então dona da marca - a companhia com crescimento mais rápido da história americana.
Alguns jogos viraram clássicos instantâneos, como Pac-Man e Space Invaders. No Brasil, o console chegou no Natal de 1983. Enquanto curtíamos, atrasados, a febre do game, nos Estados Unidos a empresa já amargava prejuízos incríveis. Vendida, passou por várias mãos até sua atual proprietária decidir relançar, neste ano, o velho console (com 20 jogos embutidos) sob a alcunha de Atari Flashback.
Space Invaders
O desafio: Impedir uma invasão alienígena composta por fileiras de seres das mais variadas formas. O objetivo deles? Acabar com a vida em nosso planeta.
Suas armas: Uma nave retangular com um bico que cuspia projéteis. O tiro podia ser direcionado com o joystick após o disparo. Era um dos poucos jogos do Atari com uma manha secreta: o duplo tiro ficava disponível ao deixar o botão reset do videogame apertado quando o jogo era ligado. Só para iniciados.
ET
O desafio: O cabeçudo alienígena tinha de construir um telefone e entrar em contato com seu planeta natal. Criado para aproveitar a onda do filme de Steven Spielberg, é um clássico às avessas. Entrou para a história como o pior game já feito.
Suas armas: O fofinho E.T. mais parecia uma lombriga. Feito em 15 dias, o jogo foi um fiasco e ajudou a afundar ainda mais o barco da Atari. Um boato diz que a empresa enterrou, no deserto do Novo México, 5 milhões de cartuchos encalhados.
Enduro
O desafio: Dirigir na neve, de noite, com névoa... No primeiro dia de corrida era necessário ultrapassar 200 carros. Nos dias seguintes, 300. Há quem jure ter terminado o jogo e encontrado uma taça de campeão. Deve ser alucinação provocada por tanto tempo em frente à TV: poucos jogos de Atari tinham final.
Suas armas: Um possante que deixava dúvidas: se o jogo chamava Enduro, por que os carros pareciam com os de Fórmula 1? Apesar da incoerência, o game fez sucesso notório e ganhou mais de 20 versões.
Pac-man
O desafio: Fazer uma bolinha amarela engolir pílulas de energia e fugir de fantasmas. Pode ser simples, mas o jogo que veio dos fliperamas impulsionou fantasticamente a venda de consoles.
Suas armas: A gula insaciável do personagem principal. E só. Tanta falta de opção acabou dificultando seqüências para a série. A criatividade foi gasta com Sra. Pac-Man, com direito a cenário rosa-choque, e Pac- Man Jr., cuja única diferença era um boné na cabeça da bolinha amarela.
Pitfall!
O desafio: Enfrentar uma floresta repleta de escorpiões, lagos com crocodilos e buracos que abriam aleatoriamente. Foi assim que Pitfall! se tornou um dos melhores games da história. Eram 255 telas diferentes - um recorde para a época.
Suas armas: Nada de revólveres ou espadas. Pitfall Harry enfrentava perigos munido apenas de seu pulo. Como a série de desafios se repetia, fanáticos sabiam a seqüência de cor. Pitfall! ganhou uma continuação, Lost Caverns, com macacos, sapos venenosos e as tais cavernas. Dava até para nadar.
River raid
O desafio: Pilotar um avião amarelo rio acima, atirando em navios, helicópteros e outras malditas aeronaves que teimavam em atravessar sua frente no melhor estilo camicase.
Suas armas: Um indicador de combustível no pé da tela obrigava o jogador a passar por casinhas rosas e brancas que faziam as vezes de postos de abastecimento. Ficar sem gasolina era morte certa. Em 1988, uma segunda versão foi lançada pela Activision e uma empresa obscura de Taiwan chegou a fazer River Raid III.
Joystick
É impressionante: o Atari entrou para a história do videogame com um joystick que tinha apenas uma barra direcional e um botão de tiro. Seus equivalentes modernos têm até 15 opções de comando.
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C=42780
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O mito nasceu em 1977. Foi nesse ano que a empresa criada por Nolan Bushnell levou às prateleiras o revolucionário Atari 2600. Era superior a qualquer coisa já inventada no mercado de diversões eletrônicas. O sucesso não foi imediato, é verdade. Só a partir da virada da década o videogame pegou para valer e fez da Warner - então dona da marca - a companhia com crescimento mais rápido da história americana.
Alguns jogos viraram clássicos instantâneos, como Pac-Man e Space Invaders. No Brasil, o console chegou no Natal de 1983. Enquanto curtíamos, atrasados, a febre do game, nos Estados Unidos a empresa já amargava prejuízos incríveis. Vendida, passou por várias mãos até sua atual proprietária decidir relançar, neste ano, o velho console (com 20 jogos embutidos) sob a alcunha de Atari Flashback.
Space Invaders
O desafio: Impedir uma invasão alienígena composta por fileiras de seres das mais variadas formas. O objetivo deles? Acabar com a vida em nosso planeta.
Suas armas: Uma nave retangular com um bico que cuspia projéteis. O tiro podia ser direcionado com o joystick após o disparo. Era um dos poucos jogos do Atari com uma manha secreta: o duplo tiro ficava disponível ao deixar o botão reset do videogame apertado quando o jogo era ligado. Só para iniciados.
ET
O desafio: O cabeçudo alienígena tinha de construir um telefone e entrar em contato com seu planeta natal. Criado para aproveitar a onda do filme de Steven Spielberg, é um clássico às avessas. Entrou para a história como o pior game já feito.
Suas armas: O fofinho E.T. mais parecia uma lombriga. Feito em 15 dias, o jogo foi um fiasco e ajudou a afundar ainda mais o barco da Atari. Um boato diz que a empresa enterrou, no deserto do Novo México, 5 milhões de cartuchos encalhados.
Enduro
O desafio: Dirigir na neve, de noite, com névoa... No primeiro dia de corrida era necessário ultrapassar 200 carros. Nos dias seguintes, 300. Há quem jure ter terminado o jogo e encontrado uma taça de campeão. Deve ser alucinação provocada por tanto tempo em frente à TV: poucos jogos de Atari tinham final.
Suas armas: Um possante que deixava dúvidas: se o jogo chamava Enduro, por que os carros pareciam com os de Fórmula 1? Apesar da incoerência, o game fez sucesso notório e ganhou mais de 20 versões.
Pac-man
O desafio: Fazer uma bolinha amarela engolir pílulas de energia e fugir de fantasmas. Pode ser simples, mas o jogo que veio dos fliperamas impulsionou fantasticamente a venda de consoles.
Suas armas: A gula insaciável do personagem principal. E só. Tanta falta de opção acabou dificultando seqüências para a série. A criatividade foi gasta com Sra. Pac-Man, com direito a cenário rosa-choque, e Pac- Man Jr., cuja única diferença era um boné na cabeça da bolinha amarela.
Pitfall!
O desafio: Enfrentar uma floresta repleta de escorpiões, lagos com crocodilos e buracos que abriam aleatoriamente. Foi assim que Pitfall! se tornou um dos melhores games da história. Eram 255 telas diferentes - um recorde para a época.
Suas armas: Nada de revólveres ou espadas. Pitfall Harry enfrentava perigos munido apenas de seu pulo. Como a série de desafios se repetia, fanáticos sabiam a seqüência de cor. Pitfall! ganhou uma continuação, Lost Caverns, com macacos, sapos venenosos e as tais cavernas. Dava até para nadar.
River raid
O desafio: Pilotar um avião amarelo rio acima, atirando em navios, helicópteros e outras malditas aeronaves que teimavam em atravessar sua frente no melhor estilo camicase.
Suas armas: Um indicador de combustível no pé da tela obrigava o jogador a passar por casinhas rosas e brancas que faziam as vezes de postos de abastecimento. Ficar sem gasolina era morte certa. Em 1988, uma segunda versão foi lançada pela Activision e uma empresa obscura de Taiwan chegou a fazer River Raid III.
Joystick
É impressionante: o Atari entrou para a história do videogame com um joystick que tinha apenas uma barra direcional e um botão de tiro. Seus equivalentes modernos têm até 15 opções de comando.
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quinta-feira, 28 de abril de 2011
O Hermano Hitler - Segunda Guerra
O HERMANO HITLER - Segunda Guerra
A conhecida relação entre a Argentina e o nazismo já rendeu ótimos livros de ficção e teorias conspiratórias. Mas até há pouco tempo, limites entre real e imaginário ainda eram turvos. A publicação de uma nova leva de documentos dissipou algumas dúvidas. Mostrou como as ligações batiam na cúpula argentina e tramavam planos que obrigariam brasileiros a torcer por Maradona.
Um mapa interceptado no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial (ver abaixo) conta como a Alemanha dividiria a América do Sul se ganhasse o conflito. A revelação está em Crônica de uma Guerra Secreta, do ex-diplomata Sergio Corrêa da Costa. A expansão germânica por essas bandas alçaria a Argentina ao posto de reitora dos vizinhos - inclusive o Brasil.
A derrota alemã não pôs fim ao namoro. Em A Verdadeira Odessa, o jornalista Uki Goñi revela com detalhes o funcionamento da rede armada pelo presidente argentino Juan Domingo Perón para resgatar nazistas. As investigações em arquivos americanos e europeus mostram que o esquema teve ajuda do Vaticano e até da Cruz Vermelha para driblar o cerco aliado e levar criminosos de guerra para respirar os Buenos Aires.
A Verdadeira Odessa: O Contrabando de Nazistas para a Argentina de Perón
Uki Goñi
Record, 448 páginas, R$ 60
Crônica de uma Guerra Secreta
Sergio Corrêa da Costa
Record, 532 páginas, R$ 55
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C=42570
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A conhecida relação entre a Argentina e o nazismo já rendeu ótimos livros de ficção e teorias conspiratórias. Mas até há pouco tempo, limites entre real e imaginário ainda eram turvos. A publicação de uma nova leva de documentos dissipou algumas dúvidas. Mostrou como as ligações batiam na cúpula argentina e tramavam planos que obrigariam brasileiros a torcer por Maradona.
Um mapa interceptado no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial (ver abaixo) conta como a Alemanha dividiria a América do Sul se ganhasse o conflito. A revelação está em Crônica de uma Guerra Secreta, do ex-diplomata Sergio Corrêa da Costa. A expansão germânica por essas bandas alçaria a Argentina ao posto de reitora dos vizinhos - inclusive o Brasil.
A derrota alemã não pôs fim ao namoro. Em A Verdadeira Odessa, o jornalista Uki Goñi revela com detalhes o funcionamento da rede armada pelo presidente argentino Juan Domingo Perón para resgatar nazistas. As investigações em arquivos americanos e europeus mostram que o esquema teve ajuda do Vaticano e até da Cruz Vermelha para driblar o cerco aliado e levar criminosos de guerra para respirar os Buenos Aires.
A Verdadeira Odessa: O Contrabando de Nazistas para a Argentina de Perón
Uki Goñi
Record, 448 páginas, R$ 60
Crônica de uma Guerra Secreta
Sergio Corrêa da Costa
Record, 532 páginas, R$ 55
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segunda guerra
O Gandhi Nuclear - James Lovelock
O GANDHI NUCLEAR - James Lovelock
Quem diria. A energia nuclear, alvo histórico dos protestos ambientalistas, pode ser a chave para nos salvar do aquecimento global. Mais surpreendente ainda: quem defende a idéia é o inglês James Lovelock, uma espécie de guru dos ecologistas. Aos 84 anos, o cientista afirma que precisamos interromper imediatamente a queima de combustíveis fósseis, que piora o efeito estufa. "A única forma de energia imediatamente acessível que não causa aumento de temperatura é a nuclear. Não temos tempo para experimentar", diz. A idéia logo foi rechaçada por organizações ambientais como Greenpeace e Amigos da Terra. E fez o cientista ver renegado o apelido que ganhou da revista New Scientist: "Gandhi da ciência".
Na teoria que o consagrou, Lovelock descreve a Terra como uma espécie de superorganismo formado pela superfície, ar e oceanos. O planeta funcionaria como um sistema vivo capaz de regular a composição atmosférica, o clima e a salinidade dos mares, o que o manteria sempre adequado para a vida. Fez um baita sucesso com os verdes. O problema é que agora o aquecimento global agiria como uma armadilha para Gaia: o calor proveniente do efeito estufa gera ainda mais calor, num círculo vicioso.
Químico com doutorado em medicina e biofísica, Lovelock foi um dos primeiros ambientalistas a falar do aquecimento global, num relatório elaborado em 1989 para o gabinete da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher. Best sellers como As Eras de Gaia o tornaram um dos cientistas mais influentes do século 20, com títulos de doutor honoris causa em diversas universidades ao redor do mundo. Lovelock concedeu esta entrevista de sua casa em Launceston, na Inglaterra.
Por que usar energia nuclear e não outras formas tidas como ecologicamente corretas, como a eólica e a solar?
Seria ótimo se pudéssemos contar somente com essas fontes de energia, mas elas não satisfazem nossas necessidades. Se houvesse 1 bilhão de pessoas no mundo, bastaria usar as energias solar, eólica, hidrelétrica e uma quantidade modesta vinda da queima de madeira. Mas já somos mais de 6 bilhões e a população continua aumentando. A energia nuclear é limpa e não provoca aquecimento. Uma estação pode ser construída em três anos. É também uma fonte de energia altamente disponível, não está acabando nem ficando mais cara, como o petróleo.
Um desastre como o de Chernobyl, na União Soviética, não seria suficiente para banir as usinas nucleares?
Há muita mentira em torno desse assunto. De acordo com informes da ONU, houve 45 mortos em conseqüência da explosão do reator em Chernobyl. Quase todos eram trabalhadores da usina, bombeiros e integrantes das equipes que sobrevoaram o fogo para apagá-lo. Os 45 morreram principalmente devido à radiação recebida pelo reator aberto e pelos escombros altamente radioativos que se espalharam ao redor dele. Aqueles que moravam perto da usina foram expostos à radiação, mas continuam vivos. É verdade que alguns podem morrer antes do esperado com cânceres provocados por radiação, mas lembre-se: em 1952, 5 mil pessoas morreram em Londres, num único dia, envenenadas por fumaça de carvão. Estima-se que centenas de milhares morreram desde então em decorrência de câncer do pulmão causado pela inalação de substâncias cancerígenas na fumaça. Mas a mídia não fala da queima de carvão como causa massiva de tumores.
Por que, então, há tanta oposição ao uso da energia nuclear?
As pessoas sempre têm medo de algo. Antes, eram fantasmas e vampiros. Hoje, energia nuclear. A oposição baseia-se numa ficção hollywoodiana, na mídia e em lobbies do movimento verde.
Você sempre foi considerado um guru dos ecologistas e agora não perde uma oportunidade para criticá-los. Qual é o motivo desse desentendimento?
Os verdes são importantes, mas estão errados. Eles se preocupam com as pessoas e esquecem da saúde da Terra. Não percebem que somos parte do planeta e dependemos dele. Eu mesmo sou um verde, mas tento mostrar que estão errados sobre energia nuclear.
Ao quebrar átomos, as usinas nucleares não alteram o equilíbrio de Gaia?
Ao contrário. Se você olhar para o Universo, verá que sua energia natural é nuclear. Toda estrela é uma estação nuclear, inclusive o Sol. O único método anômalo de obtenção de energia é a queima de combustíveis aqui na Terra. É muito mais natural usar energia nuclear do que queimar carvão e mandar gás carbônico para a atmosfera.
