domingo, 13 de setembro de 2009

Governo britânico quer monitorar e-mails

04/05/09 - 09h15 - Atualizado em 04/05/09 - 09h15

Governo britânico quer monitorar e-mails de cidadãos, diz jornal
Tecnologia permitirá interceptar e supervisionar mensagens eletrônicas.
Isso seria possível graças a ‘caixas-pretas’ instaladas na infraestrutura.

O governo britânico está desenvolvendo uma tecnologia secreta para controlar todas as mensagens eletrônicas enviadas pela internet, revelou neste domingo (3) o jornal "The Sunday Times".

O Centro de Comunicações do Governo poderá interceptar e supervisionar todos os e-mails, os acessos à internet e a atividade nas redes sociais, além de qualquer tipo de ligações telefônicas. Para isso, recorrerá a uma série de "caixas-pretas", que serão inseridas secretamente na infraestrutura de comunicações, afirma o jornal.

O programa foi lançado há um ano, mas se soube de sua existência graças a uma oferta de emprego publicada pelo Centro de Comunicações na imprensa especializada.

Na semana passada, a ministra do Interior britânica, Jacqui Smith, anunciou que o governo tinha decidido renunciar a seu tão ambicioso e polêmico plano de criar uma base de dados única, na qual seriam guardadas todas as comunicações feitas no país.

A ministra não mencionou, no entanto, que o governo tinha decidido destinar mais de 1 milhão de euros em três anos a esse programa de espionagem dos cidadãos, denunciou o "Sunday Times".

‘Cortina de fumaça’
Segundo a diretora da organização de defesa dos direitos humanos Liberty, Shami Chakrabarti, ela mesma uma vítima recente da espionagem do governo, o anúncio da ministra é só "uma cortina de fumaça".

"Fomos contra a base de dados 'Big Brother', porque permitia ao Estado ter acesso
diretamente às comunicações de todos os cidadãos. Com essa rede de caixas-pretas,
pretende-se conseguir o mesmo, mas pela porta traseira", disse a advogada.

Segundo fontes citadas pelo jornal, o governo já concedeu um contrato no valor de 200
milhões de libras (224 milhões de euros) ao gigante americano do setor da defesa Lockheed Martin. Também foi assinado um segundo contrato com a Detica, empresa britânica de tecnologia da informação, que mantém estreitos vínculos com a espionagem britânica.

Segundo essas fontes, o diretor do Centro de Comunicações do Governo, Iain Lobban,
supervisiona atualmente a construção de um novo complexo no interior desse quartel-general, situado nos arredores da localidade de Cheltenham, no condado de Gloucestershire.

Estrutura
Uma enorme sala com supercomputadores permitirá aos espiões do governo supervisionar e gravar os dados que passarem pelas caixas-pretas instaladas nas conexões dos serviços de internet e nas companhias telefônicas.

Por enquanto, os espiões que trabalham nessa central só podem interceptar as comunicações em casos concretos e com autorização expressa do titular do Interior ou de um secretário de Estado, mas, com os novos planos do governo, todos os cidadãos do país poderão ser espionados o tempo todo, afirma o jornal.

O anúncio publicado na imprensa especializada que revelou esses planos solicitava uma pessoa que pudesse assumir um programa governamental batizado de Mastering the Internet (Dominando a Internet), a quem prometia um salário anual de até 112 mil euros.

O governo afirma que não se trata de ler o conteúdo das mensagens trocadas na internet, mas de saber com quem se comunicam determinados indivíduos, quais sites ou redes sociais visitam habitualmente, algo imprescindível para combater o terrorismo internacional.





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