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domingo, 22 de junho de 2025

PESQUISADORA PIONEIRA - A busca pelas impressões digitais radioativas de Marie Curie em Paris

PESQUISADORA PIONEIRA - A busca pelas impressões digitais radioativas de Marie Curie em Paris

Marie Curie manipulava material radioativo com as próprias mãos. Mais de 100 anos depois de seu trabalho revolucionário, a repórter Sophie Hardach viajou até Paris para rastrear os vestígios deixados para trás.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Governo francês quer ajuda para comprar manuscrito do 'livro mais depravado da História'

Governo francês quer ajuda para comprar manuscrito do 'livro mais depravado da História'

Em 1785, o notório Marquês de Sade escreveu "Os 120 Dias de Sodoma" enquanto estava preso na Bastilha, em Paris. 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Os espiões mais famosos da história

Os espiões mais famosos da história

O mundo da espionagem sempre fascinou as pessoas. Quando se fala em espiões, logo vêm à mente tramas secretas, disfarces, assassinatos, conspirações e sedução. A vida de muitos deles realmente parece ter saído das páginas de romances policiais.  

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A história por trás do cadáver dono do rosto mais beijado do mundo

A história por trás do cadáver dono do rosto mais beijado do mundo


Uma adolescente de aproximadamente 16 anos morreu afogada no Rio Sena, em Paris, no final da década de 1880. 

domingo, 13 de outubro de 2019

Estudo indica que imigrantes fazem bem para a economia de um país

Estudo indica que imigrantes fazem bem para a economia de um país


Um estudo feito a partir de dados de fluxos migratórios na Europa nos últimos 30 anos revelou que a imigração traz resultados positivos para a economia. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Raios X revelam desenho secreto em quadro de Leonardo da Vinci

Raios X revelam desenho secreto em quadro de Leonardo da Vinci


Uma pesquisa recente submeteu a célebre pintura “Virgem das Rochas”, do genial Leonardo da Vinci, a um mapeamento com fluorescência de raios X.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Incêndio em Notre-Dame - Conheça a importância cultural da catedral

Incêndio em Notre-Dame - Conheça a importância cultural da catedral

A Catedral de Notre Dame é um dos monumentos mais importantes da Europa

Local levou 180 anos para ficar pronto e foi palco de grandes eventos históricos como a coroação de Napoleão Bonaparte.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

CONHEÇA AS 5 BIBLIOTECAS MAIS BONITAS DO MUNDO


CONHEÇA AS 5 BIBLIOTECAS MAIS BONITAS DO MUNDO



Para que tem paixão por livros ou pela arquitetura, estes são lugares muito especiais. Qual o seu preferido?

terça-feira, 19 de julho de 2016

Cores Mortíferas - Natureza


Cores Mortíferas - Natureza


Nos últimos anos, dezenas de espécies de sapos tropicais foram capturados e estudados pela primeira vez. É que eles armazenam sob a pele um coquetel de substâncias com propriedades extraordinárias. Algumas são venenos fulminantes: a dose de um único sapo, em certas espécies, pode liquidar 20 000 ratos. Ou dez homens. Para os cientistas, essas toxinas podem servir de modelo para fabricar diversos medicamentos novos. Aqui você vai ver as últimas espécies capturadas na Amazônia e na África pelos biólogos da Universidade Paris VII. E vai notar que a riqueza bioquímica guardada sob o couro dos batráquios só é comparável à variedade das estampas que cobrem a sua pele.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

'Cofre' de sementes no Ártico pode ser esperança de lavouras do futuro


'Cofre' de sementes no Ártico pode ser esperança de lavouras do futuro

Silo Internacional é espécie de "cofre" criado para suportar condições ambientais extremas (Foto: BBC)

BBC tem acesso exclusivo a construção que abriga mais de 5 mil sementes de todo o mundo dentro de montanha e sob o gelo.

Em pouco menos de um mês, líderes mundiais se encontrarão em Paris para tentar entrar em acordo sobre ações contra as mudanças climáticas e o aumento da temperatura global. Uma das principais preocupações é que o aquecimento global afete safras de alimentos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Conheça os óculos de realidade virtual da Sony que irão mudar o mundo dos games


Conheça os óculos de realidade virtual da Sony que irão mudar o mundo dos games


Um vídeo do aguardado PlayStation VR revela um pouco de como poderá ser a experiência por trás do óculos de realidade virtual da Sony. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Segredo do sorriso da Mona Lisa é revelado


Segredo do sorriso da Mona Lisa é revelado


O mistério do sorriso da Mona Lisa despertou o interesse de artistas, críticos e pesquisadores durante séculos. Mas o que esconde essa mulher por trás de sua expressão enigmática? Os especialistas Alessandro Soranzo e Michelle Newberry encontraram a resposta, e foi graças ao sorriso de outra mulher. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Cem anos nos céus de Paris - Torre Eiffel


CEM ANOS NOS CÉUS DE PARIS - Torre Eiffel



Inaugurada em maio de 1889, a Torre Eiffel é um prodígio de engenharia e o símbolo de um tempo. Seus 300 metros ergueram as aspirações de um mundo em transformação.

