Mostrando postagens com marcador escrita. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escrita. Mostrar todas as postagens

sábado, 17 de outubro de 2020

Chiribiquete - Amazônia abriga a "Capela Sistina" da pintura rupestre

 Chiribiquete - Amazônia abriga a "Capela Sistina" da pintura rupestre

Uma localidade no sul da Colômbia abriga algumas das pinturas rupestres mais impressionantes do mundo. 

domingo, 6 de setembro de 2020

O que dizia o primeiro documento escrito da história ???

O que dizia o primeiro documento escrito da história ???


A escrita é uma ferramenta tão especial que muitas culturas antigas acreditavam que ela era fruto de um presente divino. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O código da Idade da Pedra que pode ter dado origem à escrita

O código da Idade da Pedra que pode ter dado origem à escrita


A paleoantropóloga da Universidade de Victoria (Canadá), Genevieve von Petzinger, dedica sua vida ao estudo da arte rupestre do Paleolítico. 

sexta-feira, 16 de março de 2018

Conheça as grandes contradições da Bíblia


Conheça as grandes contradições da Bíblia


A Bíblia é considerada um livro sagrado por todas as correntes do Cristianismo. Muitas pessoas acreditam, inclusive, que, em suas páginas, é possível encontrar um guia moral para viver a vida segundo a vontade do Senhor. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Estátua de quase 10 mil anos esconde até hoje mensagem indecifravel


Estátua de quase 10 mil anos esconde até hoje mensagem indecifravel



O Ídolo de Shigir é a estátua de madeira mais antiga que se tem noticia.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

NUM PISCAR DE LETRAS - Leitura Dinâmica


NUM PISCAR DE LETRAS - Leitura Dinâmica


Se você não tem problemas de visão e não interromper a leitura, chegará ao final destas duas colunas de texto em cerca de 48 segundos. Desse tempo, seus olhos terão aproveitado pra valer 43,2 segundos. É que você não percebe, graças à velocidade do globo ocular, mas durante a leitura os olhos fazem pausas. Alguns neurologistas acham que é possível educá-los para acelerar o ritmo, outros não. Mas muita gente treina horas a fio com a esperança de devorar os textos mais rápido.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A ‘magia’ das canetas esferográficas! Conheça sua história


A ‘magia’ das canetas esferográficas! Conheça sua história


Um vídeo postado pelo canal NRK, no Youtube, mostra um olhar detalhado sobre o uso de canetas esfereográficas e como é seu funcionamento.
Poucas pessoas, na verdade, notam que há uma esfera na ponta da caneta, que pode ser feita de aço, carbeto de tungstênio ou latão, que, ao ser pressionada sobre o papel, gira, aplicando a tinta e evitando o vazamento.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Cientistas ficam perplexos com os segredos de antiga civilização misteriosa que inventou o banheiro


Cientistas ficam perplexos com os segredos de antiga civilização misteriosa que inventou o banheiro

Uma civilização misteriosa tem confundido o mundo arqueológico por décadas.

A Civilização do Vale do Indo é a maior e menos conhecida de todas as primeiras grandes culturas urbanas, e prosperou entre 2600 e 1900 a.C. Em seguida, desapareceu abruptamente, segundo registros históricos. Muito pouco se sabe sobre as pessoas, que estranhamente não deixaram nenhuma evidência arqueológica de guerra e relatos de confrontos. Agora, um especialista acredita que pode estar mais perto de decifrar a escrita antiga usando a tecnologia digital, podendo encontrar padrões em seus símbolos incomuns.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Você é canhoto ? Veja aqui algumas curiosidades de quem usa a mão esquerda


Você é canhoto ? Veja aqui algumas curiosidades de quem usa a mão esquerda


Desde a pré-história até os dias de hoje, a porcentagem de canhotos na humanidade se manteve estável, em torno de 10% da população mundial. Embora nas sociedades modernas quase não existam diferenças no tratamento entre canhotos e destros, há até não muito tempo, havia um grande estigma sobre as pessoas que tinham mais habilidade em seus membros esquerdos. A lista abaixo mostra algumas curiosidades pouco conhecidas sobre os canhotos: 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

15 Sites para baixar livros


15 Sites para baixar livros


Estamos pensando em ampliar a sua experiência de leitura, então fizemos uma lista com 15 sites nacionais e internacionais em que é possível baixar  livros e ler online de maneira legal, sem complicações e, o melhor, de graça.

Ler para aprender, ler para expandir a mente, ler para estimular a memória.  Não importa o porquê você dedica tempo para essa atividade, o que vale é aproveitar todos os seus benefícios, seja no papel ou nos modernos leitores digitais (Munição para o meu TABLET).

