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sábado, 20 de junho de 2020

Armagedom - A verdadeira história da cidade onde acontecerá a última batalha bíblica

Armagedom - A verdadeira história da cidade onde acontecerá a última batalha bíblica


Segundo o Livro do Apocalipse, Megido, um povoado a 90 quilômetros de Jerusalém, será o palco da batalha de Armagedom. 

domingo, 14 de julho de 2019

Cidade bíblica lendária onde o Rei Davi viveu foi encontrada, segundo arqueólogos

Cidade bíblica lendária onde o Rei Davi viveu foi encontrada, segundo arqueólogos


Arqueólogos afirmam que encontraram em Israel a lendária cidade bíblica de Ziclague. De acordo com as Escrituras, o rei Davi viveu lá durante mais de um ano, quando era perseguido por seu antecessor, o rei Saul. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Arqueólogos afirmam ter descoberto o que destruiu Sodoma e Gomorra


Arqueólogos afirmam ter descoberto o que destruiu Sodoma e Gomorra

A Destruição de Sodoma e Gomorra, John Martin, 1832

Narrativa bíblica fala de uma chuva de fogo dos céus como punição divina

terça-feira, 12 de julho de 2016

Manuscritos do Mar Morto revelam forma diferente da Arca de Noé


Manuscritos do Mar Morto revelam forma diferente da Arca de Noé


A Arca de Noé seria bem diferente do que nós imaginamos, de acordo com uma importante descoberta a partir dos Manuscritos do Mar Morto

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Por que ainda perguntamos se Jesus foi casado ou não ?


Por que ainda perguntamos se Jesus foi casado ou não ?


A decodificação recente de um texto antigo, que revela Jesus Cristo como o marido de Maria Madalena e pai de dois filhos, reaviva a hipótese de que o messias bíblico foi casado. Esses são os cinco motivos pelos quais ainda nos questionamos sobre o estado civil de Jesus: 

terça-feira, 21 de julho de 2015

BÍBLIA COM MAIS DE 1500 ANOS É DESCOBERTA NA TURQUIA


BÍBLIA COM MAIS DE 1500 ANOS É DESCOBERTA NA TURQUIA


O Vaticano está preocupado desde que uma Bíblia, de 1500 anos foi descoberta na Turquia. A preocupação é porque o tal livro contém o evangelho de Barnabé, que teria sido um dos discípulos de Cristo que viajava com o apóstolo Paulo, e descreve Jesus de maneira parecida com a que é pregada pelo islamismo. Desde a descoberta, ainda no ano 2000, o livro teria sido mantido em segredo absoluto na cidade de Antara por líderes católicos. Peritos avaliaram o livro e garantiram que o artefato é original. A Bíblia, é toda feita em couro e escrita em um dialeto do aramaico, língua que era falada por Jesus. Por causa da ação do tempo, o livro já apresenta as páginas  escurecidas.

sábado, 27 de junho de 2015

Davi e Salomão - figuras bíblicas podem ter sido reais, revelam achados arqueológicos


Davi e Salomão - figuras bíblicas podem ter sido reais, revelam achados arqueológicos


A existência ou não dos reis Davi e Salomão até agora não podia ser provada. Muitos pesquisadores achavam que eles eram apenas figuras míticas, uma vez que seus reinos não existiam na região durante a Idade do Ferro, quando a Bíblia dizia que supostamente ocorreram.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Historiador de Cambridge afirma que ressurreição de Cristo teria sido uma pura ilusão ótica


Historiador de Cambridge afirma que ressurreição de Cristo teria sido uma pura ilusão ótica


O historiador Thomas de Wesselow, acadêmico de Cambridge, fez uma afirmação polêmica sobre o Santo Sudário. Ele não negou sua autenticidade, mas, ao contrário, o colocou como centro de uma hipótese curiosa: o Sudário de Turim teria ficado em contato com o corpo do crucificado, no entanto foram os traços delineados no tecido que confundiram os apóstolos, fazendo com que acreditassem que Jesus teria retornado à vida e levantado de seu túmulo. Ou seja, de acordo com esse estudioso, a ressurreição não teria sido nada além de uma ilusão ótica.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Descoberta máscara mortuária que pode conter texto do Evangelho mais antigo da história


Descoberta máscara mortuária que pode conter texto do Evangelho mais antigo da história


Uma equipe de pesquisadores descobriu o que poderia representar o fragmento mais antigo conhecido de um Evangelho da Bíblia, ao abrir papiros utilizados para a elaboração de máscaras mortuárias. 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Big Bang e Teoria da Evolução não contradizem cristianismo


Big Bang e Teoria da Evolução não contradizem cristianismo

Papa Francisco fez declarações sobre a ciência durante inauguração de busto em homenagem ao Papa Emérito Bento XVI (Foto: Osservatore Romano/Reuters)


Francisco ainda criticou interpretação errada do Gênesis: 'Deus não é mago'. Declarações foram feitas à Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano.

terça-feira, 24 de junho de 2014

As minas que não eram de Salomão - Arqueologia

AS MINAS QUE NÃO ERAM DE SALOMÃO - Arqueologia



Quando foram descobertas, em 1871, as ruínas de Grande Zimbábue, na África, atraíram os caçadores de tesouros. Esses Indiana Jones acreditavam estar diante das lendárias minas do rei Salomão e quase destruíram o sítio arqueológico. Até hoje pesquisadores vasculham o que sobrou dos saques para decifrar a verdadeira história das construções. Suspeita-se que elas abrigaram a capital de um poderoso Estado, que chegou ao apogeu no século XIII e cuja decadência, 300 anos depois, pode ter sido conseqüência do descaso com a ecologia.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Teriam existido Cristãos antes de Cristo ? História


TERIAM EXISTIDO CRISTÃOS ANTES DE CRISTO? História


Desde a descoberta dos pergaminhos do Mar Morto, há mais de quarenta anos, essa pergunta está presente. Escritos pelos essênios, uma seita religiosa anterior a Cristo que tinha doutrina semelhante à dos cristãos, só agora as autoridades de Israel vão permitir a cientistas de todo o mundo o acesso aos documentos.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Livro de 2 cm² é descoberto nos Estados Unidos


Livro de 2 cm² é descoberto nos Estados Unidos

Obra foi lançada em 1965 e possui textos que não podem ser identificados por olhos humanos.

Imagine qual seria a sua curiosidade ao se deparar com um livro de apenas 2 cm² e 1 mm de espessura. Certamente, você ficaria com muita vontade de descobrir o que está sendo dito nele — e não precisa se sentir culpado, pois a sensação seria a mesma para a grande maioria das pessoas. Mas como fazer para ler algo assim? Apenas com os olhos humanos seria impossível.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Bíblia com evangelho inédito encontrada na Turquia preocupa o Vaticano

Bíblia com evangelho inédito encontrada na Turquia preocupa o Vaticano


Documento com mais de 1500 anos foi descoberto no ano 2000 e traria textos negando a crucificação de Jesus.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Bíblia de Pedras - Arqueologia


BÍBLIA DE PEDRAS - Arqueologia



No Vale das Maravilhas, no sudeste da França, 30 000 símbolos e desenhos recém-decifrados contam uma história que, a despeito da distância, parece ser uma singela versão da mitologia grega.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Esse homem chamado Jesus.

ESSE HOMEM CHAMADO JESUS.



O que se conhece de Jesus é praticamente apenas o que contam os evangelhos. Mas novas interpretações dos textos bíblicos permitem entender com muito mais riqueza sua figura histórica e o conteúdo de sua ação no tempo em que viveu. Tudo o que é humano está nele presente: alegria e ira, bondade e dureza.