No dia 15 de maio de 1989, uma das mais belas filhas da França completou a respeitável idade de 100 anos. Símbolos por excelência de Paris, como o Coliseu é de Roma e o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, a Torre Eiffel - construção vizinha à margem esquerda do Sena, num  dos pontos mais elegantes da cidade - é também um dos símbolos característicos de um período de formidável expansão da civilização humana, na esteira da Revolução Industrial desencadeada na Inglaterra. Naquele final do século XIX, tudo era movimento e mudança, inovação e invento. Por toda parte vicejava a ordem burguesa, cujo grande edifício político começara a ser construído na Revolução de 1789 na França - em celebração da qual se decidiu erguer em Paris um marco imperecível. Para não melindrar as muitas monarquias ainda existentes, porém, optou-se por festejar o advento da República francesa longe da memória da guilhotina, valorizando mais o presente e o futuro.
Era uma idéia esculpida sob medida para um homem que encarnava em seu métier o espírito ousado da época - Gustave Eiffel, engenheiro nascido em Dijon, a terra da mostarda, no sul do país, em 1832. Monsieur Eiffel era um construtor de pontes, conhecido também pela criação de algumas obras nada convencionais, como a estrutura da Estátua da Liberdade, em Nova York, a cúpula do observatório de Nice, no sul da França - que tinha a peculiaridade de poder ser girada apenas com as mãos, devido a um genial mecanismo apoiado num lençol de água. Usando seu extraordinário talento para cálculos, concebeu pontes como se fossem kits, para serem montadas em poucas horas. Foi um sucesso de vendas, pois Eiffel era ainda um excelente homem de negócios.
Cinco anos antes do centenário da Revolução Francesa, os organizadores da Exibição Universal de Paris, de 1889 - uma exposição periódica de inventos do mundo inteiro -, tomaram a decisão de construir um monumento para honrar a data. Seria uma torre de mil pés (304,8 metros), altura que pairava como um desafio ao engenho tecnológico do tempo. Dois engenheiros da construtora Eiffel, Emile Nouguier e Maurice Koechlin, trabalhavam então no projeto de um imenso pilar de ferro - o material da moda, na época - formado por quatro bases que se encontravam no topo. Segundo seu desenho, a torre seria intercalada por plataformas metálicas, o que serviria para fixar a construção.
As plantas foram apresentadas a Eiffel. Este, embora não aparentasse maior interesse, permitiu que os dois discípulos continuassem com os estudos. A eles se juntou o arquiteto Stephen Souvestre, outro veterano da empresa, responsável por diversas modificações no projeto inicial. Para começar, Souvestre idealizou um imenso salão envidraçado que ocuparia todo o primeiro andar. O salão e as quatro colunas seriam unidos por arcos monumentais, que não só dariam impressão de maior estabilidade ao conjunto como também serviriam de portão de entrada da Exibição.
Tais alterações e, sobretudo, a possibilidade de ser o primeiro a levantar uma obra de 300 metros, despertaram a vaidade do construtor. Em março de 1885, Eiffel se apressou a exibir o projeto à Sociedade dos Engenheiros Civis. Resultado: quando o ministro do Comércio, Eduard Leckroy, abriu a concorrência para a escolha da torre, o texto deixava claro qual tinha sido a fonte de inspiração: "Sugerimos que se pense na alternativa de projetar uma torre de ferro de 300 metros de altura, com quatro pilares de base, que formem um quadrado de 125 metros de lado..."
A 12 de junho, a comissão julgadora anunciou a decisão, de resto já esperada por todos: entre setecentos projetos de 107 autores, o de Gustave Eiffel tinha sido escolhido para o monumento à Revolução. Ele receberia uma subvenção de 1,5 milhão de francos para os trabalhos, que custariam na verdade 7,8 milhões - uma dinheirama equivalente ao custo de 20 mil casas de padrão médio. O resto do orçamento deveria ser levantado pelo próprio Eiffel. Ele teria, em compensação, o direito de explorar o monumento por vinte anos. Era pegar ou largar. Eiffel pegou. O terreno doado pela Prefeitura de Paris, ficava junto aos jardins do Campo de Marte na Rive gauche. Nos dezoito meses seguintes, cinquenta engenheiros desenharam nada menos de 5 300 plantas. As 18 038 peças da torre foram pré-fabricadas, nas oficinas Lavallois-Perret, algo até então nunca tentado em obras de grande porte (nesses casos, as peças eram produzidas no local da montagem).
De 150 a 300 operários trabalharam na construção da torre propriamente dita, enquanto outros tantos fabricaram os 2,5 milhões de parafusos e o milhão de rebites que uniriam com precisão de décimos de milímetro todas as partes desse gigantesco brinquedo de montar. As vigas já subiam no tamanho certo e devidamente furadas - só os parafusos eram fixados no local. Para sustentar os quatro pilares voltados para os pontos cardeais, que deveriam repousar sob o solo num lençol arenoso, foi necessário remover 30 mil metros cúbicos de lodo, argila e terra; só isso consumiu quase meio ano de trabalho. Mais uma vez, Eiffel se mostrou revolucionário: para trabalhar no subsolo, utilizou caixas de ar comprimido que eram progressivamente empurradas até alcançar a profundidade ideal. Depois, preenchidas com cimento, serviram de fundações para a torre.
Houve quem não gostasse da idéia de espetar nos céus de Paris tão extravagante agulha de ferro. Um respeitável número de artistas, por exemplo, redigiu uma carta de protesto contra a "aberração" que "ofendia o bom gosto dos franceses". O escritor Guy de Maupassant, por exemplo, dizia tratar-se de um "esqueleto horroroso". Impassível Eiffel levou adiante seu propósito. A construção acima do solo finalmente começou a 1 de julho de 1887. A maior dificuldade era atingir o primeiro andar. A partir dali a estrutura básica estaria armada, bastando apenas, por assim dizer, empilhar algumas toneladas de traves e parafusos.
Antes disso, porém, os quatro pés eram colunas inclinadas, soltas no espaço. Foi preciso escorá-las com postes de madeira que sustentavam as caixas de areia onde as colunas de ferro se apoiavam. Estas atingiam a inclinação exata à medida que, pouco a pouco, se escoava a areia. Além disso, sob cada uma das quatro bases, foi colocado um macaco hidráulico, para ajustar a altura ideal. O resultado foi uma perfeita coincidência dos quatro pilares a 57 metros de altura - não foi preciso limar ou cortar 1 centímetro sequer. As obras, em si, logo viraram uma grande atração: parisienses, franceses de outras cidades e até estrangeiros vinham todos contemplar a colossal armação.