Confira as opções de leitura gratuita.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Primeiro desenho da história teria sido feito 300 mil anos antes do que era imaginado


Primeiro desenho da história teria sido feito 300 mil anos antes do que era imaginado


Esta descoberta extraordinária não nos permite apenas ver o primeiro desenho da história, mas também desmente o que até agora se acreditava ser a autoria dessa primeira obra de arte hipotética: ela, na verdade, teria sido feito por um Homo erectus. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O ultimo escriba dos Faraós - Perfil Jean-François

O ÚLTIMO ESCRIBA DOS FARAÓS - Perfil Jean-François 



Quando percebeu que havia encontrado a chave de um mistério milenar ele quase perdeu os senados. O menino prodígio rejeitado pela mãe tinha se transformado em um mestre da lingüística e realizado a proeza que os estudiosos perseguiam desde a descoberta da Pedra de Roseta: decifrou os hieróglifos e abriu o livro da história do Egito.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Livro de 2 cm² é descoberto nos Estados Unidos


Livro de 2 cm² é descoberto nos Estados Unidos

Obra foi lançada em 1965 e possui textos que não podem ser identificados por olhos humanos.

Imagine qual seria a sua curiosidade ao se deparar com um livro de apenas 2 cm² e 1 mm de espessura. Certamente, você ficaria com muita vontade de descobrir o que está sendo dito nele — e não precisa se sentir culpado, pois a sensação seria a mesma para a grande maioria das pessoas. Mas como fazer para ler algo assim? Apenas com os olhos humanos seria impossível.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Bíblia de Pedras - Arqueologia


BÍBLIA DE PEDRAS - Arqueologia



No Vale das Maravilhas, no sudeste da França, 30 000 símbolos e desenhos recém-decifrados contam uma história que, a despeito da distância, parece ser uma singela versão da mitologia grega.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Haja Papel - Tecnologia


HAJA PAPEL - Tecnologia



Com auxílio até de computadores, as modernas indústrias papeleiras fabricam toneladas de folhas por
dia. Há, porem, o desafio de conseguir matéria-prima para a demanda gigantesca.

