quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quantos orgãos acabariam com a fila de transplantes

QUANTOS ÓRGÃOS ACABARIAM COM A FILA DE TRANSPLANTES NO BRASIL?

62 820. É essa a quantidade de órgãos e tecidos de que precisamos para extinguir as filas de espera no Brasil. Mas estamos bem longe da meta. Em 2003, captamos 1 186 órgãos (sem contar a córnea, que é um tecido), um número irrisório perto de outros países. Os Estados Unidos, por exemplo, captam cinco vezes mais que a gente todo ano. "Falta conscientização dos profissionais de saúde de que o doador é precioso. Às vezes, só o rim é retirado e os médicos nem avisam à Central de Notificação, Capacitação e Distribuição que há um doador de outros órgãos", diz Marcelo de Miranda, que coordena o Programa de Transplantes de Fígado e Pâncreas dos hospitais Beneficência Portuguesa e Albert Einstein, em São Paulo.

Mas não é só a falta de informação que atrapalha o andamento da fila. Órgãos só podem ser extraídos em uma condição bem específica: cérebro morto e coração batendo (a não ser para retirada da córnea, que permite que o coração tenha parado há até oito horas). O problema é que esse quadro é raro. Estima-se que, no Brasil, a cada 1 milhão de pessoas, 50 têm morte encefálica. Dessas, muitas não podem ser doadoras por causa de doenças como hepatite C ou aids. No fim das contas, só 13 pessoas em 1 milhão podem ter seus órgãos doados.

A boa notícia é que nosso sistema de filas é muito organizado. O paciente é avaliado por uma das equipes cadastradas no Ministério da Saúde e inscrito em uma única fila estadual. Quando há um potencial doador no pronto-socorro ou na UTI, os médicos avisam uma das 22 centrais que existem hoje no país. Testes constatam a morte encefálica e a ausência dos fatores excludentes. A central entra em contato com as equipes responsáveis pelos primeiros das filas de cada órgão, prioritariamente dentro do estado do doador. Caso não haja um receptor ali, o órgão segue para um paciente do estado mais próximo.
Além disso, o Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes do mundo. De todos os procedimentos realizados aqui, 92% são feitos no Sistema Único de Saúde.

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