Quem foi afinal Jesus? A resposta é difícil - principalmente porque os únicos relatos sobre sua vida são os evangelhos, escritos e reescritos décadas depois de sua morte. A Igreja aceita como válidos apenas quatro desses textos, os chamados evangelhos canônicos, atribuídos pela tradição a Mateus, Marcos, Lucas e João. Outros evangelhos, denominados apócrifos, apresentam narrativas que, às vezes, se chocam fortemente com a dos canônicos. Refletem concepções religiosas e políticas que se desenvolveram nos primeiros séculos do cristianismo e chegaram a ser acusadas de heresia. Estudos bíblicos contemporâneos vêm submetendo tanto os textos canônicos quanto os apócrifos a uma cuidadosa releitura crítica.
Para começar, Jesus nasceu antes de Cristo. Um erro cometido séculos depois no cálculo do calendário é responsável por esse paradoxo. O fato histórico usado como referência para a datação do nascimento é o primeiro recenseamento da população da Palestina, ordenado pelas autoridades romanas com o objetivo de regularizar a cobrança de impostos. Lucas diz em seu evangelho que Jesus nasceu na época do censo. Estudos mais recentes situam esse acontecimento entre os anos 8 e 6 a.C.
Maria e José, os pais de Jesus, teriam se deslocado de Nazaré, na Galiléia, onde viviam, para Belém, na Judéia - cidade de origem de José e onde ele deveria se alistar para o censo. Mas a definição de Belém como a cidade natal de Jesus também é motivo de polêmica entre os estudiosos. Belém era a cidade de Davi, que reinou em Israel por volta do ano 1000 a.C. Na época em que Jesus nasceu, os judeus esperavam por um líder, que os livrasse do jugo romano e restabelecesse a realeza.
Segundo profecias do Antigo Testamento, esse libertador - o messias, que significa o "ungido", como os antigos reis de Israel - seria descendente de Davi. Para os evangelhos, especialmente o de Mateus, Jesus é o messias esperado: por isso seu nascimento ocorre em Belém; por isso também ele é saudado pela aparição de uma estrela, símbolo de Davi.
Conforme o relato de Mateus, Jesus descende de Davi por meio de José. O autor procura conciliar essa origem com a virgindade de Maria, referida no mesmo texto. O que se quer mostrar, evidentemente, é que o nascimento de Jesus ocorre a partir de uma intervenção direta de Deus. É uma idéia que aparece com freqüência no pensamento antigo. Não só heróis mitológicos, mas também grandes personagens históricos têm seu nascimento associado a uma divindade. Os faraós do Egito eram considerados filhos de Amon-Ra, o deus Sol. E a mãe de Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.), estava convencida e convenceu o filho de que ele era descendente de Zeus, o deus supremo da mitologia grega.
Para a Igreja Católica, Maria permaneceu virgem mesmo depois do nascimento de Jesus. A expressão irmãos e irmãs, empregada por Mateus e Marcos, designaria parentes mais distantes de Jesus, como seus primos. Essa opinião é contestada pelos protestantes, que acreditam que os irmãos que aparecem nos evangelhos eram irmãos mesmo. Eles são citados pelos nomes: Tiago, José, Simão e Judas. Tiago, conhecido como Tiago, o Maior, fez parte do círculo dos discípulos mais íntimos; após a morte de Jesus e a saída do apóstolo Pedro de Jerusalém, assumiria a chefia da Igreja.
A ação de Jesus transcorreu principalmente entre os pobres e marginalizados de seu tempo. A fértil região da Galiléia, onde presumivelmente passou a maior parte de sua vida, abrigava uma população miserável, vista até com desconfiança pelos judeus conservadores, pela presença em seu interior de elementos pagãos originários da Síria. Como lembra o estudioso Paulo Lockmann, bispo da Igreja Metodista no Rio de Janeiro, quando Jesus disse "bem-aventurados os pobres em espírito", era dessa população rústica que ele falava.
A própria família de Jesus, porém, puramente judaica, como se pode verificar pelos nomes de seus membros, não era assim tão pobre. Como carpinteiro, José era um artesão pequeno proprietário. Num meio em que os ofícios passavam de pai para filho e eram patrimônio de família, é quase certo que Jesus tenha herdado e exercido a carpintaria.
A lacuna de quase trinta anos na narrativa dos evangelhos - do nascimento de Jesus ao início de sua pregação - deu margem a todo tipo de fantasia. Autores imaginosos fizeram-no viajar a lugares tão longínquos quanto a Índia e o Tibete, em busca dos fundamentos de sua doutrina. Para o estudioso católico Euclides Balancin, do corpo de tradutores para o português da Bíblia de Jerusalém, essas suposições não têm nenhum fundamento. "É muito improvável que Jesus tenha se afastado da Palestina", diz. "O único ensinamento religioso com que ele teve contato era aquele acessível a qualquer judeu da época - as Escrituras. O aspecto revolucionário de sua ação é que ele procurou levar as idéias do Antigo Testamento à prática."
A espetacular descoberta das ruínas e dos manuscritos da comunidade dos essênios, ocorrida em 1947 na localidade de Qumran, às margens do mar Morto, no atual território de Israel, alimentou durante bom tempo a suposição de que Jesus pudesse ter pertencido a essa irmandade religiosa. Mas a crítica mais recente vem desmentindo também essa hipótese.
A comunidade dos essênios era formada principalmente por sacerdotes que haviam rompido com o alto clero de Jerusalém, constituído por grandes proprietários de terras que aceitavam a dominação romana. Abandonando a Cidade Santa, os sacerdotes dissidentes se fixaram nas grutas da região desértica à margem do mar Morto, onde os bens eram divididos entre todos, cada um devia trabalhar com as próprias mãos e o comércio era proibido.
Esses judeus puritanos esperavam a chegada iminente do messias, que viria organizar a guerra santa para eliminar os ímpios e estabelecer o reino eterno dos justos. Os que aspiravam pertencer à comunidade deviam passar por um complexo e prolongado período de iniciação, que incluía o batismo com água. O significado simbólico desse rito era o da morte e ressurreição do indivíduo: ao ser mergulhado na piscina batismal, este morria e renascia para uma nova vida.
É provável que a ideologia dos essênios tenha influenciado o pensamento e a prática de Jesus, assim como da comunidade cristã primitiva. Mas as diferenças também são muito grandes. Como ressalta o padre Ivo Storniolo, coordenador da tradução da Bíblia de Jerusalém, enquanto os essênios se afastavam do mundo injusto e corrompido para viver um ideal de pureza à espera do messias, Jesus mergulhava nesse mundo para transformá-lo.
Além disso, a comunidade dos essênios era rigidamente organizada e hierarquizada, ao passo que a prática de Jesus era informal. "As expressões pregação ou ministério de Jesus podem induzir a um erro de avaliação", comenta Storniolo. "É preciso ter claro que Jesus não era um sacerdote. Raramente pregava nas sinagogas. Seus ensinamentos e sua ação se davam no meio do povo, nos locais de moradia e de trabalho."
De seu lado, o protestante Paulo Lockmann acrescenta: "Nunca um essênio se sentaria à mesa de um publicano (cobrador de impostos) ou pecador como Jesus fez. Ele foi além disso e afirmou que os publicanos e as prostitutas estão vos precedendo no Reino de Deus, querendo mostrar que, quanto mais um homem é pecador, mais ele está em revolta contra o mundo em que vive e mais aberto à transformação".
Próximo dos essênios, sem dúvida, estava João, o Batista. Ele era um asceta rigoroso, que pregava no deserto próximo à comunidade de Qumran, batizava com a água e anunciava a vinda do messias. O tipo de relacionamento que pode ter havido entre Jesus e João Batista intriga os estudiosos. Como Jesus, João tinha um círculo de discípulos, dois dos quais, atendendo à sua indicação, teriam se passado para o grupo de Jesus, integrando o conjunto dos doze apóstolos. Um desses discípulos era André, irmão de Pedro.
Para João, Jesus era o messias esperado. Nele, João via a intervenção iminente de Deus na história. Mas, depois de ser preso pelas autoridades e como Jesus não desse início à guerra santa, João enviou dois discípulos para interrogá-lo se ele era realmente "aquele que há de vir ou devemos esperar outro". Se a resposta indireta de Jesus, citada por Lucas, convenceu João não se sabe. Sabe-se que não convenceu uma parte de seus seguidores. Estes, após a execução do líder, passaram a acreditar que João era o messias e fora traído por Jesus. A partir daí fundaram uma religião, o mandeísmo de que há tênues vestígios ainda, no Irã e na Turquia.
Batizado por João, Jesus meditou e jejuou por quarenta dias no deserto. Essa passagem tem um claro significado. Não só na biografia de fundadores de religiões, como Buda ou Maomé, mas também na trajetória de homens comuns entre os povos primitivos, a preparação para a etapa mais importante da vida é precedida por um período de solidão junto à natureza, quando a pessoa se confronta consigo mesma. O demônio que tentou Jesus durante esse período pode ser interpretado como seu demônio interior - o lado sombrio que todo homem tem dentro de si.
Segundo Mateus, quando Jesus teve fome, o diabo lhe disse: "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães". Depois, levando-o ao alto do templo de Jerusalém, o desafiou: "Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos..." Finalmente, conduzindo-o a um monte muito alto, "mostrou-lhe todos os reinos do mundo com seu esplendor e disse-lhe: Tudo isso te darei, se, prostrado, me adorares". Para Ivo Storniolo, "as tentações no deserto são um resumo das tentações que Jesus sofreu ao longo da vida. Três tentações que a sociedade propõe: riqueza, prestígio e poder. Sociologicamente, há nos evangelhos uma crítica à sociedade baseada nesses valores, por serem privilégio de uma minoria".
Mesmo a estruturação dos ensinamentos de Jesus nos grandes sermões que aparecem nos evangelhos canônicos é posterior à sua morte e se deu pela reunião, em discursos extensos, de frases ditas em ocasiões e contextos diversos. O núcleo de sua mensagem está no Sermão da Montanha, de conteúdo marcadamente social.
Nesse aspecto, a versão do Evangelho de Lucas é ainda mais vigorosa que a de Mateus: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-venturados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque no céu será grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais tratavam os profetas..."
O ponto culminante da trajetória de Jesus, para o qual convergem as narrativas evangélicas, foi sua estada em Jerusalém, onde se confrontou diretamente com o centro do poder, foi preso, condenado e crucificado. Sua entrada na cidade foi triunfal, sendo recebido pela multidão que estendia as vestes sobre o caminho para que ele passasse e o saudava como o messias libertador. Suas palavras e ações, entretanto, logo deixaram claro que ele não vinha liderar uma rebelião militar contra o domínio romano, mas propor uma transformação de outro tipo na estrutura da sociedade e na mentalidade dos homens.
Um de seus primeiros gestos, cheio de significado e conseqüências, foi expulsar os comerciantes do Templo. Este não era apenas o núcleo religioso do país, mas também uma importante unidade econômica, envolvida na cobrança de impostos e num intenso comércio, que visava tanto atender às necessidades dos numerosos peregrinos como manter o sistema de vendas de animais, ofertados pelos fiéis em sacrifício. Essa economia do templo era uma das bases do poder da elite sacerdotal, que Jesus afrontava diretamente com seu ato.
Por outro lado, as palavras de Jesus se voltam contra o que ele considerava uma religião minuciosa e formalista, que se afastava do conteúdo profundo e da mensagem social das Escrituras: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas. Condutores cegos, que coais o mosquito e tragais o camelo!"
O famoso episódio em que Jesus é interrogado pelos fariseus e partidários da dinastia de Herodes sobre se se devia ou não pagar tributos a Roma é explicitamente descrito, em Mateus, Marcos e Lucas, como uma trama visando arrancar dele alguma declaração que pudesse incriminá-lo perante as autoridades romanas. A resposta de Jesus - "Devolvei o que é de César a César, e o que é de Deus, a Deus" - certamente decepcionou os que esperavam dele a liderança de uma insurreição nacionalista. Quando, de acordo com o costume de se libertar um prisioneiro durante a festa da Páscoa, o procurador romano Pôncio Pilatos consultou o povo se devia anistiar Jesus ou Barrabás, acusado de morte, os evangelhos dizem que a cúpula sacerdotal procurou tirar partido dessa decepção, incitando a multidão a escolher Barrabás.
Os modernos estudos críticos dos evangelhos vêm permitindo tratar da dimensão existencial de Jesus, antes encarada como tabu. Como mostra Leonardo Boff, em seu livro Jesus Cristo libertador, tudo que é autenticamente humano aparece em Jesus: alegria e ira, bondade e dureza, tristeza e tentação. No entanto, suposições como a de um eventual relacionamento amoroso com Maria Madalena não encontram nenhum apoio nos textos evangélicos.
A própria Maria Madalena, aliás, já foi erroneamente confundida com a "pecadora", mencionada por Lucas, que teria lavado, enxugado com os cabelos, beijado e perfumado os pés de Jesus na casa de um fariseu. Não há evidência de que sejam a mesma pessoa. O que se diz de Maria Madalena em diversas passagens é que dela Jesus expulsou "sete demônios", que estava presente entre as mulheres que acompanharam Jesus ao monte Calvário, onde foi executado, e que Jesus lhe apareceu e falou depois da ressurreição.
Um dos pontos mais delicados na tentativa de reconstituir a dimensão histórica de Jesus são os milagres a ele atribuídos. É preciso ter claro que a separação que se faz hoje entre natural e sobrenatural praticamente não existia naqueles tempos. Os evangelhos dão numerosos testemunhos das curas operadas por Jesus. Em meio a um povo miserável e inculto, Jesus vai libertando as pessoas de seus males: a cegueira, a mudez, a surdez, a paralisia, a loucura.
Padre Storniolo sublinha o caráter alegórico de muitos relatos de milagres. Seria o caso, por exemplo, de Jesus caminhando sobre as águas: "O mar no Antigo Testamento era o símbolo das nações que podiam invadir a Palestina e dominar o povo. Os discípulos na barca agitada pelas ondas simbolizam a comunidade cristã primitiva com medo de se afogar no mar da História. Jesus vem então caminhando sobre as águas, como prova de que, pela fé, aquela comunidade podia ser vitoriosa. Pedro também caminha, até o instante em que duvida. Nesse momento divide suas energias, perde seu poder e começa a afundar, sendo salvo por Jesus".
Um dos milagres de Jesus, citado com mais detalhes por Lucas, é o da cura da mulher que sofria de hemorragia ininterrupta. Aproximando-se por trás de Jesus, que caminhava entre o povo, ela tocou a extremidade de sua veste. Jesus perguntou então: "Quem me tocou?" Como todos negassem, Pedro disse: "Mestre, a multidão te comprime e te esmaga". Mas Jesus insistiu: "Alguém me tocou; eu senti uma força que saía de mim". Então a mulher se apresentou e Jesus lhe disse: "Minha filha, tua fé te curou; vai em paz". O que chama a atenção, no caso, é Jesus ter sentido "uma força que saía" dele - algo que, em linguagem moderna, talvez pudesse ser chamado poderes paranormais.