Separam-se os filamentos de um vegetal qualquer para misturá-los com água até que assim, em suspensão, possam se emaranhar sobre um molde poroso. Depois de prensar e secar a massa, obtém-se uma película fina de celulose. Simples, a receita básica do papel, criada há quase dois milênios. é cada vez mais aplicada. Algumas pessoas chegaram a imaginar que o enorme consumo global desse produto diminuiria com a incorporação, no dia-a-dia, de recursos como a Informática. Mas quem arriscou esse palpite acabou fazendo um papelão, porque, de fato, a última década fechou gastando o dobro de celulose em relação à anterior.
Na realidade, o que se observa são trocas de papéis: os balanços das empresas, por exemplo, vêm dispensando as tradicionais folhas sulfites para serem impressos em metros dos formulários contínuos de computadores: já o papel timbrado das cartas pode ser substituído pelo papel térmico do fax. Engordando a demanda, as campanhas ambientalistas muitas vezes triunfam no sentido de aposentar o plástico das embalagens, cuja vida se aproxima do infinito, promovendo o retorno do reciclável papel cartão. Se insistir nesse ritmo de crescimento, a necessidade de papel no ano 2000 será cinco vezes maior do que a atual, uma projeção que aflige os pesquisadores. Pois, com os indíces vigentes de reposição de árvores, não há fibra no planeta que dê conta de toda essa papelada. Ao menos, por enquanto. Hoje, a madeira representa 95% da matéria-prima fibrosa usada pela indústria papeleira. No entanto, os cientistas começam a examinar com atenção fontes alternativas, como folhas de carnaúba, palmito e, mesmo, bagaço de cana. Além disso, laboratórios americanos e japoneses desenvolvem papéis de fibras sintéticas - feito o náilon -, embora seu preço ainda seja proibitivo.
De certo modo, a história se repete: não é a primeira vez que o homem se vê obrigado a buscar novos suportes à escrita. A pedra, em que os egípcios relatavam episódios importantes há mais de 6 500 anos, foi provavelmente o primeiro deles. três mil anos mais tarde, porém, os babilônicos criaram a tábua de argila-entre eles, a educação era obrigatória, ou seja, quase todo mundo escrevia e não era nem um pouco prático fazê-lo em monolitos. A popularização da escrita, aliás, levou os povos mediterrâneos a desenvolver tabuletas portáteis cobertas de cera, que podiam ser polidas e, desse modo, grafadas repetidas vezes. Já os orientais, em geral, empregavam folhas- daí essa palavra ser sinônimo de páginas-costuradas feito livros. Os antigos gregos e romanos, contudo, preferiam gravar em chapas metálicas, até que os egípcios inventaram o papiro, no início da era cristã, trançando fatias finíssimas de uma planta com o mesmo nome, das margens do rio Nilo.
No século II, o papiro fazia tanto sucesso entre os gregos e os romanos, que os mandatários do Egito decidiram proibir sua exportação, temendo a escassez do produto. Isso disparou a corrida atrás de outros materiais e não tardou que, na cidade de Pérgamo, na Antiga Grécia (hoje, Turquia), se encontrasse o pergaminho. obtido da parte interna da pele do carneiro. Grosso e resistente, ele era ideal para os pontiagudos instrumentos de escrita dos ocidentais, que cavavam sulcos na superfície do suporte, o quais eram, depois, pacientemente preenchidos com tinta. O pergaminho, entretanto, não era liso e macio o suficiente para resolver o problema dos chineses, que praticavam a caligrafia com o delicado pincel de pêlo, inventado por eles ainda no ano 250 a.C.-só lhes restava, assim, a solução nem um pouco econômica de escrever em tecidos como a seda. E tecido, naqueles tempos antigos, podia sair tão   caro quanto uma pedra preciosa.
Provavelmente, o papel já  existia na China desde 0 século Il a.C., como indicam os restos em uma tumba, na província de Shensi. Mas o fato é que somente no ano 1 05 A C. o Oficial da corte. T´sai Lun anunciou ao imperador a sua invenção. Tratava-se, afinal, de um material muito mais barato do que a seda, preparado sobre uma tela de pano esticada por uma armação de bambu. Nessa superfície, vertia-se uma mistura aquosa de fibras maceradas de redes de pescar e cascas de árvores. "No fundo, fazer papel ainda é molhar as fibras, socar e deixar secar", resume a museóloga paulista Lourdes Cedran presidente da Associação Brasileira de Papel Artesanal (Abrapa), que reúne 45 sócios, dispostos a colocar literalmente as mãos na massa, imitando a velha técnica que, aliás, os chineses esconderam por 600 anos 
Aproximadamente no ano 750 d.C., dois artesãos da China foram aprisionados pelos árabes. na antiga cidade de Samarkanda, aos pés das montanhas do Turquestão, hoje território soviético. A liberdade só lhes seria devolvida com uma condição-se eles ensinassem a fabricar o papel, que assim iniciou sua viagem pelo mundo. No século X, foram construídos moinhos papeleiros em Córdoba, na Espanha. "Os demais países da Europa, fervorosamente cristãos, demoraram para aceitar o produto oferecido pelos árabes", nota Lourdes. "Usava-se como desculpa a fragilidade do papel em comparação ao pergaminho."
Para diminuir essa desvantagem, os italianos da cidade de Fabriano começaram a fabricar papéis, por volta de 1268, à base de fibras de algodão e de linho, além de cola-substancia que, ao envolver as fibras, tornava-as mais resistentes às penas metálicas com que escreviam europeus. Quanto ao preço, no entanto, papel e pergaminho empatavam, pois era muito difícil conseguir roupas velhas para extrair a celulose. Quando, na Renascença, o advento da imprensa fez o consumo de papel aumentar terrivelmente, os ingleses chegaram a determinar que as pessoas só poderiam ser enterradas com trajes de lã, a fim de poupar os trapos de algodão, deixados compulsoriamente de herança para os papeleiros.
Já não se faz papel como antigamente, embora os especialistas reconheçam que o algodão oferece as melhores fibras. Economicamente é mais interessante que essa matéria-prima seja encaminhada à indústria têxtil. Mas até hoje o papel-moeda, por exemplo, não dispensa esse nobre ingrediente, que por ter fibras longuíssimas faz um produto difícil de se rasgar e de grande longevidade. O algodão demorou para ser substituído. Somente em 1719, o entomologista René de Réaumur (1683-1757) sugeriu trocá-lo pela madeira. Ele observou vespas construindo ninhos com uma pasta feita a partir da mastigação de minúsculos pedaços de troncos. Sob lentes de aumento, a obra das vespas e a dos artesãos papeleiros eram muito parecidas.
A idéia de Réaumur foi mal recebida, por questão estética: a celulose extraída da madeira dava origem a uma pasta de cor parda. Até o final do século XVIII, escrever em uma folha branca era um verdadeiro luxo-já era difícil conseguir qualquer pedaço de pano e essas folhas, particularmente, só podiam ser obtidas de tecidos igualmente alvos . Em 1744, porém, uma descoberta iria impulsionar a fabricação do papel com a celulose de árvores: o químico sueco Karl Scheele (1742-1786) isolou a molécula do cloro e revelou seus efeitos alvejantes. Ou seja, daí em diante, era possível produzir papel branco com qualquer madeira, que se tornou a protagonista do processo.
"São necessárias poucas horas desde o momento em que a árvore tomba no chão para que se comece a extração da celulose", conta Antonio dos Santos, o Riska, apelido que ganhou no time de futebol da escola primária e pelo qual é conhecido na Ripasa, uma das maiores indústrias de celulose e papel do país. Ali, ele é o gerente de produção, embora nunca tenha entrado na faculdade. "Trabalho há trinta anos no setor papeleiro", orgulha-se ele, capaz de escalar as imensas máquinas da empresa, que as vezes alcançam  10 metros de altura, para explicar cada detalhe de seu mecanismo. Em alguns segundos, equipamentos descascam os troncos de eucalipto, a espécie preferida pelos brasileiros para a extração de celulose. "As cascas são aproveitadas em caldeiras, e se transformam em combustível", diz Riska.
Outro equipamento pica as toras já descascadas com a precisão de um exímio cozinheiro, em cubos de 1,5 a 2 centímetros de espessura, nem mais, nem menos. "Esses pedaços de madeira, os cavacos, devem ser todos o mesmo tamanho para que se consiga celulose de boa qualidade", determina o gerente de produção. Faz sentido: dali, após serem lavados para não sobrar um grão de areia ou da terra, os cavacos passam para gigantescas panelas de pressão, os digestores, onde são cozinhados numa temperatura de 170 graus Célsius. "Se fossem de tamanhos diferentes, alguns cavacos ficariam no ponto antes de outros", explica Riska.  O cozimento costuma demorar somente duas horas, porque esses toquinhos são mergulhados em um caldo leitoso, o licor branco, que combina soda cáustica e sulfeto de sódio, entre outros ingredientes. Essas substâncias são catalisadoras, isto é, aceleram certas reações que, no caso, provocam  a dissolução na água de tudo o que não é celulose, como a lignina - outro componente da madeira, cujas propriedades vêm sendo estudadas, para seu uso industrial como adesivo ou aromatizante.
Outra lavagem com água fresca separa a celulose do restante-agora um caldo escuro, a lixívia negra, que pode ser reciclada para que os componentes formem novamente o licor branco do início do processo, em vez de poluirem rios. "A massa de celulose serve diretamente para se fazer papel pardo ou papelão", conta Riska. Ou é tratada com cloro para se tornar branca."
Na hora de fabricar o papel propriamente dito as laminas de celulose são molhadas em água, dentro de liquidificadores tamanho família. Nessa fase, misturam-se também aditivos, conforme a finalidade. "Acrescentamos sabões à base de resina vegetal, quando queremos um papel que dificilmente se desmanche em água, como o dos coadores descartáveis de café", exemplifica Riska. Indispensável, porém, é a adição do amido, que funciona como um adesivo entre as fibras de celulose.

