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sexta-feira, 28 de junho de 2019

sábado, 5 de agosto de 2017

10 fatos sobre o aleitamento materno


10 fatos sobre o aleitamento materno

Semana Internacional do Aleitamento Materno é celebrada de 1º a 7 de agosto (Foto: Pixabay)

Celebrada entre 1º e 7 de agosto, a Semana Internacional do Aleitamento Materno reforça a importância da amamentação. Além de nutrir, o leite materno ajuda no desenvolvimento do sistema imunológico e na digestão.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

É possível emagrecer com a força do pensamento?


É possível emagrecer com a força do pensamento?


Eric Robinson é um pesquisador da Universidade de Liverpool, na Grã-Bretanha, que tem uma ferramenta surpreendentemente útil para quem quer emagrecer. É algo que todos nós temos, mas talvez não usemos todo o seu potencial: a memória.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A Hora da fome - Fisiologia


A HORA DA FOME


O organismo humano tem necessidade contínua de energia. Pode ficar até dois meses em abstinência porque, além de certo estágio, passa a se alimentar de si mesmo.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Problemas no banheiro? Você pode estar fazendo o número 2 da forma errada


Problemas no banheiro?  Você pode estar fazendo o número 2 da forma errada


Empresa norte-americana lança banquinho que faz com que o corpo adote a posição certa no trono.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A dura jornada de um sanduíche boca adentro - Biologia


A DURA JORNADA DE UM SANDUÍCHE BOCA ADENTRO - Biologia



De cara, o alimento é esmagado. Depois, é feito em pedacinhos. O organismo não quer que sobre nada -  a não ser energia.

