Crânio revela contato entre humanos e neandertais no Oriente Médio
Professor Israel Hershkovitz mostra parte de um crânio de 55 mil anos encontrado em gruta de Israel (Foto: Menahem Kahana/AFP)
Crânio de 55 mil anos foi descoberto em gruta no noroeste de Israel.
Formato pode ter revelado híbrido entre neandertal e humano moderno.
A descoberta de um crânio de 55 mil anos em uma gruta em Israel é a primeira evidência concreta da presença de humanos modernos no Oriente Médio em uma época em que os neandertais também estavam presentes na região.
A expansão dos humanos modernos (Homo sapiens) de origem africana através de Eurásia entre 60 mil e 40 mil anos atrás, substituindo todas as outras formas de hominídeos, incluindo o Homo neanderthalis, é um evento chave na evolução da humanidade.
No entanto, esses ancestrais de todas as populações não-africanas de hoje permanecem em grande parte um enigma por causa da escassez de fósseis humanos a partir deste período.
Crânio de 55 mil anos descoberto em gruta de Israel
A descoberta na Galileia, no noroeste de Israel, de parte de um crânio datando de 55.000 a.C, durante a escavação da gruta de Manot lança nova luz sobre a migração dos "humanos anatomicamente modernos" fora da África, de acordo com um estudo publicado na revista "Nature" nesta quarta-feira (28).
Os pesquisadores descobriram apenas parte do crânio, mas sua forma distintiva - com uma "corcunda" no osso occipital encontrada tanto nos neandertais europeus quanto na maioria dos primeiros humanos modernos do Paleolítico superior - o relaciona aos crânios humanos modernos da África e Europa.
Para o pesquisador Israel Hershkovitz e seus colegas, isso sugere que o homem de Manot poderia "estar ligado intimamente com os primeiros homens modernos que posteriormente colonizaram com sucesso a Europa".
Os autores reconhecem que o estudo da morfologia craniana não é suficiente para afirmar que o homem de Manot é um híbrido entre "humanos anatomicamente modernos e neandertais" no Oriente Médio.
O crânio de Manot é, de toda forma, a prova que os homens modernos e seus parentes neandertais habitavam ao mesmo tempo o sul desta região durante o Paleolítico médio e superior, "a pouca distância do período durante o qual os dois grupos de hominídios se cruzaram", ressalta o estudo.
Provas de outras duas populações da época Paleolítica foram descobertas em Israel: crânios nos sítios arqueológicos de Skhul e de Qafzeh testemunham uma primeira dispersão de homens anatomicamente modernos entre 120 mil e 90 mil anos antes de nossa era, enquanto fósseis de neandertais foram encontrados nos sítios de Amud, Kebara e Dederiyeh.
Interior da gruta de Manot, onde crânio de 55 mil anos foi encontrado (Foto: Israel Hershkovitz, Ofer Marder , Omry Barzilai)
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