quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Velório de Niemeyer deve ficar aberto ao público por 4 horas no Planalto



Velório de Niemeyer deve ficar aberto ao público por 4 horas no Planalto


Cerimônia começa às 15h para autoridades e será aberta ao público às 16h.
Corpo do arquiteto será levado ao palácio em carro aberto.

A assessoria da Presidência da República informou na manhã desta quinta-feira (6) que o corpo do arquiteto Oscar Niemeyer será velado no Palácio do Planalto, projetado pelo próprio Niemeyer e sede do governo federal, em Brasília, das 15h às 20h.

Das 15h às 16h, o velório será aberto apenas para autoridades e jornalistas. Depois, das 16h às 20h, a cerimônia será aberta ao público. O corpo subirá a rampa do palácio acompanhado pelos Dragões da Independência, unidade que pertence ao Exército e faz a guarda da presidente.

O corpo deve sair do Rio de Janeiro às 13h e deve chegar às 14h30 na Base Aérea de Brasília, de onde sairá em carro aberto do Corpo dos Bombeiros pelo Eixo Rodoviário, que liga as asas do plano piloto de Brasília, até a Esplanada dos Ministérios. 

Segundo a assessoria do Planalto, a própria presidente Dilma Rousseff telefonou para a família do arquiteto, ofereceu as dependências do palácio, e a oferta foi aceita.

Niemeyer, de 104 anos, morreu no Rio às 21h55 de quarta em decorrência de uma infecção respiratória. Ele estava internado desde 2 de novembro no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul.

O médico Fernando Gjorup, que cuidou do arquiteto por mais de 15 anos, disse que Niemeyer trabalhou durante a internação ao conversar com a equipe dele sobre novos projetos, mesmo aos 104 anos.

Segundo Gjorup, o arquiteto só perdeu a consciência na manhã de quarta-feira (5), após ser sedado. O arquiteto era submetido a hemodiálise e seu estado imunológico já era deficiente. 

"Ele não gostava de falar sobre a saúde dele, mas sabia que já tinha passado da metade da vida. Ele nunca falou sobre morte, só falava em viver. A equipe médica tinha esperança, mas havia a fragilidade de um senhor de 104 anos”, disse Gjorup.

Quando Niemeyer morreu, cerca de 10 parentes estavam na Unidade Coronariana do hospital, entre eles a mulher, Vera, netos e sobrinhos. Reconhecido internacionalmente por suas obras, ele completaria 105 anos em15 de dezembro.

O prédio
O Palácio do Planalto foi inaugurado em 21 de abril de 1960, construído a partir de projeto de Niemeyer. No prédio fica o gabinete da presidente Dilma Rousseff.

A construção começou em 10 de julho de 1958. A inauguração do palácio ocorreu em 21 de abril de 1960, como parte das festividades da inauguração de Brasília.

104 anos
Autor de mais de 600 projetos arquitetônicos, Niemeyer decidiu festejar os seus 104 anos do jeito que mais gostava: trabalhando em seu ateliê de janelas amplas diante da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio.

Em agosto de 2011, ele lançou o livro "As igrejas de Oscar Niemeyer" (Editora Nosso Caminho), na galeria de um shopping da Zona Sul do Rio.

Embora ateu convicto, o arquiteto selecionou fotos e desenhos das 16 obras religiosas, entre capelas e igrejas, que realizou ao longo de sua carreira.

"As pessoas se espantam pelo fato de, mesmo sendo comunista, me interessar pelas igrejas. E a coisa é tão natural. Eu morava com meus avós, que eram religiosos. Tinha até missa na minha casa. E eu fui criado num clima assim. Esse passado junto da família me deixou com a ideia de que os católicos são bons, que querem melhorar a vida e fazer um mundo melhor", explicou Niemeyer, na ocasião.

Histórico de internações
O arquiteto foi internado várias vezes ao longo dos últimos anos. A última foi em 2 de novembro, quando voltou ao Samaritano, seis dias depois de ter recebido alta. Desta vez, Niemeyer foi submetido a tratamento de hemodiálise e fisioterapia respiratória.

No dia 13 de outubro, o arquiteto deu entrada no Hospital Samaritano após sentir-se mal, apresentando um quadro de desidratação. Ele ficou internado por duas semanas.

Em maio, Niemeyer também esteve internado no mesmo hospital, quando deu entrada com desidratação e pneumonia. Depois de 16 dias, com passagem pela UTI, recebeu alta.

Em abril de 2011, o arquiteto ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária. 

Também já foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino.
Em 2010, Niemeyer também foi internado em abril, devido a uma infecção urinária.
Em 2009, o arquiteto ficou internado por 24 dias no Samaritano, entre setembro e outubro, após dores abdominais. Ele chegou a passar por uma cirurgia para retirar um tumor no intestino grosso, uma semana depois de ter sido operado para a retirada de um cálculo na vesícula.

Em junho do mesmo ano, o arquiteto foi internado no hospital Cardiotrauma de Ipanema, também na Zona Sul, queixando-se de dores lombares. Ele passou por uma bateria de exames e recebeu alta médica algumas horas depois. Na ocasião, exames de sangue e uma tomografia indicaram que Niemeyer estava apenas com uma lombalgia.

Em 2006, o arquiteto chegou a ficar 11 dias internado, após sofrer uma queda e passar por uma cirurgia.
Filha do arquiteto morreu em junho A designer Anna Maria Niemeyer, única filha de Oscar Niemeyer, morreu aos 82 anos, em consequência de um enfisema pulmonar, em 6 de junho.

Segundo o administrador Carlos Oscar Niemeyer, filho de Anna, o avô esteve pela última vez com sua mãe, três dias antes, durante uma visita ao Hospital Samaritano, onde Anna Maria ficou mais de 40 dias internada.

Ainda de acordo com Carlos Oscar, durante o tratamento, Anna chegou a receber alta, mas voltou a ser internada no dia 1º de junho. Ela teve cinco filhos,13 netos e quatro bisnetos.

Carlos Oscar contou que sua mãe e o avô eram muito próximos e costumavam se falar todos os dias. Ele disse que Niemeyer ficou muito abalado ao receber a notícia da morte da única filha.
"O pai receber a notícia da morte de um filho é uma coisa extremamente difícil, imagina para um pai de 104 anos, a situação é ainda mais complicada", comentou Carlos, durante o sepultamento de Anna Maria Niemeyer.

Oscar Niemeyer manifestou vontade de ir ao enterro da filha no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Mas, de acordo com os parentes, ele não compareceu após os médicos avaliarem que as condições de saúde do arquiteto não eram favoráveis. 

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