A boca avança sobre o sanduíche. Os dentes cortam o pão e rasgam o recheio. A mordida marca a largada do percurso que o alimento fará por um tubo com cerca de 9 metros de comprimento, ora mais largo, ora mais estreito, na maior parte cheio de curvas. Alguns obstáculos diminuirão a velocidade dessa travessia, que deverá durar entre doze e catorze horas. O importante, porém, é que no final da jornada, as ligações químicas das moléculas do sanduíche estarão quebradas em porções suficientemente pequenas para permitir que elas penetrem nas células do corpo humano. Esse, aliás, é o ponto de chegada. A eficiência com que nosso organismo aproveita essa caminhada, que é o processo completo de digestão dos alimentos, garante entre outras coisas a capacidade de se decidir fazer uma refeição, andar até uma lanchonete, escolher entre as várias ofertas do cardápio, levar o sanduíche à boca e mordê-lo com vontade. Pois viver é gastar a energia proveniente do Sol, que somente as plantas conseguem aproveitar em estado, digamos assim, bruto. Pelo processo chamado fotossíntese, elas usam a energia solar como elos para construir verdadeiras correntes ou cadeias com os átomos de carbono, retirados da atmosfera. Quando essas correntes são quebradas, libera-se a energia para utilização. O corpo humano não consegue aproveitar diretamente a energia solar para formar tais cadeias. Assim, precisa consumi-las prontas, comendo os vegetais que, por sua vez alimentaram-se de plantas. Todo o processo de digestão tem por objetivo quebrar as correntes de carbono comidas nos alimentos, para que o organismo possa utilizar a energia de que precisa. Em seu sentido mais rudimentar, a vida, portanto, é uma constante busca de comida, ou melhor, das correntes ou cadeias de carbono - e a fome nada mais é do que um aviso do corpo de que a bateria está ficando descarregada. No entanto, na forma como costumam ser encontradas na alimentação, as cadeias de carbono quase sempre são muito compridas. Surge, de fato, um problema de espaço: as moléculas do sanduíche são muito grandes para penetrarem nas células.
"Por isso, o aparelho digestivo é relativamente longo. Assim, ao percorrê-lo, essas moléculas têm tempo para se tornarem menores", justifica o cirurgião Aldo Junqueira Rodrigues, especialista em Anatomia, da Universidade de São Paulo. Outra característica do tubo digestivo é ser impermeável na maior parte do trajeto do sanduíche, cujas moléculas são absorvidas apenas na reta final do intestino. Pão, carne, queijo, alface, tomate, maionese: nessa receita comum, encontram-se os três grupos de alimentos -carboidratos, gorduras e proteínas - que devem ser quebrados em órgãos diferentes do aparelho da digestão. A princípio, os ingredientes, juntos, são triturados na boca, por 32 dentes, nos adultos, ou apenas vinte, nas crianças. "Os músculos envolvidos na mastigação são tão fortes, que, com um único movimento, poderiam quebrar a dentição", comenta Junqueira. Uma mordida só não deixa ninguém banguela porque os dentes são enervados. "Os nervos que nos fazem experimentar a dor de uma cárie", diz o médico, "também nos dão a sensibilidade que regula a força aplicada em uma mordida." Enquanto a mastigação prossegue, a língua se move para todos os lados, ajudando assim a misturar o pedaço de sanduíche com a saliva.
O líquido, produzido por seis glândulas maiores e uma infinidade de glândulas menores espalhadas pela boca, é 99,5 por cento composto de água, que irá hidratar o bocado do sanduíche, transformando-o em uma papa fácil de ser engolida. A saliva ainda contém enzimas, capazes de destruir bactérias que, eventualmente, peguem carona no sanduíche. Por causa desse papel de defensora, ela não pára de ser fabricada, mesmo quando alguém permanece de boca fechada. Diariamente, uma pessoa produz cerca de 1,2 litro desse líquido, que passeia entre as gengivas, realizando uma limpeza constante. Durante a mastigação, o paladar determina se há necessidade de saliva extra. Se o sanduíche estiver salgado demais, haverá pouca salivação, gerando a sensação de sede. Mas se, acompanhando o sanduíche, a pessoa tomar uns goles de limonada haverá saliva à vontade, estimulada pelo gosto ácido que, por isso, merecidamente costuma receber o adjetivo refrescante. Já a Coca-Cola, companheira mais comum do sanduíche, não estimula nem inibe a salivação, como qualquer outro alimento ou bebida doce. Por causa do amido, um tipo de carboidrato contido no pão, a quebra química do sanduíche começa ainda na boca, graças a uma enzima salivar, conhecida como alfa-amilase. O amido possui até 2 000 átomos de carbono ligados entre si, e o máximo que o organismo consegue absorver são pequenos grupos de seis átomos - ou seja, uma mólecula de glicose.
A molécula de amido pode ser descrita como um longo colar, cujas contas, no formato de balões, seriam glicose. A enzima alfa-amilase não irá separar conta por conta, mas quebrará esse cordão em diversos pedaços, criando maltoses e dextrinas. A maltose nada mais seria do que duas contas juntas ou duas moléculas de glicose ligadas entre si. Dextrina, por sua vez, é a designação de várias moléculas de glicose, sem número específico, em cadeias menores que as do amido.
O tempo que o sanduíche permanece na boca, sendo esmagado entre os dentes, depende da vontade de cada um. Existe uma controvérsia: alguns cientistas defendem que a mastigação deve se prolongar pelo maior tempo possível, pois assim o alimento se mistura com mais saliva, o que ajuda na digestão dos carboidratos. Outros pesquisadores, porém, acreditam que o número de vezes que se mastiga um alimento faz pouca diferença, caso contrário, os desdentados morreriam de indigestão. Mas todos concordam que quanto mais triturada a comida mais fácil fica de ser engolida. A deglutição é um momento critico, quando o alimento atravessa o cruzamento entre o aparelho digestivo e o respiratório, na faringe, um tubo muscular com cerca de 12 centímetros, na altura da garganta. "Se o sanduíche pegar a via errada, na direção dos pulmões, ele logo será expulso por um jato de ar, no fenômeno do engasgo", descreve Junqueira. Os pulmões não suportam elementos estranhos. Uma partícula do sanduíche em seus domínios pode causar até pneumonia. Para evitar isso, ao mesmo tempo em que a língua joga o alimento para trás, pressionando-o contra o céu de boca, um osso chamado hióide sobe, fechando a laringe, no caminho exclusivo do ar. Se a pessoa fala de boca cheia, é bem provável que engasgue, porque a coordenação desses movimentos só é possível quando se interrompe a respiração por um ou dois segundos.
Da faringe, o bolo alimentar segue pelo esôfago, o tubo de aproximadamente 25 centímetros que vai do pescoço ao tórax. É uma pista de alta velocidade, por onde os líquidos passam em um único segundo; os alimentos sólidos demoram no máximo oito segundos. O ritmo acelerado não é mérito da força da gravidade, tanto que o sanduíche pode ser engolido quando alguém está de ponta-cabeça: a proeza se deve a movimentos ondulatórios, existentes em todo o aparelho digestivo que empurram o alimento na direção certa. O sanduíche alcança, enfim, o estômago. Se essa bolsa, de formato variável, estiver vazia, parecerá pequena como um pêssego, com espaço para guardar o conteúdo de meia xícara de chá. Mas o estômago é campeão em elasticidade, aumentando até quarenta vezes de tamanho-nas mulheres, perde apenas para o útero, que tem o triplo dessa capacidade. Estufado, o estômago pode armazenar 2 litros de alimento. Nele, os líquidos fazem uma pequena parada, de poucos minutos. O sanduíche, porém, ficará ali durante duas a seis horas, sendo sovado como uma massa de pão, com movimentos em todos os sentidos, a cada quinze ou vinte segundos. A estada do sanduíche no estômago poderá ser atrasada, se ele chegar misturado com refrigerante ou qualquer outra bebida gaseificada. O gás carbônico da bebida reagirá com o ácido clorídrico, componente do suco gástrico secretado por glândulas na parede estomacal. A combinação atrapalha a tarefa da víscera, que fica cheia de gases.
"O ácido clorídrico continua o trabalho de quebrar os carboidratos do pão. O próprio estômago não sai queimado porque é revestido por uma camada protetora de muco", conta o fisiologista Francisco Gacek, que há quinze anos dá aulas sobre o aparelho digestivo, na Universidade de São Paulo. "Quando surgem falhas nesse escudo viscoso, aparecem feridas - as úlceras ", explica o professor. Diariamente, o estômago fabrica cerca de 2 litros de suco gástrico, no qual se encontra também uma enzima, a pepsina, que inicia a quebra das proteínas, o principal ingrediente do queijo e da carne do recheio do sanduíche. As proteínas também são longas cadeias de átomos, que devem terminar o percurso da digestão na forma de pequeninas moléculas, no caso chamadas aminoácidos.
"A pepsina divide a proteína em proteoses, moléculas ainda muito grandes para a absorção", diz Gacek. Embora seja o personagem mais famoso do aparelho digestivo, é apenas isso o que o estômago faz. Logo depois, ele deixa sair uma amostra dessa pasta de sanduíche pelo chamado piloro, uma passagem estreita, sempre entreaberta. Essa pequena colherada vai para o duodeno, um trecho de 18 centímetros na entrada do intestino delgado, que tem 6 metros. "Esse é, por excelência, o órgão de digestão", opina Gacek. Faz sentido: é a única parte do aparelho digestivo que trabalhará com todos os ingredientes do sanduíche ao mesmo tempo, incluindo a gordura da maionese que, até então, continuava do mesmo jeito que entrou pela boca. "No duodeno, células especiais analisam o serviço que o intestino terá pela frente, avaliando a proporção de cada grupo de nutrientes", conta Gacek. "Como as gorduras  demoram para serem quebradas, se o sanduíche tiver muita maionese, o intestino liberará hormônios, ordenando que o estômago segure a sua carga." Obedecendo a esse comando químico, o piloro se fecha. Só quando todo o alimento no intestino já estiver pronto para a absorção, o duodeno permitirá a entrada de um segundo bocado e assim por diante.
"A gordura freia a velocidade da trajetória, daí a sensação que as pessoas têm de estômago pesado quando comem. Por exemplo, uma feijoada", esclarece o fisiologista. Em 24 horas, o intestino, enrolado como um caracol, fabrica cerca de 3 litros do chamado suco intestinal, que serve apenas para dissolver a massa proveniente do estômago. As enzimas que quebrarão o sanduíche - nesse instante, já líquido como uma sopa grossa - são produzidas pelo pâncreas, uma glândula que fica fora do intestino, logo abaixo do estômago. Todos os dias, 1,5 litro de suco pancreático desemboca por um estreito canal, no inicio do duodeno e, ainda ali, começa a dividir as moléculas. Apenas 40 por cento do amido do pão se transformaram em maltose ou dextrina quando os carboidratos chegam no intestino delgado. Para completar o trabalho iniciado durante a mastigação, o suco pancreático contém uma segunda dose da enzima amilase, idêntica à da saliva. "Nenhum suco, porém, quebra a molécula de maltose em duas de glicose", revela Gacek. "As substâncias capazes de fazer isso estão grudadas nas próprias células do intestino. Por isso, o alimento perde quatro ou cinco horas para percorrer esse trecho. Só assim, há chance de a maioria das moléculas de maltose encostar em suas paredes." Formadas nesse contato, as pequeninas moléculas de glicose atravessam os microscópicos vasos capilares das células intestinais, caindo na circulação sangüínea.
Outros carboidratos, como a sacarose do açúcar de cana ou a frutose das frutas, têm um destino semelhante. O suco pancreático usa a mesma estratégia com as proteoses, usando enzimas para dividi-las em dipeptídeos, moléculas com dois aminoácidos. A separação dos aminoácidos acontece igualmente graças a substâncias coladas nas células na superfície intestinal. "A gordura, porém, é um capítulo à parte", define Gacek. Um químico descreveria uma molécula de gordura como três átomos de carbono, cada um deles, por sua vez, ligado a uma cadeia de ácidos graxos. Uma enzima presente no suco pancreático, a lipase, romperá a junção desses átomos. Resultado: cada gordura se tornará uma molécula de glicerol (como são chamados três carbonos ligados entre si) e três moléculas de ácido graxo. Contudo, essa separação ainda não será suficiente.
O problema é que, na digestão, tudo acontece em meio líquido, e a gordura, como se sabe, não se dissolve em água. Daí a importância de um último suco: a bile, produzida no fígado, que também escorre por um canal no duodeno. "Em primeiro lugar, os sais existentes na bile repartem uma gota de gordura em inúmeras gotículas, o que facilita o trabalho da lipase do pâncreas, que só age na superfície dessas moléculas", explica Gacek. "Além disso, os sais biliares, derivados do famoso colesterol, parecem um fósforo com duas cabeças. De um lado, são solúveis em água; de outro, em gordura, funcionando como um elo entre as gotículas gordurosas e a água." A gordura, então, pode ser transportada no fluxo do intestino. Como de costume, a absorção acontece quando o nutriente encosta na parede. Ali, a própria membrana celular contém gordura em sua composição. "Como gordura se dissolve em gordura, fica fácil atravessar a célula", conclui o fisiologista.
A etapa final do tubo digestivo mede cerca de 1 metro: é o intestino grosso. Em uma ou duas horas, ele absorve não só a água que se bebe como os cerca de 9 litros de sucos diversos que o aparelho digestivo despejou na trajetória do alimento. Nesse momento, o organismo traga as vitaminas e os sais minerais que estavam, principalmente, na alface e no tomate do sanduíche. Restará assim o chamado bolo fecal, que o aparelho digestivo mandará para fora do organismo-uma mistura de tudo o que não foi absorvido. O sanduíche ainda levará outras dez ou doze horas, antes de se tornar energia dentro de cada célula do corpo humano. Na verdade, uma pessoa ingere hoje o combustível que irá gastar amanhã. É ilusão, portanto, comer um chocolate antes de uma aula de ginástica, para garantir o fôlego. Ainda assim, a glicose, de todos os nutrientes, é o que se transforma mais rapidamente em energia. "Por isso, os músculos preferem usar da glicose quando precisam realizar um movimento repentino como o dos primeiros passos de uma marcha", exemplifica o bioquímico mineiro Walter Terra, da Universidade de São Paulo. A gordura, no entanto, é uma fonte de energia mais eficiente, embora demore mais para ser acionada. "Depois de algum tempo caminhando", continua o bioquímico, "os músculos abandonam a glicose, para consumirem gordura." Os aminoácidos, por sua vez, servem como matéria-prima para o organismo construir suas próprias proteínas Elas se transformam em energia somente quando não há glicose ou gordura disponível. Contudo, nas células, através de processos variados, esses três tipos de nutrientes podem se transformar em moléculas de ATP (sigla de adenosinatrifosfato), que funcionam feito uma embalagem de energia. Quando o ATP encosta nas pontas das fibras musculares, provoca uma contração. Caso se trate das fibras de um certo músculo facial, a boca poderá se abrir para, quem sabe, morder mais um sanduíche.