A perfeição do trabalho entusiasmou tanto os franceses que alguns deles se dispuseram a escalar 345 degraus, o equivalente a dezenove andares de um prédio, até uma barraca improvisada onde o exigente Eiffel e sua equipe festejavam a proeza. Seu desafio seguinte era a altura. Como não existiam guindastes capazes de içar peças a tamanha elevação, o engenheiro recorreu a um sistema inovador que, depois de imaginado, parece óbvio: a própria torre sustentaria quatro gruas a vapor para transportar as vigas.
À medida que a construção subisse, as roldanas das gruas também seriam deslocadas para andares superiores. Quatro meses depois, alcançou-se o segundo andar. 
Para que os trabalhadores não perdessem tempo subindo e descendo intermináveis escadas, Eiffel autorizou a construção de duas cantinas nas plataformas. O preço das refeições era módico: 65 centimes, pouco mais da metade do que os peões recebiam por um hora de serviço. Não obstante, e talvez motivados pela inquietação do final do trabalho, em setembro de 1888 os operários entraram em greve por melhores salários. Quatro dias parados depois, as reivindicações foram atendidas. Para Eiffel valia a pena pagar a diferença para não perder a batalha contra o tempo. Pouco mais tarde, outra greve eclodia. Dessa vez, porém, Eiffel foi inflexível: não só não aumentou os salários como também puniu de maneira peculiar os líderes do movimento, confinando-os ao primeiro andar - um humilhante rebaixamento para quem construía a grande obra de engenharia do século.
A tarefa de encaixar as milhares de peças do imenso quebra-cabeça tornava-se cada vez mais rápida: a torre afinava à medida que ganhava altura. Erguidas pelo sistema das gruas, as peças levavam em média apenas 15 minutos para alcançar a altura de 200 metros. Em fevereiro de 1889, quando a torre alcançou 264 metros, um obscuro matemático francês, cujo nome não entrou para a história, previu seu desmoronamento; naturalmente, nada aconteceu - ela se mantinha absolutamente rígida. O vento, esse sim, era uma das principais preocupações de Eiffel, construtor de uma ponte que ruiu sob um vendaval noturno. Para não correr riscos parecidos, o engenheiro desenhou a torre de maneira que resistisse a rajadas de até 250 quilômetros por hora, algo que os parisienses jamais tiveram o dissabor de ver nestes cem anos.
Mesmo nesse caso extremo, a estrutura da torre permitiria que a ponte se movesse nada menos de 70 centímetros, sem apresentar, contudo, o menor perigo (o recorde até hoje foram apenas 15 centímetros). Além do vento, também o sol influi na dança porque a face da torre diretamente exposta ao calor dos seus raios se dilata mais depressa, fazendo o conjunto se inclinar levemente na direção oposta. Hoje, um monitor de TV instalado no primeiro andar mostra aos visitantes, graças a um sistema de visualização por raios infravermelhos, como a torre oscila lá em cima.
A 31 de março de 1889, a construção estava pronta. Nos exatos dois anos, dois meses e cinco dias de trabalho, vários recordes foram batidos.
Em primeiro lugar, com seus 300,65 metros, a torre permaneceria a estrutura mais alta do mundo até a inauguração do Empire State Building, em Nova York, com 380 metros, 41 anos depois. (Atualmente, a mais alta construção é a torre da TV Nacional da Polônia, em Varsóvia com 646 metros.)
Além disso, numa época em que a segurança no trabalho era mínima, a inexistência de acidentes fatais foi um marco à parte. Enfim, trata-se, literalmente de um monumento à leveza. Perfeitamente encaixadas, devido aos impecáveis cálculos de Monsieur Eiffel, as 7 300 toneladas da torre propriamente dita exercem uma pressão de apenas 4,5 quilos por centímetro quadrado de seus pés - equivalente à pressão sobre uma cadeira exercida por uma pessoa sentada.
Mantidas as proporções reais entre altura e peso, se a Torre Eiffel medisse apenas 30 centímetros, como uma régua escolar, pesaria 7 gramas, como uma folha de papel. Ainda assim, pode suportar um total de 10 416 pessoas em suas três plataformas - e, desde que foi inaugurada, o que nunca faltou ali foi justamente muita gente. Só no primeiro ano de existência, foi visitada por 2 milhões de pessoas - pouco menos que toda a população de Paris na época. Cobrando 5 francos por uma excursão até o topo - de elevador, naturalmente - e 2 até o primeiro andar, a Sociedade da Torre, então fundada, logo arrecadou 6 milhões de francos, o suficiente não só para reembolsar os banqueiros que financiaram o engenheiro Eiffel mas também para fazer dele próprio um milionário.
Em pouco tempo, a fama do monumento e de seu autor correram mundo. O inventor americano Thomas Edison se apressou a cruzar o Atlântico e ver com os próprios olhos a nova maravilha. Eiffel, para ele, era nada menos que o "engenheiro de Deus". Os seis meses que durou a Exibição foram uma festa permanente. Eiffel, já perto dos 60 anos, tinha um prazer especial em convidar as pessoas para conhecer seus laboratórios, instalados num apartamento particular no terceiro andar do monumento. À época, ele se interessava por Astronomia, Meteorologia e Aerodinâmica, a que iria se dedicar integralmente anos depois. Para a nata da sociedade, o creme de la creme parisiense, não havia nada mais charmoso que almoçar num dos dois restaurantes do primeiro andar e comprar o diário Le Figaro no segundo, onde funcionaram a redação e as oficinas do jornal durante a mostra.
No entanto, um fantasma pairava sobre a torre - o limite de vinte anos da concessão outorgada a Eiffel. Ou seja, a partir de 1909, a inigualável torre de peças encaixadas poderia ser transformada numa montanha de sucata. Era preciso, portanto, torná-la útil para que sobrevivesse. O engenheiro, então com cerca de 70 anos, já tendo construído no Campo de Marte o primeiro túnel de vento do mundo para experimentos em Aerodinâmica, não parara de pensar no futuro de sua obra-prima. Em 1898, um certo Eugène Ducreter obtivera licença para instalar a antena de um aparelho de telégrafo sem fio no topo da torre. Eiffel logo percebeu que aí estava a garantia de longa vida para o monumento. No fim de 1903 ofereceu a torre ao Exército para a instalação dos equipamentos necessários à telegrafia militar. A oferta foi prontamente aceita.
Proporcionando uma visão de 360 graus a uma distância (em dias claros) de até 70 quilômetros, a torre possuía evidente utilidade como posto de observação militar. Por isso mesmo, ficou fechada aos civis nas duas guerras mundiais. Desde então, continua a servir como ponto de apoio a sistemas de comunicação. Em meados da década de 30 foram realizadas ali as primeiras experiências francesas com emissão de imagens - e em 1946 uma antena de TV instalada no topo elevou a altura da torre a 320 metros. Atualmente, ela pode receber e transmitir os sinais de seis emissoras de TV e dez estações FM de rádio. Passados cem anos, a majestosa construção permanece como uma das maiores atrações turísticas do mundo, visitada anualmente por cerca de 4 milhões de pessoas, que levam como souvenirs 1,5 milhão de cartões-postais e 100 mil chaveiros com o formato da torre.