Olhando-se um papel no microscópio, vê-se que essas fibras nem sempre se dispõem homogeneamente-ora estão mais unidas; ora, mais separadas. "Sem o amido. tapando os buracos dessa superfície, o papel daria sempre a impressão de estar engordurado, com partes mais transparentes e partes mais opacas" descreve Riska. A pasta de celulose é finalmente derramada na máquina de papel, que surgiu ainda em 1799, criada por dois ingleses, os irmãos Fourdrinier. Ela se divide em três seções: formação, prensas e secagem.
"As máquinas modernas produzem 1 200 metros de papel por minuto", informa José Luiz Malerbi gerente de marketing da Voith, empresa alemã que está entre os três maiores fabricantes mundiais de equipamentos para a indústria papeleira. "Essa velocidade é para compensar os dois anos que elas demoram para ficar prontas", brinca. Uma máquina é sempre desenhada de acordo com as características da encomenda. "Com mais de 125 metros de comprimento é 10 metros de altura, só vale a pena montá-la em seu endereço definitivo", conta Malerbi.
Os equipamentos mais recentes, como os que se encontram na fábrica da Ripasa, em Americana, interior de São Paulo, são monitorados por computador. Na tela, o técnico pode ver o desenho do tanque de celulose e conferir se ele está cheio da pasta. Com aparência de coalhada, ela se derrama em jatos na chamada mesa formadora-o que também pode ser visto na telinha -, cujo comprimento é comparável ao de uma piscina olímpica. A massa é jorrada em alta velocidade-para haver o mínino de turbulência, o que provocaria ondulações no papel-, através de inúmeros tubinhos, dispostos na mesma direção em que se pretende deixar as fibras. Isto é, no papel de boa qualidade, esses microscópicos fios de celulose não se espalham ao acaso, mas enfileiram-se longitudinal ou transversalmente.
Ao sair da mesa formadora, a composição da folha é 80% água e 20% sólidos. Parte dessa água será retirada por pesadas prensas de aço, revestidas com feltros de fibras sintéticas. O revestimento, idéia que os alemães tiveram ainda em 1829, ajuda a alisar a folha, aumentando seu brilho. No final da seção de prensagem, apenas seis em cada dez moléculas do papel, que viaja a 60 quilômetros por hora na esteira do equipamento, são de água. Durante o percurso, o líquido é sugado por rolos perfurados e, então, escoados até um tanque sob a máquina.
"Essa água é filtrada para ser novamente aproveitada", conta Eduardo Antonio Mambrim, gerente de meio ambiente da Ripasa. Depois de trabalhar trinta anos na produção de papel, ele se anima com o desafio de arrancar dessa indústria a fama que sempre teve - a de destruir florestas para conseguir matéria-prima, ser poluidora, despejando, por exemplo, o cloro do branqueamento nos rios e, ainda, consumir água indiscriminadamente. Segundo Mambrim, graças a um sistema fechado, que não permite muita perda do líquido cada máquina gasta apenas cerca de 420 000 litros de água por dia o equivalente a cerca de três banheiras comuns cheias.
Na parte final da prensagem, a folha passa por cilindros aquecidos com vapor, até ficar com 4 a 5% de água. "Nesse setor, ela pode receber ainda banhos de substâncias específicas na superfície", explica Mambrim. Por exemplo, o papel que embala seringas descartáveis são revestidos com camadas de bactericidas, servindo assim de barreira, que evita a contaminação do produto embrulhado. Cada máquina moderna fabrica entre 400 a 600 toneladas de papel por dia. No ano passado as indústrias brasileiras, juntas, produziram 1 321 000 toneladas de papel para escrever e imprimir; 246 000 toneladas de papel de imprensa para jornais; 2 269 000 toneladas de papel para embalagem; 404 000 toneladas de papel sanitário; 487 000 toneladas de cartões e cartolinas; 116 000 toneladas de papéis especiais, como os dos passaportes. Contudo, apenas um terço de todo esse papel é reciclado-isso é metade do que reaproveitam países como o Japão, a França e a Alemanha.
Para conseguir fibras para essa montanha de papel novinho em folha, a Aracruz, por exemplo, que lidera o mercado nacional de celulose, derruba 11 900 eucaliptos por dia, aproximadamente. "Para evitar danos à natureza, não basta um simples programa de reflorestamento", adverte Leopold Rodés, ex-diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, que hoje dá consultoria à Klabin, a maior fabricante brasileira de papel. "É preciso plantar aquelas árvores com maior quantidade de madeira e mais resistentes às pragas." Para Rodés, com isso as indústrias poderiam manter a produção de papel, serrando menos eucaliptos. Segundo o engenheiro florestal José Zani Filho, da Ripasa, no Brasil o eucalipto cresce em menos de sete anos, graças a um feliz casamento de clima e solo: "No Hemisfério Norte e o mesmo na Austrália, o período de amadurecimento é de 20 a 25 anos", compara. "Podemos acelerar um pouco mais o crescimento, verificando a influência de cada componente do solo". A paixão de Zani, no entanto, é passar o dia trancafiado na estufa, em Araraquara, interior de São Paulo, onde crescem milhões de mudas de eucaliptos dentro de tubetes, feito provetas. "Escolhemos as melhores sementes sob lentes de aumento", conta. "No ano passado, plantamos 20 milhões de eucaliptos, 2 milhões a mais do que cortamos", comemora.