Política e religião no tempo de Jesus

A ansiosa espera pelo messias libertador reflete a opressão a que o povo judeu estava submetido, sob o domínio romano. Depois da morte de Herodes I (73 a.C.-4 a.C.), rei vassalo de Roma que não gozava de legitimidade junto à população, a Palestina foi dividida entre três de seus filhos: Arquelau, Filipe e Herodes Antipas. A Galiléia, onde Jesus vivia, coube ao último, responsável pela decapitação de João Batista.
Arquelau, rei da Judéia e Samaria, foi substituído pelo procurador romano Pôncio Pilatos, sob cujo mandato Jesus Cristo foi crucificado. Mas o sumo sacerdote do templo de Jerusalém, Caifás, tinha grande influência no governo. Apoiava-se no Sinédrio, conselho de 71 membros formado por altos sacerdotes, anciãos das famílias judias mais ilustres e doutores da Lei.
Vários grupos moviam-se na cena política. No alto da pirâmide social estavam os saduceus - a elite sacerdotal e os grandes proprietários de terras. Eram judeus conservadores que se alinham ao texto da Lei, tal como aparece nas Escrituras, e colaboravam com o dominador romano.
Logo abaixo, vinham os fariseus - elementos do baixo clero, pequenos comerciantes e artesãos. Eram hostis à presença romana, mas sua oposição era apenas passiva. Em todas as questões da vida cotidiana, cumpriam zelosamente a Lei e as tradições orais acumuladas ao longo dos séculos. Em confronto com o templo de Jerusalém, o centro de sua expressão eram as sinagogas, presentes nos menores lugarejos.
Saído dos fariseus, o grupo dos zelotas era formado por camponeses e outros membros das camadas mais pobres, esmagadas pelos impostos. Muito religiosos, eram nacionalistas radicais. Queriam expulsar pelas armas os romanos e instituir um Estado onde Deus fosse o único rei, representado pelo messias, descendente de Davi. Considerado agitador e assassino pela tradição cristã, Barrabás foi um líder zelota.
Entre os apóstolos de Jesus, dois devem ter sido zelotas: Simão e Judas Iscariotes. Também Pedro parece ter simpatizado com eles. O nome Iscariotes pode significar que Judas fosse da cidade de Kariot, foco da ação zelota, ou viria da expressão aramaica Ish Kariot, que quer dizer "o homem que leva o punhal". Sua traição a Jesus pode ser interpretada como um ato resultante de divergência política: enquanto a ação dos zelotas se voltava contra o dominador estrangeiro, a pregação de Jesus visava a própria estrutura social da Palestina.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Que reis foram estes ? A Bíblia

QUE REIS FORAM ESTES? A Bíblia



Diz a Bíblia que "uns magos", guiados por uma estrela, vieram do Oriente à procura de um recém-nascido-o rei dos judeus. Mas não diz quantos eram, de onde vinham exatamente nem se eram mesmo reis.