Um apetite misterioso

Durante muito tempo, acreditou-se que a queda na quantidade de glicose do sangue provocava a sensação de fome. Na última década, porém, poucos cientistas ousaram dar essa justificativa para a vontade de comer. "Mesmo quando alguém fica em jejum completo, a queda da chamada curva glicêmica é desprezível", nota o fisiologista Marcus Vinícius Baldo, da Universidade de São Paulo, especialista em sistema nervoso. Em teoria. na falta de alimentação, a dosagem de glicose deveria diminuir. Se isso não acontece, é porque existe um esforço do organismo, que libera uma série de hormônios, tentando manter seu funcionamento na mais perfeita normalidade. "A nova hipótese é de que esse esforço - e não a diminuição da glicose em si - seria percebido na região cerebral do hipotálamo", conta Baldo.
O fisiologista lembra que fatores secundários fazem o sistema nervoso desencadear ou aumentar a sensação de fome, como as contrações do estômago vazio ou certos estímulos captados pelos órgãos dos sentidos, como a foto de um prato ou o cheiro de uma comida. Segundo o químico Franco Lajollo, que pesquisa alimentos na USP, uma coisa é certa: "Ninguém provou que, ao se comer ou beber algo, a fome aumente ainda mais". Isso desmistificaria o conceito do aperitivo, servido antes das refeições para abrir o apetite. "O álcool, especialmente, além de ser irritante para o estômago, é uma bebida muito energética, ou seja, deve diminuir a fome e não aumentá-la", raciocina Lajollo. Em todo caso, o pesquisador reconhece que uma dose de bebida alcoólica provoca relaxamento: "Essa descontração talvez ajude as pessoas a comerem mais. Afinal, comer é também um prazer social".

Uma questão de bom gosto

Pesquisadores americanos resolveram servir a dois grupos de ratinhos menus diferentes: o primeiro grupo teve de comer uma insípida ração; o segundo, mais sortudo, recebia queijos sortidos e frutas. Os dois cardápios continham os mesmos nutrientes e uma quantidade idêntica de calorias. Mas apenas os ratinhos do segundo grupo engordaram -sinal de que comiam mais do que aqueles servidos com uma refeição sem gosto. Isso mostra que o paladar existe para reforçar a fome, estimulando os seres vivos a se alimentarem, garantindo a energia para viver. Nos seres humanos, as células gustativas, especializadas em discernir sabores, se concentram na língua, embora existam em menor proporção no céu da boca e na faringe. Guiando-se pelo formato das moléculas da comida, essas células só distinguem quatro tipos de gosto: o doce, o salgado, o azedo e o amargo.
Portanto, a princípio, são sutis as diferenças entre um sanduíche e uma sopa. Afinal, as células gustativas mandam a mesma informação para a região cerebral do tálamo: os dois pratos são salgados. O sistema nervoso só consegue fazer a diferenciação com pistas, por exemplo, de outros receptores da boca, que percebem a consistência e a temperatura da comida. Mas é um vizinho da boca que dá o voto decisivo: através da garganta, os receptores do nariz captam o cheiro do alimento sendo mastigado e revelam o que é sopa e o que é sanduíche. Isso só é difícil quando alguém está resfriado - então, tudo perde o sabor.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Poder das Fibras - Saude


O PODER DAS FIBRAS - Saude



Elas formam o esqueleto dos vegetais. Como alimento, não servem rigorosamente para nada. Mas previnem doenças graves e ajudam até a manter a linha. Trinta gramas por dia é tudo que se precisa.