O nobre bagaço da cana

Fazer papel com a celulose extraida do bagaço de cana-de-açúcar começa a se tornar possível, com resultados semelhantes aos dos processos que utilizam madeiras. Pesquisas realizadas por Priscila Benar, do Instituto de Química da Unicamp, SP, mostram que o rejeito das usinas de açúcar e álcool pode ser aproveitado pelas indústrias de papel, com a vantagem de não prejudicar o ambiente. Graças a esse trabalho, ela ganhou o Prêmio Jovem Cientista de 1990, no último mês de junho.
A extração da celulose foi baseada em um método europeu que, no caso, combina madeira de pinus e solventes orgânicos, como etanol e acetona. Com um processo parecido, Priscila, primeiro, separou os componentes do bagaço, atacando-o com ácido acético, o popular vinagre, e catalisadores capazes de adiantar a obtenção da polpa de celulose. Esses reagentes são reaproveitados, numa escala de 90 a 95%, evitando a poluição ambiental.
Depois, a química de 23 anos desenvolveu um projeto, inspirado na planta piloto de uma fábrica de celulose alemã. "Nela, o espaço físico ocupado é dez vezes menor que o de uma indústria papeleira convencional, mas o rendimento é o mesmo", conta Priscila, entusiasmada. Se comprovada a eficiência do modelo criado por Priscila, o setor se beneficiará com a possibilidade de montar pequenas indústrias, nas vizinhanças das usinas de álcool e açúcar. Bolsista da Fapesp-Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Priscila ainda não produziu papel com a celulose do bagaço: "Será a última etapa do trabalho", explica. "O lixo e a queima em caldeiras, para geração de energia, são finalidades pouco nobres para uma matéria-prima tão rica", afirma a pesquisadora.
Marcelo Afini