Você pede o fim da queima de óleo e carvão. Mas muitos países, como o Brasil, têm na água a maior fonte de energia. Como a troca que você propõe mudará um quadro com tantas variáveis?
Concordo que diferentes países terão soluções distintas para o problema. Mas, no momento, usar energia nuclear é a saída mais acessível e realista para o aquecimento global. Estados Unidos, China e Europa precisam cortar imediatamente 60% do combustível fóssil queimado para não termos conseqüências desastrosas. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, a temperatura no planeta aumentará em média 3,5 graus até 2100. Para comparar, na última era do gelo, que terminou há 12 mil anos, a média de temperatura era 3,5 graus menor que em 1900. Ou seja: a mudança até 2100 será comparável àquela entre a era do gelo e 1900. A floresta amazônica não existia naquele tempo. E ela pode também não existir no fim deste século.
Basear a eletricidade em energia nuclear não provocará uma exploração desenfreada de urânio que ameaçaria a natureza de países como o Brasil?
Não, porque as quantidades são pequenas. Um quilo de urânio produz aproximadamente 10 milhões de vezes mais energia que a mesma quantidade de carvão ou petróleo. Na verdade, o Brasil poderia ter benefícios econômicos com a mudança, tornando-se um grande provedor mundial de urânio.
E o que faremos com o lixo atômico?
O volume de lixo atômico de alto nível produzido pelas usinas nucleares do Reino Unido, em seus 50 anos de atividade, equivale a 10 metros cúbicos. É tamanho de uma casa pequena. Se colocado numa caixa de concreto, esse lixo seria totalmente seguro e a perda de calor ainda poderia ser aproveitada para aquecer minha casa.
As usinas nucleares não podem se tornar alvo preferencial de terroristas?
Não creio. As estações nucleares estão localizadas em construções fortes. Parecem mais bunkers que edifícios normais. Tenho informações de que elas podem suportar o choque de um avião, por exemplo. O grande perigo em relação aos terroristas é que eles roubem plutônio ou urânio em quantidade suficiente para fazer uma bomba atômica rudimentar. Enormes estoques desses elementos foram armazenados na Europa, na ex-União Soviética e Estados Unidos durante a Guerra Fria.
Você acredita que as multinacionais do petróleo podem encampar sua proposta e produzir energia nuclear?
Certamente. Elas não se consideram companhias de petróleo, e sim energéticas. Não lhes importa de onde a energia vem, mas o lucro que conseguem nesse preocesso. Creio que elas poderiam, inclusive, investir na construção e operação de usinas nucleares.
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Quem diria. A energia nuclear, alvo histórico dos protestos ambientalistas, pode ser a chave para nos salvar do aquecimento global. Mais surpreendente ainda: quem defende a idéia é o inglês James Lovelock, uma espécie de guru dos ecologistas. Aos 84 anos, o cientista afirma que precisamos interromper imediatamente a queima de combustíveis fósseis, que piora o efeito estufa. "A única forma de energia imediatamente acessível que não causa aumento de temperatura é a nuclear. Não temos tempo para experimentar", diz. A idéia logo foi rechaçada por organizações ambientais como Greenpeace e Amigos da Terra. E fez o cientista ver renegado o apelido que ganhou da revista New Scientist: "Gandhi da ciência".
Na teoria que o consagrou, Lovelock descreve a Terra como uma espécie de superorganismo formado pela superfície, ar e oceanos. O planeta funcionaria como um sistema vivo capaz de regular a composição atmosférica, o clima e a salinidade dos mares, o que o manteria sempre adequado para a vida. Fez um baita sucesso com os verdes. O problema é que agora o aquecimento global agiria como uma armadilha para Gaia: o calor proveniente do efeito estufa gera ainda mais calor, num círculo vicioso.
Químico com doutorado em medicina e biofísica, Lovelock foi um dos primeiros ambientalistas a falar do aquecimento global, num relatório elaborado em 1989 para o gabinete da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher. Best sellers como As Eras de Gaia o tornaram um dos cientistas mais influentes do século 20, com títulos de doutor honoris causa em diversas universidades ao redor do mundo. Lovelock concedeu esta entrevista de sua casa em Launceston, na Inglaterra.
Por que usar energia nuclear e não outras formas tidas como ecologicamente corretas, como a eólica e a solar?
Seria ótimo se pudéssemos contar somente com essas fontes de energia, mas elas não satisfazem nossas necessidades. Se houvesse 1 bilhão de pessoas no mundo, bastaria usar as energias solar, eólica, hidrelétrica e uma quantidade modesta vinda da queima de madeira. Mas já somos mais de 6 bilhões e a população continua aumentando. A energia nuclear é limpa e não provoca aquecimento. Uma estação pode ser construída em três anos. É também uma fonte de energia altamente disponível, não está acabando nem ficando mais cara, como o petróleo.
Um desastre como o de Chernobyl, na União Soviética, não seria suficiente para banir as usinas nucleares?
Há muita mentira em torno desse assunto. De acordo com informes da ONU, houve 45 mortos em conseqüência da explosão do reator em Chernobyl. Quase todos eram trabalhadores da usina, bombeiros e integrantes das equipes que sobrevoaram o fogo para apagá-lo. Os 45 morreram principalmente devido à radiação recebida pelo reator aberto e pelos escombros altamente radioativos que se espalharam ao redor dele. Aqueles que moravam perto da usina foram expostos à radiação, mas continuam vivos. É verdade que alguns podem morrer antes do esperado com cânceres provocados por radiação, mas lembre-se: em 1952, 5 mil pessoas morreram em Londres, num único dia, envenenadas por fumaça de carvão. Estima-se que centenas de milhares morreram desde então em decorrência de câncer do pulmão causado pela inalação de substâncias cancerígenas na fumaça. Mas a mídia não fala da queima de carvão como causa massiva de tumores.
Por que, então, há tanta oposição ao uso da energia nuclear?
As pessoas sempre têm medo de algo. Antes, eram fantasmas e vampiros. Hoje, energia nuclear. A oposição baseia-se numa ficção hollywoodiana, na mídia e em lobbies do movimento verde.
Você sempre foi considerado um guru dos ecologistas e agora não perde uma oportunidade para criticá-los. Qual é o motivo desse desentendimento?
Os verdes são importantes, mas estão errados. Eles se preocupam com as pessoas e esquecem da saúde da Terra. Não percebem que somos parte do planeta e dependemos dele. Eu mesmo sou um verde, mas tento mostrar que estão errados sobre energia nuclear.
Ao quebrar átomos, as usinas nucleares não alteram o equilíbrio de Gaia?
Ao contrário. Se você olhar para o Universo, verá que sua energia natural é nuclear. Toda estrela é uma estação nuclear, inclusive o Sol. O único método anômalo de obtenção de energia é a queima de combustíveis aqui na Terra. É muito mais natural usar energia nuclear do que queimar carvão e mandar gás carbônico para a atmosfera.
Você pede o fim da queima de óleo e carvão. Mas muitos países, como o Brasil, têm na água a maior fonte de energia. Como a troca que você propõe mudará um quadro com tantas variáveis?
Concordo que diferentes países terão soluções distintas para o problema. Mas, no momento, usar energia nuclear é a saída mais acessível e realista para o aquecimento global. Estados Unidos, China e Europa precisam cortar imediatamente 60% do combustível fóssil queimado para não termos conseqüências desastrosas. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, a temperatura no planeta aumentará em média 3,5 graus até 2100. Para comparar, na última era do gelo, que terminou há 12 mil anos, a média de temperatura era 3,5 graus menor que em 1900. Ou seja: a mudança até 2100 será comparável àquela entre a era do gelo e 1900. A floresta amazônica não existia naquele tempo. E ela pode também não existir no fim deste século.
Basear a eletricidade em energia nuclear não provocará uma exploração desenfreada de urânio que ameaçaria a natureza de países como o Brasil?
Não, porque as quantidades são pequenas. Um quilo de urânio produz aproximadamente 10 milhões de vezes mais energia que a mesma quantidade de carvão ou petróleo. Na verdade, o Brasil poderia ter benefícios econômicos com a mudança, tornando-se um grande provedor mundial de urânio.
E o que faremos com o lixo atômico?
O volume de lixo atômico de alto nível produzido pelas usinas nucleares do Reino Unido, em seus 50 anos de atividade, equivale a 10 metros cúbicos. É tamanho de uma casa pequena. Se colocado numa caixa de concreto, esse lixo seria totalmente seguro e a perda de calor ainda poderia ser aproveitada para aquecer minha casa.
As usinas nucleares não podem se tornar alvo preferencial de terroristas?
Não creio. As estações nucleares estão localizadas em construções fortes. Parecem mais bunkers que edifícios normais. Tenho informações de que elas podem suportar o choque de um avião, por exemplo. O grande perigo em relação aos terroristas é que eles roubem plutônio ou urânio em quantidade suficiente para fazer uma bomba atômica rudimentar. Enormes estoques desses elementos foram armazenados na Europa, na ex-União Soviética e Estados Unidos durante a Guerra Fria.
Você acredita que as multinacionais do petróleo podem encampar sua proposta e produzir energia nuclear?
Certamente. Elas não se consideram companhias de petróleo, e sim energéticas. Não lhes importa de onde a energia vem, mas o lucro que conseguem nesse preocesso. Creio que elas poderiam, inclusive, investir na construção e operação de usinas nucleares.
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O Brasil das Aguas - Hidrografia
O BRASIL DAS ÁGUAS - Hidrografia
O casal Gérard e Margi Moss se lançou num projeto pioneiro: fazer um levantamento da qualidade da água nos principais rios e reservatórios hídricos do país. Deram-lhe o nome de Brasil das Águas e até o final do mês pretendem finalizá-lo depois de terem percorrido cerca de 100 mil quilômetros.
O trabalho começou em outubro do ano passado na bacia do rio Paraná. O objetivo é fazer um mapa da saúde das águas doces brasileiras e identificar lugares não contaminados para preservá-los. Eles viajam a bordo de um hidroavião anfíbio - ele como piloto, ela como fotógrafa.
A coleta da água é feita durante vôos rasantes. Depois, ela passa pelo mini-laboratório do avião, onde são analisados parâmetros como pH, temperatura e condutividade. Análises complementares são feitas em centros como a UFRJ, a USP e o Instituto Internacional de Ecologia, em São Carlos (SP).
Nas pesquisas, sobrevoando as cinco regiões do país, Margi coletou também estas belas fotos.
TALHA-MAR
Gérard ficou conhecido em 2001 quando se tornou o primeiro homem a percorrer o globo num motoplanador. Na expedição atual, feita no Talha-Mar (nome de uma ave encontrada em hábitats aquáticos), ele e a esposa devem passar por mais de mil pontos de coleta em 350 rios do país. Cada ponto foi escolhido a partir de fatores como existência de mineração, indústria e agropecuária, despejo de esgoto, represamento por barragens e pureza da água
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O casal Gérard e Margi Moss se lançou num projeto pioneiro: fazer um levantamento da qualidade da água nos principais rios e reservatórios hídricos do país. Deram-lhe o nome de Brasil das Águas e até o final do mês pretendem finalizá-lo depois de terem percorrido cerca de 100 mil quilômetros.
O trabalho começou em outubro do ano passado na bacia do rio Paraná. O objetivo é fazer um mapa da saúde das águas doces brasileiras e identificar lugares não contaminados para preservá-los. Eles viajam a bordo de um hidroavião anfíbio - ele como piloto, ela como fotógrafa.
A coleta da água é feita durante vôos rasantes. Depois, ela passa pelo mini-laboratório do avião, onde são analisados parâmetros como pH, temperatura e condutividade. Análises complementares são feitas em centros como a UFRJ, a USP e o Instituto Internacional de Ecologia, em São Carlos (SP).
Nas pesquisas, sobrevoando as cinco regiões do país, Margi coletou também estas belas fotos.