Em 1984, enquanto fazia os preparativos para a travessia do Atlântico, o navegador Amyr Klink tinha uma preocupação muito particular: sua constipação intestinal crônica. Se o problema do intestino preso já lhe causava tanto desconforto em terra, que aborrecimento não seria tê-lo a bordo do diminuto barco no qual passaria três meses entre o céu e o mar? O êxito de tal aventura dependia, acima de tudo, de saúde e de boa disposição física, dia após dia. "A solução foi uma dieta equilibrada, rica igualmente em todos os tipos de alimentos, incluindo fibras", conta a nutricionista Flora Spolidoro, atual secretária de Ação Social do governo federal, principal responsável pela alimentação de Klink tanto na travessia a remo do Atlântico como agora na invernagem polar na Antártida.
O que é bom para os retiros marítimos de Klink tem sido igualmente bom para a rotina de milhões de pessoas nos quatro cantos do mundo. Depois de praticamente eliminadas da dieta ocidental a partir da segunda metade do século, as fibras agora vêm sendo reconhecidas como santo remédio para muitos males de não pouca gravidade e ainda como agentes de prevenção para tantos outros. Aliás, foi justamente a virtual expulsão das fibras da mesa de refeições dos países industrializados, em conseqüência da produção em massa de alimentos refinados associada ao consumo crescente de carne vermelha, afirma um coro de pesquisadores, médicos e nutricionistas, a principal causa de disseminação de algumas das chamadas "doenças da civilização", como a constipação intestinal, a diverticulose e a diverticulite, as hemorróidas, os problemas cardiovasculares e o câncer de cólon.
O interesse pelas fibras alimentares ressurgiu na década de 70, graças principalmente às pesquisas do médico britânico Dennis Burkitt. Ele passou vinte anos na África, trabalhando como cirurgião no interior de países como Uganda e o Quênia. Foi a observação dos hábitos alimentares dos africanos e do fato de não ocorrerem entre eles várias doenças do trato digestivo, muito comuns nos países ocidentais, que o levou a formular sua hipótese sobre o papel das fibras. De fato, a dieta dos africanos das zonas rurais é excepcionalmente rica em fibras comidas em cereais integrais, farelos, frutas, legumes e verduras - um cardápio muito diferente da alimentação típica do mundo desenvolvido, carregada de produtos refinados e gorduras. Assim pensou Burkitt, era muito provável que na África negra houvesse uma relação entre a ingestão de fibras e a ausência daquelas doenças. Realmente havia.
As primeiras observações de Burkitt levaram em consideração a quantidade e a consistência das fezes produzidas por africanos e europeus. Afinal, segundo sua hipótese, tais características dos excrementos eliminados diariamente por uma pessoa poderiam estar diretamente relacionadas à freqüência de doenças como a diverticulose e o câncer de cólon. Para testar essa teoria, o cirurgião teve naturalmente de se submeter a uma nada atraente pesquisa de campo. Nisto, por sinal, o dedicado Burkitt já tinha sido precedido há mais de 200 anos por um ilustre habitante das llhas Britânicas, que embora não fosse médico também se interessou pelo assunto - o escritor satírico irlandês Jonathan Swift (1667-1745), conhecido autor das Viagens de Gulliver.
Em 1733, Swift publicou anonimamente um livro chamado Human Ordure (Excremento humano). Nele, Swift faz uma detalhada classificação das fezes eliminadas por seus compatriotas da época. O escritor chegou a sugerir nomes em latim para os vários tipos de fezes, como merdae spherulatae, segundo ele a variedade mais nociva de dejetos: redondos e duros. Burkitt concorda. Observando o resultado da atividade intestinal de africanos e europeus, o pesquisador notou, em relação à quantidade, que um africano adulto produzia de 400 a 500 gramas de fezes por dia, enquanto um europeu eliminava somente um máximo de 120 gramas. Quanto à consistência, as fezes dos africanos se caracterizavam por serem moles, enquanto as dos europeus tendiam a ser mais rígidas.
Mas que isso teria a ver com as fibras alimentares? Simplesmente que a dieta carente de fibras dificulta os movimentos do intestino grosso e resulta em fezes mais duras. Hoje é convicção virtualmente unânime de nutricionistas e médicos que estaria aí a origem de todo um rol de males. Mas há fibras e fibras. Elas existem em tecidos e em carnes.
Estas últimas são formadas por uma substância chamada colágeno e são digeridas. O que as distinguem das fibras alimentares? "Estas constituem o material que forma as paredes ou membranas celulares das plantas", esclarece a nutricionista Maria Lúcia Ferrari Cavalcanti, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. "São a parte dos vegetais não digerida nem aproveitada de forma alguma pelo organismo humano." Em outras palavras, as fibras formam o esqueleto das plantas. Sem elas, um talo de grama ou uma árvore não parariam em pé.
Apesar de serem identificadas pelo mesmo nome genérico, as fibras constituem uma mistura de três tipos de substâncias: a celulose, as pentoses e a lignina. As duas primeiras são carboidratos, isto é, açúcares: a celulose é um polissacarídio - açúcares com cadeias moleculares mais longas - formado por uma seqüência de moléculas de glicose; já as pentoses são um grupo de monossacarídios, que inclui ainda a pectina e as gomas, substâncias usadas em geléias e gelatinas. A lignina, enfim, é um polímero, composto formado por aglomerações de grande número de moléculas.
Toda essa mistura pode ser comparada às estruturas de ferro e concreto usadas na construção civil. A celulose corresponderia às barras de ferro verticais, as pentoses seriam as barras transversais, as pectinas e gomas representariam o cimento e a lignina seria o maciço revestimento externo. Essas substâncias podem ser solúveis e insolúveis. Solúveis são as que se dissolvem num meio aquoso, formando um gel ou uma massa viscosa. São as pectinas e as gomas, o cimento das células vegetais. As insolúveis, ao contrário têm a capacidade de absorver a água e aumentar o próprio volume, como esponjas. São a celulose, algumas pentoses e a lignina. "Essas duas propriedades das fibras é que as tornam alimentos indispensáveis para o homem", indica a nutricionista Maria Lúcia. No sistema digestivo, uma parte delas vai absorver água e aumentar de volume enquanto a outra vai provocar a formação do gel. Não sendo digeridas nem absorvidas pelo organismo, sua presença faz aumentar a quantidade de resíduo alimentar no intestino, proporcionando massa para as fezes e estimulando a movimentação intestinal. Esse é o grande paradoxo das fibras: não alimentam nada mas são essenciais à saúde.
A capacidade de as fibras absorverem água faz também com que os excrementos fiquem mais macios, ajudando a reduzir o esforço na hora de ir ao banheiro. Ou seja, as fibras são laxantes naturais. "A propriedade laxativa de alimentos como o farelo de trigo, rico em fibras, é conhecido desde os tempos de Hipócrates", lembra Maria Lúcia, referindo-se ao célebre médico grego que viveu entre os séculos IV e V a.C. "Mas o estímulo oferecido pelas fibras ao intestino também pode prevenir o aparecimento de problemas, como a diverticulose." Esta consiste na formação de pequenas bolsas (divertículos) na parede do intestino grosso, devido ao endurecimento dos músculos intestinais e a pressões irregulares a que são submetidos. Intestino lento e fezes pequenas e duras são associadas à formação dos divertículos. Tais bolsas podem reter resíduos de fezes e assim desencadear um processo inflamatório, a diverticulite, a mesma que há cinco anos obrigou o presidente eleito Tancredo Neves a se internar no Hospital de Base de Brasília, na véspera da posse, iniciando o processo que o levaria à morte. Diverticulose e diverticulite são problemas praticamente desconhecidos entre as populações que consomem grandes quantidades de fibras. Nos países de estilo de vida ocidental, comumente atingem os mais idosos; previsivelmente, sua freqüência é bem menor entre os vegetarianos.
As evidências indicam que as fibras podem também prevenir e ajudar no tratamento de hemorróidas - varizes nas veias do anus, cuja origem parece relacionada à constipação intestinal e à eliminação de fezes muito duras. A cirurgiã Angelita Habr-Gama, especialista em aparelho digestivo do Hospital das Clínicas de São Paulo e professora da Faculdade de Medicina da USP, inclui as fibras alimentares no tratamento de seus pacientes portadores de hemorróidas e diverticulose. "Elas são de grande ajuda", diagnostica.
Pesquisas recentes mostram igualmente uma relação entre as fibras e a prevenção do câncer de cólon (parte do intestino grosso). Uma dieta rica em fibras cortaria em 40% o risco de se contrair esse câncer, cujas causas são desconhecidas. Acredita-se que a doença resulte do contato da parede intestinal com substâncias cancerígenas produzidas por bactérias existentes no cólon. O meio intestinal oferece condições de sobrevivência a uma variada flora bacteriana, que vive da fermentação dos resíduos alimentares e cuja presença faz bem ao organismo. As vezes, porém, a fermentação produz substâncias nocivas, que eventualmente podem provocar a mutação e o crescimento desenfreado de células. Se uma pessoa come fibras em quantidade suficiente, seu funcionamento intestinal fica mais rápido; logo, menos tempo aquelas substâncias permanecerão em contato com a parede intestinal, diminuindo assim os riscos do câncer - raro, não por acaso, entre os vegetarianos.
As fibras também podem ser utilizadas no controle da obesidade e em regimes alimentares. "Como elas não são digeridas pelo organismo, não fornecem calorias", diz o endocrinologista paulista Alfredo Halpern. Uma gigantesca pesquisa na China sobre os hábitos alimentares de 6 500 pessoas, que acaba de ser divulgada, revela que os chineses consomem 20% mais calorias do que os americanos, porém estes são 25% mais gordos. Ocorre que os chineses ingerem apenas 1/3 da quantidade de gordura consumida pelos americanos - e o dobro da quantidade de fibras. Sua capacidade de reter a água e inchar também favorece as dietas, pois provoca a sensação de saciedade mesmo quando se come pouco.
Fibras e diabete também têm sido objeto de pesquisas. O diabete, doença muito comum nos países industrializados, se caracteriza por uma quantidade excessiva de glicose (açúcar) no sangue, por causa de uma deficiência do hormônio insulina. Um trabalho realizado já em 1948 por médicos franceses indicou que as fibras talvez pudessem ser usadas no tratamento de diabéticos. A hipótese é que a dissolução das pectinas e das gomas e a conseqüente formação do gel retardariam a digestão dos alimentos e sua absorção pelo organismo. O gel formaria uma barreira entre os alimentos e as enzimas digestivas ou entre as moléculas simples de glicose e as paredes do intestino, responsáveis pela absorção. A digestão e a absorção retardadas fariam com que a glicose entrasse aos poucos na circulação sangüínea, sem o risco de uma elevação brusca de seu nível.
As doenças cardiovasculares, de seu lado, são consideradas um dos principais males da civilização. Se é verdade que "um homem é tão velho quanto suas artérias", como se diz, existem povos mais jovens do que outros. Entre os africanos, os japoneses e os mediterrâneos, por exemplo, a aterosclerose (endurecimento das artérias causado por depósitos gordurosos em seu interior) ocorre muito menos e mais tarde do que entre os americanos e os habitantes do norte da Europa. Do mesmo modo, os casos de infarto do miocárdio são menos freqüentes entre os primeiros. Mais uma vez as fibras? A questão alimenta discussões sem fim entre os especialistas, muitos dos quais se recusam a isolar uma única explicação. Mas algumas pesquisas cuidadosas indicam que a resposta é sim.
Um estudo realizado na Universidade de Leiden, na Holanda, em 1982, mostrou que o índice de mortalidade por doenças cardiovasculares é quatro vezes menor entre homens cuja dieta é rica em fibras. Outro trabalho, realizado em 1987 na Universidade da Califórnia, em San Diego, concluiu que o risco de infarto é significativamente menor entre as pessoas que consomem pelo menos 16 gramas de fibras diariamente. Além disso, 6 gramas a mais nessa dieta representa uma diminuição do fator de risco da ordem de 25%. As doenças cardiovasculares, como se sabe, estão associadas a altas taxas de colesterol no sangue. Imagina-se que neste caso as fibras teriam um papel semelhante ao que parecem desempenhar em relação ao diabete. O gel formado pelas fibras solúveis dificultaria a absorção do colesterol no intestino. Outros pesquisadores afirmam que as fibras insolúveis também fariam a sua parte, de modo a eliminar rapidamente o colesterol nas fezes.
Por mais polêmica que possa ser qualquer coisa que se diga sobre o que faz e o que não faz baixar o nível de colesterol no organismo, a importância das fibras na alimentação está definitivamente consagrada. O essencial, de todo modo, é manter uma dieta rica em todos os tipos de alimentos "Não adianta incluir as fibras em detrimento de outras coisas" adverte a secretária de Ação Social Flora Spolidoro. "O segredo da boa saúde é uma dieta equilibrada." O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos recomenda a ingestão diária de 30 gramas de fibras. O brasileiro das grandes cidades, ao que tudo indica, ainda precisa chegar lá. Segundo dados do Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), do IBGE, o consumo médio de fibras por pessoa em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre é de aproximadamente 20 gramas.  Fibras são o prato do dia em nutrição e as pesquisas estão apenas no início. "Em 1912, foi descoberta a primeira substância a ser chamada vitamina", compara a nutricionista Maria Lúcia Cavalcanti. "Hoje, oitenta anos depois conhecemos um número surpreendente delas, assim como suas funções, não menos surpreendentes. Com as fibras será a mesma coisa."