Todos os anos, o dia 25 de dezembro, revive a suprema tradição cristã do Natal, quando se comemora o nascimento de Jesus. As pessoas trocam presentes, enfeitam pinheiros com luzes e bolas coloridas e montam presépios. Neles se reconstitui o nascimento de Jesus: a gruta em Belém, o menino na manjedoura, os pastares-e os três homens que, segundo a Bíblia, vieram de longe para adorá-lo, trazendo ouro, incenso e mirra. São os três reis magos, que saíram do Oriente guiados por uma estrela na busca de um recém-nascido: o rei prometido.
Nessa caminhada, chegaram a Jerusalém, capital do antigo reino de Israel, convertido em província romana sob o nome de Judéia, onde reinava Herodes. Mas não encontraram ali o recém-nascido e continuaram a seguir a estrela, até Belém. Quem eram os reis magos? Existiram de fato ou são apenas fruto da imaginação? A única referência a eles na Bíblia está no Evangelho de São Mateus. versículo 2: "Tendo, pois, nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos chegaram do Oriente a Jerusalém dizendo: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo .
As dúvidas sobre os reis magos existe na própria Igreja. Em seu livro Jesus Cristo Libertador, o teólogo brasileiro frei Leonardo Boff pergunta: $quot;Vieram de fato os reis do Oriente? É curioso imaginar uma estrela errando por aí, primeiro até Jerusalém e depois até Belém, onde estava o menino. Por que não se dirigiu diretamente a Belém, mas primeiro resplendeu sobre Jerusalém, estarreceu toda a cidade e o rei Herodes, a ponto deste ter decretado a morte de crianças inocentes? Em que medida nisso tudo vai conto ou realidade?$quot; Segundo Boff, $quot;textos do Antigo Testamento e um fenômeno astronômico teriam motivado o relato de Mateus$quot;.
Os evangelhos foram escritos muito depois da morte de Cristo. O de Mateus, por exemplo, foi escrito entre os anos 80 e 85, ou seja, cerca de meio século mais tarde. O teólogo Ivo Storniolo, de São Paulo, acredita que "Mateus criou uma história como se fosse um fato verdadeiro para mostrar o real significado do nascimento desse menino". Outro teólogo, Euclides M. Balancin, afirma que Mateus inspirou-se no salmo 72, 0 Rei Prometido, do Antigo Testamento, que fala de um rei ideal que implantaria a Justiça e o Direito. "O que Mateus quer dizer", interpreta Storniolo, "é que Jesus é o Messias prometido e, reconhecendo isso, os reis das Nações, que seriam os reis do Oriente, vieram trazer-lhe tributos."
As oferendas com que os magos presentearam Jesus são carregadas de significados. O ouro é o símbolo da realeza; o incenso representa a divindade e a mirra era usada em sepultamentos, o que faz supor que Mateus estivesse aludindo à morte de Jesus. No sentido bíblico, os magos representam as nações que reconheceram no menino o rei prometido, ao qual os textos antigos faziam referência. Os magos, portanto, seriam também os reis dessas nações. Entretanto, Mateus só se refere a eles como magos. Apenas no século VI é que passam a ser chamados de reis, além de magos.
Mas, afinal, que estranhos poderes teriam os magos? A palavra mago vem do persa magu que deu em grego mágos e chegou ao português através do latim maga e quer dizer "poderoso". Os sacerdotes da religião persa, o zoroastrismo, eram chamados de magos. Seus poderes vinham dos conhecimentos de Astronomia e Astrologia que possuíam. Por isso, os reis persas se aconselhavam com eles antes de tomar decisões-das mais importantes, como saber qual o melhor dia para resolver questões de Estado, até as mais corriqueiras, por exemplo, o dia mais indicado para tomar um remédio ou mesmo dar uma festa.
Pode-se assim perfeitamente bem especular que tenham sido magos persas os viajantes em busca do Messias guiados por uma estrela. Além de conhecer os mistérios do céu, é provável que estivessem também a par das antigas referências à chegada de um novo rei que viria para salvar os homens. Isso talvez explique por que caminharam tanto seguindo uma estrela, à procura do incerto lugar onde teria nascido o Messias.
O Antigo Testamento, com efeito, menciona um profeta de nome Balaão, contemporâneo de Moisés, o fundador do judaísmo (século XIII a.C), que teria dito: "Um astro procedente de Jacó se torna chefe: um cetro se levanta procedente de Israel". Um anjo teria falado a Moisés sobre a estrela cuja aparição anunciaria a vinda do salvador. Em Roma? o poeta lírico Horácio, que viveu de 65 a 8 a.C, profetizou o começo de uma nova era sob o signo de Saturno-um dos planetas da conjunção que teria causado a luminosidade conhecida como estrela de Belém (veja a seção "Telescópio" na página 70).
Em todo caso, sempre foi muito comum a tradição popular buscar ligações terrestres para acontecimentos extraordinários que ocorrem no céu, como o aparecimento de luzes misteriosas ou astros magníficos e desconhecidos: obrigatoriamente eles deveriam ser o prenúncio de algo novo e importante na Terra.
Sabe-se tão pouco sobre os magos que até seu número é desconhecido. Jacó de Edessa (640-708), teólogo cristão que escreveu comentários sobre o Antigo e o Novo Testamento, dizia que eles vinham da Pérsia, mas não eram três. Eram homens ilustres escoltados por mais de mil pessoas e seguidos por uma multidão. As primeiras representações da adoração de Jesus mostravam a mesma cena que sobreviveu até hoje: três homens que oferecem ao menino Jesus três presentes: ouro. incenso e mirra. Uma hipótese é que o número de presentes tenha criado a confusão.
Seja como for, os nomes dos magos-Melchior, Baltazar e Gaspar - são de origem oriental e todos têm a ver com realeza e poder. Melchior do hebreu, quer dizer "rei da luz": Baltazar, do aramaico, significa Judeus proteja a vida do rei. Gaspar é dos três o que mais possibilidades tem de se referir a um personagem real. Entre os anos 19 e 65 da era cristã, diz-se que viveu na Pérsia um príncipe de nome Gundofarr, que significa "vencedor de tudo". Traduzido transformou-se em Gasta e daí em Gaspar A idéia da procedência persa dos magos influenciou até as roupas com que aparecem representados: chapéu redondo na cabeça, camisa curta presa por um cinturão, calças estreitas e uma capa por cima. Exatamente como os reis persas se vestiam.
No altar mór da Catedral de Colônia, na Alemanha, existem os três caixões revestidos de ouro. Dentro deles estariam os restos mortais de Gaspar, Melchior e Baltazar, trasladados da Itália no século XII. Pode ser outro dos tantos mitos que bordam a história dos magos, mas o fascínio que ela exerce sobre os cristãos do mundo inteiro se renova a cada ano no Natal e depois no dia 6 de janeiro, quando eles teriam chegado a Belém, e a tradição popular preserva e comemora como o Dia de Reis.

Ô de casa, nobre gente...

A cena é sempre a mesma: no dia 6 de janeiro, um alegre e colorido grupo organizado sai às ruas de Valença, no Estado do Rio de Janeiro, para homenagear o nascimento de Jesus. E a tradicional Folia de Reis, uma das mais importantes festas folclóricas do pais. Trazida pelos colonizadores portugueses, deitou raízes sobretudo nas pequenas cidades do interior.

Os foliões, como são chamados os integrantes do grupo, estão com largos blusões de cetim colorido, azuis, vermelhos ou amarelos. Na cabeça, um boné de marinheiro bordado com miçangas e pedrarias. Três homens estão vestidos de palhaços: simbolizam os reis magos disfarçados para enganar o rei Herodes e encobrir a fuga de José, Maria e Jesus para o Egito.

A bandeira da Festa, carregada pelo alferes ou bandeireiro, traz no centro, pintada, a cena do nascimento de Jesus; em volta está toda enfeitada com flores de papel ou de plástico e fitas coloridas. Ao chegar à porta de uma casa, o alferes bate. A porta se abre e a dona recebe a bandeira e cumpre sua parte do ritual: se benze e benze a casa toda com ela. Depois, decide receber a folia. Acompanhados por uma viola, violão, reco-reco, pandeiro, sanfona, triângulo e duas caixas de percussão tiram o reis, isto é, pedem licença para começar e cantam:

"Ô de casa, nobre gente (oilarai)
Ô de fora, quem será (oilarairai)
Ô de fora, é os treis reis santo
Que veio Ihes visitá (aiaiailarai)...

Depois que tiram o reis, a dona da casa dá uma esmola para a bandeira e todos saem para o terreiro, onde os palhaços dançam e recebem dinheiro. Tanto a esmola quanto o dinheiro dado aos palhaços são usados na organização da festa. Ao final das danças, a dona da casa Ihes oferece um lanche. Depois, a folia se despede e continua sua peregrinação de casa em casa.

O ritual, em teoria, sempre se destina a homenagear os reis magos e o nascimento de Jesus. Na prática, entretanto, muitas coisas se misturam, como a criação do mundo, as profecias bíblicas etc. Muitas vezes os versos contam histórias acontecidas naquela determinada comunidade ou no país. $quot;Depois da visita do papa ao Brasil$quot; conta o folclorísta Toninho Macedo, cantou-se o acontecimento nas festas do ano seguinte." Macedo, que nasceu na cidade fluminense de Três Rios. onde as festas de reis são tradicionais, leciona na Escola de Folclore de São Paulo e há dez anos pesquisa o tema. Ele observa que festas fazem parte do cicio de Natal. que começa geralmente à meia -noite do dia 24 de dezembro e termina no dia 6 de janeiro".

O ritual e o nome que se dá às festas mudam conforme a região. No Sul são chamados Ternos de Reis, Pastorias do Senhor Menino, Folias e Reisadas. No Rio de Janeiro e em Minas Gerais as folias são mais ricas tanto em número de pessoas quanto em variações. Há lugares onde não se leva a bandeira. No Nordeste, predominam os ranchos-Bois de Reis, Reisados, Pastoris e Bailes Pastoris - sem caráter necessariamente religioso que dançam de praça em praça e nos salões.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um outro Jesus Cristo

UM OUTRO JESUS CRISTO



Quem não conheceu a si mesmo não conhece nada, mas quem se conheceu veio a conhecer simultaneamente a profundidade de todas as coisas.

Esta frase acima é atribuída a Jesus Cristo. Mas não adianta ir procurá-la na Bíblia. Ela não está em nenhum lugar dos Evangelhos de Lucas, Marcos, Mateus ou João, os únicos relatos da vida de Jesus que a Igreja considera autênticos. A citação faz parte de um outro evangelho - o de Tomé. Também não perca seu tempo procurando por esse livro no Novo Testamento. Não há por lá nenhum evangelho com o nome do mais cético dos apóstolos, aquele que queria "ver para crer".

Acontece que o texto existe. E é um documento antigo - segundo alguns pesquisadores, tão antigo quanto os que estão na Bíblia (veja quadro na página 51). O Evangelho de Tomé, assim como outras dezenas - ou centenas - de textos semelhantes, foi escrito por alguns dos primeiros cristãos, entre os séculos 1 e 3 da nossa era. Ele foi cultuado por muito tempo. Até que, em 325, sob o comando do imperador romano Constantino, a Igreja se reuniu na cidade de Nicéia, na atual Turquia, e definiu que, entre os inúmeros relatos sobre a vinda de Cristo que existiam, só quatro eram "inspirados" pelo filho de Deus - os "evangelhos canônicos" ("evangelho" vem da palavra grega que significa "boa nova", usada para designar a notícia da chegada de Cristo, e "canônico" é aquele que entrou para o cânone, a lista dos textos escolhidos). Os outros eram "apócrifos" (de legitimidade duvidosa). Estes foram proibidos, seus seguidores passaram a ser considerados hereges e muitos foram excomungados, perseguidos, presos. A maioria dos apócrifos acabou destruída e os textos sumiram, alguns para sempre.