TALHA-MAR
Gérard ficou conhecido em 2001 quando se tornou o primeiro homem a percorrer o globo num motoplanador. Na expedição atual, feita no Talha-Mar (nome de uma ave encontrada em hábitats aquáticos), ele e a esposa devem passar por mais de mil pontos de coleta em 350 rios do país. Cada ponto foi escolhido a partir de fatores como existência de mineração, indústria e agropecuária, despejo de esgoto, represamento por barragens e pureza da água
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Cinema Brasileiro - Cronologia
CINEMA BRASILEIRO - Cronologia
Primórdios - Início do século 20
Marco: A primeira sessão de cinema brasileiro no dia 1º de maio de 1897, em Petrópolis, no Rio de Janeiro
Na tela: Quatro curtas dirigidos pelos irmãos Affonso e Paschoal Segreto
Fora dela: Durante os anos 20, nascem núcleos regionais de produção em diversas cidades brasileiras, como Recife, Taubaté, Belo Horizonte, Pelotas, Campinas, Porto Alegre e Cataguases, de onde saiu o diretor Humberto Mauro, um dos expoentes dessa fase
Limite - Melhor filme segundo a crítica
Diretor: Mário Peixoto
Ano: 1931
A Era dos Estúdios - Anos 30 a 50
Marco: A criação dos centros cinematográficos Cinédia (1930), Atlântida (1941) e Vera Cruz (1949)
Na tela: As comédias musicais, que eternizaram Carmem Miranda, Grande Otelo e Oscarito, e as chanchadas. Já a Vera Cruz fazia filmes mais intelectualizados, como O Cangaceiro
Fora dela: O Brasil desejava criar uma Hollywood tupiniquim, mas os altos custos levam a Vera Cruz à falência e à redução do ritmo da produção
Alô, Alô, Carnaval - Sucesso mundial
Diretor: Adhemar Gonzaga
Ano: 1936
O Cangaceiro
Diretor: Lima Barreto
Ano: 1953
Criando uma identidade - Anos 50 e 60
Marco: O primeiro nu frontal, de Norma Benguell em Os Cafajestes (1962)
Na tela: Filmes preocupados com uma estética brasileira, deixando de lado a influência hollywoodiana, como O Pagador de Promessas, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado para o Oscar de Filme Estrangeiro
Fora dela: A falta de motivação no país, causada pela falência da Vera Cruz, a derrocada na Copa e o pós-guerra, é rebatida por uma revolução cultural em que a música, a literatura, a arquitetura e o cinema têm papel fundamental
O Pagador de Promessas - O primeiro filme a concorrer ao Oscar
Diretor: Anselmo Duarte
Ano: 1962
Cinema Novo - Anos 60
Marco: O mote "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", eternizado por Glauber Rocha e que se tornou lema do Cinema Novo
Na tela: Filmes baratos, com preocupações sociais, enraizados na cultura - e muitas vezes na miséria - brasileira
Fora dela: O governo militar, por meio do Instituto Nacional de Cinema, patrocinava apenas cineastas dispostos a falar bem do país. É como alternativa a essa produção que surge o Cinema Novo
Vidas Secas
Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Ano: 1963
Deus e o Diabo na Terra do Sol
Diretor: Gauber Rocha
Ano: 1964
Embrafilme - Anos 70 e 80
Marco: A criação da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), em 1969
Na tela: Longas que serviam de propaganda do governo e comédias apolíticas. Com a ditadura mais branda, o órgão patrocina uma produção bem diversificada
Fora dela: As salas são obrigadas a exibir filmes nacionais por 112 dias no ano, o que impulsiona as bilheterias. Cheia de dívidas, a Embrafilme é extinta no primeiro dia do governo Collor, em 1990, e a produção quase desaparece
Aladim e a Lâmpada Maravilhosa
Diretor: J.B. Tanko
Ano: 1973
Dona Flor e Seus Dois Maridos - Maior bilheteria
Diretor: Bruno Barreto
Ano: 1976
Pra Frente Brasil
Diretor: Roberto Farias
Ano: 1983
Retomada - Anos 90
Marco: Carla Camurati se dedica a todas as etapas de produção de Carlota Joaquina - da busca de patrocínio à regência da orquestra que fez a trilha
Na tela: Produções bem-sucedidas mostram que sim, nós temos cinema: Terra Estrangeira, O Quatrilho e O que É Isso, Companheiro? são exemplos
Fora dela: Para incentivar as produções, o governo Fernando Henrique cria, em 1995, a Lei Rouanet e a Lei do Audiovisual, para que empresas possam deduzir do Imposto de Renda o dinheiro investido em cinema
Carlota Joaquina - A princesa do Brasil
Diretora: Carla Camurati
Ano: 1994
Brasil no Mundo - Virada do século
Marco: Reconhecimento internacional com sucessivas indicações aos festivais internacionais, como Berlim e o Oscar
Na tela: Filmes bem produzidos, bem finalizados e respeitados mundialmente como Central do Brasil e Cidade de Deus
Fora dela: Os críticos criam o selo "cosmética da fome" para rotular os dois filmes, já que ambos exportam um retrato tecnicamente bem acabado da miséria em nosso país
Central do Brasil - Vencedor do Festival de Berlim
Diretor: Walter Salles
Ano: 1998
Cidade de Deus - 4 indicações ao Oscar
Diretor: Fernando Meirelles
Ano: 2002
Sala cheia - Século 21
Marco: Filmes brasileiros voltam a encher as salas de cinema
Na tela: Os filmes de maior bilheteria têm sido produzidos pelo braço cinematográfico da Rede Globo. No primeiro semestre de 2003, Deus é Brasileiro, de Cacá Diegues, Carandiru, de Hector Babenco, e O Homem que Copiava, arrastaram em torno de 6,8 milhões de espectadores às salas. Olga é a maior bilheteria deste ano
Fora dela: A produção de cinema é totalmente dependente das leis de incentivo que permitem renúncia fiscal por parte dos patrocinadores
O Homem Que Copiava
Diretor: Jorge Furtado
Ano: 2002
Olga
Diretor: Jayme Monjardim
Ano: 2004
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Primórdios - Início do século 20
Marco: A primeira sessão de cinema brasileiro no dia 1º de maio de 1897, em Petrópolis, no Rio de Janeiro
Na tela: Quatro curtas dirigidos pelos irmãos Affonso e Paschoal Segreto
Fora dela: Durante os anos 20, nascem núcleos regionais de produção em diversas cidades brasileiras, como Recife, Taubaté, Belo Horizonte, Pelotas, Campinas, Porto Alegre e Cataguases, de onde saiu o diretor Humberto Mauro, um dos expoentes dessa fase
Limite - Melhor filme segundo a crítica
Diretor: Mário Peixoto
Ano: 1931
A Era dos Estúdios - Anos 30 a 50
Marco: A criação dos centros cinematográficos Cinédia (1930), Atlântida (1941) e Vera Cruz (1949)
Na tela: As comédias musicais, que eternizaram Carmem Miranda, Grande Otelo e Oscarito, e as chanchadas. Já a Vera Cruz fazia filmes mais intelectualizados, como O Cangaceiro
Fora dela: O Brasil desejava criar uma Hollywood tupiniquim, mas os altos custos levam a Vera Cruz à falência e à redução do ritmo da produção
Alô, Alô, Carnaval - Sucesso mundial
Diretor: Adhemar Gonzaga
Ano: 1936
O Cangaceiro
Diretor: Lima Barreto
Ano: 1953
Criando uma identidade - Anos 50 e 60
Marco: O primeiro nu frontal, de Norma Benguell em Os Cafajestes (1962)
Na tela: Filmes preocupados com uma estética brasileira, deixando de lado a influência hollywoodiana, como O Pagador de Promessas, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado para o Oscar de Filme Estrangeiro
Fora dela: A falta de motivação no país, causada pela falência da Vera Cruz, a derrocada na Copa e o pós-guerra, é rebatida por uma revolução cultural em que a música, a literatura, a arquitetura e o cinema têm papel fundamental
O Pagador de Promessas - O primeiro filme a concorrer ao Oscar
Diretor: Anselmo Duarte
Ano: 1962
Cinema Novo - Anos 60
Marco: O mote "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", eternizado por Glauber Rocha e que se tornou lema do Cinema Novo
Na tela: Filmes baratos, com preocupações sociais, enraizados na cultura - e muitas vezes na miséria - brasileira
Fora dela: O governo militar, por meio do Instituto Nacional de Cinema, patrocinava apenas cineastas dispostos a falar bem do país. É como alternativa a essa produção que surge o Cinema Novo
Vidas Secas
Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Ano: 1963
Deus e o Diabo na Terra do Sol
Diretor: Gauber Rocha
Ano: 1964
Embrafilme - Anos 70 e 80
Marco: A criação da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), em 1969
Na tela: Longas que serviam de propaganda do governo e comédias apolíticas. Com a ditadura mais branda, o órgão patrocina uma produção bem diversificada
Fora dela: As salas são obrigadas a exibir filmes nacionais por 112 dias no ano, o que impulsiona as bilheterias. Cheia de dívidas, a Embrafilme é extinta no primeiro dia do governo Collor, em 1990, e a produção quase desaparece
Aladim e a Lâmpada Maravilhosa
Diretor: J.B. Tanko
Ano: 1973
Dona Flor e Seus Dois Maridos - Maior bilheteria
Diretor: Bruno Barreto
Ano: 1976
Pra Frente Brasil
Diretor: Roberto Farias
Ano: 1983
Retomada - Anos 90
Marco: Carla Camurati se dedica a todas as etapas de produção de Carlota Joaquina - da busca de patrocínio à regência da orquestra que fez a trilha
Na tela: Produções bem-sucedidas mostram que sim, nós temos cinema: Terra Estrangeira, O Quatrilho e O que É Isso, Companheiro? são exemplos
Fora dela: Para incentivar as produções, o governo Fernando Henrique cria, em 1995, a Lei Rouanet e a Lei do Audiovisual, para que empresas possam deduzir do Imposto de Renda o dinheiro investido em cinema
Carlota Joaquina - A princesa do Brasil
Diretora: Carla Camurati
Ano: 1994
Brasil no Mundo - Virada do século
Marco: Reconhecimento internacional com sucessivas indicações aos festivais internacionais, como Berlim e o Oscar
Na tela: Filmes bem produzidos, bem finalizados e respeitados mundialmente como Central do Brasil e Cidade de Deus
Fora dela: Os críticos criam o selo "cosmética da fome" para rotular os dois filmes, já que ambos exportam um retrato tecnicamente bem acabado da miséria em nosso país
Central do Brasil - Vencedor do Festival de Berlim
Diretor: Walter Salles
Ano: 1998
Cidade de Deus - 4 indicações ao Oscar
Diretor: Fernando Meirelles
Ano: 2002
Sala cheia - Século 21
Marco: Filmes brasileiros voltam a encher as salas de cinema
Na tela: Os filmes de maior bilheteria têm sido produzidos pelo braço cinematográfico da Rede Globo. No primeiro semestre de 2003, Deus é Brasileiro, de Cacá Diegues, Carandiru, de Hector Babenco, e O Homem que Copiava, arrastaram em torno de 6,8 milhões de espectadores às salas. Olga é a maior bilheteria deste ano
Fora dela: A produção de cinema é totalmente dependente das leis de incentivo que permitem renúncia fiscal por parte dos patrocinadores
O Homem Que Copiava
Diretor: Jorge Furtado
Ano: 2002
Olga
Diretor: Jayme Monjardim
Ano: 2004
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terça-feira, 26 de abril de 2011
Há solução para o conflito entre Palestinos e Israelenses ?
HÁ SOLUÇÃO PARA O CONFLITO ENTRE PALESTINOS E ISRAELENSES?
Ninguém pode dizer com certeza. O que se sabe é que o único plano oficial de paz em vigor, o Mapa da Rota (proposto em abril de 2003 por Rússia, União Européia, Estados Unidos e ONU), está estagnado. Nem a primeira ação - o cessar-fogo dos dois lados - foi cumprida e especialistas começavam a achar que o Mapa podia tomar o rumo do Acordo de Oslo, de 1993, que foi abandonado. "Com a morte de Yasser Arafat, as negociações devem ser retomadas", diz o historiador Amatzia Baram, da Universidade de Haifa, em Israel.
O problema é que o Mapa não discute as fronteiras dos dois Estados nem prevê soluções para as questões polêmicas. Ele é mais um conjunto de diretrizes para chegar a um cenário de paz e, assim, tornar possível a discussão de um plano permanente. Para Baram, a paz vai depender da disposição dos governos em fazer concessões, uma área em que nenhum dos lados tem muita experiência.
Além de autoridades pouco dispostas a ceder, o conflito reúne outros dois problemas: radicalismo religioso e ódio cultivado por décadas entre dois grupos dividindo uma minúscula área geográfica. "Para chegar à paz é preciso esquecer o passado e pensar no futuro", diz o especialista em relações árabe-israelenses Scott Lasensky, do Instituto da Paz, uma organização americana.
Grupos moderados dos dois lados tentam mostrar que isso é possível. Na chamada Iniciativa de Genebra, assinada em junho de 2003 por políticos pacifistas palestinos e israelenses, todos os assuntos polêmicos foram discutidos e os dois lados abriram mão de algum ponto importante (veja tabela ao lado). Mas os governos não apoiaram o plano.
As tentativas frustradas de chegar a um acordo começam a desanimar muitos analistas. "Não vejo possibilidade de resolução do conflito a curto e médio prazo. Estou pessimista", diz o historiador André Gattaz, autor do livro A Guerra da Palestina. Mas há quem pense diferente. "O novo rumo da política palestina [haverá eleições em janeiro] vai abrir uma porta. É impossível saber se do outro lado há paz ou guerra", diz Baram. "Mas pelo menos há esperança."
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Ninguém pode dizer com certeza. O que se sabe é que o único plano oficial de paz em vigor, o Mapa da Rota (proposto em abril de 2003 por Rússia, União Européia, Estados Unidos e ONU), está estagnado. Nem a primeira ação - o cessar-fogo dos dois lados - foi cumprida e especialistas começavam a achar que o Mapa podia tomar o rumo do Acordo de Oslo, de 1993, que foi abandonado. "Com a morte de Yasser Arafat, as negociações devem ser retomadas", diz o historiador Amatzia Baram, da Universidade de Haifa, em Israel.
O problema é que o Mapa não discute as fronteiras dos dois Estados nem prevê soluções para as questões polêmicas. Ele é mais um conjunto de diretrizes para chegar a um cenário de paz e, assim, tornar possível a discussão de um plano permanente. Para Baram, a paz vai depender da disposição dos governos em fazer concessões, uma área em que nenhum dos lados tem muita experiência.
Além de autoridades pouco dispostas a ceder, o conflito reúne outros dois problemas: radicalismo religioso e ódio cultivado por décadas entre dois grupos dividindo uma minúscula área geográfica. "Para chegar à paz é preciso esquecer o passado e pensar no futuro", diz o especialista em relações árabe-israelenses Scott Lasensky, do Instituto da Paz, uma organização americana.
Grupos moderados dos dois lados tentam mostrar que isso é possível. Na chamada Iniciativa de Genebra, assinada em junho de 2003 por políticos pacifistas palestinos e israelenses, todos os assuntos polêmicos foram discutidos e os dois lados abriram mão de algum ponto importante (veja tabela ao lado). Mas os governos não apoiaram o plano.
As tentativas frustradas de chegar a um acordo começam a desanimar muitos analistas. "Não vejo possibilidade de resolução do conflito a curto e médio prazo. Estou pessimista", diz o historiador André Gattaz, autor do livro A Guerra da Palestina. Mas há quem pense diferente. "O novo rumo da política palestina [haverá eleições em janeiro] vai abrir uma porta. É impossível saber se do outro lado há paz ou guerra", diz Baram. "Mas pelo menos há esperança."
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E se fôssemos imortais ?
E SE... FÔSSEMOS IMORTAIS?
Você poderia fazer tudo o que deseja mas acha que não vai ter tempo para realizar. Afinal, o tempo seria infinito. Você poderia ser advogado, depois pescador, astronauta e estilista. Poderia namorar muitas mulheres (ou homens. Ou os dois) e viajar com eles pelo mundo. Além disso, você não viveria a angústia de saber que todos que ama morrerão um dia.
De fato, em um primeiro momento, a perspectiva de ser imortal parece muito boa. Acontece que a morte está muito mais presente na nossa vida do que imaginamos. "Nós nos organizamos para a morte. A partir dos 4 anos, a criança já sabe que vai morrer um dia. Sabemos que vamos perder pessoas e situações e que devemos nos preparar para isso", diz Maria Júlia Kovács, professora de psicologia da morte da USP.
A morte está ligada à religião, à criatividade humana e à reprodução da espécie. "A vida seria um presente infinito, sem noção de futuro", diz o físico Marcelo Gleiser, autor do livro O Fim da Terra e do Céu: o Apocalipse na Ciência e na Religião. Para ele, é o tempo finito que nos dá a necessidade de buscar algo que vá além do nosso tempo. A imortalidade, portanto, levaria todos à estagnação intelectual e cultural.
Se você acha que viver para sempre é assunto só para a imaginação, saiba que a ciência anda se preocupando com isso. Alguns pesquisadores vêem a velhice como um processo de degradação celular, a senescência, uma doença que poderia ser curada. Avanços na biotecnologia também podem levar à preservação do corpo por meio da clonagem. É possível que, no futuro, tenhamos uma espécie de "corpo reserva", pelo qual trocaríamos nosso corpo jà envelhecido. Nossa consciência seria transferida como um conjunto de informações digitais - como se transferem arquivos em CD hoje em dia. Num mundo sem envelhecimento ou doenças, a única maneira de morrer seria por traumas - acidentes de carro ou tiros, por exemplo. Continua achando que seria bom? Acompanhe algumas das conseqüências que viriam por aí.
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Você poderia fazer tudo o que deseja mas acha que não vai ter tempo para realizar. Afinal, o tempo seria infinito. Você poderia ser advogado, depois pescador, astronauta e estilista. Poderia namorar muitas mulheres (ou homens. Ou os dois) e viajar com eles pelo mundo. Além disso, você não viveria a angústia de saber que todos que ama morrerão um dia.
De fato, em um primeiro momento, a perspectiva de ser imortal parece muito boa. Acontece que a morte está muito mais presente na nossa vida do que imaginamos. "Nós nos organizamos para a morte. A partir dos 4 anos, a criança já sabe que vai morrer um dia. Sabemos que vamos perder pessoas e situações e que devemos nos preparar para isso", diz Maria Júlia Kovács, professora de psicologia da morte da USP.
A morte está ligada à religião, à criatividade humana e à reprodução da espécie. "A vida seria um presente infinito, sem noção de futuro", diz o físico Marcelo Gleiser, autor do livro O Fim da Terra e do Céu: o Apocalipse na Ciência e na Religião. Para ele, é o tempo finito que nos dá a necessidade de buscar algo que vá além do nosso tempo. A imortalidade, portanto, levaria todos à estagnação intelectual e cultural.