O ENGENHEIRO QUE PENSAVA GRANDE

O vencedor do concurso para o monumento da Exibição Universal de 1889 era um circunspecto cavalheiro de 53 anos, frios olhos azuis, baixote e rechonchudo, autoritário por temperamento e antimonarquista por convicção. Do pai, um veterano das guerras napoleônicas, Gustave Eiffel tinha herdado o espírito sonhador e inventivo; da mãe, a verdadeira chefe da família, o senso prático e o tino para negócios. Em 1857, aos 25 anos, de posse de um diploma de engenheiro químico da École Centrale de Paris, começou a trabalhar numa fábrica de máquinas a vapor e material para ferrovias. Tão bem se saiu que, no ano seguinte, já em outro emprego, supervisionou a construção de uma ponte ferroviária sobre o rio Garonne, em Bordéus, a maior do gênero na França.
Era a primeira de uma centena de obras que lhe dariam fama e fortuna como um dos grandes construtores de pontes de seu tempo, com obras pelos quatro cantos do mundo, da Rússia à Indochina, da Áustria ao Peru. Desde os 35 anos tinha sua própria empresa de engenharia e não se distinguia exatamente pela modéstia: todo fim de ano tinha o costume de dar um retrato seu de presente à mulher, Marie Gandelet, com quem se casara aos 30 anos e com quem teria cinco filhos. Marie morreu em 1877 de doença pulmonar. Muita gente não gostava de Monsieur Eiffel. Dizia-se que não primava pela lisura nos negócios e se apropriava com muita ligeireza de idéias alheias.
Um episódio em especial deu munição aos seus inimigos. Em 1887, no mesmo ano em que a Torre começava a surgir em Paris, projetou as eclusas do canal do Panamá - o que teria sido a maior obra de sua vida, não fosse um escândalo envolvendo acusações de corrupção que estourou no ano seguinte, mal haviam começado os trabalhos. A participação de Eiffel no caso nunca ficou efetivamente provada. Mesmo assim, foi condenado a dois anos de prisão, sentença depois suspensa pelo Supremo Tribunal. Inaugurada a Torre, o autor trocou as obras pelas pesquisas ligadas à aerodinâmica. Ao morrer, em 1923, aos 91 anos, tinha a seu crédito mais de 5 mil experiências e pelo menos dois projetos futuristas: o de um túnel sob o canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra, de 1890, e o de um avião de combate de alta velocidade, de 1917. 