Arte do lixo

A garagem da casa antiga, no bairro do Sumaré, em São Paulo, abriga tachos, varais, ferros de passar. É nesse espaço que a artista plástica e museóloga Lourdes Cedran faz pequenos cartões, folhas coloridas, livros, cadernos, telas, cúpulas de luminárias, trabalhos que, hoje, estão expostos na Suíça. "Fazer papel se tornou um vício", diz ela, entre meia dúzia de gatos siameses, que passeiam pelo ateliê. A apixão surgiu em uma viagem ao Japão, quando Lourdes trouxe alguns exemplares de papel artesanal. "Tive pena de usá-los. Eles continuam intactos na gaveta", conta. Desde então, ela estuda técnicas de preparar papel, em que a máquina é substituída por moldes, os cilindros secadores, por ferros de passar roupa. O mais interessante porém, é a matéria-prima usada para esses papéis: cascas de legumes e galhos de árvores podado pela prefeitura. "O melhor desse trabalho é transformar lixo em arte", conta a artesã, que agora prepara um livro e um curso, sob encomenda da Unesco.


A fabricação do dinheiro vivo

Pode ser o pagamento de uma dívida de jogo, de drogas ou mesmo de um resgate. Na cena, comum em filmes policiais, bandido que se preza só aceita dinheiro vivo, feito com o inimitável papel-moeda. Afinal, o bom falsário engana, mas seu trabalho jamais atinje a perfeição, tamanha a tecnologia por trás de uma cédula. Além de usar fibras especiais, como as de algodão, que dão maior durabilidade às notas, esse papel especial apresenta o que se chama itens de segurança.
Basta colocar 50 cruzeiros contra a luz, por exemplo, para ver o desenho sombreado e a linha que corta a cédula verticalmente conhecido como marca-d´água, esse efeito é obtido com uma moldagem no papel, quando a massa não está completamente seca. Além disso, o dinheiro exibe inúmeras fibras coloridas, espalhadas aleatoriamente, impossíveis de ser reproduzidas em um papel depois de pronto. Há apenas treze anos, o Banco Central parou de importar o chamado papel-moeda. O Brasil, no entanto, não tinha tecnologia para fabricar o próprio dinheiro. Por isso, foi aberta uma licitação internacional: a proposta vencedora, então, foi a do Grupo Simão em parceria com o francês Arjomari, prevendo não só o repasse de tecnologia como sua instalação no Brasil.
A fábrica, fruto dessa parceria, fica no miolo do prédio de uma indústria que produz outros tipos de papéis especiais, como os dos vales-refeições. É como se uma fábrica servisse de segundo muro ou barreira para a outra duplicando a segurança", explica Michel Giordani, o neto de franceses que dirige a Arjomari no Brasil. Isso, no entanto, não dispensa circuitos de televisão, guardas e cães treinados, que cercam o edifício em Salto, no interior de São Paulo. 
"Há apenas uma entrada, que também serve de saída. As paredes de cimento são capazes de resistir até a explosão de bomba", contra Michel Giordani.
Até certo ponto, a fabricação do papel-moeda é semelhante à do papel comum. Uma máquina transforma a pasta de celulose em folhas secas, que são cortadas, conforme especificações da casa da moeda. Primeiro, é feita uma contagem manual, por mulheres que verificam nota por nota, observando eventuais deformações ou bordas nas folhas, que comprometeriam a segunda contagem. Esta é realizada por máquinas: o número de folhas deve ser exato - não podem existir notas a mais nem a menos. Finalmente, o papel é transportado por caminhões-baús, enviados pelo próprio cliente, lacrados e escoltados por viaturas de seguranças armados, até o município de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, onde fica a casa da moeda. "Tinta impressão e numeração, por exemplo, são fatores menores na hora de separar o falso do verdadeiro. Só o papel responde por 70% da autenticidade de uma nota", garante giordani. O Brasil exporta esse produto para quase todos os países da América Latina. "Infelizmente, porém, os brasileiros não tratam bem suas notas. Armafanhadas em bolsos e carteiras, elas acabam se deteriorando mais rápido", lamenta Giordani. "Isso não ocorre em países onde a inflação é menor. A duração de uma nota costuma acompanhar a do valor estampado em sua face".  