Se você acha que viver para sempre é assunto só para a imaginação, saiba que a ciência anda se preocupando com isso. Alguns pesquisadores vêem a velhice como um processo de degradação celular, a senescência, uma doença que poderia ser curada. Avanços na biotecnologia também podem levar à preservação do corpo por meio da clonagem. É possível que, no futuro, tenhamos uma espécie de "corpo reserva", pelo qual trocaríamos nosso corpo jà envelhecido. Nossa consciência seria transferida como um conjunto de informações digitais - como se transferem arquivos em CD hoje em dia. Num mundo sem envelhecimento ou doenças, a única maneira de morrer seria por traumas - acidentes de carro ou tiros, por exemplo. Continua achando que seria bom? Acompanhe algumas das conseqüências que viriam por aí.
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Os ETs caem no samba
OS ETS CAEM NO SAMBA
Alienígenas levados para autópsia na Universidade de Campinas, abduções na Amazônia, espaçonaves perseguidas pela Força Aérea Brasileira nos céus do Rio de Janeiro. Será que algum autor de novela resolveu apelar para aumentar a audiência no horário nobre? A comunidade ufóloga brasileira garante que todos os fatos acima são reais. Ou você achou que era só em Roswell, nos Estados Unidos - ou em Hollywood - que apareciam ETs? Marco Antônio Petit, presidente da Associação Fluminense de Estudos Ufológicos (Afeu) e co-editor da revista UFO (sigla em inglês para Unidentified Flying Object, ou objeto voador não-identificado), por exemplo, acredita que nossos militares são tão eficazes quanto os americanos na hora de acobertar evidências de OVNIs e sonegar informações à população. Para ele, o silêncio dos governos mundiais sobre visitas alienígenas costuma ter duas razões: evitar o pânico e monopolizar o aprendizado com a tecnologia avançada dessas civilizações. O governo, por sua vez, diz que não libera informações porque elas não existem - ou então são insuficientes para qualquer conclusão.
Alienígenas levados para autópsia na Universidade de Campinas, abduções na Amazônia, espaçonaves perseguidas pela Força Aérea Brasileira nos céus do Rio de Janeiro. Será que algum autor de novela resolveu apelar para aumentar a audiência no horário nobre? A comunidade ufóloga brasileira garante que todos os fatos acima são reais. Ou você achou que era só em Roswell, nos Estados Unidos - ou em Hollywood - que apareciam ETs? Marco Antônio Petit, presidente da Associação Fluminense de Estudos Ufológicos (Afeu) e co-editor da revista UFO (sigla em inglês para Unidentified Flying Object, ou objeto voador não-identificado), por exemplo, acredita que nossos militares são tão eficazes quanto os americanos na hora de acobertar evidências de OVNIs e sonegar informações à população. Para ele, o silêncio dos governos mundiais sobre visitas alienígenas costuma ter duas razões: evitar o pânico e monopolizar o aprendizado com a tecnologia avançada dessas civilizações. O governo, por sua vez, diz que não libera informações porque elas não existem - ou então são insuficientes para qualquer conclusão.
Bizarrices no Divã - Psiquiatria
BIZARRICES NO DIVÃ - Psiquiatria
Poucos casos vistos por Jon Carlson haviam tido um desfecho tão insólito quanto o de Trina, uma mulher com distúrbios afetivos causados pelo convívio com uma família desequilibrada. Nas sessões com o psiquiatra, Trina falava de uma tia doente - a única pessoa sensata na família - com quem queria reatar os laços. Mas os parentes não deixavam que as duas se encontrassem. O que estavam ocultando? Depois de semanas discutindo o problema,Trina procurou a polícia. Foi então que o mistério se desfez: a tia estava morta e "vivia" embalsamada junto à família.
Esse é só um dos casos psiquiátricos reunidos no livro The Mummy at the Dining Room Table ("A Múmia à Mesa de Jantar", inédito no Brasil), dos americanos Jeffrey Kottler e Jon Carlson. O trabalho reúne os casos mais curiosos de alguns dos psiquiatras mais famosos do mundo e se tornou um verdadeiro painel de esquisitices da alma humana.
Kottler e Carlson são adeptos de tratamentos bem menos ortodoxos do que aqueles usados no século 19, quando Freud desenvolveu a psicanálise. Freud usava um método conhecido como livre associação de idéias: o paciente senta-se no divã por dias, meses ou anos falando sobre suas neuroses e tudo o que, possivelmente, tenha a ver com elas. Dos sonhos às palavras ditas sem querer (o ato falho), tudo deve ser analisado.
Mas o tratamento de doenças mentais se adaptou aos tempos modernos. Novas terapias - que focam um só problema (sem gastar tempo com temas periféricos) - estão em voga. As técnicas atuais vão desde trocar o divã pela pista de corrida até eleger uma prostituta como mediadora de problemas conjugais. Os psiquiatras também não estão se levando tão a sério. Já não se importam em desenvolver amizade com os pacientes (coisa que Freud abominaria) ou usar técnicas tidas como charlatanices, como a hipnose. Os casos e soluções relatados em The Mummy... são um reflexo do mundo prático em que vivemos. E uma prova de que o homem segue sendo um bicho muito esquisito.
Titia é uma múmia
A família de Trina (no livro, todos os nomes de pacientes foram trocados) não era muito convencional. Sua cunhada, por exemplo, resolveu apresentar o namorado à família por meio de uma foto em que o rapaz aparecia de calças arriadas, exibindo o membro sexual ereto. Não foi um expediente muito ortodoxo para gerar boa impressão, mas, por incrível que pareça, funcionou. Numa família como essa, faz um pouco mais de sentido que um marido com remorso resolvesse mumificar a esposa morta.
Quando a tia de Trina começou a apresentar uma série de problemas de saúde que não respondiam à medicina tradicional, o marido passou a tratá-la com ervas caseiras e suco de limão. O tratamento acabou se revelando tóxico e matou a pobre mulher. Remoído pelo remorso e decidido a não ficar sem a presença da esposa, o tio decidiu mumuficá-la com a ajuda de um amigo dentista. Durante sete anos, a tia mumificada sentou-se à mesa durante as refeições da família e dormiu na cama, ao lado do marido.
Resultado do caso: Quem realmente conseguiu solucionar o problema foi a polícia, que descobriu o paradeiro da tia. Jon Carlson nunca mais ouviu falar da paciente e não se importou em confessar que isso o deixou chateado. "Às vezes as pessoas nos deixam antes que desejássemos ser deixados", escreveu. Já do tio da moça não faltaram notícias: depois de enterrar a esposa, ele passou nos testes psicológicos do Estado e manteve a guarda dos filhos. Algum tempo depois surpreendeu a todos novamente e assumiu seu relacionamento com o dentista embalsamador.
Prostituta de 82
O psiquiatra Jay Hailey é adepto da teoria "quanto mais gente melhor". Ele é um dos médicos pioneiros em terapia familiar e sempre achou que a roupa suja dos pacientes devia ser lavada pelo máximo de pessoas envolvidas nos casos. Foi por isso que insistiu para que o casal que ele estava atendendo trouxesse a mãe do rapaz - motivo da discórdia familiar - para as sessões. Aparentemente, os hábitos da senhora de 82 anos deixavam o filho estressado e ele acabava descontando todo o mau humor na esposa. O casal a princípio não gostou da sugestão, mas não discutiu com o médico. Na sessão seguinte, quando a mãe apareceu, o doutor Hailey entendeu o porquê de tanta resistência. Aos 82 anos, ela ainda trabalhava como prostituta, atendendo a uma clientela que combinava a velha guarda com garotões interessados em experiências diferentes. E tudo isso dentro de casa.
Resultado do caso: Apesar dos pesares, o casal tinha um grande respeito pela octogenária. Em poucas sessões conjuntas, Jay Hailey elevou a senhora a mediadora nas brigas do casal, intervindo em favor da nora. O filho, por sua vez, conseguiu que a velha prostituta abrisse mão de um costume antigo: nunca mais atendeu seus clientes nos horários em que os netos iam visitá-la.
Exterminador do futuro
Jason, um garoto de 19 anos, estava sendo treinado por sua comunidade religiosa para atuar como missionário no Terceiro Mundo. O programa preparatório era marcado por muita pressão e, quando ele se viu forçado a aprender uma língua estrangeira em oito semanas, surtou e começou a ter delírios. Ficou paranóico. Isso motivou sua internação numa clínica, da qual insistia em fugir. "Meu nome é Terminator. Minha missão é libertar John Connor", disse ao se apresentar a Scott Miller, seu médico. A primeira tarefa do psiquiatra foi convencer Jason de que ele não era o Exterminador do Futuro. A solução encontrada foi engenhosa. Depois de algumas visitas ao rapaz, Scott Miller surpreendeu-o. "Eu sei quem você realmente é. Seu nome é Arnold Schwarzenegger." A frase apanhou o garoto desprevenido. "Como você sabe quem eu sou?" O psiquiatra, sem se intimidar, continuou na ofensiva. "Como você prefere ser chamado?" "Arnold", respondeu Jason. "Arnold, você é obviamente um grande ator, mas precisa de um papel que o desafie", argumentou Miller de forma persuasiva. Jason se inflou de orgulho. "Eu sei disso. O problema é que os picaretas de Hollywood sempre me dão o mesmo tipo de papel." "Bem, eu tenho um papel mais difícil para você", continuou o doutor. "É o papel de um paciente de um hospital psiquiátrico. Você vai ter de participar das atividades com os outros pacientes e falar dos seus problemas. E o mais importante: nada de tentar escapar".
Resultado do caso: Aos poucos, com auxílio de medicação pesada, Arnold, o ator, voltou a ser Jason, o quase missionário. Com a supervisão de Scott Miller, retornou ao convívio na comunidade a que pertencia. Os religiosos, no entanto, temendo um novo surto psicótico, aposentaram o rapaz.
Na cama com papai
A primeira coisa que o psiquiatra sul-africano Arnold Lazarus notou quando a nova paciente entrou no consultório foi sua ansiedade. E ela não levou mais de uma sessão para revelar o problema que a atormentava: estava tendo um caso com o pai. Abandonada por ele na infância, resolveu procurá-lo depois de 30 anos. A paciente, na faixa dos 40, era casada e tinha filhos. O pai, com mais de 70, estava no quarto casamento. A química sexual entre ambos foi instantânea. "O melhor sexo da minha vida", disse a mulher sobre o pai setentão. Nunca antes tivera tantos orgasmos múltiplos. Além disso, o velho homem era infatigável e os encontros se tornavam cada vez mais comuns. A paciente resolveu procurar o médico quando o complexo de culpa se tornou insuportável. Lazarus fez uma recomendação que muitos de seus colegas, mais tarde, consideraram extravagante e inapropriada. "Ele pode ser seu pai biológico, mas não representa uma figura paterna", disse Lazarus para tranqüilizar a paciente.
Resultado do caso: A absolvição psicológica atenuou o drama de consciência da paciente. "Uma conduta que provoca desaprovação social não faz de ninguém um ser desprezível", diria depois o médico. Sem culpas, ela passou a exigir presentes caros do amante, entre eles um automóvel de luxo. Depois, deu-lhe um pé na bunda. "Foi uma forma de puni-lo pelo abandono", explicou Lazarus. E como ela explicou ao marido a procedência dos presentes? "É o tipo de coisa que pais culpados fazem", disse.
Adorável vaquinha
Quando era um médico da saúde pública em início de carreira, durante os anos 70, Jeffrey Kottler recebeu um pedido estranho de Manny, um jovem trabalhador rural do estado de Ohio, nos Estados Unidos. "Doutor, eu quero que o senhor corte fora o meu nariz", disse. Ao investigar o porquê do pedido, Kottler descobriu que seu paciente sentia cheiro de estrume por toda a parte. "O senhor não está sentindo?" Mas não havia cheiro nenhum. Sabendo que o problema não estava no nariz do paciente, Kottler começou a interrogá-lo sobre sua vida pessoal e descobriu que o rapaz não tinha tido muita sorte com as mulheres durante a vida. Desiludido, acabou se tornando muito afeiçoado a Mertel, uma vaca da fazenda em que trabalhava. Mas muito afeiçoado mesmo! E, na hora de praticar seu amor, Manny costumava usar a escada de consertar cercas da fazenda para escalar a vaquinha. O problema é que o contato tão íntimo com a quadrúpede fazia com que Manny sentisse cheio de estrume todo o tempo, por toda a parte.
Resultado do caso: Kottler não teve que fazer esforço algum para dissuadir Manny da idéia de cortar o nariz. Depois de três sessões, o paciente contou que havia chegado a uma solução para o problema: ele começou a usar uma colônia bem forte, que encobria o odor de estrume. Largou o tratamento e é bem provável que ainda seja feliz ao lado de Mertel.
Detetives da memória
Descobrir o paradeiro de objetos desaparecidos costuma ser trabalho de detetives, não de terapeutas. A menos que eles sejam peritos em hipnose. No início dos anos 80, o médico Ernest Rossi teve que ajudar Mary, uma velha senhora com problemas de memória, a lembrar onde escondera os ingressos da família para um show do Michael Jackson. Bastou uma sessão de hipnose para descobrir que os ingressos tinham sido colocados por Mary detrás dos jogos de lençóis, no armário, seu "esconderijo sagrado" na casa.
Já a terapeuta Pat Love ajudou Marvin, um adolescente, a recuperar seu emprego numa lanchonete. Ele havia sido acusado de desviar dinheiro do caixa. No transe, o garoto conseguiu lembrar em detalhes vívidos tudo o que tinha acontecido enquanto ele atendia o caixa no seu turno. De repente, Marvin viu a si mesmo se afastando do caixa para colocar no forno alguns pães de hambúrguer e pedindo a Carl, seu colega de trabalho, que atendesse um cliente. O que não tinha sido registrado conscientemente apareceu de forma cristalina no transe: na hora de dar o troco, Carl aproveitou para colocar um punhado de dólares no bolso.
Patricinha de luxo
O psiquiatra William Glasser, de Los Angeles, estava acostumado a atender patricinhas de Beverly Hills, a maioria delas com problemas de anorexia. Mas sua nova paciente não se enquadrava no estereótipo. Em primeiro lugar, ela comia bem. O único problema estava no cardápio: ela gostava de comer lixo. O que mais lhe divertia era revirar as latas de lixo do bairro chique em que morava e encontrar restos que pudessem lhe servir de almoço ou um simples lanchinho. Glasser não precisou de muito tempo para constatar que o paladar pouco usual era fruto da vontade da jovem de chocar a mãe, uma fanática por limpeza. Glasser - que nos anos 70 escreveu um livro chamado Vício Positivo, no qual advoga a tese de que um vício ruim pode ser curado pela adoção de um vício bom - resolveu aplicar sua teoria na garota. Assim, concordou em atendê-la, mas não no seu consultório. Duas vezes por semana eles se encontravam na pista de corrida onde ele praticava o seu jogging matinal. A sessão acontecia durante a corrida.
Resultado do caso: Aos poucos, ela deixou de manifestar sua compulsão por lixeiras. Em lugar disso, transformou-se numa maníaca por fitness.
Poucos casos vistos por Jon Carlson haviam tido um desfecho tão insólito quanto o de Trina, uma mulher com distúrbios afetivos causados pelo convívio com uma família desequilibrada. Nas sessões com o psiquiatra, Trina falava de uma tia doente - a única pessoa sensata na família - com quem queria reatar os laços. Mas os parentes não deixavam que as duas se encontrassem. O que estavam ocultando? Depois de semanas discutindo o problema,Trina procurou a polícia. Foi então que o mistério se desfez: a tia estava morta e "vivia" embalsamada junto à família.