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Santos Dumont: As Asas do Homem - Inventor


SANTOS DUMONT: AS ASAS DO HOMEM - Inventor



Um inventor de talento, apaixonado pelos dasafios, realizou o sonho impossível, mas não suportou ver sua primazia contestada.

Temos um fato preciso: um homem saindo do solo percorreu mais de 100 metros em uma máquina voadora", escreveu o capitão Ferdinand Ferber na revista francesa Aérophile, em 1906. Encantado com a visão do brasileiro Alberto Santos-Dumont e seu 14 bis sobrevoando os campos de Bagatelle, em Paris, ele derramava seu entusiasmo: "Não se trata de um desses resultados apócrifos ou simplesmente declarados, como aqueles dos irmãos Wright!" Havia, de fato, motivo para a comparação: no dia 23 de outubro daquele ano, o 14 bis - uma engenhoca de pano, bambu e alumínio, de 10 metros de comprimento, com uma hélice instalada na ré e um motor Antoinette de 50 HP - levantou vôo diante de uma comissão do Aeroclube da França para um soberbo passeio de 60 metros, Deslumbrados, os membros da comissão esqueceram de cronometrar o tempo de vôo. Assim, Santos Dumont precisou repetir a proeza: no dia 12 de novembro, voou 220 metros em 21 segundos. Saiu de Bagatelle nos ombros de uma multidão extasiada.
Seria de supor, diante de tantos testemunhos, que a ninguém ocorresse contestar a primazia de Santos-Dumont como o herói que deu asas ao homem, rompeu a barreira do "mais pesado que o ar", inventou o vôo mecânico, tripulado e controlado pelo piloto - o pai da aviação, em suma. Mas não. Os Estados Unidos têm seus próprios inventores do avião, os irmãos Orville e Wilbur Wright, que teriam voado em diferentes aparelhos entre 1903 e 1905. E o próprio capitão Ferber, um dos maiores ídolos da aviação francesa, moderou seu entusiasmo por Santos-Dumont ao se tornar representante das patentes Wright na Europa.
A glória forçosamente dividida com os americanos torturou o petit brésilien, o pequeno brasileiro, como Santos-Dumont gostava de ser chamado pelos parisienses. Ele jamais tolerou ter de descer um degrau que fosse do pódio da paternidade e ser alinhado entre outros pioneiros da aviação. A torrente de mágoa só faria crescer nos anos seguintes, embora no Brasil ele fosse idolatrado como um dos gênios do progresso humano e não lhe faltassem homenagens na França, além de convites de todo o mundo. Acontece que até naqueles momentos de glória Santos-Dumont era um homem amargurado - a mesma amargura o levaria a pôr fim à vida em 1932, em um hotel do Guarujá, no litoral paulista.
Hipersensível de temperamento e franzino de corpo (sua altura é dada entre 1,52 m e 1,58 m conforme seus biógrafos), Santos-Dumont nasceu em uma família muito rica, o que o poupou, para o bem ou para o mal, da tarefa de ganhar o pão. Seu pai, Henrique Dumont, filho de imigrantes franceses, era um engenheiro ousado, que rasgou estradas e túneis pelos sertões, antes de se tornar o "rei do café", em São Paulo, introduzindo métodos modernos na cafeicultura. A mãe, Francisca Santos, descendia de uma abastada e tradicional família mineira de Ouro Preto. O menino Alberto, sexto filho do casal, nasceu em 20 de julho de 1873, no sítio Cabangu, no distrito de Palmira, hoje a cidade que leva o seu sobrenome, em Minas Gerais.
Desde o início, na fazenda Arindeúva, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde se criou, Alberto via-se derrotado pelos irmãos e primos em tudo que se referisse a capacidade física. Escapou pelo lado da imaginação, devorando as mirabolantes aventuras de Júlio Verne e exercitando, nas máquinas da fazenda, sua espantosa habilidade mecânica. Com Phileas Fogg, o herói de Verne em A volta ao mundo em 80 dias, sonhou, pela primeira vez, em voar. Seu destino estava escrito nas nuvens. Em 1897, subiria pela primeira vez em um balão, em Paris. Deixou um relato emocionado: "Subimos. No mesmo instante o vento parou de soprar. Era como se tivesse se imobilizado, á partida, a corrente de ar, que nos comunicava sua velocidade".
No início da década de 1890, o patriarca Henrique transformou-se numa sombra do quê costumava ser - uma queda do cavalo o deixara aleijado. Em 1891, em busca de tratamento médico, levou toda a família a Paris. Para Alberto, foi a oportunidade de visitar a Exposição Universal e ver pela primeira vez um motor de combustão interna. "Parei diante dele como pregado pelo destino", contaria. De volta ao Brasil, a família Dumont trouxe um Daimler - a marca que, no futuro, ficaria conhecida como Mercedes-Benz. Esse carro a vapor, com fornalha, caldeira e chaminé, que rodou, barulhento e sacolejante, pelas ruas mal pavimentadas de São Paulo, teria sido o primeiro automóvel a chegar à América do Sul.
Pouco antes de morrer, em 1891, o pai emancipou os filhos menores (Alberto estava perto de completar 18 anos) e entregou a cada um sua parte na herança. Ao futuro inventor deu um valioso conselho, que revelava não só que conhecia os atributos do filho como também que não receava contrariar os cânones pelos quais se pautavam as boas famílias da época ao escolher a profissão dos descendentes: "Desista de ser doutor, vá estudar mecânica". Santos-Dumont seguiu o conselho à risca. Foi a Paris.
Ali, a Exposição Universal de 1900 mostrava as últimas novidades industriais e as máquinas mais modernas, firmando a posição da capital francesa na eterna disputa com Londres pelo título de mais importante cidade do mundo. A Torre Eiffel, erguida no Campo de Marte, marcava com ferro e elegância a supremacia da cidade-luz. A Gare du Nord, os jardins do Luxemburgo, as calçadas de Saint-Germain estavam atulhadas de estrangeiros, turistas ou imigrantes; ouviam-se línguas estranhas por todo lado. Ao mesmo tempo, os conflitos sociais e outras mazelas apareciam à luz do dia. O affaire Dreyfus - a injusta condenação por traição de um oficial do Exército de família judaica - quase leva o país à guerra civil. O jovem Alberto Santos-Dumont estava alheio a tudo, porém.