A fibra de cada um

Teor em gramas em cada 100 g de alimento

CEREAIS

Farelo de trigo    44,0
Farelo de aveia    26,4
Milho de pipoca 
estourado    16,5
Aveia, grão 
integral, cru     14,0
Farinha de trigo 
integral    9,6
Pão integral     8,5
Arroz integral, cru    7,2
Pão preto    5,1
Milho verde cozido    4,7
Farinha de trigo 
refinada    3,0
Pão branco    2,7
Arroz integral cozido    2,4
Arroz polido cozido    0,8

OLEAGINOSAS

Amêndoa    14,3
Coco    13,6
Castanha-do-pará      9,0
Amendoim      8,1

LEGUMES, VERDURAS

Feijão cozido    7,4
Espinafre cozido    6,3
Ervilhas cozidas    5,2
Lentilhas cozidas    3,7
Cenoura cozida    3,0
Cenoura crua    2,9
Brócolis cozidos     2,9
Batata assada com 
casca    2,5
Batata cozida    2,0
Repolho cozido    1,8
Couve-flor cozida    1,8
Alface     1,5

FRUTAS

Amora    7,3
Uva passa    6,8
Banana    3,4
Pêra    3,3
Morango    2,2
Ameixa    2,1
Maçã    2,0
Laranja    2,0
Tomate    1,5
Abacaxi    1,2