Esse é só um dos casos psiquiátricos reunidos no livro The Mummy at the Dining Room Table ("A Múmia à Mesa de Jantar", inédito no Brasil), dos americanos Jeffrey Kottler e Jon Carlson. O trabalho reúne os casos mais curiosos de alguns dos psiquiatras mais famosos do mundo e se tornou um verdadeiro painel de esquisitices da alma humana.
Kottler e Carlson são adeptos de tratamentos bem menos ortodoxos do que aqueles usados no século 19, quando Freud desenvolveu a psicanálise. Freud usava um método conhecido como livre associação de idéias: o paciente senta-se no divã por dias, meses ou anos falando sobre suas neuroses e tudo o que, possivelmente, tenha a ver com elas. Dos sonhos às palavras ditas sem querer (o ato falho), tudo deve ser analisado.
Mas o tratamento de doenças mentais se adaptou aos tempos modernos. Novas terapias - que focam um só problema (sem gastar tempo com temas periféricos) - estão em voga. As técnicas atuais vão desde trocar o divã pela pista de corrida até eleger uma prostituta como mediadora de problemas conjugais. Os psiquiatras também não estão se levando tão a sério. Já não se importam em desenvolver amizade com os pacientes (coisa que Freud abominaria) ou usar técnicas tidas como charlatanices, como a hipnose. Os casos e soluções relatados em The Mummy... são um reflexo do mundo prático em que vivemos. E uma prova de que o homem segue sendo um bicho muito esquisito.
Titia é uma múmia
A família de Trina (no livro, todos os nomes de pacientes foram trocados) não era muito convencional. Sua cunhada, por exemplo, resolveu apresentar o namorado à família por meio de uma foto em que o rapaz aparecia de calças arriadas, exibindo o membro sexual ereto. Não foi um expediente muito ortodoxo para gerar boa impressão, mas, por incrível que pareça, funcionou. Numa família como essa, faz um pouco mais de sentido que um marido com remorso resolvesse mumificar a esposa morta.
Quando a tia de Trina começou a apresentar uma série de problemas de saúde que não respondiam à medicina tradicional, o marido passou a tratá-la com ervas caseiras e suco de limão. O tratamento acabou se revelando tóxico e matou a pobre mulher. Remoído pelo remorso e decidido a não ficar sem a presença da esposa, o tio decidiu mumuficá-la com a ajuda de um amigo dentista. Durante sete anos, a tia mumificada sentou-se à mesa durante as refeições da família e dormiu na cama, ao lado do marido.
Resultado do caso: Quem realmente conseguiu solucionar o problema foi a polícia, que descobriu o paradeiro da tia. Jon Carlson nunca mais ouviu falar da paciente e não se importou em confessar que isso o deixou chateado. "Às vezes as pessoas nos deixam antes que desejássemos ser deixados", escreveu. Já do tio da moça não faltaram notícias: depois de enterrar a esposa, ele passou nos testes psicológicos do Estado e manteve a guarda dos filhos. Algum tempo depois surpreendeu a todos novamente e assumiu seu relacionamento com o dentista embalsamador.
Prostituta de 82
O psiquiatra Jay Hailey é adepto da teoria "quanto mais gente melhor". Ele é um dos médicos pioneiros em terapia familiar e sempre achou que a roupa suja dos pacientes devia ser lavada pelo máximo de pessoas envolvidas nos casos. Foi por isso que insistiu para que o casal que ele estava atendendo trouxesse a mãe do rapaz - motivo da discórdia familiar - para as sessões. Aparentemente, os hábitos da senhora de 82 anos deixavam o filho estressado e ele acabava descontando todo o mau humor na esposa. O casal a princípio não gostou da sugestão, mas não discutiu com o médico. Na sessão seguinte, quando a mãe apareceu, o doutor Hailey entendeu o porquê de tanta resistência. Aos 82 anos, ela ainda trabalhava como prostituta, atendendo a uma clientela que combinava a velha guarda com garotões interessados em experiências diferentes. E tudo isso dentro de casa.
Resultado do caso: Apesar dos pesares, o casal tinha um grande respeito pela octogenária. Em poucas sessões conjuntas, Jay Hailey elevou a senhora a mediadora nas brigas do casal, intervindo em favor da nora. O filho, por sua vez, conseguiu que a velha prostituta abrisse mão de um costume antigo: nunca mais atendeu seus clientes nos horários em que os netos iam visitá-la.
Exterminador do futuro
Jason, um garoto de 19 anos, estava sendo treinado por sua comunidade religiosa para atuar como missionário no Terceiro Mundo. O programa preparatório era marcado por muita pressão e, quando ele se viu forçado a aprender uma língua estrangeira em oito semanas, surtou e começou a ter delírios. Ficou paranóico. Isso motivou sua internação numa clínica, da qual insistia em fugir. "Meu nome é Terminator. Minha missão é libertar John Connor", disse ao se apresentar a Scott Miller, seu médico. A primeira tarefa do psiquiatra foi convencer Jason de que ele não era o Exterminador do Futuro. A solução encontrada foi engenhosa. Depois de algumas visitas ao rapaz, Scott Miller surpreendeu-o. "Eu sei quem você realmente é. Seu nome é Arnold Schwarzenegger." A frase apanhou o garoto desprevenido. "Como você sabe quem eu sou?" O psiquiatra, sem se intimidar, continuou na ofensiva. "Como você prefere ser chamado?" "Arnold", respondeu Jason. "Arnold, você é obviamente um grande ator, mas precisa de um papel que o desafie", argumentou Miller de forma persuasiva. Jason se inflou de orgulho. "Eu sei disso. O problema é que os picaretas de Hollywood sempre me dão o mesmo tipo de papel." "Bem, eu tenho um papel mais difícil para você", continuou o doutor. "É o papel de um paciente de um hospital psiquiátrico. Você vai ter de participar das atividades com os outros pacientes e falar dos seus problemas. E o mais importante: nada de tentar escapar".
Resultado do caso: Aos poucos, com auxílio de medicação pesada, Arnold, o ator, voltou a ser Jason, o quase missionário. Com a supervisão de Scott Miller, retornou ao convívio na comunidade a que pertencia. Os religiosos, no entanto, temendo um novo surto psicótico, aposentaram o rapaz.
Na cama com papai
A primeira coisa que o psiquiatra sul-africano Arnold Lazarus notou quando a nova paciente entrou no consultório foi sua ansiedade. E ela não levou mais de uma sessão para revelar o problema que a atormentava: estava tendo um caso com o pai. Abandonada por ele na infância, resolveu procurá-lo depois de 30 anos. A paciente, na faixa dos 40, era casada e tinha filhos. O pai, com mais de 70, estava no quarto casamento. A química sexual entre ambos foi instantânea. "O melhor sexo da minha vida", disse a mulher sobre o pai setentão. Nunca antes tivera tantos orgasmos múltiplos. Além disso, o velho homem era infatigável e os encontros se tornavam cada vez mais comuns. A paciente resolveu procurar o médico quando o complexo de culpa se tornou insuportável. Lazarus fez uma recomendação que muitos de seus colegas, mais tarde, consideraram extravagante e inapropriada. "Ele pode ser seu pai biológico, mas não representa uma figura paterna", disse Lazarus para tranqüilizar a paciente.
Resultado do caso: A absolvição psicológica atenuou o drama de consciência da paciente. "Uma conduta que provoca desaprovação social não faz de ninguém um ser desprezível", diria depois o médico. Sem culpas, ela passou a exigir presentes caros do amante, entre eles um automóvel de luxo. Depois, deu-lhe um pé na bunda. "Foi uma forma de puni-lo pelo abandono", explicou Lazarus. E como ela explicou ao marido a procedência dos presentes? "É o tipo de coisa que pais culpados fazem", disse.
Adorável vaquinha
Quando era um médico da saúde pública em início de carreira, durante os anos 70, Jeffrey Kottler recebeu um pedido estranho de Manny, um jovem trabalhador rural do estado de Ohio, nos Estados Unidos. "Doutor, eu quero que o senhor corte fora o meu nariz", disse. Ao investigar o porquê do pedido, Kottler descobriu que seu paciente sentia cheiro de estrume por toda a parte. "O senhor não está sentindo?" Mas não havia cheiro nenhum. Sabendo que o problema não estava no nariz do paciente, Kottler começou a interrogá-lo sobre sua vida pessoal e descobriu que o rapaz não tinha tido muita sorte com as mulheres durante a vida. Desiludido, acabou se tornando muito afeiçoado a Mertel, uma vaca da fazenda em que trabalhava. Mas muito afeiçoado mesmo! E, na hora de praticar seu amor, Manny costumava usar a escada de consertar cercas da fazenda para escalar a vaquinha. O problema é que o contato tão íntimo com a quadrúpede fazia com que Manny sentisse cheio de estrume todo o tempo, por toda a parte.
Resultado do caso: Kottler não teve que fazer esforço algum para dissuadir Manny da idéia de cortar o nariz. Depois de três sessões, o paciente contou que havia chegado a uma solução para o problema: ele começou a usar uma colônia bem forte, que encobria o odor de estrume. Largou o tratamento e é bem provável que ainda seja feliz ao lado de Mertel.
Detetives da memória
Descobrir o paradeiro de objetos desaparecidos costuma ser trabalho de detetives, não de terapeutas. A menos que eles sejam peritos em hipnose. No início dos anos 80, o médico Ernest Rossi teve que ajudar Mary, uma velha senhora com problemas de memória, a lembrar onde escondera os ingressos da família para um show do Michael Jackson. Bastou uma sessão de hipnose para descobrir que os ingressos tinham sido colocados por Mary detrás dos jogos de lençóis, no armário, seu "esconderijo sagrado" na casa.
Já a terapeuta Pat Love ajudou Marvin, um adolescente, a recuperar seu emprego numa lanchonete. Ele havia sido acusado de desviar dinheiro do caixa. No transe, o garoto conseguiu lembrar em detalhes vívidos tudo o que tinha acontecido enquanto ele atendia o caixa no seu turno. De repente, Marvin viu a si mesmo se afastando do caixa para colocar no forno alguns pães de hambúrguer e pedindo a Carl, seu colega de trabalho, que atendesse um cliente. O que não tinha sido registrado conscientemente apareceu de forma cristalina no transe: na hora de dar o troco, Carl aproveitou para colocar um punhado de dólares no bolso.
Patricinha de luxo
O psiquiatra William Glasser, de Los Angeles, estava acostumado a atender patricinhas de Beverly Hills, a maioria delas com problemas de anorexia. Mas sua nova paciente não se enquadrava no estereótipo. Em primeiro lugar, ela comia bem. O único problema estava no cardápio: ela gostava de comer lixo. O que mais lhe divertia era revirar as latas de lixo do bairro chique em que morava e encontrar restos que pudessem lhe servir de almoço ou um simples lanchinho. Glasser não precisou de muito tempo para constatar que o paladar pouco usual era fruto da vontade da jovem de chocar a mãe, uma fanática por limpeza. Glasser - que nos anos 70 escreveu um livro chamado Vício Positivo, no qual advoga a tese de que um vício ruim pode ser curado pela adoção de um vício bom - resolveu aplicar sua teoria na garota. Assim, concordou em atendê-la, mas não no seu consultório. Duas vezes por semana eles se encontravam na pista de corrida onde ele praticava o seu jogging matinal. A sessão acontecia durante a corrida.
Resultado do caso: Aos poucos, ela deixou de manifestar sua compulsão por lixeiras. Em lugar disso, transformou-se numa maníaca por fitness.
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Estupro - Violência Sexual
ESTUPRO - Violência Sexual
Cena 1 - (Paris, França):
Após brigar com o namorado, Alex decide voltar sozinha para casa no meio da madrugada. Diante de uma avenida de alta velocidade, ela resolve usar uma passagem subterrânea para pegar um táxi. No túnel escuro, ela caminha até ser surpreendida por um homem espancando um travesti. Alex fica paralisada, não sabe se tenta terminar a travessia ou volta por onde entrou. Os segundos de incerteza são cruciais e o homem a vê. E se interessa. Ela ainda tenta fugir. Mas é agredida, humilhada, estuprada e espancada quase até a morte.
Cena 2 - (São Paulo, Brasil):
Joana conhece Cristiano em uma festa. Eles dançam, trocam beijos e telefones. Alguns dias depois ela resolve passar na casa dele. Mas, em vez de curtir a garota, Cristiano, embalado por dois amigos, topa dividi-la em um "ménage à quatre". O plano parece simples. No meio da transa, os dois amigos sairiam nus de dentro do armário, tentariam participar da brincadeira e, quem sabe, convencê-la a transar com eles também. Mas Joana não gosta da idéia, resiste às investidas dos dois intrusos, tenta se desvencilhar, grita, apanha, mas não consegue evitar - é estuprada pelos três ao mesmo tempo.
Cena 3 - (Freetown, Serra Leoa):
Forças rebeldes invadem a cidade. A apenas 40 quilômetros dali, a pequena vila de Mamamah é alvo fácil dos revolucionários, que executam a maioria dos moradores e raptam as adolescentes. Mariatu, de apenas 16 anos, é pega após seus pais serem mortos. É estuprada repetidas vezes por todos os homens do grupo. Dezenas de garotas da tribo têm o mesmo destino. Quando tenta resistir, Mariatu é punida com jejum e espancamento. É forçada a acompanhar as forças rebeldes e eventualmente vira "esposa" de algum deles. Quando engravida, é abandonada.
Os exemplos que você acabou de ler foram retirados, respectivamente, dos filmes Irreversível e Cama de Gato e do site da Anistia Internacional. Seja no cinema ou nos apelos das organizações humanitárias, o relato é da mesma situação cruel, fria e revoltante que atinge milhões de mulheres - segundo a Organização Mundial da Saúde, uma em cada cinco mulheres foi ou será estuprada. São agressões cometidas por maridos, namorados, amigos. Por estranhos que não fazem distinção entre mulher bonita ou feia. Por soldados e rebeldes em situações de guerra. Mas por quê? Como a ciência explica esse comportamento que existe desde os primórdios da humanidade e nos deixa em condições tão próximas da de animais? Selecionamos alguns dos principais tópicos dessa discussão.
Por que alguns homens buscam sexo forçado?
Duas correntes distintas buscam respostas para essa pergunta. De um lado estão os que afirmam que estuprar é uma conseqüência da sexualidade masculina. Do outro, defensores da teoria de que ao violentar uma mulher os homens estão impondo seu poder sobre o universo feminino.
Em 1975, a feminista americana Susan Browmiller lançou o livro Against our Will ("Contra nossa Vontade", sem tradução em português). A obra se tornou um marco na defesa dos direitos femininos. Até então, quando eram estupradas, as mulheres tinham de provar que haviam tentado resistir. Caso contrário, elas poderiam ser acusadas de consentir com o ato. Além disso, a forma como a vítima estava vestida e sua vida sexual pregressa eram consideradas atenuantes para o agressor, como se o fato de ter vários parceiros significasse que ela toparia qualquer um.
Susan propôs uma explicação controversa das motivações de estupro. Para ela, a agressão nada tinha a ver com desejo sexual, mas sim com violência, poder e opressão masculina sobre as mulheres. "O estupro não é nada mais que um processo consciente de intimidação pelo qual todos os homens mantêm todas as mulheres em estado de medo", escreveu.
