Estudo nega que tubarões sejam 'fósseis vivos', como se acreditava
Fóssil utilizado para pesquisa é visto em dois ângulos diferentes (Foto: AMNH/F. Ippolito)
Antes, acreditava-se que tubarões tinham permanecido inalterados.
Estudo mostra que eles trocaram esqueletos ósseos por cartilaginosos.
Os tubarões modernos não são "fósseis vivos", réplicas de seus ancestrais pré-históricos, tendo evoluído significativamente ao longo de milhões de anos para desenvolver seu desenho característico, revelou nesta quarta-feira (16) um estudo que contesta uma hipótese até hoje considerada um consenso.
O recém-descoberto fóssil do crânio de um ancestral comum a todos os vertebrados com mandíbula, semelhante ao tubarão, reforça a evidência de que um esqueleto ósseo, e não cartilaginoso, era o protótipo.
O ancestral, que viveu na era Paleozoica, cerca de 325 milhões de anos atrás, apresentava as características de peixes com esqueletos cartilaginosos, como o dos tubarões, e ósseos, como o salmão e o atum, escreveram os autores do estudo, publicado na revista "Nature".
Faz muito tempo que os cientistas presumiram que os animais modernos com esqueletos ósseos tinham evoluído de uma criatura similar ao tubarão, com uma carcaça feita de cartilagem, e que foram adquirindo ossos com o passar do tempo.
Acreditava-se que os tubarões e arraias modernos fossem os representantes mais próximos do ancestral mandibulado (com mandíbula), tendo permanecido basicamente inalterados.
Mas o novo estudo reforçou uma nova corrente de pensamento segundo a qual os tubarões trocaram seus esqueletos ósseos por cartilaginosos para se tornar caçadores especializados de águas profundas.
"Os cientistas e o público em geral costumavam acreditar que os tubarões da atualidade fossem 'fósseis vivos' - pertencentes a um grupo de animais que apareceu muito tempo atrás e que mudou pouco", afirmou à AFP o principal autor do estudo, Alan Pradel, do Museu Americano de História Natural.
Os pesquisadores se basearam no fato de que seus esqueletos são cartilaginosos como os de peixes sem mandíbula (um grupo irmão integrado por lampreias e peixes-bruxa), que seriam mais primitivos, acreditam.
"Assim, os pesquisadores presumiam que os tubarões modernos representassem a versão ancestral do esqueleto dos vertebrados mandibulados", prosseguiu. Mas o novo fóssil desafia essa visão. Seu crânio é organizado de forma muito diferente daquele dos tubarões, muito mais parecido ao dos peixes ósseos, descobriu a equipe de Pradel.
"O ancestral comum dos vertebrados mandibulados lembra muito mais os peixes ósseos da atualidade do que os cartilaginosos", disse Pradel a respeito em alusão às descobertas do estudo.
"Isso causa uma reviravolta no pensamento científico tradicional. Os tubarões de hoje não são fósseis vivos e são muito diferentes dos nossos ancestrais", prosseguiu.
A descoberta significa que os cientistas provavelmente podem aprender mais com os peixes ósseos, como o salmão e o atum, a respeito da evolução primitiva dos vertebrados mandibulados do que com tubarões, como se acreditava.
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