Sua primeira preocupação, logo ao chegar à França, foi comprar um Peugeot de 3 HP. Depois experimentou os mototriciclos. E descobriu os balões. Ver subir os balões era a grande diversão dos parisienses naquele fin de siècle. Mas Santos-Dumont queria mais do que ver - e tinha os meios para isso. Por 250 francos, voou durante duas horas num balão de 750 metros cúbicos da dupla Lachambre e Mechuron. "Tudo se me apresentava muito simples e muito fácil. Não senti vertigem nem medo", relataria mais tarde. Depois disso dividia seu tempo entre passeios em balões - mais de trinta ascensões só em 1898 - e corridas de automóvel, de que participava e chegou a organizar.
Por fim, projetou e encomendou a Lachambre um balão: 6 metros de diâmetro, formato esférico, invólucro de seda japonesa envernizada, com capacidade para 113 metros cúbicos de gás, pesando 14 quilos. A rede, que em outros balões chegava a pesar até 50 quilos, nesse tinha pouco menos de 2; a barquinha, geralmente de 20 quilos, pesava seis; a corda de compensação, equivalente à linha nas pipas, com 100 metros de comprimento, pesava 8 quilos e havia ainda uma âncora de 3 quilos. Era o primeiro balão de Santos-Dumont, "o menor, o mais lindo, o único que teve nome, Brasil", como ele declamaria.
Em Paris circulavam as maiores celebridades - Thomas Edison com suas lâmpadas e fonógrafos, Henry Ford com seus motores a explosão, Guglielmo Marconi com o telégrafo sem fio. Louis Lumière projetava filmes em telas gigantes, Sigmund Freud dissertava sobre a histeria. Charles Darwin tinha estado lá. Pierre e Marie Curie pesquisavam o radium. Degas, Renoir, Cézanne, Matisse e até um certo jovem espanhol chamado Pablo Picasso podiam ser encontrados nos cafés. Pois mesmo nesse universo de estrelas Santos-Dumont ficou famoso da noite para o dia. Seu panamá desabado virou moda, o cabelo repartido ao meio foi imitado. Ainda assim, era um homem tímido e taciturno.
Sua idéia era combinar um balão com motor a explosão e conduzir o aparelho, em vez de deixar que o vento o levasse. Aperfeiçoou um pequeno motor a gasolina e o instalou no novo balão, o Santos-Dumont n° 1, SD-1. Em setembro de 1898, leva-o ao Jardim da Aclimação, tenta subir contra o vento e passa o vexame de bater nas árvores. Seguiram-se os balões números 2 e 3 e assim por diante, cada um com uma inovação. Já consagrado entre os aeronautas, Santos-Dumont comprou um grande terreno em Saint-Cloud, na periferia de Paris, onde construiu hangar e oficinas. 
Toda Paris falava desse pequeno, magro, bigodudo, intrépido brasileiro. Suas proezas enchiam de orgulho os compatriotas, às voltas, deste lado do Atlântico, com um país já sem escravos e com um novo regime político, a República. A princesa Isabel, exilada na França, envia a Santos-Dumont uma medalha de São Bento, como proteção contra acidentes. Ele passa a usá-la numa pulseira. Daí a origem de uma de suas idéias de maior sucesso, o relógio de pulso, que mandou fazer na famosa Casa Cartier. Em 1904, já tinha colecionado aventuras aéreas suficientes para contá-las em um livro, escrito em francês, naturalmente: Dans l´air.
Santos-Dumont era um inventor de talento com alma de esportista. Assim, dispôs-se a vencer o grande desafio aos balonistas, constituído pelo Prêmio Deutsch de la Meurthe: 100 mil francos para quem fosse capaz de subir em Saint-Cloud, circunavegar a Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida, em até 30 minutos. Em julho de 1901, tentou vencer a prova com o SD-5, mas, empoleirado no selim de bicicleta de seu aparelho, colidiu com um telhado da praça do Trocadéro, no centro de Paris. O balão explodiu, mas Santos- Dumont escapou ileso. Três meses depois contornava a Torre Eiffel e recebia o dinheiro do prêmio, que tratou de distribuir entre seus auxiliares e os pobres da cidade. No Rio de Janeiro e em São Paulo, a notícia foi recebida com um entusiasmo de copa do mundo. "Santos-Dumont, o pioneiro dos ares", cumprimenta-o Thomas Edison, a quem o aeronauta considera, por sua vez, "o maior gênio da humanidade". Pleno de entusiasmo, o brasileiro constrói mais de dez dirigíveis. Só o SD-8 jamais existiu - Santos-Dumont, supersticioso ao extremo, abominava, ninguém sabe por que, o número 8 e as notas de 50 francos.
Com o SD-9, conhecido como Balladeuse (compositora de baladas) ia de um lado a outro de Paris; certa vez, pousou no centro da cidade, desceu com seu terno de riscas, colarinho alto, gravata impecável, e foi sentar-se num café. A capital delirava com seu balonista predileto. Um dia, o próprio Júlio Verne foi cumprimentá-lo. O menino de Cabangu ficou encantado - sentia-se o próprio Phileas Fogg, pronto para vôos fantásticos.
Em 1903 veio ao Brasil e foi recebido no Rio como herói nacional. Seu navio foi escoltado por embarcações embandeiradas, espocaram foguetes, soaram os sinos. O Brasil vivia um surto de modernização e ninguém melhor que Santos-Dumont encarnava os novos tempos. "A Europa curva-se ante o Brasil", exultou o poeta Eduardo das Neves, cunhando uma patriotada que seria motivo de galhofa décadas depois. O Rio de Janeiro possuía, em 1903, 700 mil habitantes e seis automóveis (com chauffeurs contratados a peso de ouro na Europa), e não ignorava as últimas invenções que o cinema, outra novidade, se encarregava de popularizar. Por sua vez, o homenageado olhava tudo com desconforto: suas reservas emocionais pareciam rondar o vermelho.