A tese de Susan fez muito sucesso entre as feministas, mas não convenceu a todos os pesquisadores. Para muitos, Susan é extremista ao imaginar uma conspiração masculina contra as mulheres. O round mais recente dessa batalha foi protagonizado pelo biólogo Randy Thornhill e pelo antropólogo Craig Palmer, ambos americanos. A dupla lançou, em 2000, o livro A Natural History of Rape ("Uma História Natural do Estupro", sem tradução em português), que defende a existência de uma ligação direta entre estupro e sexo. Em outras palavras, que o estupro é natural.
Thornhill e Palmer deixam claro aceitar que estupradores podem ser motivados pelo desejo de vingança, de humilhação ou de infligir dor a uma mulher. Mas afirmam que as feministas deixam de lado um componente fundamental para entender o estupro: a excitação sexual do agressor.
Ao classificarem o estupro como natural, os pesquisadores não estão dizendo que ele é bom. Não faltam exemplos de comportamentos humanos considerados naturais e que não são exemplo de nobreza - a violência é um deles. A partir dessa premissa, o estupro poderia ser considerado uma espécie de desdobramento da sexualidade masculina, o que pediria atenção diferente das mulheres. Thornhill e Palmer sugerem, por exemplo, que elas sejam advertidas de que se vestir de modo mais atraente pode, sim, aumentar o risco de agressão.
A visão dos pesquisadores tira do sério boa parte das mulheres. Na prática, faltam pesquisas que meçam se o comportamento masculino muda em relação à vestimenta da mulher. Sabe-se que muitas são violentadas quando não estão vestindo qualquer atrativo especial. Um levantamento do Hospital Pérola Byington, que atende quase todas as vítimas que prestaram queixa de agressão sexual na Grande São Paulo, mostra que a maioria dos ataques ocorre no começo da manhã ou no fim do dia, quando as mulheres estão indo ou voltando do trabalho ou da escola. Ou seja, vestidas com roupas comuns.
Para os estudiosos contrários à tese feminista, o grande problema da "guerra dos sexos" é que, com o discurso de poder, muitas mulheres podem ter ficado ainda mais sujeitas à violência sexual. O alerta saiu exatamente da boca de uma feminista, Camille Paglia. "As feministas têm treinado suas discípulas para dizer: ‘o estupro é um crime de violência, mas não de sexo’. Essa bobagem açucarada tem exposto mocinhas ao desastre, já que não esperam estupro de garotos bacanas de boas famílias, que se sentam ao lado delas nas salas de aula." A fala de Camille alerta para a realidade: estupros acontecem igualmente entre pessoas que se conhecem e pessoas que não se conhecem. E agressores podem ser bêbados mal vestidos com barba por fazer ou rapazes com roupa da moda e fala educada.
Estuprar é da natureza humana?
Essa é a mais controversa discussão entre os estudiosos de estupro. Quando Thornhill e Palmer lançaram seu livro, receberam críticas de todos os lados por defender que o estupro pode ser considerado intrínseco ao comportamento humano. Não que isso seja algo aceitável ou que atenue o comportamento, ressaltam. Os autores se defenderam dizendo que partiram de uma premissa básica: o estupro pode resultar em gravidez. Sendo assim, nas origens da humanidade a agressão pode ter servido como estratégia masculina para a reprodução. Homens incapazes de conseguir consentimento feminino para o sexo e livres de punição pelos seus atos podem ter recorrido ao estupro. E os filhos que nasceram desses relacionamentos teriam propagado genes ligados ao estupro.
Para a dupla, existem duas possíveis explicações para enquadrar o estupro dentro da teoria da evolução humana de Darwin. A primeira é uma adaptação favorecida pela seleção natural, uma vez que o estupro aumentaria as chances de sucesso reprodutivo com o aumento do número de acasalamentos. Esse comportamento é observado em algumas espécies de animais, como a mosca-escorpião. Quando não são escolhidos pelas fêmeas, os machos utilizam um tipo de pinça para imobilizá-las e copular à força (veja quadro sobre estupro no mundo animal na página XX). A segunda hipótese é que se trate de um subproduto de outras características da sexualidade masculina: o desejo por sexo e por múltiplas parceiras e a capacidade de usar a violência para atingir um objetivo.
"O que é crucial é que nenhuma das hipóteses implica que o estupro promove o êxito reprodutivo hoje, apenas que o fez para nossos ancestrais", explica Thornhill.
Os pesquisadores basearam a abordagem evolutiva numa série de evidências. Uma delas é a faixa etária das vítimas - a maioria se encontra em idade reprodutiva, entre 13 e 35 anos. Os casos de violência contra mulheres mais velhas ou crianças são tratados pela dupla como más adaptações.
Outro fator apontado: estupradores, em geral, não usam mais violência do que a necessária para coagir a mulher. Tampouco provocam ferimentos que possam colocar em risco uma futura gravidez. Thornhill e Palmer também defendem que, de acordo com pesquisas, o sofrimento das vítimas quando há risco de gravidez é maior do que o das mulheres que não têm esse risco por usarem contraceptivo ou estarem fora do período ou idade fértil - para os pesquisadores o sofrimento infligido pelo estupro ocorre porque ele subverte a natureza feminina de poder escolher o pai dos seus filhos.
Esse último item é um dos mais combatidos pelas feministas e grupos que trabalham com vítimas. Para eles, o sofrimento é igual em qualquer circunstância. "Toda penetração não desejada é traumática. Não importa quem agrediu a mulher ou como, ela ficará seriamente machucada", escreveu Mary Koss, da Universidade do Arizona, no livro Evolution, Gender and Rape ("Evolução, Gênero e Estupro", sem tradução em português). Mary é considerada pelas feministas uma das maiores autoridades no tema.
O que um estuprador tem de diferente?
A teoria evolucionária de Thornhill e Palmer propõe uma explicação genérica sobre os primórdios do comportamento, por que ele surgiu e por que existe até hoje. Mas não explica, por exemplo, por que não são todos os homens que recorrem ao estupro.
Motivados pela busca de explicações para essas diferenças, um grupo de cientistas canadenses se reuniu para fazer uma revisão de toda a literatura existente sobre o tema. O resultado é o livro The Causes of Rape: Understanding Individual Differences in Male Propensity for Sexual Agression ("As Causas do Estupro: Entendendo Diferenças Individuais e a Propensão Masculina para a Agressão Sexual", sem tradução para o português), com lançamento previsto para janeiro de 2005. A Super teve acesso com exclusividade ao trabalho canadense.
De acordo com o grupo, liderado pelo psicólogo Martin Lalumière, da Universidade de Lethbridge, estupro e coerção sexual aparecem em homens com conduta anti-social. Eles são indiferentes aos interesses de outras pessoas, tendem a desvalorizar as mulheres e não raramente estão envolvidos em outros tipos de crimes e agressões.
Uma conclusão surpreendente do grupo é que, ao contrário do que muitos estudiosos acreditam, esses homens não têm dificuldade para conquistar mulheres. Muito pelo contrário, apresentam forte tendência ao que se define como "esforço reprodutivo" - ter o maior número de parceiras sexuais possível com relações curtas e rápidas.
Os pesquisadores apontam três tipos de homem que se encaixam nesse perfil: rapazes no fim da adolescência e começo da vida adulta que contam não só com uma impulsividade sexual natural, mas também com uma noção de risco relaxada, agressores que persistem com esse comportamento a vida inteira e os psicopatas. O problema é que esses mesmos traços costumam ser característicos de outros criminosos. O que gera a pergunta: por que nem todos estupram?
A equipe de Lalumière encontrou o caminho para a resposta em testes de laboratório que checam o grau de ereção dos homens diante de relatos de sexo. No estudo, estupradores, criminosos e pessoas comuns ouviram histórias de sexo consensual e forçado. Nos relatos de estupro, o sofrimento da vítima era enfatizado.
Em todos os testes, os estupradores ficaram igualmente ou mais excitados com o sexo forçado que com o consensual. Na comparação com outros homens, o grau de excitação diante dos relatos de violência sexual foi maior. Essa diferença ficava mais marcante quando o estupro envolvia brutalidade extrema.
Diante desses resultados os pesquisadores questionaram se o estupro poderia ser um tipo de desordem psiquiátrica sexual como o sadismo, por exemplo. Mas não parece ser o caso, uma vez que boa parte das relações sádicas é consensual. O mais provável, defende o grupo canadense, é que essa excitação seja mais um reflexo do comportamento anti-social. Em suma, estupradores não são necessariamente atraídos pela violência, mas incapazes de serem inibidos por ela. Afinal, eles não se importam com o sofrimento da vítima.
Todos os tipos de estupro são iguais?
Para o grupo canadense que analisou as características dos agressores sexuais, a soma dos fatores citados pode explicar quase todos os tipos de estupro. "Engajados no esforço reprodutivo, indiferentes às práticas sociais e excitados pelo sexo violento, homens casados, comprometidos ou em uma situação de encontro não vão se importar quando ouvirem um não", comenta Lalumière. Se esses homens encontram mulheres vulneráveis (desacompanhadas, em locais ermos), estão alcoolizados ou drogados (o que diminui suas condições de avaliar os riscos) e ainda acreditam que não serão denunciados, a chance de estupro aumenta.
No caso de casais, há um agravante: o estupro serviria como estratégia de combate à traição. A idéia pode parecer estapafúrdia, mas pesquisadores evolucionistas como Thornhill e Palmer defendem que, inconscientemente, o marido pode entrar numa "competição de esperma". Se a parceira tiver feito sexo com outro homem e rejeitar o marido, estuprá-la seria uma forma de se manter na luta pela paternidade.
Em guerra, outras circunstâncias colocam as mulheres em perigo. Elas são vistas como inimigas, os soldados contam com o apoio do grupo e o sexo forçado pode ser encarado com fins reprodutivos. Nesse caso, em sua pior faceta: a limpeza étnica.
Apesar de tudo que já foi descoberto, falta muito a investigar. Cientistas ainda não sabem por que a atração pelo sexo forçado aparece em alguns homens. As discussões sobre formas de tratamento e punição a infratores ainda estão engatinhando - eles quase sempre acabam condenados ao linchamento dentro dos presídios. A ciência tenta, mas falta um bocado para explicar um comportamento que muitos prefeririam esquecer que existe. O assunto é doloroso de abordar. Mas fugir não vai torná-lo menos terrível.
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Cena 1 - (Paris, França):
Após brigar com o namorado, Alex decide voltar sozinha para casa no meio da madrugada. Diante de uma avenida de alta velocidade, ela resolve usar uma passagem subterrânea para pegar um táxi. No túnel escuro, ela caminha até ser surpreendida por um homem espancando um travesti. Alex fica paralisada, não sabe se tenta terminar a travessia ou volta por onde entrou. Os segundos de incerteza são cruciais e o homem a vê. E se interessa. Ela ainda tenta fugir. Mas é agredida, humilhada, estuprada e espancada quase até a morte.
Cena 2 - (São Paulo, Brasil):
Joana conhece Cristiano em uma festa. Eles dançam, trocam beijos e telefones. Alguns dias depois ela resolve passar na casa dele. Mas, em vez de curtir a garota, Cristiano, embalado por dois amigos, topa dividi-la em um "ménage à quatre". O plano parece simples. No meio da transa, os dois amigos sairiam nus de dentro do armário, tentariam participar da brincadeira e, quem sabe, convencê-la a transar com eles também. Mas Joana não gosta da idéia, resiste às investidas dos dois intrusos, tenta se desvencilhar, grita, apanha, mas não consegue evitar - é estuprada pelos três ao mesmo tempo.
Cena 3 - (Freetown, Serra Leoa):
Forças rebeldes invadem a cidade. A apenas 40 quilômetros dali, a pequena vila de Mamamah é alvo fácil dos revolucionários, que executam a maioria dos moradores e raptam as adolescentes. Mariatu, de apenas 16 anos, é pega após seus pais serem mortos. É estuprada repetidas vezes por todos os homens do grupo. Dezenas de garotas da tribo têm o mesmo destino. Quando tenta resistir, Mariatu é punida com jejum e espancamento. É forçada a acompanhar as forças rebeldes e eventualmente vira "esposa" de algum deles. Quando engravida, é abandonada.
Os exemplos que você acabou de ler foram retirados, respectivamente, dos filmes Irreversível e Cama de Gato e do site da Anistia Internacional. Seja no cinema ou nos apelos das organizações humanitárias, o relato é da mesma situação cruel, fria e revoltante que atinge milhões de mulheres - segundo a Organização Mundial da Saúde, uma em cada cinco mulheres foi ou será estuprada. São agressões cometidas por maridos, namorados, amigos. Por estranhos que não fazem distinção entre mulher bonita ou feia. Por soldados e rebeldes em situações de guerra. Mas por quê? Como a ciência explica esse comportamento que existe desde os primórdios da humanidade e nos deixa em condições tão próximas da de animais? Selecionamos alguns dos principais tópicos dessa discussão.
Por que alguns homens buscam sexo forçado?
Duas correntes distintas buscam respostas para essa pergunta. De um lado estão os que afirmam que estuprar é uma conseqüência da sexualidade masculina. Do outro, defensores da teoria de que ao violentar uma mulher os homens estão impondo seu poder sobre o universo feminino.
Em 1975, a feminista americana Susan Browmiller lançou o livro Against our Will ("Contra nossa Vontade", sem tradução em português). A obra se tornou um marco na defesa dos direitos femininos. Até então, quando eram estupradas, as mulheres tinham de provar que haviam tentado resistir. Caso contrário, elas poderiam ser acusadas de consentir com o ato. Além disso, a forma como a vítima estava vestida e sua vida sexual pregressa eram consideradas atenuantes para o agressor, como se o fato de ter vários parceiros significasse que ela toparia qualquer um.
Susan propôs uma explicação controversa das motivações de estupro. Para ela, a agressão nada tinha a ver com desejo sexual, mas sim com violência, poder e opressão masculina sobre as mulheres. "O estupro não é nada mais que um processo consciente de intimidação pelo qual todos os homens mantêm todas as mulheres em estado de medo", escreveu.
A tese de Susan fez muito sucesso entre as feministas, mas não convenceu a todos os pesquisadores. Para muitos, Susan é extremista ao imaginar uma conspiração masculina contra as mulheres. O round mais recente dessa batalha foi protagonizado pelo biólogo Randy Thornhill e pelo antropólogo Craig Palmer, ambos americanos. A dupla lançou, em 2000, o livro A Natural History of Rape ("Uma História Natural do Estupro", sem tradução em português), que defende a existência de uma ligação direta entre estupro e sexo. Em outras palavras, que o estupro é natural.
Thornhill e Palmer deixam claro aceitar que estupradores podem ser motivados pelo desejo de vingança, de humilhação ou de infligir dor a uma mulher. Mas afirmam que as feministas deixam de lado um componente fundamental para entender o estupro: a excitação sexual do agressor.
Ao classificarem o estupro como natural, os pesquisadores não estão dizendo que ele é bom. Não faltam exemplos de comportamentos humanos considerados naturais e que não são exemplo de nobreza - a violência é um deles. A partir dessa premissa, o estupro poderia ser considerado uma espécie de desdobramento da sexualidade masculina, o que pediria atenção diferente das mulheres. Thornhill e Palmer sugerem, por exemplo, que elas sejam advertidas de que se vestir de modo mais atraente pode, sim, aumentar o risco de agressão.
