segunda-feira, 14 de julho de 2025

Como barulho humano alcança o fundo do mar e põe animais em risco - 'golfinhos gritando' e 'baleias encalhadas'

Como barulho humano alcança o fundo do mar e põe animais em risco - 'golfinhos gritando' e 'baleias encalhadas'

Os ruídos emitidos pela atividade humana no fundo do mar estão ficando cada vez mais altos.

Tempestades, ondas e ventos combinados com o canto dos pássaros, o assobio das baleias e diversos sons de outros animais marinhos formam a paisagem sonora natural dos oceanos. No entanto, detonações de rochas, sinais estridentes de sonares, roncos de motores de navio e outros ruídos emitidos pela atividade humana estão ficando cada vez mais altos.

Os especialistas alertam que isso tem um impacto perigoso na vida marinha. O som desempenha um papel essencial em atividades cruciais das espécies marinhas, como reprodução, alimentação, manutenção da estrutura social e fuga de predadores.


As criaturas marinhas estão sendo forçadas a lidar com o aumento
da atividade humana nos oceanos — Foto: Christian Harboe-Hansen/BBC

"Todos os animais marinhos são muito acústicos. A audição é seu principal sentido", diz Lindy Weilgart, que estuda a poluição sonora submarina e seus efeitos sobre os cetáceos (grupo de animais marinhos que inclui baleias, golfinhos e botos) desde 1994, e é consultora da organização de conservação sem fins lucrativos Oceancare, com sede na Suíça.

Weilgart lista as duas maiores ameaças como sendo as frotas de navios em constante expansão e os canhões de ar comprimido usados para encontrar reservas de petróleo no fundo do mar. Os sonares navais, a construção offshore, a mineração em águas profundas, as traineiras usadas para pesca de arrasto, os barcos de passeio e outras atividades aumentam os níveis de ruído.

"Nossa atividade econômica está aumentando", diz à BBC Patrick Miller, professor da Universidade St Andrews, na Escócia. "Muitas das coisas que fazemos geram ruído nos oceanos do mundo. Portanto, isso só vai aumentar", acrescenta.


Níveis de ruído estão aumentando

O estudo de medição de ruído oceânico é uma área relativamente nova.

Em 2006, pesquisadores da Universidade de San Diego, nos EUA, analisaram dados de 1964-1966 e 2003-2004 perto da Ilha de San Nicolas, a 257 quilômetros a oeste da Califórnia.

Eles descobriram que o ruído em 2003-2004 era de 10 a 12 decibéis (dB) mais alto do que em 1964-1966 — um aumento médio de 3dB por década.

Desde então, a atividade humana aumentou ainda mais.

"O ruído dos navios é um dos principais ruídos de fundo nos oceanos do mundo", diz Miller, que vem pesquisando o tema desde 1997. "Há evidências muito boas de que está aumentando", ele acrescenta.

O International Fund for Animal Welfare (IFAW) afirma que, em qualquer dado momento, 250 mil embarcações estão no oceano, e alguns navios de carga emitem "até 190 decibéis de ruído, o que é muito mais alto do que um avião decolando, e quase o mesmo nível de um show de rock".

Para efeito de comparação, em seres humanos, ruídos altos acima de 120 dB podem causar danos imediatos aos ouvidos. Ouvir um breve nível sonoro de 140 dB causa dor, e pode levar a danos permanentes à audição.


'Viver em vez de jantar'

A luz é absorvida mais rapidamente na água do que no ar, reduzindo a visibilidade, e os odores se dissipam mais rápido, tornando todo o espectro da vida marinha altamente dependente do som para sobreviver.

Os cetáceos enviam e recebem sons complexos para se comunicar uns com os outros, navegar pelas águas, encontrar alimentos e muito mais. Os peixes e invertebrados também usam o som para essas funções vitais básicas. Um estudo indicou, por exemplo, que o som crônico de baixa frequência também afeta a capacidade dos peixes jovens de encontrar um lar.

O som viaja mais rápido e mais longe na água (cerca de 1.480 metros por segundo) do que no ar (343 metros por segundo), o que significa que ele percorre longas distâncias com relativamente pouca perda de intensidade ou volume. Isso beneficia os animais em seu habitat natural, mas também amplifica os impactos da atividade humana.

Um estudo da Universidade de Bristol, no Reino Unido, publicado em 2023, mostrou que os golfinhos estavam efetivamente gritando para se comunicar uns com os outros, mas ainda assim estavam com dificuldade para trabalhar juntos.