As experiências com o 14 bis, marco decisivo na trajetória de Santos-Dumont e na antiqüíssima aspiração do homem para se firmar no espaço foram iniciadas em julho de 1906. No primeiro projeto, o avião estava acoplado ao balão SD-14 - daí o nome 14 bis. O modelo tinha 12 metros de envergadura e 10 de comprimento. Era um biplano formado de seis células de bambu e juntas de alumínio. O conjunto pesava, incluindo o aviador, cerca de 220 quilos. O motor a gasolina, com 16 cilindros, tinha a potência de 24 HP, depois aumentada para 50. Santos-Dumont desatou o aparelho do balão e o atrelou a um burrico - a idéia era fustigar o animal para que corresse pela pista. Mas, finalmente, decidiu decolar com a força do motor.
Depois de alguns testes, Santos-Dumont candidatou-se a dois prêmios do Aeroclube da França. Na primeira prova, aquela que os juízes não cronometraram, o estranho pássaro e seu tripulante subiram a uma altura entre 2 e 3 metros e voaram a distância de 60 metros. Na segunda, subiram 4 metros e percorreram 220 metros em 21 segundos. Em contraste com a façanha reivindicada pelos irmãos Wright, os vôos do brasileiro foram públicos. O Aeroclube da França até ergueu um monumento em honra a seus recordes.
Um parêntese é necessário para recolocar a interminável questão do mais pesado que o ar: na virada do século, os céus de Paris estavam povoados de balões, enquanto no solo um punhado de inventores tentava subir com todo tipo de engenho. Mesmo naquele memorável 12 de novembro de 1906, Santos-Dumont por pouco não termina a prova em segundo, pois o piloto Louis Blériot, que em 1909 seria o primeiro a cruzar o canal da Mancha, deveria voar antes do brasileiro - mas seu enorme biplano não saiu do chão. Só então houve os gestos famosos, registrados para a posteridade no filme da Pathé: Santos-Dumont acena pedindo que a multidão se afaste. E pode-se perceber claramente o momento em que grita: "Larguem tudo!"
Depois de algumas experiências com o SD-15, com o qual pretendia vencer a prova de vôo de 1 quilômetro em circuito fechado, Santos-Dumont construiu seu terceiro e último avião, o Demoiselle (senhorita). Pequeno e elegante, fazia jus ao nome. Era um monoplano com superfície de seda. A fuselagem, feita inicialmente de bambu, tinha 6 metros de comprimento, com o leme adaptado na cauda. Oito vezes menor que o 14 bis, o Demoiselle pesava apenas 120 quilos, incluindo os 50 do piloto. Com esse avião ele se divertiu pousando nos parques dos castelos e casas de campo. Mas logo se fartou de tudo. Em 1909, Santos Dumont tinha 36 anos e sua vida criativa estava encerrada.
Ele mergulhara na aventura movido pela paixão de experimentar os limites do homem e pelo prazer de mexer com máquinas. Milionário, empolgava-se com as corridas de automóveis e as provas aéreas, mas não estava disposto a transformar seu prestígio em negócios. Nem sequer tirou patente de seus inventos. Preferiu entregá-los à humanidade e permitir que outros comercializassem seus aviões. "O sr. Santos-Dumont não constrói nem deseja construir aeroplanos para vender", espantava-se o jornal Le Matin, em 17 de Setembro de 1910. Uma explicação pouco caridosa para tal desprendimento diria ter sido ele causado por uma esclerose múltipla, que se agravou a partir de então.
Nos oito anos seguintes, Santos-Dumont, com os nervos em frangalhos, dedicou-se a intermináveis viagens. Em 1918, decidiu construir uma casa em Petrópolis, transformada depois em museu, contando com a tranqüilidade da serra fluminense. A residência, que ficou conhecida como "A encantada", escreve Gondim da Fonseca, um de seus biógrafos, "é um documento alarmante de superstições". A escada, por exemplo, construída com meios-degraus, só permite iniciar a subida com o pé direito.
Volta para a Europa em 1924, mas os nervos o obrigam a passar longo tempo internado em um sanatório suíço. Decide então regressar ao Brasil. Mas a desgraça o aguarda. O hidroplano Santos-Dumont, com um grupo de intelectuais a bordo que pretendia homenageá-lo, cai no mar e todos morrem. Santos-Dumont entra em profunda depressão. Desde a Primeira Guerra Mundial, aliás, ele se sentia culpado pelo morticínio acarretado por sua invenção. Em 1914, tinha dirigido um apelo à Sociedade das Nações propondo inutilmente a proibição do uso militar de máquinas voadoras. Não obstante, alistou-se como motorista no Exército francês.
Por ter deixado de apagar as luzes durante um blecaute, foi acusado de espionagem. Desfeitas as dúvidas, as autoridades pediram desculpas, mas o incidente o deixou abalado. Ele, que sempre fora solitário, tornou-se quase recluso. Jamais se casou, apesar de relatos de aventuras com coristas e damas da sociedade. Seu implacável biógrafo Gondim da Fonseca sustenta, porém, que Santos-Dumont morreu virgem.
Em 1929, voltou à França para receber a Legião de Honra, a mais alta condecoração do país. Dois anos depois, um sobrinho - Henrique Dumont Villares - foi buscá-lo e o levou para um hotel de luxo no Guarujá, a 70 quilômetros de São Paulo. No dia 9 de julho de 1932, explodia a revolta constitucionalista em São Paulo contra o governo Vargas. Santos-Dumont, emocionado com a rebelião, escreve seu derradeiro "apelo de quem sempre visou a glória de sua pátria dentro do progresso harmônico da humanidade". Mas não suportou ver, da janela do hotel, os aviões federais que iam bombardear forças paulistas. No dia 23, seu corpo foi encontrado enforcado no banheiro do hotel.