A visão dos pesquisadores tira do sério boa parte das mulheres. Na prática, faltam pesquisas que meçam se o comportamento masculino muda em relação à vestimenta da mulher. Sabe-se que muitas são violentadas quando não estão vestindo qualquer atrativo especial. Um levantamento do Hospital Pérola Byington, que atende quase todas as vítimas que prestaram queixa de agressão sexual na Grande São Paulo, mostra que a maioria dos ataques ocorre no começo da manhã ou no fim do dia, quando as mulheres estão indo ou voltando do trabalho ou da escola. Ou seja, vestidas com roupas comuns.
Para os estudiosos contrários à tese feminista, o grande problema da "guerra dos sexos" é que, com o discurso de poder, muitas mulheres podem ter ficado ainda mais sujeitas à violência sexual. O alerta saiu exatamente da boca de uma feminista, Camille Paglia. "As feministas têm treinado suas discípulas para dizer: ‘o estupro é um crime de violência, mas não de sexo’. Essa bobagem açucarada tem exposto mocinhas ao desastre, já que não esperam estupro de garotos bacanas de boas famílias, que se sentam ao lado delas nas salas de aula." A fala de Camille alerta para a realidade: estupros acontecem igualmente entre pessoas que se conhecem e pessoas que não se conhecem. E agressores podem ser bêbados mal vestidos com barba por fazer ou rapazes com roupa da moda e fala educada.
Estuprar é da natureza humana?
Essa é a mais controversa discussão entre os estudiosos de estupro. Quando Thornhill e Palmer lançaram seu livro, receberam críticas de todos os lados por defender que o estupro pode ser considerado intrínseco ao comportamento humano. Não que isso seja algo aceitável ou que atenue o comportamento, ressaltam. Os autores se defenderam dizendo que partiram de uma premissa básica: o estupro pode resultar em gravidez. Sendo assim, nas origens da humanidade a agressão pode ter servido como estratégia masculina para a reprodução. Homens incapazes de conseguir consentimento feminino para o sexo e livres de punição pelos seus atos podem ter recorrido ao estupro. E os filhos que nasceram desses relacionamentos teriam propagado genes ligados ao estupro.
Para a dupla, existem duas possíveis explicações para enquadrar o estupro dentro da teoria da evolução humana de Darwin. A primeira é uma adaptação favorecida pela seleção natural, uma vez que o estupro aumentaria as chances de sucesso reprodutivo com o aumento do número de acasalamentos. Esse comportamento é observado em algumas espécies de animais, como a mosca-escorpião. Quando não são escolhidos pelas fêmeas, os machos utilizam um tipo de pinça para imobilizá-las e copular à força (veja quadro sobre estupro no mundo animal na página XX). A segunda hipótese é que se trate de um subproduto de outras características da sexualidade masculina: o desejo por sexo e por múltiplas parceiras e a capacidade de usar a violência para atingir um objetivo.
"O que é crucial é que nenhuma das hipóteses implica que o estupro promove o êxito reprodutivo hoje, apenas que o fez para nossos ancestrais", explica Thornhill.
Os pesquisadores basearam a abordagem evolutiva numa série de evidências. Uma delas é a faixa etária das vítimas - a maioria se encontra em idade reprodutiva, entre 13 e 35 anos. Os casos de violência contra mulheres mais velhas ou crianças são tratados pela dupla como más adaptações.
Outro fator apontado: estupradores, em geral, não usam mais violência do que a necessária para coagir a mulher. Tampouco provocam ferimentos que possam colocar em risco uma futura gravidez. Thornhill e Palmer também defendem que, de acordo com pesquisas, o sofrimento das vítimas quando há risco de gravidez é maior do que o das mulheres que não têm esse risco por usarem contraceptivo ou estarem fora do período ou idade fértil - para os pesquisadores o sofrimento infligido pelo estupro ocorre porque ele subverte a natureza feminina de poder escolher o pai dos seus filhos.
Esse último item é um dos mais combatidos pelas feministas e grupos que trabalham com vítimas. Para eles, o sofrimento é igual em qualquer circunstância. "Toda penetração não desejada é traumática. Não importa quem agrediu a mulher ou como, ela ficará seriamente machucada", escreveu Mary Koss, da Universidade do Arizona, no livro Evolution, Gender and Rape ("Evolução, Gênero e Estupro", sem tradução em português). Mary é considerada pelas feministas uma das maiores autoridades no tema.
O que um estuprador tem de diferente?
A teoria evolucionária de Thornhill e Palmer propõe uma explicação genérica sobre os primórdios do comportamento, por que ele surgiu e por que existe até hoje. Mas não explica, por exemplo, por que não são todos os homens que recorrem ao estupro.
Motivados pela busca de explicações para essas diferenças, um grupo de cientistas canadenses se reuniu para fazer uma revisão de toda a literatura existente sobre o tema. O resultado é o livro The Causes of Rape: Understanding Individual Differences in Male Propensity for Sexual Agression ("As Causas do Estupro: Entendendo Diferenças Individuais e a Propensão Masculina para a Agressão Sexual", sem tradução para o português), com lançamento previsto para janeiro de 2005. A Super teve acesso com exclusividade ao trabalho canadense.
De acordo com o grupo, liderado pelo psicólogo Martin Lalumière, da Universidade de Lethbridge, estupro e coerção sexual aparecem em homens com conduta anti-social. Eles são indiferentes aos interesses de outras pessoas, tendem a desvalorizar as mulheres e não raramente estão envolvidos em outros tipos de crimes e agressões.
Uma conclusão surpreendente do grupo é que, ao contrário do que muitos estudiosos acreditam, esses homens não têm dificuldade para conquistar mulheres. Muito pelo contrário, apresentam forte tendência ao que se define como "esforço reprodutivo" - ter o maior número de parceiras sexuais possível com relações curtas e rápidas.
Os pesquisadores apontam três tipos de homem que se encaixam nesse perfil: rapazes no fim da adolescência e começo da vida adulta que contam não só com uma impulsividade sexual natural, mas também com uma noção de risco relaxada, agressores que persistem com esse comportamento a vida inteira e os psicopatas. O problema é que esses mesmos traços costumam ser característicos de outros criminosos. O que gera a pergunta: por que nem todos estupram?
A equipe de Lalumière encontrou o caminho para a resposta em testes de laboratório que checam o grau de ereção dos homens diante de relatos de sexo. No estudo, estupradores, criminosos e pessoas comuns ouviram histórias de sexo consensual e forçado. Nos relatos de estupro, o sofrimento da vítima era enfatizado.
Em todos os testes, os estupradores ficaram igualmente ou mais excitados com o sexo forçado que com o consensual. Na comparação com outros homens, o grau de excitação diante dos relatos de violência sexual foi maior. Essa diferença ficava mais marcante quando o estupro envolvia brutalidade extrema.
Diante desses resultados os pesquisadores questionaram se o estupro poderia ser um tipo de desordem psiquiátrica sexual como o sadismo, por exemplo. Mas não parece ser o caso, uma vez que boa parte das relações sádicas é consensual. O mais provável, defende o grupo canadense, é que essa excitação seja mais um reflexo do comportamento anti-social. Em suma, estupradores não são necessariamente atraídos pela violência, mas incapazes de serem inibidos por ela. Afinal, eles não se importam com o sofrimento da vítima.
Todos os tipos de estupro são iguais?
Para o grupo canadense que analisou as características dos agressores sexuais, a soma dos fatores citados pode explicar quase todos os tipos de estupro. "Engajados no esforço reprodutivo, indiferentes às práticas sociais e excitados pelo sexo violento, homens casados, comprometidos ou em uma situação de encontro não vão se importar quando ouvirem um não", comenta Lalumière. Se esses homens encontram mulheres vulneráveis (desacompanhadas, em locais ermos), estão alcoolizados ou drogados (o que diminui suas condições de avaliar os riscos) e ainda acreditam que não serão denunciados, a chance de estupro aumenta.
No caso de casais, há um agravante: o estupro serviria como estratégia de combate à traição. A idéia pode parecer estapafúrdia, mas pesquisadores evolucionistas como Thornhill e Palmer defendem que, inconscientemente, o marido pode entrar numa "competição de esperma". Se a parceira tiver feito sexo com outro homem e rejeitar o marido, estuprá-la seria uma forma de se manter na luta pela paternidade.
Em guerra, outras circunstâncias colocam as mulheres em perigo. Elas são vistas como inimigas, os soldados contam com o apoio do grupo e o sexo forçado pode ser encarado com fins reprodutivos. Nesse caso, em sua pior faceta: a limpeza étnica.
Apesar de tudo que já foi descoberto, falta muito a investigar. Cientistas ainda não sabem por que a atração pelo sexo forçado aparece em alguns homens. As discussões sobre formas de tratamento e punição a infratores ainda estão engatinhando - eles quase sempre acabam condenados ao linchamento dentro dos presídios. A ciência tenta, mas falta um bocado para explicar um comportamento que muitos prefeririam esquecer que existe. O assunto é doloroso de abordar. Mas fugir não vai torná-lo menos terrível.
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Bomba Relogio - A Hepatite C
BOMBA RELÓGIO - A Hepatite C
Bomba! Não é mais um ataque terrorista. Mas a arma é biológica e causa um estrago daqueles. Pior: ela ataca o nosso organismo. E sem fazer alarde. Quietinha, quietinha, multiplica-se sem parar e come pelas beiradas um dos órgãos mais importantes do corpo: o fígado. Essa comilança pode durar décadas e, muitas vezes, só vai ser notada depois que o banquete foi servido. Sua ação é como a de uma bomba-relógio que, em geral, é descoberta apenas após explodir.
A arma é o vírus da hepatite C. Ou simplesmente HCV, na sigla em inglês. A doença que ele causa é uma das maiores e mais graves epidemias do planeta. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são cerca de 200 milhões de pessoas infectadas pelo vírus. Isso mesmo: 200 milhões de seres humanos. Ou, se você preferir, 3% da população mundial, índice assustador para qualquer problema de saúde. Para se ter uma idéia, a aids, doença também causada por um vírus, atinge 38 milhões de indivíduos segundo a Unaids (programa da ONU para a doença).
A preocupação com a hepatite C, porém, não pára aí: ela está se alastrando de maneira assustadora e pouca gente tem noção disso. A cada ano - também de acordo com a OMS - surgem de 3 milhões a 4 milhões de novos casos. Além disso - e talvez o mais grave -, ela raramente produz sintomas e chega a provocar cirrose e câncer (veja infográfico à página 63). Ou seja, o HCV pode ficar anos a fio no organismo, trabalhando como uma bomba programada para acabar com o fígado. Dados dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, por exemplo, indicam que até 85% dos casos de hepatite C se tornam crônicos. São 170 milhões de pessoas, das quais 1,7 milhão a 8 milhões podem morrer por complicações decorrentes da doença.
"Poucos casos apresentam sintomas", afirma Carlos Ballarati, patologista clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Somente 5% e isso na fase aguda." Essa fase é a inicial e pode durar até três anos. "O fígado sofre calado e só dói quando está inchado, o que pode indicar um estágio avançado, como a cirrose", diz o gastroenterologista Flair Carrilho, responsável pelo setor de hepatologia do Hospital das Clínicas da USP.
Uma conseqüência dessa falta de sinais é o fato de quase sempre os pacientes descobrirem que têm o HCV por acaso. Sua detecção - assim como a da bomba-relógio - é tardia em geral, numa fase em que o fígado já está comprometido. A pesquisadora Suzete Notaroberto, da USP, mostrou bem esse aspecto da doença em sua dissertação de mestrado, defendida em outubro deste ano. Ela estudou um grupo de 700 pacientes e constatou que 88% deles souberam casualmente que tinham hepatite C - ou porque o médico pediu um exame de sangue completo ou porque foram doar sangue e acabaram flagrados nos testes. Apenas 7,6% relataram algum sintoma como motivo que levou ao diagnóstico. Em seu estágio inicial, a doença, quando dá sinal, costuma se manifestar como uma mera gripe (febre, dores musculares e cansaço, por exemplo). E quase ninguém apresenta nem urina escura nem coloração amarelada da pele e dos olhos, bastante comuns em outros tipos de hepatite. "A icterícia, nome que se dá a esse sintoma, é muito rara na hepatite C", afirma Flair.
Difícil diagnosticar uma doença praticamente invisível, né? Imagine quantas pessoas podem ter o HCV no Brasil e nem desconfiam. Não há nenhum levantamento oficial, mas a Secretaria de Vigilância em Saúde, um órgão do Ministério da Saúde, prepara um inquérito epidemiológico que deverá ser concluído até o final de 2005. O estudo, que começou em agosto deste ano, irá determinar a quantidade de infectados nas capitais dos estados. Enquanto ele não sai, o jeito é recorrer aos dados disponíveis em bancos de sangue, que realizam testes para hepatite antes das transfusões. "Em uma estimativa conservadora, podemos afirmar que cerca de 1% da população brasileira tem hepatite C", diz a pesquisadora Gerusa Maria Figueiredo, coordenadora do Programa Nacional de Prevenção e Controle das Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde. Por baixo, são 1,7 milhão de infectados. Esse número, é bom repetir, é baseado em estatísticas de hemocentros, que fazem uma triagem dos doadores. Sem essa seleção prévia (quem é promíscuo ou usa drogas injetáveis, por exemplo, é excluído das doações) a estimativa ultrapassa os 3 milhões de infectados (1,7% dos brasileiros).
Epidemia mundial
Os índices brasileiros seguem a taxa de infecção em países ricos, como os Estados Unidos, que possuem 3,9 milhões de portadores do vírus, o equivalente a 1,8% da população. Em regiões mais pobres a situação é pior, pois assim como outras doenças infecciosas a hepatite C se aproveita de condições precárias de higiene. A África, de acordo com a OMS, tem cerca de 32 milhões de infectados, de um total de 600 milhões de habitantes. Isso representa 5,3% da população do continente. "É uma epidemia mundial", afirma o infectologista Fernando Gonçalves Junior, do Hospital das Clínicas da Unicamp.
A encrenca é grande, mas não há motivo para pânico. Afinal, o HCV não se propaga pelo ar. Quem convive com alguma pessoa infectada - mesmo que ela não saiba disso - não precisa ter medo de contrair a doença. Também não há perigo ao usar um banheiro público, por exemplo. O contato corporal é igualmente seguro. Ninguém pega o vírus com um beijo ou abraço. "A hepatite C não é considerada uma doença sexualmente transmissível, como a aids", diz Flair. Esse tipo de contágio, no entanto, não pode ser totalmente descartado porque ainda não há estudos suficientes sobre o assunto - o próprio vírus desse tipo de hepatite só foi descoberto em 1989, o que é pouco tempo em termos de ciência e pesquisa e a principal razão de os seus mecanismos de infecção ainda não terem sidos totalmente desvendados. O que se sabe é que entre casais monogâmicos a disseminação é rara, assim como a transmissão de mãe para filho. Mas o sexo sem proteção aliado à troca freqüente de parceiros pode oferecer um risco real.
O maior perigo é o contágio pelo sangue de uma pessoa infectada. E isso pode acontecer de várias maneiras. A mais comum, até o início de 1990, era a transfusão do sangue e seus derivados. "Naquela época, 18% do sangue usado em transfusões tinha o HCV. Hoje, esse índice é inferior a 1%", afirma Flair. Se as transfusões já não representam uma ameaça, o que, então, faz com que o vírus continue se propagando? "O que nos preocupa atualmente é o compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis", diz o médico. Em sua tese, a pesquisadora Suzete Notaroberto descobriu que 9,3% dos entrevistados usavam drogas injetáveis, índice que ficou atrás apenas dos 43,9% que disseram ter recebido transfusões antes de 1993, ano em que começaram a ser feitos testes para HCV nos bancos de sangue do Brasil.