Mas nem todos. O Evangelho de Tomé, o de Filipe e o de Maria Madalena, por exemplo, escaparam por pouco da destruição - graças a um egípcio anônimo. Em algum momento do século 4, esse egípcio teve a boa idéia de esconder num jarro de barro cópias manuscritas na língua copta desses textos e de muitos outros ameaçados pela perseguição da Igreja. O jarro ficou 1 600 anos sob a areia do deserto. Acabou resgatado por um grupo de beduínos, em 1945, perto da cidade egípcia de Nag Hammadi. Só nos últimos anos os textos acabaram de ser traduzidos e chegaram ao conhecimento dos cristãos do mundo.

Assim, por acidente, alguns apócrifos sobreviveram ao tempo. E agora, 2 mil anos depois da morte de Cristo, eles estão fazendo um tremendo sucesso. Inspiram filmes milionários (como Matrix) e best sellers (como O Código Da Vinci). São adotados por seitas cristãs, geram religiões, dão origem a teorias conspiratórias e são cada vez mais lidos por fiéis do mundo, inclusive cristãos tradicionais, que não vêm contradição entre alguns desses textos e a religião que eles seguem. Só no Brasil há pelo menos 30 grupos cujas crenças são baseadas nos apócrifos. Como explicar essa súbita popularidade para textos que estiveram sumidos por mais de um milênio e meio?



Talvez a principal razão seja o fato de que os textos revelam mais sobre Jesus. Os quatro evangelhos canônicos contam uma história fascinante, mas deixam muitas brechas. Os cristãos do mundo têm vontade de saber mais sobre esse homem, ainda que seja através de textos que a Igreja não considera legítimos.

E vários dos apócrifos trazem passagens reveladoras para aqueles que tentam enxergar o homem por trás do Deus. "É um Jesus mais humano, em situações mais próximas da vida de homens e mulheres de hoje", diz o jornalista espanhol Juan Arias, do El País, autor de livros sobre a história do cristianismo. Arias, que cobriu o Vaticano por 14 anos, está terminando um livro em que resume as pesquisas históricas a respeito de Maria. Um dos temas que ele examina é a falta de referência em alguns apócrifos à virgindade da mãe de Jesus. "Que mulher se identifica com outra que foi mãe sem perder a virgindade?", pergunta.

Além disso, vários apócrifos trazem o retrato de um Jesus diferente do que conhecíamos. "As questões de gênero, as relações de poder e até mesmo a espiritualidade estão colocadas em termos mais ecumênicos e holísticos nos apócrifos", diz o frei franciscano Jacir de Freitas Farias, professor do Instituto São Tomás de Aquino, em Belo Horizonte. Frei Jacir promove retiros em que evangelhos apócrifos, meditação e ioga se misturam para proporcionar conforto espiritual aos participantes.

Veja por exemplo aquela citação lá atrás, a que abre a reportagem. O que está escrito ali é que nada é mais importante que a sabedoria, e que o autoconhecimento é o caminho para a sabedoria. Essa idéia - que não é muito diferente daquilo que prega o budismo - está completamente ausente dos evangelhos de Mateus, Marcos, João e Lucas. Qualquer bom cristão sabe que o Novo Testamento oferece um caminho de só duas pistas para a salvação. Primeiro: é preciso ter fé (ela remove montanhas). Segundo: suas ações têm que ser boas (ame o próximo como a si mesmo). Em nenhum lugar há referência a outra rota para o Paraíso. Nem Lucas, nem Marcos, nem Mateus, nem João mencionam a salvação pelo autoconhecimento, ou pela sabedoria.

Se o cristianismo tradicional ignorava a importância do autoconhecimento, a idéia não é nova para nós, ocidentais do século 21. Sigmund Freud, no século 19, trouxe para a ciência a idéia de que há algo para ser descoberto dentro de nós mesmos - no caso, o subconsciente - e que esse algo pode nos trazer conforto e felicidade. Talvez esteja aí - na herança freudiana - uma das explicações para o sucesso dos apócrifos nos tempos atuais.

Há outras. O Evangelho de Tomé e outros apócrifos falam ao coração de um contingente que não pára de crescer nos tempos atuais: os ávidos por espiritualidade, mas desconfiados da religião (é bom lembrar que a maior parte dos católicos brasileiros se diz "não praticante"). "O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sois os filhos do Pai Vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza", diz o texto de Tomé.

Muitos apócrifos pregam também códigos de conduta menos rígidos que os do cristianismo tradicional. Numa passagem do Evangelho de Maria Madalena, Cristo diz que "eu não deixei nenhuma ordem senão o que eu lhe ordenei, e eu não lhe dei nenhuma lei, como fez o legislador, para que não seja limitada por ela". Esse trecho parece contrariar a própria autoridade da Igreja. Em Tomé, também aparece um Jesus menos dado a imposições, que diz "não façais aquilo que detestais, pois todas as coisas são desveladas aos olhos do Céu". Bem diferente das aulas de catecismo, não?

Outra novidade é que vários apócrifos valorizam o papel da mulher. Os evangelhos de Filipe e de Maria Madalena afirmam que Madalena recebia revelações privilegiadas do Salvador. "O Senhor amava Maria mais do que todos os discípulos e a beijou na boca repetidas vezes", afirma o de Filipe. Para Karen King, historiadora eclesiástica da Universidade Harvard, Madalena estava tão autorizada a pregar a palavra de Jesus quanto os 12 apóstolos. "Os textos mostram que Maria Madalena entendeu os ensinamentos de Jesus melhor do que ninguém", afirmou, em entrevista à revista National Geographic.

Sem falar que muitos apócrifos deixam em segundo plano uma velha conhecida dos cristãos: a culpa. Você conhece a história dos livros canônicos: eu e você somos pecadores, e Cristo morreu na cruz para nos salvar. Nós pecamos, ele morreu - durma-se com isso na consciência. Já os evangelhos de Tomé, Filipe e Maria Madalena não contêm uma só linha sobre o julgamento e a condenação de Jesus. Ou seja, a Paixão de Cristo, que hoje consideramos central para a fé cristã, não tinha a menor importância para os seguidores desses textos. Nada de culpa, portanto. Ele traz apenas charadas que convocam seus leitores a reflexões espirituais.

Para resumir: os apócrifos revelam um Jesus mais democrático e menos sexista, mais tolerante e menos autoritário - características que combinam com nossos dias. Eles eliminam a culpa e abrem caminho para uma fé pessoal, algo que faz sucesso nestes tempos individualistas. Sem falar que estão cercados de uma charmosa aura de mistério. "Esta é uma sociedade que desconfia de qualquer instituição, então dizer que eles foram condenados pela Igreja vira um chamariz e tanto", diz o teólogo Pedro Vasconcellos, da PUC de São Paulo. Deu para entender por que eles estão tão na moda?



Mas, afinal, que textos são esses? Dá para dizer que eles são vestígios de cristianismos perdidos. Sim, é isso mesmo: o cristianismo, no começo, não era um só, eram vários. "Nos séculos 2 e 3, havia cristãos que acreditavam em um Deus. Outros insistiam que Ele era dois. Alguns diziam que havia 30. Outros, 365", escreve Bart Ehrman, professor de Estudos Religiosos na Universidade da Carolina do Norte, no livro Lost Christianities ("Cristianismos Perdidos", sem versão em português).

Os primeiros cristãos viviam em comunidades clandestinas, que se reuniam às escondidas nas periferias das cidades e que tinham pouco contato umas com as outras. Essas comunidades eram lideradas muitas vezes por pessoas que conheceram Cristo ou pelos próprios apóstolos. Como Cristo não deixou nada escrito, coube a essas primeiras lideranças do cristianismo construir a religião.

Não há como saber se o Evangelho de Mateus foi escrito pelo próprio Mateus. "Naquele tempo, como ainda hoje, não faltava quem se candidatasse a pregar em nome de um personagem tão importante", afirma o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Mas é bastante provável que o texto tenha sido construído a partir dos ensinamentos do apóstolo recolhidos por seus seguidores. Da mesma forma, os evangelhos de João, Pedro, Maria Madalena, Tomé e Filipe devem ter sido os textos que guiavam as práticas dos grupos que se reuniram em torno dessas figuras importantes da religião nascente (ou que buscaram inspiração nelas). "Os evangelhos apócrifos, da mesma forma que os canônicos, não devem ser encarados como reproduções exatas das palavras de Jesus Cristo, mas como interpretações da mensagem dele feitas pelas primeiras comunidades cristãs", diz o teólogo Vasconcellos. É claro que essas interpretações nem sempre concordavam umas com as outras. E, portanto, é claro que, naquela aurora do cristianismo, produziram-se diversos textos - muitas vezes contraditórios entre si.

Entre os primeiros grupos cristãos havia, por exemplo, os ebionitas, uma das seitas mais antigas. Eles se consideravam judeus e achavam que Jesus era o Salvador apenas do povo hebreu. Os ebionitas mantinham os rituais judaicos, rezavam voltados para Jerusalém e acreditavam que Cristo tinha sido especial não por ser filho de Deus, mas por ter seguido à perfeição a lei judaica.

No outro extremo, estavam os marcionitas, para quem havia dois deuses. O primeiro deles seria um deus mau - o deus dos judeus, responsável por tudo de ruim no planeta. Jesus seria o segundo, um deus bom, que teria surgido para nos liberar da divindade maligna. Esse cristianismo, que hoje soa bizarro, foi popular no começo do século 2, antes de ser condenado como heresia em 139. Uma das razões para o sucesso é que a tese de dois deuses exclui a culpa cristã. Se um deus mau criou o mundo, é ele o responsável pelos sofrimentos sobre a terra.