Proeza sem testemunhas.

Em meados de 1904, os irmãos Orville e Wilbur Wright convocaram a imprensa para exibir um invento espetacular: o avião. A imprensa compareceu ao campo de provas em Kitty Hawk. um lugarejo perdido no Estado de Ohio, no nordeste dos Estados Unidos. O motor falhou, porém, e a demonstração foi suspensa. No dia seguinte, os jornalistas voltaram e o motor falhou novamente. Em 9 de setembro de 1904, enfim, Wilbur conseguiu voar. Em 14 de novembro percorreu quase 5 quilômetros em um vôo de 5 minutos. Uma lástima que ninguém tenha testemunhado tais proezas.
Há um terceiro vôo na carreira desses intrépidos inventores - às 10h35 do dia 17 de dezembro de 1903, Orville pilotou o primeiro aparelho mais pesado que o ar a sair do chão. Também dessa vez não houve testemunhas, mas os Wright distribuíram uma foto do acontecimento. "Uma foto, o que prova uma foto ?", protestava Santos-Dumont sempre que a questão surgia em seu caminho. Esses três vôos, cujas únicas evidências são uma foto e as palavras de seus autores, desafiam o pioneirismo de Alberto Santos-Dumont. Como os Estados Unidos apóiam oficialmente a pretensão dos Wright, em muitos compêndios o brasileiro é citado como "o primeiro homem a voar na Europa".
Em 1907, Wilbur empacotou seu avião - Orville estava no hospital, restabelecendo-se de um grave acidente - e foi à Europa tentar a sorte. Mas demorou a voar, pois exigia 250 mil dólares pela demonstração e não encontrou ninguém disposto a pagar tamanha fortuna. Há sérias dúvidas sobre a natureza de seus vôos. "Os irmãos Wright inventaram o avião, mas esqueceram da decolagem, zombava Edouard Boudariat, um pioneiro da aviação francesa. De fato, a 8 de agosto de 1908, o aeroplano dos americanos voou, afinal, em Le Mans, percorrendo quase 300 metros. Tratava-se de um novo recorde e mereceu grande publicidade. Mas, naquele momento em que já havia tantos aeroplanos no ar, o aparelho dos Wright ainda precisava de uma catapulta para decolar.