24/04/09 - 09h50 - Atualizado em 24/04/09 - 10h45
Mancha de 12,9 bi de anos no Universo intriga cientistas
Imagem de baixa resolução do fenômeno pode explicar, ou desafiar, teorias sobre formação das galáxias.
Foto: M. Ouchi/Divulgação Objeto antigo se formou 'pouco depois' do Big Bang (Foto: M. Ouchi/Divulgação)Astrônomos estão estudando uma imagem de um dos objetos mais antigos do Universo e mais distantes já observados a partir da Terra - a 12,9 bilhões de anos luz.
Cientistas acreditam que a "Himiko", nome dado à mancha de radiações do tipo Lyman-alfa cuja descoberta foi anunciada nesta semana, teria se formado 800 milhões de anos após o Universo, que segundo a teoria do Big Bang surgiu há 13,7 bilhões de anos.
A imagem de "Himiko" ainda tem resolução muito baixa, o que impede que os astrônomos a estudem melhor. Cientistas acreditam que a mancha de radiação, que é até dez vezes maiores do que objetos semelhantes observados a essa distância, pode ser uma espécie de "precursora" das galáxias.
O estudo sobre Himiko será publicado na revista científica "Astrophysical Journal". Os cientistas ainda não têm informações suficientes sobre Himiko, mas eles acreditam que a mancha de radiação tem potencial para contribuir para - ou até desafiar - as teorias atuais que explicam a formação das galáxias.
Rainha lendária
Os modelos atuais de cosmologia afirmam que entre 200 milhões e um bilhão de anos atrás, as primeiras estrelas colossais formaram-se emitindo radiação que retirou elétrons dos elementos luminosos e transformou o Universo em uma espécie de "sopa" de partículas carregadas.
Depois deste "período de ionização", a matéria começou a se agregar no espaço. Objetos grandes - como galáxias - demoraram muito tempo para se formar, lentamente agregando pedaços menores de matéria. Quando os pesquisadores do instituto americano Carnegie Institution for Science começaram a estudar 207 galáxias distantes com o telescópio Subaru, no Havaí, eles tinham expectativas de encontrar formações pequenas lentamente se agregando.
No entanto, eles se depararam com a gigantesca Himiko, com quase o tamanho da Via Láctea. "Nós hesitamos em gastar nosso tempo com este precioso telescópio fazendo imagens desta formação estranha", disse Ouchi sobre a mancha de Himiko, cujo nome é uma homenagem a uma misteriosa rainha de lendas chinesas e japonesas. "Nós nunca acreditamos que esta fonte grande e luminosa era um objeto distante de verdade."
Objeto misterioso
A equipe começou a medir as emissões de radiação Lyman-alpha e descobriu que Himiko estava a 12,9 bilhões de anos luz da Terra. A quantidade de massa foi medida com ajuda dos telescópios Spitzer Space Telescope, Very Large Array e UK Infrared Telescope. Os cientistas descobriram que Himiko tem dez vezes mais massas do que galáxias da mesma idade.
"Existem duas possibilidades: o conhecimento atual sobre formações de galáxias está errado, ou este objeto específico está apresentando algo singular", disse Ouchi à BBC.
Algumas hipóteses poderiam explicar o tamanho de Himiko. Ela poderia, por exemplo, ter um buraco negro gigante no seu âmago. Ou talvez Himiko seja uma galáxia gigante, com massa equivalente a 40 bilhões de estrelas do tamanho do Sol.
"Muitas teorias de formação de galáxias previam uma mancha de radiação Lyman-alfa próxima de galáxias novas. O problema é que ninguém consegue dizer quais mecanismos que provocam esse tipo de emissão. Há inúmeras teorias sobre a formação de manchas de Lyman-alfa, mas todas são difíceis de serem testadas", disse à BBC o astrônomo James Geach, da Durham University, na Grã-Bretanha, que estuda esse fenômeno.
Tanto Ouichi como Geach concordam que pesquisas futuras poderão revelar mais manchas com Himiko. Geach afirma que "até nós sabermos mais sobre a física destas manchas, a sua ligação com a formação de galáxias e, talvez mais importante, sobre a sua duração, nós realmente não sabemos onde encaixá-las nas nossas teorias".
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