Os gnósticos tinham crenças aparentadas às dos marcionistas. Também para eles o mundo foi criado por uma divindade imperfeita e não havia por que nos sentirmos culpados pelos males que existem. A diferença é que os gnósticos acreditavam que o Deus bom influiu na criação. Ele dotou cada um dos seres humanos de uma centelha divina - que nos dava a capacidade de despertar dessa imperfeição e conhecer a verdade. Se conseguirmos acumular conhecimento (gnosis, em grego), nos libertaremos desse mundo mau e estaremos salvos. Cristo, para os gnósticos, seria um enviado desse Deus verdadeiro, cujo objetivo seria nos ensinar a despertar. A escrita e a leitura cumpririam um papel importante nesse processo, e por isso eles deixaram muitos textos (boa parte dos apócrifos são gnósticos). Nota-se uma forte influência da filosofia grega nesse cristianismo.

Há uma boa pitada de gnosticismo naquela frase do Evangelho de Tomé que abre esta reportagem. Mas os tomasinos (seguidores de Tomé) eram uma seita à parte. Eles também acreditavam na salvação pelo conhecimento, mas iam além: pregavam que a busca é completamente individual. Os tomasinos rejeitavam a hierarquia - e, portanto, a Igreja. A salvação está dentro de cada um de nós e podemos atingi-la sem a ajuda de um padre.

E havia, claro, os seguidores de Paulo e os de Pedro, fortes especialmente em Roma, bem no centro do império. Esse grupo, no início, não era maior nem mais representativo que os outros. A proximidade com a burocracia estatal que administrava o Império Romano certamente exerceu influência sobre ele - não é à toa que o cristianismo romano era o mais organizado e hierarquizado de todos.

Cada uma dessas comunidades cristãs seguia um certo conjunto de textos - e rejeitava outros. Mas a maioria considerava legítimos os evangelhos de Marcos, Matias, Lucas e João, que provavelmente são os mais antigos e menos controversos. Em 312, o imperador romano Constantino se converteu ao cristianismo. E foi o cristianismo de Roma que ele escolheu. Constantino administrava um império que era quase "universal", e queria também uma "Igreja universal". Quando, 13 anos depois, sob as ordens do imperador, a Igreja se reuniu para decidir o que era o cristianismo, os bispos de Roma, mais organizados e com o apoio decisivo do imperador, sobressaíram nas discussões. "O credo de Nicéia acabaria por se tornar a doutrina oficial que todos os cristãos deveriam aceitar para participar da Santa Igreja, a Igreja Católica", escreve o teóloga Elaine Pagels, da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, no livro Além de Toda Crença: O Evangelho Desconhecido de Tomé.

Os textos que não davam importância à crucificação de Cristo acabaram proibidos. Afinal, a Igreja romana, que cresceu em meio a violentas perseguições, valorizava muito o martírio - associado ao martírio de Cristo. Os evangelhos dos tomesinos, que pregavam a busca individual pela salvação, também caíram fora. A hierarquizada Igreja de Roma obviamente não simpatizava com essas idéias libertárias. Entre os textos que foram proibidos, vários faziam parte das bibliotecas gnósticas. Para Eusébio de Cesária, que no século 4 escreveu o primeiro livro sobre a história do cristianismo, o gnosticismo estava sendo introduzido pelo demônio, "que odeia o que é Deus, que é inimigo da verdade, hostil à salvação do mundo, voltando todas suas forças contra a Igreja". Acredita-se que os manuscritos de Nag Hammadi sejam tesouros salvos da biblioteca gnóstica do Mosteiro de São Pacômio, que ficava lá perto.

Ninguém sabe ao certo quantos evangelhos foram suprimidos. O que se sabe é que só quatro livros foram considerados "corretos". Apenas neles "o ensinamento das linhas de Deus é proclamado. Não acrescentem nada a eles, não deixem nada se afastar deles", segundo um decreto de um bispo de Alexandria. Daí para a frente, haveria quatro evangelhos. E, pela primeira vez, um só cristianismo.



Voltemos então à pregação gnóstica, expressa em vários dos evangelhos apócrifos. O mundo é mau por natureza, mas cada um de nós traz dentro de si uma centelha e, se atingirmos o conhecimento, iremos despertar. Jesus veio à Terra para nos ensinar o caminho. Agora substitua nessa história o nome de Jesus pelo de Neo. E temos um dos maiores sucessos pop dos últimos anos, a trilogia Matrix.

Matrix fez tanto sucesso porque toca num tema com o qual é difícil não se identificar: a sensação de não pertencer a esse mundo, de se sentir estranho nele, e de que ele é banal demais para nossas altas aspirações espirituais. É claro que seria um absurdo dizer que o sujeito que saiu do cinema empolgado com a saga dos irmãos Wachowski tenha sido tocado pelo mesmo tipo de revelação que os cristãos envolvidos pelas pregações gnósticas no século 2 ou 3. Mas talvez não seja por coincidência que o roteiro, inspirado por textos gnósticos, tenha soado tão transcendental .
Os evangelhos apócrifos, assim como os canônicos, foram escritos por pessoas inquietas, numa época conturbada e difícil, em que as antigas respostas já não davam conta de acalmar os espíritos. É claro que os tempos, hoje, são muito diferentes. Mas, de novo, boa parte da humanidade está inquieta e insatisfeita com as respostas que existem. Tem muita gente em busca de alguma coisa que torne nossa existência mais transcendente, mais valiosa. E esses textos escritos por outros homens, numa busca parecida, podem nos dar uma dica de onde começar a procurar.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Quem é o Anticristo ???

QUEM É O ANTICRISTO?


O que Bill Gates, Arnold Schwarzenegger e George W. Bush têm em comum? Além de muito poder, sucesso e dinheiro, esses cidadãos - segundo organizações como Anti-Christ Watch e seitas fundamentalistas cristãs espalhadas pelo mundo afora - são a encarnação contemporânea do Anticristo, também conhecido como Capeta. Os tementes de Satã acreditam que um desses três homens, ou mesmo todos eles, vai governar o mundo assim que a Nova Ordem Mundial se instalar na Terra. Quando esse dia chegar, haverá a coroação do Mal, tendo como chefe supremo o Demo em pessoa.

Por enquanto, George W. Bush largou na frente na corrida por esse cargo vitalício, de acordo com as previsões dos ocultistas. As atenções da Anti-Christ Watch, uma ONG americana que tem como objetivo denunciar Anticristos em potencial, também estão cada vez mais voltadas para o presidente dos Estados Unidos. Seus membros acreditam que suas premonições se confirmaram depois que as forças americanas invadiram o Iraque e surgiram denúncias de tortura por lá. Além de ser o responsável pela morte de criancinhas iraquianas e de centenas de soldados americanos recém-saídos da adolescência, Bush é acusado de ter usurpado o poder na eleição presidencial de 2000, que só foi decidida pelo Supremo Tribunal.

Está justamente aí uma das principais características do Anticristo: tomar o poder custe o que custar. Bush também se encaixa direitinho no perfil numerológico do Demo. Segundo os estudiosos das forças do Mal, as letras do nome de Bush equivalem ao número 666, o código da Besta. Para piorar, em seus pronunciamentos, o presidente dos Estados Unidos faz constantes referências ao Demônio e à luta do Bem contra o Mal - resta saber de que lado ele está, diz a Anti-Christ Watch. Sua vida pregressa também seria uma evidência dos poderes malignos com os quais ele teria sido agraciado ao entrar para a política. Antes de se eleger governador do Texas, em 1994, Bush acumulou uma sucessão de fracassos, levando à falência as empresas em que trabalhou. Quando resolveu se tornar político, sua sorte mudou repentinamente. De governador de um Estado caipira passou a presidente do país mais poderoso do mundo.

A teoria de que Bush seria um produto do Mal conta com adeptos influentes. O jornalista americano Wayne Madsden, do grupo de mídia Catholic News Time, por exemplo, jura de pés juntos que o presidente americano é o Capeta em pessoa. "Aos olhos de muitos líderes cristãos, as constantes referências do presidente sobre as forças do Mal e o sangue que ele deixa derramar são um sinal forte de que ele carrega a marca do Anticristo", escreveu Madsden recentemente em um de seus artigos. Caso Bush vença a próxima eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, Madsden e sua turma já sabem o que fazer: irão rezar 24 horas e espalhar muita água-benta.

PORTA SECRETA

As seitas que acreditam na Nova Ordem Mundial aconselham veementemente que você também reze bastante toda vez que ligar e desligar seu computador. É sério. Afinal, o bilionário Bill Gates, dono e fundador da Microsoft, é outro grande candidato a Anticristo, dizem os entendidos. Gates teria em suas mãos todas as pessoas que usam o sistema operacional Windows, da Microsoft, ou seja, metade da humanidade - incluindo os computadores do Pentágono. Tudo muito preocupante. Há quem afirme que, no programa Excel 95, existe uma porta para o desconhecido, um tal de "Hall of the Tortured Souls", ou Ante-Sala das Almas Torturadas. Como ninguém até hoje cruzou essa passagem secreta, não se sabe ao certo o que existe do outro lado.