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Esta sofrida gente de esquerda - Canhoto.

ESSA SOFRIDA GENTE DE ESQUERDA - Canhoto.



A mão esquerda tem razões que a ciência desconhece. Talvez por isso os canhotos sejam tidos como pessoas esquisitas e frequëntemente vítimas de preconceitos.Mas nada disso está direito: eles são tão normais como os destros.

Já se sabe ao certo qual foi a maior conspiração da História. Sem dúvida foi a conspiração contra a esquerda, combatida por todos os lados, nos dois hemisférios, como se houvesse um acordo sinistro entre todos os que preferiam a direita - a mão direita, bem entendido. Durante milhares de anos, quase sem exceção, o lado esquerdo ficou com o pior pedaço e isso é demonstrado, na prática, nas crenças preconceituosas e palavras pejorativas que lhe são associadas. Por outro lado, "à direita do Deus Pai", como está na Bíblia, ficam as boas ovelhas. Direito máximo, injustiça máxima: a supervalorização do destro somada a um fator real - a maioria das pessoas é mais hábil com a mão direita - estigmatizou os canhotos, aqueles que dominam melhor a mão esquerda, como pessoas no mínimo diferentes e esquisitas.
Até há poucas décadas, os canhotos eram castigados ou convencidos de alguma forma a trocarem direitinho de mão. Escrever com a "mão errada" era desde sinal de insubordinação grave até prova de dificuldade de aprendizado. Mas a medicina moderna e as novas teorias pedagógicas, de mãos dadas, derrubaram essas idéias falsas. Reconhece-se que a mão esquerda de um canhoto não é nada canhestra. E como as pessoas passaram a ter o direito de preferir o lado esquerdo, nos últimos anos o número conhecido de canhotos aumentou consideravelmente. Hoje se estima que existem cerca de dez canhotos em cada cem pessoas de qualquer população. Isso comprova: os canhotos são minoria no mundo. Mas uma minoria de 500 milhões de pessoas. O que não se sabe é quantas pessoas usam a mão direita forçadas por pressões do ambiente.
Ser canhoto é fazer um esforço a mais para coisas tão banais do cotidiano que, na verdade, não deveriam exigir esforço algum. Saca-rolhas, torneiras, maçanetas - tudo o que gira, gira para a direita na ditadura dos destros. Para os canhotos, de duas, uma: ou vivem um eterno jogo de desmunhecar ou aprendem a lidar com as coisas usando a mão direita. Existem em muitos países indústrias preocupadas também com esse lado (esquerdo) da questão, fabricando objetos próprios para as mãos canhotas. A pioneira foi uma fábrica finlandesa que, em 1954, começou a produzir tesouras canhotas, ou seja, com as laminas invertidas.
Nos Estados Unidos e na Europa existem associações de canhotos, que batalham por seus direitos - igualdade de oportunidades no trabalho, por exemplo. No Brasil, uma Associação Brasileira de Canhotos (Abracan) surgiu no final da década de 70, e conseguiu apoios ilustres, como o do então presidente João Figueiredo, um canhoto; também conseguiu do governo Paulo Maluf, de São Paulo, a determinacão de que ao menos cinco por cento das carteiras nas escolas públicas sejam para canhotos, isto é, com a mesinha de apoio no lado esquerdo. Em 1982. porém. a Abracan fechou por falta de recursos, deixando aproximadamente 14 milhões de brasileiros canhotos na mão dos destros.
Uma das teorias mais aceitas para justificar á preferência pelo lado direito das coisas diz que isso surgiu com os primitivos habitantes do hemisfério Norte, adoradores do Sol. Pois, no hemisfério Norte, o Sol parece mover-se no sentido horário, para a direita. Seguindo nessa mesma direção, os budistas fazem suas caminhadas para meditar; os peregrinos que vão a Meca rezar para Alá circundam da estluertici para a direita a Ka´aba, a construção onde está a pedra sagrada dos seguidores de Maomé. Os muçulmanos, aliás, chegam a ponto de afirmar que Deus tem duas mãos direitas.
A própria Bíblia exalta a mão direita, simbolicamente a mão que " sabe dar", já que a esquerda é a que recebe de Deus o sopro da vida. Michelângelo,( pintor italiano canhoto, retratou esse momento da Criação no teto da Capela Sistina). O Antigo Testamento diz que Eva foi criada a partir da costela esquerda de Adão; tanto pior, porque dai se estabelece nos textos bíblicos toda uma duradoura ligação do lado esquerdo com o pecado e a tentação.
Na Idade Média, a Inquisição queimará os canhotos, como praticantes de bruxarias, mensageiros da morte e enviados do Diabo.