Roteiro de um bom bocado

Do garfo ao intestino, o alimento faz uma viagem com muitas escalas. A primeira, naturalmente, é a boca, onde a digestão já começa: produzida por glândulas, a saliva não serve apenas para amolecer a comida; ela contém componentes chamados enzimas, capazes de digerir substâncias como o amido, encontrado na batata e no arroz. Digerir quer dizer transformar substâncias complexas em simples, de modo que o organismo possa aproveitá-las. O amido, por exemplo, não pode ser aproveitado como tal. No entanto, transformado em glicose, seu composto mais simples, é absorvido sem problemas.
Da boca, o alimento passa ao esôfago, o tubo longo e fino que vai da garganta até o abdômen. É o túnel pelo qual a comida mastigada alcança o estômago. Ali, graças à profusão de sucos gástricos e à grande quantidade de enzimas, se dá a digestão propriamente dita. O bolo alimentar assim formado toma o rumo do intestino delgado onde vai sofrer a ação de outros sucos digestivos, estes enviados pelo fígado e pelo pâncreas. As secreções produzidas por esses órgãos contêm enzimas especiais capazes de digerir proteínas e gorduras. O intestino delgado é também a estação onde os alimentos já digeridos são absorvidos pelo organismo, sendo embarcados na circulação sangüínea. Os resíduos não aproveitados nesse processo todo - que incluem as fibras vegetais - passam então ao intestino grosso ou cólon, onde ficarão até ser expelidos.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Força Fígado - Biologia


FORÇA, FÍGADO - Biologia



Distribui energia, atende emergências, cuida do lixo, faz mil coisas ao mesmo tempo e não reclama do serviço.