Sem que ninguém perceba, outros dispositivos secretos estariam sendo colocados, em programas atuais da Microsoft. Quando a maioria dos seres humanos que usa computador finalmente tiver sido atraída para as masmorras do Inferno, será a glória suprema para Gates. Aí, ele governará o mundo na teoria e na prática, mantendo controle absoluto sobre qualquer mortal que usar um de seus softwares - ou seja, só vão sobrar os aborígines da Austrália, alguns índios brasileiros de tribos nos recônditos da Amazônia e, mesmo assim, só se eles nunca colocarem os pés num Internet Café.

Talvez Gates conte com um aliado de peso para levar o Mal à vitória contra o Bem: Arnold Schwarzenegger. O ex-fisiculturista, ex-ator e atual governador da Califórnia é outro forte candidato a Anticristo. Ele tem o perfil perfeito. Exerce diversas ocupações, sendo sempre muito bem-sucedido; apesar da notória falta de jeito; casou-se com Maria Kennedy, uma das mulheres mais sofisticadas e bonitas dos Estados Unidos; e sua vida vai de vento em popa, em todos os sentidos.

Schwarzenegger há décadas vem embolsando milhões de dólares, primeiro como atleta e depois como ator. Algo certamente deve estar muito errado, disseram os adeptos das ciências do Além, quando o truculento candidato ganhou de lavada a eleição para governador da Califórnia, em outubro de 2003. O Anticristo é alguém com poder econômico, social e político, acreditam os ocultistas. E também que seja admirado por muitos. "Todo mundo gosta dele", diz o especialista em estudos bíblicos Sean Terking. "As pessoas acham que ele nunca vai errar. Isso é assustador." Ainda mais porque o moço, não custa lembrar, fez uma série de filmes chamada O Exterminador do Futuro. "Está escrito", diz Terking. Com Schwarzenegger comandando a Terra, e obrigando todo mundo a criar comédias onde ele faça o papel principal, será mesmo um Inferno para todos.

Mas Schwarzenegger não seria o primeiro Anticristo da história, nem o único. Os estudiosos das forças ocultas acreditam que, ao longo dos séculos, já houve pelo menos outros quatro Capetas encarnados em seres humanos. Hitler, Stalin, Napoleão e Nero seriam os grandes clássicos (leia o quadro na página 63.) Cada um à sua maneira, todos foram responsáveis pela morte de milhões de pessoas e espalharam o Mal sobre a Terra.

O século 20 viu até a autoproclamação de um Anticristo. O inglês Aleister Crowley, que morreu em 1947 de causas naturais, se intitulava a "Besta do Apocalipse". Crowley era um ocultista aplicado: estudou budismo, hinduísmo, tantrismo e fez várias viagens para a Índia, o Tibete, o Japão, o Sri Lanka e a China. Mas sua fama na Terra não era das melhores. O jornal inglês Daily Telegraph o descreveu certa vez como "o homem mais depravado que já existiu". Com essa fama toda, Crowley pregou ensinamentos que chegaram até o Brasil. Ele criou sua própria religião, a Thelema, que tinha o seguinte lema: "Faça o que quiseres, pois é tudo da lei". Sim, você já ouviu isso. Está na música "Sociedade Alternativa", de Paulo Coelho e Raul Seixas.
Agora que ninguém mais se intitula o Anticristo, mesmo porque correria o risco de ir direto para a cadeia, os ocultistas precisam trabalhar duro para descobrir quem, afinal, encarna hoje o Capeta. O quadro poderá ficar mais claro se Bush ganhar a próxima eleição presidencial dos Estados Unidos - aliás, com o apoio de Schwarzenegger, que, nem é preciso dizer, é republicano, como Bush. As coisas só se complicariam um pouco se Bill Gates também resolver se lançar na política pelo Partido Democrata e brigar com outros Capetas. O dono da Microsoft já declarou que a vida política não está nos seus planos. Segundo os ocultistas, tudo não passa de uma manobra para nos despistar. É esperar para ver.

Eu acredito!

"Não vejo por que tantas dúvidas sobre a existência do Anticristo. Eu, pessoalmente, já contei 666 deles. Não vai dar para denunciar todos aqui, mas tem o Damien, que estrelou A Profecia nos anos 70. Ele é o Anticristo número 666, o último deles. Outro que ficou famoso foi Johnny Rotten, vocalista da banda punk Sex Pistols. Ele é o 77. A Besta 24 atende pelo nome de Walter Mercado. Zeca Pagodinho, o Demo 51, não respeita nem os contratos publicitários da número 1 (a Serpente original!). Paolo Rossi, antes de enviar 120 milhões ao Inferno, imprimiu sua identificação na camisa da seleção italiana: 20. Mas o pior de todos é um cara que posa de herói, diz que está aí para ajudar a gente, mas na verdade só enche o saco. É o Super 15!"
Ivan Finotti, editor da revista Flashback, é 10!

Com o diabo no corpo

O profeta francês Nostradamus, que viveu entre 1503 e 1566, previu que o mundo conheceria três Anticristos. O primeiro teria sido Nero, o imperador de Roma. A segunda encarnação clássica de Satanás seria Napoleão. O terceiro seria Hitler, que dividiria o posto com outro ditador, Stalin

Nero

Nascido com o nome pomposo de Nero Cláudio César Augusto Germânico (37-68 d. C.), era visto como o próprio Demo pelos romanos de sua época. Depois de subir ao trono, no ano 54, acendeu uma fogueira e destruiu Roma. Por suas maldades e por ter sido o primeiro imperador romano a perseguir os cristãos, é o primeiro Anticristo da história.

Napoleão

O general Napoleão Bonaparte (1769-1821) governou a França entre 1799 e 1815. Conquistou quase toda a Europa, até ser derrotado na Batalha de Waterloo. Já em sua época, era considerado a personificação do Mal pelos governantes da Inglaterra, Rússia, Áustria e Alemanha, as grandes potências da época, pelas guerras sangrentas que travou contra esses países.

Hitler

Adolf Hitler (1889-1945), o criador do nazismo, deflagrou a maior guerra do século 20, que resultou em 20 milhões de mortos. Como previa Nostradamus, ele causou a morte de milhões de inocentes e, no auge da Segunda Guerra, dominou praticamente toda a Europa. Depois de tudo o que fez, Hitler se matou no dia 30 de abril de 1945. Mas até hoje tem seguidores fanáticos.

Stalin

O ditador soviético Joseph Stalin (1879-1953) criou um sistema político e econômico centrado na figura do governante, que tinha poder de vida e morte sobre as pessoas. Os expurgos de Stalin condenaram ao exílio na Sibéria centenas de milhares de russos que se atreviam a criticar os seus atos. Para os ocultistas, tanta maldade só pode ser atribuída a Lúcifer.

Jesus Cristo teve filhos ???

JESUS CRISTO TEVE FILHOS?



São quase 20 milhões de livros vendidos em todo o mundo. É o número 1 nas listas de best-sellers em vários países, como Estados Unidos, Alemanha, Argentina e Brasil. Hollywood já prepara uma versão cinematográfica da obra, tachada por alguns críticos como o "Harry Potter dos adultos". Trata-se de O Código Da Vinci, escrito pelo inglês Dan Brown, de 38 anos.

A trama do maior sucesso editorial do ano se desenrola a partir do assassinato, dentro do Museu do Louvre, em Paris, de seu curador, Jacques Saunierè (um dos líderes do Priorato de Sião, sociedade secreta fundada antes da crucificação de Jesus Cristo). Pouco antes de morrer, Saunierè teria elucidado uma mensagem cifrada no quadro A Santa Ceia, de Leonardo da Vinci - um segredo capaz de abalar a Igreja Católica e todo o mundo ocidental.

JESUS PAI

A bela criptógrafa francesa Sophie Neveu e Robert Langdon, professor de simbologia em Harvard, tentam desvendar o segredo. No caminho, os dois cruzam com outras sociedades secretas, como a Opus Dei e os Cavaleiros Templários. A dupla de investigadores faz descobertas surpreendentes: que Jesus foi casado com Maria Madalena e teve dois filhos; que sua divindade foi votada no Conselho de Nicéia, no início do século 4; que os quatro evangelhos da Bíblia foram escolhidos entre 80 outros evangelhos porque consideravam Jesus divino, e os demais foram suprimidos pelo imperador romano Constantino no ano 325.

Trata-se, claro, de uma bela trama policial criada por Dan Brown. No entanto, ela é baseada em teorias conspiratórias aceitas e estudadas no mundo real por muita gente, maluca ou sã. Entramos agora no terreno da "maior conspiração de todos os tempos". A figura-chave nessa intrincada armação é Maria Madalena. De acordo com a Bíblia e as aulas de catecismo, Maria Madalena foi uma prostituta que, arrependida, resolveu seguir Jesus Cristo e os apóstolos, até ser perdoada de seus pecados pelo filho de Deus. Os conspirólogos afirmam, no entanto, que na verdade, ela foi casada com Jesus Cristo, com quem teria tido dois filhos - Sara e Tiago. Os Manuscritos do Mar Morto, descobertos em 1947 numa caverna de Qumran, na Palestina, confirmariam a tese de que Jesus se casou e teve filhos com Madalena, gerando uma linhagem que teria o direito sagrado de reinar sobre a França e Israel. Esses documentos, porém, nunca foram exibidos em público e estão de posse do Vaticano.