Há um agravante: o HCV, ao contrário do HIV, sobrevive por várias horas ou até por alguns dias fora do corpo, em pequenos fragmentos de sangue coagulado. Por isso, além das seringas, é prudente também não compartilhar outros objetos, como alicate de manicure, agulhas de tatuagem e instrumentos odontológicos não esterilizados. Nesses casos, qualquer corte, mesmo aquele que não conseguimos ver, pode servir de entrada para o HCV.
O principal alvo do vírus é o fígado, uma massa esponjosa que faz de tudo no nosso corpo. Uma de suas funções mais conhecidas é a produção da bile, uma secreção esverdeada que ajuda na digestão das gorduras. Mas isso não é nada perto de suas outras tarefas. O órgão também participa do metabolismo de proteínas e carboidratos, armazena glicogênio - uma molécula que é transformada em glicose quando precisamos de energia - e diversas vitaminas. Para completar, ele é uma espécie de zelador do nosso sangue: fabrica fatores de coagulação, elimina substâncias indesejáveis e liqüida glóbulos vermelhos que não dão mais conta do recado.
Riscos
Um grande problema é detectar a infecção, já que ela pode ficar calada por até uma década. Sabe-se que há alguns fatores de risco: transfusões, internações e cirurgias feitas no Brasil antes de 1993, uso de drogas, sexo sem proteção com várias pessoas, parceiro sexual portador da doença, filhos de mães portadoras, tratamentos dentários sem esterilização adequada dos instrumentos e pessoas com risco profissional - quem trabalha com manipulação de sangue e derivados, por exemplo.
Quem se encaixa em pelo menos uma das situações não tem, necessariamente, a doença. Mas deve procurar um médico para afastar a possibilidade de infecção. O diagnóstico se dá por meio de exames de sangue. É possível fazê-los de graça em alguns estados, como em São Paulo, onde determinados hospitais públicos e postos de saúde garantem os testes desde que haja indicação médica. Em nível nacional, o governo ainda vai capacitar 250 centros de testagem do HIV - unidades do SUS que oferecem o exame gratuito a qualquer pessoa - para que eles também façam os exames para a hepatite C. O Ministério da Saúde promete concluir o processo até o final do ano. "Só poderemos oferecer os testes em âmbito federal depois que a capacitação terminar", diz Gerusa Figueiredo, da Secretaria de Vigilância em Saúde.
Ainda não há diagnóstico gratuito para todos, mas o governo já banca o tratamento dos infectados. "Os remédios são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde", diz Gerusa. "Naqueles que possuem o subtipo 1, mais freqüente no Brasil, a cura ocorre em 55% dos casos", afirma Flair. Os subtipos são pequenas variações na estrutura do vírus. Existem seis deles para o HCV e o 1 é o mais grave. Nos outros, os remédios funcionam melhor: 80% dos pacientes, em média, conseguem se livrar do vírus. Aqui, vale dizer que nem sempre quem contrai o HCV vai desenvolver cirrose ou câncer. As quatro fases da doença (aguda, fibrose, cirrose e câncer) não são uma evolução irrevogável e o fígado infectado pode permanecer por décadas "apenas" fibrosado. Mais: quanto mais precoce o diagnóstico, maior as chances de os medicamentos deterem a evolução da doença.
No tratamento, as substâncias mais usadas são o antiviral ribavirina e o interferon, proteína que estimula o sistema imunológico a combater o vilão. Este último ganhou uma versão conhecida como interferon peguilado, que exige menos aplicações e é mais eficiente nos pacientes com o subtipo 1. O problema é o preço. "Quem precisa usar o interferon peguilado gasta, em média, R$ 6 mil por mês, enquanto os outros pacientes precisam desembolsar cerca de R$ 600 mensais", afirma Flair.
Para os que não respondem aos tratamentos, a alternativa é esperar novos remédios. "Inibidores de proteases, usados contra o vírus da aids, estão sendo aperfeiçoados para servir de arma contra a hepatite C", diz o médico infectologista Fernando Gonçalves Junior, da Unicamp. "Mas não devem estar disponíveis antes de 2007." O albuferon, um outro tipo de interferon, também está em fase de testes e deve trazer mais possibilidade de cura aos doentes. A vacina é outra promessa distante, pois o HCV, assim como o HIV, é um vírus mutante, que troca de disfarce o tempo todo para enganar nosso sistema imunológico. "Ainda teremos que esperar de cinco a sete anos por uma vacina", diz o especialista.
Bomba! Não é mais um ataque terrorista. Mas a arma é biológica e causa um estrago daqueles. Pior: ela ataca o nosso organismo. E sem fazer alarde. Quietinha, quietinha, multiplica-se sem parar e come pelas beiradas um dos órgãos mais importantes do corpo: o fígado. Essa comilança pode durar décadas e, muitas vezes, só vai ser notada depois que o banquete foi servido. Sua ação é como a de uma bomba-relógio que, em geral, é descoberta apenas após explodir.
A arma é o vírus da hepatite C. Ou simplesmente HCV, na sigla em inglês. A doença que ele causa é uma das maiores e mais graves epidemias do planeta. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são cerca de 200 milhões de pessoas infectadas pelo vírus. Isso mesmo: 200 milhões de seres humanos. Ou, se você preferir, 3% da população mundial, índice assustador para qualquer problema de saúde. Para se ter uma idéia, a aids, doença também causada por um vírus, atinge 38 milhões de indivíduos segundo a Unaids (programa da ONU para a doença).
A preocupação com a hepatite C, porém, não pára aí: ela está se alastrando de maneira assustadora e pouca gente tem noção disso. A cada ano - também de acordo com a OMS - surgem de 3 milhões a 4 milhões de novos casos. Além disso - e talvez o mais grave -, ela raramente produz sintomas e chega a provocar cirrose e câncer (veja infográfico à página 63). Ou seja, o HCV pode ficar anos a fio no organismo, trabalhando como uma bomba programada para acabar com o fígado. Dados dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, por exemplo, indicam que até 85% dos casos de hepatite C se tornam crônicos. São 170 milhões de pessoas, das quais 1,7 milhão a 8 milhões podem morrer por complicações decorrentes da doença.
"Poucos casos apresentam sintomas", afirma Carlos Ballarati, patologista clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Somente 5% e isso na fase aguda." Essa fase é a inicial e pode durar até três anos. "O fígado sofre calado e só dói quando está inchado, o que pode indicar um estágio avançado, como a cirrose", diz o gastroenterologista Flair Carrilho, responsável pelo setor de hepatologia do Hospital das Clínicas da USP.
Uma conseqüência dessa falta de sinais é o fato de quase sempre os pacientes descobrirem que têm o HCV por acaso. Sua detecção - assim como a da bomba-relógio - é tardia em geral, numa fase em que o fígado já está comprometido. A pesquisadora Suzete Notaroberto, da USP, mostrou bem esse aspecto da doença em sua dissertação de mestrado, defendida em outubro deste ano. Ela estudou um grupo de 700 pacientes e constatou que 88% deles souberam casualmente que tinham hepatite C - ou porque o médico pediu um exame de sangue completo ou porque foram doar sangue e acabaram flagrados nos testes. Apenas 7,6% relataram algum sintoma como motivo que levou ao diagnóstico. Em seu estágio inicial, a doença, quando dá sinal, costuma se manifestar como uma mera gripe (febre, dores musculares e cansaço, por exemplo). E quase ninguém apresenta nem urina escura nem coloração amarelada da pele e dos olhos, bastante comuns em outros tipos de hepatite. "A icterícia, nome que se dá a esse sintoma, é muito rara na hepatite C", afirma Flair.
Difícil diagnosticar uma doença praticamente invisível, né? Imagine quantas pessoas podem ter o HCV no Brasil e nem desconfiam. Não há nenhum levantamento oficial, mas a Secretaria de Vigilância em Saúde, um órgão do Ministério da Saúde, prepara um inquérito epidemiológico que deverá ser concluído até o final de 2005. O estudo, que começou em agosto deste ano, irá determinar a quantidade de infectados nas capitais dos estados. Enquanto ele não sai, o jeito é recorrer aos dados disponíveis em bancos de sangue, que realizam testes para hepatite antes das transfusões. "Em uma estimativa conservadora, podemos afirmar que cerca de 1% da população brasileira tem hepatite C", diz a pesquisadora Gerusa Maria Figueiredo, coordenadora do Programa Nacional de Prevenção e Controle das Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde. Por baixo, são 1,7 milhão de infectados. Esse número, é bom repetir, é baseado em estatísticas de hemocentros, que fazem uma triagem dos doadores. Sem essa seleção prévia (quem é promíscuo ou usa drogas injetáveis, por exemplo, é excluído das doações) a estimativa ultrapassa os 3 milhões de infectados (1,7% dos brasileiros).
Epidemia mundial
Os índices brasileiros seguem a taxa de infecção em países ricos, como os Estados Unidos, que possuem 3,9 milhões de portadores do vírus, o equivalente a 1,8% da população. Em regiões mais pobres a situação é pior, pois assim como outras doenças infecciosas a hepatite C se aproveita de condições precárias de higiene. A África, de acordo com a OMS, tem cerca de 32 milhões de infectados, de um total de 600 milhões de habitantes. Isso representa 5,3% da população do continente. "É uma epidemia mundial", afirma o infectologista Fernando Gonçalves Junior, do Hospital das Clínicas da Unicamp.
A encrenca é grande, mas não há motivo para pânico. Afinal, o HCV não se propaga pelo ar. Quem convive com alguma pessoa infectada - mesmo que ela não saiba disso - não precisa ter medo de contrair a doença. Também não há perigo ao usar um banheiro público, por exemplo. O contato corporal é igualmente seguro. Ninguém pega o vírus com um beijo ou abraço. "A hepatite C não é considerada uma doença sexualmente transmissível, como a aids", diz Flair. Esse tipo de contágio, no entanto, não pode ser totalmente descartado porque ainda não há estudos suficientes sobre o assunto - o próprio vírus desse tipo de hepatite só foi descoberto em 1989, o que é pouco tempo em termos de ciência e pesquisa e a principal razão de os seus mecanismos de infecção ainda não terem sidos totalmente desvendados. O que se sabe é que entre casais monogâmicos a disseminação é rara, assim como a transmissão de mãe para filho. Mas o sexo sem proteção aliado à troca freqüente de parceiros pode oferecer um risco real.
O maior perigo é o contágio pelo sangue de uma pessoa infectada. E isso pode acontecer de várias maneiras. A mais comum, até o início de 1990, era a transfusão do sangue e seus derivados. "Naquela época, 18% do sangue usado em transfusões tinha o HCV. Hoje, esse índice é inferior a 1%", afirma Flair. Se as transfusões já não representam uma ameaça, o que, então, faz com que o vírus continue se propagando? "O que nos preocupa atualmente é o compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis", diz o médico. Em sua tese, a pesquisadora Suzete Notaroberto descobriu que 9,3% dos entrevistados usavam drogas injetáveis, índice que ficou atrás apenas dos 43,9% que disseram ter recebido transfusões antes de 1993, ano em que começaram a ser feitos testes para HCV nos bancos de sangue do Brasil.
Há um agravante: o HCV, ao contrário do HIV, sobrevive por várias horas ou até por alguns dias fora do corpo, em pequenos fragmentos de sangue coagulado. Por isso, além das seringas, é prudente também não compartilhar outros objetos, como alicate de manicure, agulhas de tatuagem e instrumentos odontológicos não esterilizados. Nesses casos, qualquer corte, mesmo aquele que não conseguimos ver, pode servir de entrada para o HCV.
O principal alvo do vírus é o fígado, uma massa esponjosa que faz de tudo no nosso corpo. Uma de suas funções mais conhecidas é a produção da bile, uma secreção esverdeada que ajuda na digestão das gorduras. Mas isso não é nada perto de suas outras tarefas. O órgão também participa do metabolismo de proteínas e carboidratos, armazena glicogênio - uma molécula que é transformada em glicose quando precisamos de energia - e diversas vitaminas. Para completar, ele é uma espécie de zelador do nosso sangue: fabrica fatores de coagulação, elimina substâncias indesejáveis e liqüida glóbulos vermelhos que não dão mais conta do recado.
Riscos
Um grande problema é detectar a infecção, já que ela pode ficar calada por até uma década. Sabe-se que há alguns fatores de risco: transfusões, internações e cirurgias feitas no Brasil antes de 1993, uso de drogas, sexo sem proteção com várias pessoas, parceiro sexual portador da doença, filhos de mães portadoras, tratamentos dentários sem esterilização adequada dos instrumentos e pessoas com risco profissional - quem trabalha com manipulação de sangue e derivados, por exemplo.
Quem se encaixa em pelo menos uma das situações não tem, necessariamente, a doença. Mas deve procurar um médico para afastar a possibilidade de infecção. O diagnóstico se dá por meio de exames de sangue. É possível fazê-los de graça em alguns estados, como em São Paulo, onde determinados hospitais públicos e postos de saúde garantem os testes desde que haja indicação médica. Em nível nacional, o governo ainda vai capacitar 250 centros de testagem do HIV - unidades do SUS que oferecem o exame gratuito a qualquer pessoa - para que eles também façam os exames para a hepatite C. O Ministério da Saúde promete concluir o processo até o final do ano. "Só poderemos oferecer os testes em âmbito federal depois que a capacitação terminar", diz Gerusa Figueiredo, da Secretaria de Vigilância em Saúde.
Ainda não há diagnóstico gratuito para todos, mas o governo já banca o tratamento dos infectados. "Os remédios são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde", diz Gerusa. "Naqueles que possuem o subtipo 1, mais freqüente no Brasil, a cura ocorre em 55% dos casos", afirma Flair. Os subtipos são pequenas variações na estrutura do vírus. Existem seis deles para o HCV e o 1 é o mais grave. Nos outros, os remédios funcionam melhor: 80% dos pacientes, em média, conseguem se livrar do vírus. Aqui, vale dizer que nem sempre quem contrai o HCV vai desenvolver cirrose ou câncer. As quatro fases da doença (aguda, fibrose, cirrose e câncer) não são uma evolução irrevogável e o fígado infectado pode permanecer por décadas "apenas" fibrosado. Mais: quanto mais precoce o diagnóstico, maior as chances de os medicamentos deterem a evolução da doença.
No tratamento, as substâncias mais usadas são o antiviral ribavirina e o interferon, proteína que estimula o sistema imunológico a combater o vilão. Este último ganhou uma versão conhecida como interferon peguilado, que exige menos aplicações e é mais eficiente nos pacientes com o subtipo 1. O problema é o preço. "Quem precisa usar o interferon peguilado gasta, em média, R$ 6 mil por mês, enquanto os outros pacientes precisam desembolsar cerca de R$ 600 mensais", afirma Flair.
Para os que não respondem aos tratamentos, a alternativa é esperar novos remédios. "Inibidores de proteases, usados contra o vírus da aids, estão sendo aperfeiçoados para servir de arma contra a hepatite C", diz o médico infectologista Fernando Gonçalves Junior, da Unicamp. "Mas não devem estar disponíveis antes de 2007." O albuferon, um outro tipo de interferon, também está em fase de testes e deve trazer mais possibilidade de cura aos doentes. A vacina é outra promessa distante, pois o HCV, assim como o HIV, é um vírus mutante, que troca de disfarce o tempo todo para enganar nosso sistema imunológico. "Ainda teremos que esperar de cinco a sete anos por uma vacina", diz o especialista.
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