Saúde!  em seguida a esse voto, o organismo é brindado com goles de um rico combustível misturado a um requintado veneno. Seja uma esportiva cerveja ou um doméstico licor da vovó, toda bebida alcoólica tem essas qualidades paradoxais. O bem só se separa do mal quando o álcool, junto com os nutrientes absorvidos na digestão, escorrega no sangue, sendo sugado por uma esponja vermelho-escura, no lado direito do abdome. É ali, no fígado, a maior glândula do organismo com seus 8 a 10 centímetros de largura, que parte das moléculas da bebida é queimada e transformada em energia, enquanto as sobras tóxicas são trituradas e eliminadas feito lixo. E isso é apenas o começo da conversa quando o assunto é fígado - um personagem muito comentado nas bocas que apreciam um trago, embora poucos saibam ao certo qual o seu papel na história.
É, com certeza, um papel de primeira grandeza. Literalmente insubstituível, o fígado está no centro do espetáculo de uma série de processos vitais, tanto que, sem o órgão, retirado numa cirurgia ou danificado por doença, não se sobrevive em média por mais de cinco horas - para agoniados cirurgiões que fazem transplantes, uma atividade de ponta na Medicina moderna. Toda essa importância costuma ser ignorada e as pessoas, muitas vezes, cometem a ingratidão de retribuir o trabalho do órgão com críticas por eventos pelos quais nem sequer é responsável, como as dores na parte superior do abdome ou a ressaca. Os próprios cientistas, embora não perpetrem tais disparates, admitem com candura que ainda têm muito a aprender a respeito dessa nobre víscera. 
Já a fama e a glória vão habitualmente para os coadjuvantes: os rins, por exemplo, são consagrados por limparem o sangue, excretando uma substância chamada uréia que leva embora uma série de moléculas nocivas. A uréia, na realidade, é fabricada pelo fígado, que também produz diariamente 100 gramas de proteínas - 90 por cento do que o homem precisa. O fígado, ainda, destrói os micróbios que eventualmente driblaram as células de defesa no intestino; possibilita a absorção de certos nutrientes; armazena substâncias; elimina os glóbulos sanguíneos envelhecidos; e - ufa - manda energia para todo o organismo.
Com aproximadamente 2 quilos que se acomodariam na palma da mão, sem forma muito definida, pois se deixa achatar ao mero contato com seus vizinhos, como o rim direito e o estômago, o fígado pode ser comparado a uma alfândega. Suas células, especialmente as que recobrem os vasos, agem efetivamente como fiscais aduaneiros: revistam a bagagem do sangue, para separar o que merece e o que não merece ter livre trânsito no organismo. Mas, mesmo que parte do álcool tenha recebido visto de entrada, nem sempre suas partículas devem se transformar em energia - algo que, às vezes, o organismo tem de sobra.
Nesse caso, o fígado aproveita as partículas de álcool para construir redondas moléculas gordurosas, como uma espécie de provisão para eventuais períodos de jejum. Essa reserva para tempos de vacas magras fica estocada em depósitos situados, por exemplo, na altura da cintura - fenômeno que alguns freqüentadores de bar eventualmente observam no espelho. O processo, porém, pode levar até mais de 24 horas, pois o álcool é metabolizado um pouco de cada vez, à medida que o sangue atravessa o fígado, à velocidade de cerca de 2 litros por minuto. É bem verdade que um pouco de álcool que ficou para uma próxima rodada, circulando pelo corpo até alcançar novamente a glândula, acaba sendo queimado em outras regiões.
Ainda quando isso ocorre, porém,o fígado não fica de fora da operação. Afinal, é quem envia às células o combustível necessário a essa espécie de fogueira bioquímica. A entrega é feita ao gosto do consumidor, do modo que as células do organismo aceitam, ou seja, sob a forma de glicose - um açúcar solúvel em água, que o fígado fabrica a partir de ingredientes diversos, como os carboidratos do macarrão, os glicídios do chocolate, a lactose do leite. No entanto, se esse trabalho se complica - ou porque a quantidade de bebida é grande ou porque o bebedor está se alimentando pouco -, o fígado tenta contornar o problema, orientado pelos hormônios da glândula pancreática que regulam os níveis de açúcar no sangue.
Assim, as insolúveis moléculas de glicogênio guardadas nas suas células são convertidas em glicose, como se os hormônios pancreáticos retirassem um alimento da geladeira para consumo imediato. De fato, as células que formam o fígado armazenam uma série de substâncias para casos de necessidade. Esse hábito preventivo se manifesta ainda no feto, quando a glândula começa a estocar, aproximadamente após o terceiro mês de gestação, algumas substâncias de que poderá precisar nos primeiros tempos de vida, por não estarem presentes, ao menos em quantidade suficiente, no leite materno.
Eventualmente usado para metabolizar doses extras de bebida, o estoque de açúcar no fígado não dura muito, assegurando combustível apenas por um dia. O fígado, porém, não pode deixar que falte energia ali onde ela é essencial - no coração e no cérebro, peças vitais da máquina humana. Por isso, para manter o organismo vivo, a víscera faz qualquer negócio: o recurso mais rápido é roubar proteína dos músculos, desmontando suas moléculas, cujos componentes - carbono, oxigênio e hidrogênio - serão recombinados de acordo com a fórmula da glicose (C6H12O6).
"Esse processo de autocanibalismo ocorre também quando se faz um regime drástico, sendo uma das causas da sensação de fraqueza que o acompanha", explica o médico paulista Erkki Larsson, do Hospital Albert Einstein de São Paulo, especializado em doenças do fígado, órgão que o ocupa há mais de vinte de seus 46 anos. Outro recurso utilizado pelo fígado, quando o alarme dos hormônios pancreáticos denuncia a carência de glicose, é mobilizar gordura para fazer com suas moléculas algo semelhante ao que faz com as proteínas musculares. O mecanismo, aliás, é intuitivamente conhecido pelos cozinheiros desde a Idade Média, quando aparece na França o hábito de servir álcool aos gansos a fim de que seu fígado, amaciado pela gordura mobilizada, fique no ponto ideal para a elaboração do patê de foie gras (fígado gordo).
Uma receita ainda mais antiga mandava fazer o caminho inverso: encher a ave de comida e, de preferência, imobilizá-la para que a sobrecarga de energia crie depósitos gordurosos nas células hepáticas. "Algo semelhante ocorre com a pessoa que come muito e leva uma vida sedentária", adverte Larsson. "Essa infiltração de gordura facilita o aparecimento de diversas doenças." A ponte entre a Biologia e a gastronomia é sólida e duradoura: afinal, a palavra fígado deriva do latim ficatum, derivado por sua vez do grego fykotón, nutrido com figos, numa alusão às aves a que se dava esse fruto, para conferir um sabor especial às pastas feitas com seu fígado.
Os romanos podiam entender de boa mesa, mas não eram propriamente doutores em fisiologia do aparelho digestivo. E o fígado permaneceu quase um ilustre desconhecido ao longo dos séculos. Apenas nos anos 60, por exemplo, descobriu-se que os milimétricos cilindros - os lóbulos - formados pelas células do fígado em torno dos vasos sanguíneos são unidades independentes, ou seja, em caso de doença podem ser extraídos cirurgicamente, sem prejuízo dos lóbulos vizinhos. Até então, o desconhecimento dessa realidade representava um pesadelo para os médicos: freqüentemente os cortes provocavam hemorragias fatais no paciente.
Continuam nebulosas, porém, as razões pelas quais na história da.vida na Terra o fígado surge apenas nos vertebrados, há cerca de 400 milhões de anos; a víscera é parecida em todas as espécies - a do porco, porém, é a mais semelhante ao fígado humano. Antes dos vertebrados, os seres vivos tinham grupos de células diferentes para realizar cada uma das funções que o fígado veio a monopolizar; o processo parece subverter a direção habitual da evolução dos organismos.cuja pedra de toque é a especialização das funções. Dizer que a hexagonal célula hepática tem mil e uma utilidades não é mera força de expressão:cientistas consideram que certas tarefas por ela realizadas, como a síntese de proteínas, são essenciais para outras atividades orgânicas, como a formação de tecidos.
Desdobrando esse raciocínio, a soma das funções do fígado alcança, com tranqüilidade, a casa do milhar. "Muitos cientistas passam a vida estudando só uma função do fígado", observa Erkki Larsson. Para ilustrar o que diz, tira da estante, ao lado de sua mesa, volumes que mais lembram dicionários, cada qual dedicado a um tema que, às vezes, se limita a detalhes de como as células hepáticas fazem essa ou aquela reação. Apesar de toda a versatilidade do órgão, falta-lhe um mecanismo capaz de organizar as prioridades em sua disputada agenda. Ao passarem pelo fígado, é como se todas as substâncias, de toxinas a nutrientes, desejassem ocupar suas células por uns instantes.
Como na velha dança-das-cadeiras, onde quem não senta cai fora do jogo, as partículas que não encontram lugar disponível no fígado são expulsas na correnteza do sangue, por uma veia larga, a centrolobular, que vai em direção, ao coração. As partículas rejeitadas fazem então uma longa volta por todo o organismo, até uma nova oportunidade, quando tornam ao fígado ou junto com o sangue oxigenado que o irriga ou com o sangue carregado de substâncias do intestino, do baço e do pâncreas. Nessa competição metabólica não basta chegar primeiro:a quantidade também conta. Quanto maior o número de moléculas de uma dada substância, maior a probabilidade de encontrarem pausa nas células hepáticas.
Dessa maneira, se a maioria das suas 50 bilhões de células - algo como 5 centésimos do total existente no corpo humano - está queimando moléculas de álcool em certo momento, o fígado pouco pode fazer se bater à sua porta, de repente, uma droga de efeitos muito tóxicos. Isso explica porque algumas pessoas, sob o efeito de bebida alcoólica, sofrem intoxicações, às vezes fatais, até por medicamentos aos quais já estavam acostumadas. Contudo, é comum atribuir-se a essas sobrecargas uma série de sintomas que nada tem a ver com o fígado. Não é raro, por exemplo, ouvir alguém reclamando de dor no fígado, após uma refeição pesada. Não se pode negar a dor alheia, mas uma coisa é certa: é muito mais provável que a origem do mal-estar esteja em outro órgão do aparelho digestivo.
O fígado pode até ter muito trabalho para quebrar as gorduras ingeridas, mas nunca reclama do serviço, ou, se reclama, reclama em silêncio, pois nem sequer possui nervos para mandar ao cérebro a mensagem, que produz a sensação dolorosa. E bem verdade que o fígado é recoberto por uma membrana, esta, sim, cheia de nervos. Contudo, só há dor em duas situações específicas: nas doenças graves em estado avançado, nas quais o fígado pode crescer até cinco vezes, ou nas infecções agudas em que de uma hora para outra a glândula incha. Já nos casos de doenças que se desenvolvem lentamente, como muitas hepatites crônicas, os nervos da dor se estendem aos poucos e não produzem sensação alguma.
Outra crendice é associar estados de embriaguez ou de ressaca ao fígado, quando na realidade os sintomas se devem aos efeitos do álcool sobre o cérebro e o restante do aparelho digestivo. Os tão procurados medicamentos à base de alcachofra fazem bem, não porque atuem sobre o fígado, como se imagina, mas porque facilitam a digestão. É fato, porém, que tanto a bebida alcoólica como qualquer remédio, em maior ou menor grau, ao entrarem nas células hepáticas irritam a sua delicadíssima membrana. Se essa agressão for crônica, as células irão degenerar, transformando-se num inútil tecido conjuntivo, semelhante a uma cicatriz: é a cirrose, um problema sem volta. Como diminui sua área de operação, o fígado acaba realizando, num ritmo mais lento, as suas atividades.
O fígado normal produz, diariamente, cerca de 700 mililitros de bílis, um líquido de gosto amargo cujas funções mais importantes são digerir a gordura e eliminar parte da escória do metabolismo. A principal matéria-prima para fabricar a bílis são as moléculas de colesterol que o fígado produz ou colhe no sangue a partir das gorduras ingeridas. Mas a sua típica cor ferruginosa é dada por uma proteína, a bilirrubina, que surge quando o próprio fígado, junto com o baço e a medula óssea, quebra os glóbulos vermelhos já envelhecidos. Aliás, um sinal seguro de que algo está errado com o fígado é quando o organismo não consegue eliminar direito a bilirrubina.
Então, ela se acumula nos tecidos, deixando a pele e os olhos amarelados- sintoma que os médicos chamam icterícia. Com exceção do açúcar, liberado de acordo com as necessidades orgânicas, o restante da produção do fígado não é feito sob encomenda. Assim, as células hepáticas vivem montando a seu gosto diversas proteínas, ao combinar os aminoácidos absorvidos na digestão. No entanto, não há desperdício nesse jogo de armar, pois se alguma proteína volta intacta ao fígado, após ter circulado pelo corpo em busca de quem a quisesse, as células hepáticas a desmontam e aproveitam o seu material outra vez.
Entre as proteínas mais importantes sintetizadas pelo fígado estão os fatores de coagulação do sangue, que são feitos com o auxílio da vitamina K. Isso significa que o mau estado do fígado pode ser a razão do fato de um corte no dedo demorar a cicatrizar. "É por isso que os problemas hepáticos podem causar hemorragia", explica o cirurgião Marcelo Sette. Há oito anos o pernambucano Sette trabalha numa ala de corredores claros e decoração moderna, que contrasta com o restante das instalações da Faculdade de Medicina da USP - o lugar é a Unidade de Fígado, cuja equipe é reconhecida por seus pioneirismos.
Em dezembro do ano passado, por exemplo, a equipe usou pela primeira vez uma espécie de fita adesiva para fechar os vasos sanguíneos do fígado, durante uma cirurgia. A técnica deu certo e até março último nenhuma das cirurgias necessitou de transfusão - um procedimento até então indispensável. Sette é responsável pela área de Hemodinâmica. Ele estuda os fluxos dos vasos que irrigam ou saem do fígado e, através de um exame de cateterismo, semelhante ao que se faz no coração, pode diagnosticar inúmeras doenças.
O catéter, pequeno tubo que passeia pelos vasos do fígado, monitorado por equipamento de ultra-som, está entre o que há de mais moderno em tratamento do órgão: é capaz, por exemplo, de retirar cálculos ou fazer desobstruções inflando balões dentro daqueles canais. Apesar de tais avanços, a ciência ainda não encontrou medicamentos capazes de proteger as células hepáticas. Pelo menos é o que diz a Medicina convencional, alopática. Todos concordam, porém, que a melhor maneira de dar força ao fígado é tratá-lo bem, evitando excessos alimentares, doses extras de bebida e a mania de tomar remédios por qualquer bobagem.