Depois da crucificação de Jesus, Maria Madalena e seus filhos teriam fugido para uma comunidade judaica no sul da França. No polêmico e confuso livro Rex Deux, de Marilyn Hopkins, Graham Simmans e Tim Wallace-Murphy, a teoria vai além, dizendo que Madalena chegou à França só com uma criança, Sara, enquanto Tiago foi para a Escócia com José de Arimatéia, o homem que recolheu num cálice o sangue de Jesus crucificado.

Seria essa a razão de existirem na França tantas igrejas em homenagem à Maria Madalena. Uma delas fica na cidade de Rennes-Le-Château, no sul do país. Em 1891, o padre da cidade, chamado Berenger Saunière (atente para a semelhança entre esse sobrenome e o do personagem de O Código Da Vinci) decidiu reformar a igreja consagrada a Maria Madalena, construída em 1059 e já deteriorada pelo tempo. O padre levantou uma grana na comunidade e iniciou as obras. Ao retirar a pedra do altar principal, percebeu que as colunas que o sustentavam eram ocas. Dentro de uma delas havia quatro pergaminhos escritos em latim. Dois deles continham genealogias e datavam de 1244 e 1644. Os outros dois eram transcrições do Novo Testamento e traziam duas mensagens secretas. A primeira mensagem dizia: "A Dagoberto II, Rei, e a Sião, pertence esse tesouro e ele está aqui morto" (saiba mais sobre Dagoberto logo adiante). Já a outra mensagem era praticamente indecifrável: "Pastor, nenhuma tentação. Que Poussin, Teniers possuem a chave. Paz 681. Pela cruz e seu cavalo de Deus, eu completo esse demônio do guardião ao meio-dia. Maçãs azuis". Entendeu?

Saunière levou os pergaminhos para serem analisados pelas autoridades eclesiásticas de Paris. Não se sabe o que aconteceu, mas ele voltou para Rennes-Le-Château com muito dinheiro. Ampliou a estrada que levava à cidade, construiu uma casa chamada Torre Magdala e uma casa de campo. Terminou a reforma da igreja e deixou alguns detalhes capciosos na construção. A pia de água benta é sustentada por uma estátua de Asmodeus (demônio de três cabeças da literatura judaica, responsável por separar casais e promover o adultério). Os vitrais da igreja mostram a Via Sacra e, em uma imagem, há uma criança com saiote escocês observando a crucificação (lembra-se de que José de Arimatéia teria levado Tiago, filho de Jesus com Madalena, para a Escócia? A imagem seria uma confirmação da tese).

CHANTAGEM?

Outra cena mostra o corpo de Jesus sendo retirado secretamente da tumba durante a noite. Saunière mandou gravar em latim, no pórtico da igreja, a inscrição "Este lugar é terrível". Teorias conspiratórias afirmam que o padre encontrou documentos que confirmam a existência da linhagem secreta de Jesus e os usou para chantagear o Vaticano.

Mas recuemos um pouco no tempo. Na França, Sara e outros supostos descendentes de Jesus e Madalena se misturaram à linhagem real francesa, dando origem à dinastia merovíngia. E é a partir daí que a história ganha corpo - e complexidade.

Os reis merovíngios governaram grande parte da França e da Alemanha entre os séculos 6 e 7. O fundador da dinastia se chamava Mérovée, que, segundo a literatura esotérica, era filho de uma princesa com uma criatura marinha - na verdade, essa criatura fantástica seria uma alusão à suposta linhagem secreta de Jesus e Madalena, antepassados dos merovíngios.

Segundo os conspirólogos, a Igreja Católica temia que, se essa linhagem crescesse, o segredo de Jesus e Madalena fosse revelado, levando o mundo a questionar a doutrina católica (e a crença em um Messias divino puro). No entanto, os merovíngios foram aumentando e fundaram Paris (isso é fato). Apavorado, o Vaticano financiou várias missões na França para eliminar todos os membros da dinastia. Essas missões seriam chamadas de Graal - daí, a busca pelo Santo Graal.

Dagoberto II (lembra-se dele?) foi o último rei merovíngio. Morreu apunhalado no olho esquerdo enquanto dormia. O que o Vaticano não sabia era que ele tinha um filho, Segisberto, que escapou do ataque e deu continuidade à linhagem. Atualmente, o sangue merovíngio é identificado com o dos Habsburgos, da Alemanha.

Um dos descendentes de Segisberto, Godofredo de Bulhão, futuro rei cristão de Jerusalém, fundou em 1090 a organização secreta Priorato de Sião, cujo objetivo era recolocar a dinastia merovíngia no trono da França. Uma outra corrente conspiratória diz que o priorato teria sido criado 90 anos mais tarde, em 1099, quando Jerusalém foi conquistada pelos cruzados e Godofredo assumiu o título de Defensor do Santo Sepulcro.

O Priorato de Sião fez parte da Ordem dos Cavaleiros Templários até 1188, quando se separaram. O Priorato de Sião sobreviveu ao extermínio dos Templários na sexta-feira 13 de 1307 e está ativo até hoje. Seus objetivos atuais são defender os documentos sobre o Santo Graal, a tumba de Maria Madalena e os poucos membros da linhagem merovíngia real que sobreviveram até os tempos modernos - ou melhor, a linhagem de Cristo. Figuras históricas como Leonardo da Vinci, Victor Hugo, Sandro Botticelli, Clau-de Debussy e Isaac Newton fizeram parte dessa fraternidade (isso é fato e pode ser comprovado por meio de pergaminhos chamados Os Dossiês Secretos, descobertos em 1975 pela Biblioteca Nacional da França).

OS TEMPLÁRIOS

A Ordem dos Cavaleiros Templários, do qual o priorato supostamente fez parte, foi criada em 1118 para proteger as rotas de peregrinação e comércio que ligavam Jerusalém à Europa. Foi o primeiro exército uniformizado e regular a surgir no Ocidente depois da queda do Império Romano. Os Cavaleiros Templários eram financiados pela Igreja e logo se tornaram ricos proprietários de terras, o que gerou a cobiça do rei da França, Felipe, o Belo, que acusou-os de heresia e os queimou na tal sexta-feira, 13. A desculpa era de que os cavaleiros cultuavam um demônio de três cabeças (lembra-se de Asmodeus?) - que, segundo os conspirólogos, nada mais era do que a cabeça embalsamada de Jesus Cristo encontrada pelos cavaleiros nas ruínas do Templo de Salomão. Outras teorias dizem que, durante as escavações nas ruínas, os cavaleiros teriam achado a Arca da Aliança e descoberto toda a verdade sobre o Santo Graal. Por isso, tinham que ser exterminados.
Na mitologia cristã, o Graal aparece em dois momentos: primeiro, é usado na celebração da Santa Ceia e, depois, para recolher o sangue de Jesus Cristo na crucificação. Alguns teólogos acreditam que o cálice ficou com José de Arimatéia, que o enterrou na cidade de Glastonbury, na Inglaterra. Conspirólogos dizem que o cálice, na verdade, ficou com Maria Madalena, que o levou para a França. Mas a teoria mais aceita pelos conspirólogos é a de que o Graal não é um objeto, mas sim a tal linhagem de Cristo. Em muitos manuscritos antigos, o cálice é chamado de sangreal, que significaria "sangue real". Para saber a verdadeira resposta a esse mistério, só mesmo encontrado o Santo Graal.

A Igreja contra O Código Da Vinci

O sucesso de O Código da Vinci vem incomodando as igrejas cristãs. Membros do clero e estudiosos da Bíblia publicaram vários estudos rebatendo o livro de Dan Brown. Somente entre abril e maio desse ano, mais de dez livros foram lançados com a intenção de combater O Código Da Vinci. Igrejas americanas estão oferecendo folhetos e guias de estudos a quem o livro de Brown possa ter levado a questionar sua fé, além de promover palestras e sermões sobre o assunto. Chegaram a tachar o Código Da Vinci de "conspiratório"!

Protestantes evangélicos e católicos romanos o definiram como "mais uma infiltração de guerreiros culturais liberais". A Opus Dei, prelazia do Vaticano ultraconservadora, acusada recentemente de praticar lavagem cerebral, coerção e uma estranha prática chamada "mortificação corporal", é retratada por Brown como uma seita sádica e sinistra. Em nota, a Opus Dei respondeu que "seria irresponsável formar opinião sobre a prelazia baseada na leitura desse livro". Recentemente, a Opus Dei inaugurou sua sede em Nova York, uma obra estimada em 47 milhões de dólares.
O escritor inglês Dan Brown, que, com essa polêmica toda, vem ganhando cada vez mais dinheiro, não está nem aí para a reação do clero. "Controvérsia e diálogo são saudáveis para a religião como um todo. A religião só tem um inimigo, a apatia, e o debate passional é um antídoto soberbo", diz o escritor em seu site, www.danbrown.com.

Eu acredito!

"Ao escutar pacientes paranóicos capazes de delírios organizados, é fácil constatar que um delírio não é necessariamente menos verossímil que outras crenças que não nos parecem delirantes. Os delírios são crenças que não conseguem se socializar. Hoje, graças à internet, essa diferença se tornou incerta. O Código Da Vinci propõe um enigma cuja solução explica os malogros do presente. O leitor de hoje gosta de enigmas porque eles confirmam que a bagunça de nosso mundo esconde um sentido. A tragédia não é que poderosos e feiosos tramem e manipulem nas sombras. A tragédia, o intolerável, é que os feiosos, exatamente como nós, são um atrapalhado exército de Brancaleone."
Contardo Calligaris é psicanalista, escritor e colunista da Folha de S. Paulo