Os cientistas descobriram que, à medida que os golfinhos eram expostos a níveis crescentes de ruído gerado pelo homem, eles quase dobravam a duração e o volume dos assobios para compensar essa interferência.

Miller fez parte de uma equipe que estudou o impacto da poluição sonora subaquática sobre as baleias perto da ilha vulcânica Jan Mayen, na Noruega, no Oceano Ártico.

Eles colocaram tags de monitoramento nas baleias, presas por uma ventosa. O equipamento caiu depois de um ou dois dias, e foi coletado, permitindo que os cientistas estudassem os níveis de ruído e os movimentos dos animais.

A pesquisa constatou que a poluição sonora subaquática gerada pelos seres humanos é captada pelas baleias de forma semelhante à maneira como elas detectam predadores naturais.

O artigo, publicado em 2022, conclui que os cetáceos estão enfrentando o dilema de escolher "viver em vez de jantar", afirmando que o aumento do ruído impede que as baleias se alimentem, o que reduz seus níveis de energia.

"Quando ouviram os sons do sonar, elas pararam completamente de se alimentar, e se afastaram por vários dias. Portanto, isso está realmente afetando sua capacidade de usar o habitat da maneira adequada", explica Miller.

"Esta é uma preocupação global porque os níveis de ruído em todos os lugares estão subindo, e os animais estão tendo cada vez menos habitat de qualidade."


Encalhe de baleias e outros impactos

Especialistas afirmam que o ruído pode desorientar os animais, o que pode levar a encalhes nas praias e causar fatalidades de outras maneiras.

Os sonares navais são frequentemente responsabilizados pelos encalhes em massa de baleias em diferentes partes do mundo, e também podem ter um impacto em outros animais.

Em 2015, a Marinha dos EUA concordou em limitar o uso de certos tipos de sonar que podem inadvertidamente prejudicar baleias e golfinhos em águas próximas ao Havaí e à Califórnia.

"A Marinha tinha um sonar ativo de média frequência que se mostrou fortemente ligado a encalhes fatais de baleias-bicudas, e até mesmo a mortes no mar. Mas há também um sonar ativo de baixa frequência que não foi tão claramente associado a esses encalhes, mas tem um alcance muito mais amplo de impacto", diz Weilgart.

Seus cálculos mostram o impacto que ruídos de 120dB (o volume de um trovão) podem ter no ecossistema.

"O sonar ativo de baixa frequência pode afetar 3,9 milhões de quilômetros quadrados", diz ela, quase o equivalente à área combinada da Índia e do Paquistão. "Se você estiver usando esse nível de 120 decibéis, ele perturba as baleias."

Estima-se que os canhões de ar comprimido usados para localizar reservas de petróleo e gás no fundo do mar produzem sons de até 260 dB debaixo d'água, que podem viajar até 4.000 quilômetros no oceano.

Um livreto da organização Oceancare cita estudos científicos que listam as consequências.

"As baleias-comuns foram desalojadas de seu habitat quando uma pesquisa sísmica começou, e o desalojamento durou muito além dos 10 dias de duração da pesquisa sísmica", detalha.

Um estudo publicado em 2013 diz que as pesquisas sísmicas em 2008 e 2009 "podem ter levado à mortalidade em massa de narvais presos no gelo no Canadá e na Groenlândia."


Gigantes sensíveis

Acompanhada do filho de 5 anos e da filha de 10 meses, Weilgart passou um ano navegando 50.000 quilômetros pelo Pacífico em um veleiro de 13 metros, seguindo grupos de cachalotes para sua pesquisa de pós-doutorado.

"Me lembro de como as cachalotes são sensíveis ao som. Elas são bem grandes. Mesmo as fêmeas têm de 11 a 13 metros [de comprimento], e os machos têm o dobro do tamanho", diz ela.

Weilgart se lembra de ter que ficar em silêncio para observá-las de perto — até mesmo um pequeno som as assustaria.

"Às vezes, tentávamos entrar na água para observá-las debaixo d'água. Tínhamos que ser muito cuidadosos para não fazer barulho. Você certamente não podia pular do barco. Era preciso simplesmente deslizar para dentro da água. Não podemos usar pé de pato".

A exposição persistente ao ruído aumenta os níveis de estresse das baleias, afetando sua imunidade e capacidade de reprodução, observa Weilgart.

Há regulamentações nacionais e regionais para controlar os níveis de ruído do oceano, mas nenhuma regulamentação internacional aplicável para a redução de ruído.

A ONG World Wildlife Fund (WWF) afirma que até mesmo uma redução de 10% na velocidade dos navios reduziria seus níveis de ruído em 40%.




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