Sentimentos figadais.

Desde a Antigüidade se associa o fígado ao humor, da mesma forma como se atribui ao coração a paternidade das emoções. Não é sem motivo que a depressão conhecida como melancolia tem o nome que tem: vem da conjugação das palavras gregas melanós (negro) e cholé (bílis). Ou seja, a tristeza teria a ver com a secreção desse suco. Já para os chineses, há milhares de anos o fígado é par constante do sentimento de raiva. Por isso, a Medicina chinesa tradicionalista assegura que os tratamentos para o fígado deixam a pessoa mais calma, assim como as técnicas de relaxamento fazem bem ao órgão. De alguma forma esses conceitos fazem parte da cultura popular no mundo inteiro. Usa-se, por exemplo, a expressão "desopilar o fígado" com o significado de promover alegria e se diz de quem tem mau gênio que sofre do fígado. Não obstante, a ciência ocidental não consegue estabelecer relação entre uma obstrução nas vias biliares e um acesso de cólera.

Um caso único de regeneração.

O fogo era um privilégio divino, segundo os antigos gregos, até que Prometeu roubasse uma faísca para dar aos mortais. Por essa ousadia, Zeus mandou amarrar Prometeu em uma pedra, a fim de que uma águia comesse um pedaço de seu fígado diariamente. O maior deus do Olimpo sabia o que estava fazendo: o fígado é o único órgão que se regenera, e o castigo seria eterno. Hoje se sabe que essa regeneração é regulada pelo equilíbrio entre as exigências do organismo e a população de células hepáticas: alguns hormônios, principalmente a insulina do pâncreas, estimulam as divisões celulares até que o fígado tenha tamanho suficiente para dar conta do serviço. "Muitas vezes retiramos três quartos de um fígado e observamos o remanescente recuperar a massa extraída, conta o cirurgião Silvano Raia, 57 anos, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Há dois anos, Raia transplantou o fígado de um menino de 8 anos numa pessoa adulta que pesava apenas 52 quilos, numa cirurgia pioneira no mundo inteiro. Em poucas semanas o órgão implantado alcançou o tamanho do fígado de uma mulher adulta e hoje a paciente leva vida normal. Em dezembro do ano passado, Raia voltou a chamar a atenção, dessa vez por ter realizado o primeiro transplante intervivos do mundo. Um terço do fígado da paranaense Jane Moraes foi transplantado em sua filha Débora, de 4 anos. "Um mês depois, o fígado da mãe já tinha voltado ao tamanho normal", conta Raia. Ele considera a cirurgia um sucesso, embora a menina receptora tenha falecido. "Ela morreu de complicações cerebrais". garante o médico, "que nada tinham a ver com o transplante."  


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Doença rara faz garota britânica não conseguir comer

23/02/2011 17h38 - Atualizado em 23/02/2011 18h46

Doença rara faz garota britânica não conseguir comer
Daisy Palmer sobrevive com uma sonda ligada ao coração.
Corpo de menina de 7 anos rejeita até mesmo alimentos pastosos.

A britânica Daisy Palmer, de 7 anos, possui uma doença rara que a impede de comer alimentos sólidos, mesmo que seja uma barra de chocolate derretida. A pseudo-obstrução intestinal crônica faz o corpo da menina rejeitar alimentos, vomitando tudo o que coloca na boca. A doença não tem cura e é causada por problemas na formação dos músculos e nervos do sistema digestivo.

O diagnóstico da doença só foi feito em 2008. Até os quatro anos de idade Daisy conseguia ingerir alimentos pastosos como iogurtes, sopas e pudins. Com o passar dos anos, ela perdeu cada vez mais a capacidade de comer, chegando a perder peso e sofria com dores intensas após as tentativas de alimentação.


Daisy Palmer é portadora de pseudo-obstrução intestinal crônica, doença rara que a impede de comer. Ela recebe nutrientes por meio de uma sonda ligada ao coração (Foto: Barcroft Media / Getty Images)Portadores da doença apresentam uma dificuldade para movimentar os alimentos pelo sistema digestivo. O intestino, o estômago e até mesmo o esôfago ficam afetados, mesmo sem nenhuma obstrução física nos órgãos.

Em janeiro de 2010, ela recebeu uma sonda diretamente ligada ao coração para poder receber alimentos parcialmente digeridos. Daisy precisou permanecer no hospital até agosto do ano passado.

Agora, ela precisa passar 17 horas, durante todos os dias, ligada a uma máquina que injeta a comida fluida diretamente no seu corpo. O tubo recebe apenas um líquido especial, contendo os nutrientes que Daisy precisa para sobreviver. Ao todo, a garota recebe 1200 calorias diárias.


Daisy Palmer com a família na Grã-Bretanha (Foto: Barcroft Media / Getty Images)