Também na Idade Média a mão esquerda passa a ser relacionada com a sujeira A explicação para isso até que tem alguma lógica: num período em que lavar-se era um hábito raro, a limpeza ficava por conta da mão esquerda, inclusive a higiene íntima. Com medo de sujar-se, as pessoas só se cumprimentavam com a mão direita , a mesma usada para comer ou pentear-se.
As escritas alfabéticas , de modo geral, indiscutivelmente favorecem os destros, porque correm da esquerda para a direita. Nessa direção, o canhoto cobre com a própria mão o que está escrevendo ou acaba torcendo o punho, segurando a caneta com a mão em forma de gancho. As exceções mais conhecidas são o hebraico e o árabe, escritos da direita para a esquerda. Já o grego é conhecido como caminho de boi, por formar um zigue-zague: vai da esquerda para a direita numa linha e da direita para a esquerda na linha seguinte.
Na realidade ninguém pode afirmar com total segurança que este ou aquele motivo é que origina o preconceito ou as desvantagens que levam os canhotos. Até porque nem a ciência moderna conseguiu encontrar uma explicação para o próprio fenômeno do canhotismo. Os macacos ou são ambidestros ou dividem-se em igual proporção entre esquerdistas e direitistas. Só no homem o ambidestrismo é uma raridade - apenas duas de cada cem pessoas, em média, são tão hábeis com a esquerda como com a direita.
Justamente por causa dessa falta de explicações seguras, o canhotismo foi o bode expiatório das mais diversas mazelas. "Atualmente sabemos que o canhoto pode ter tantos problemas de saúde ou de aprendizado quanto um destro: não há vantagem em ser um ou outro", ensina o professor de neurologia Saul Cypel, da Universidade de São Paulo. A única expressão orgânica do canhotismo é o fato de o lado direito do cérebro ser aproximadamente onze por cento maior do que o esquerdo e dele partir um feixe mais espesso de nervos.
Nos destros, o lado esquerdo do cérebro é o mais desenvolvido, porque o cérebro exerce um comando cruzado,ou seja, a parte direita do corpo é comandada pelo hemisfério cerebral esquerdo, enquanto a parte esquerda é comandada pelo hemisfério cerebral direito. Os ambidestros têm os dois hemisférios exatamente iguais e feixes de nervos da mesma espessura nos dois lados.
É sabido que o canhotismo tem a ver com a hereditariedade. "Há uma incidência maior de canhotos em famílias onde já existem canhotos", diz o doutor Cypel.
Normalmente, um casal de canhotos tem cinqüenta por cento de chances de ter um filho canhoto: quando o pai ou a mãe prefere a mão esquerda, essa probabilidade cai para não mais de vinte por cento; quando os pais são destros, a probabilidade de terem um filho canhoto é de apenas dois por cento.
Outro fato comprovado é que desde o primeiro instante de vida já se pode ou não ser canhoto.
O embriologista alemão Hans Spemann, prêrnio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1935, mostrou que nos estágios embrioná-rios de vida os dois lados do cérebro já apresentam diferenças de tamanho. Apesar de a preferência manual ser geneticamente estabelecida, a criança só a percebe aos cinco anos de idade (embora haja crianças que se definem aos dois anos e outras,igualmente normais, só aos sete ou oito).
A preferência manual está dentro de um contexto muito amplo: a lateralidade, ou seja,a dominância de todo um lado do corpo. Assim, ser canhoto não é apenas escrever com a mão esquerda, mas também preferir todo o seu lado esquerdo, embora o canhoto não perceba isso nitidamente. O lado do cérebro mais desenvolvido - nos canhotos, o direito - está conectado a um número maior de nervos, que recebem todo tipo de informação sensitiva. Portanto, nesse lado preferido , a visão é mais aguda, a pele é mais sensível, os músculos respondem mais prontamente.
Por isso , o Dr. Guy Azemár, do Instituto Nacional de Educação Física da França, acredita que os canhotos são especialmente bons de briga. Ele observou que todos os oito finalistas do torneio de esgrima das Olimpíadas de Moscou, em 1980, lutavam com a mão esquerda, assim como cinco dos oito melhores espadachins das Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, eram canhotos. O doutor Azémar supõe que, como o hemisfério direito do cérebro possui os centros de noção de espaço, os canhotos são ligeiramente mais rápidos e precisos nos seus golpes.
É bem possível. No tênis, por exemplo, muitos campeões seguram as raquetes com a esquerda. É o caso de Thomas Koch, John McEnroe, Martina Navratilova e Jimmy Connors. O canhoto supercampeão, con-tudo, é Rocky, o pugilista do cinema, protagonizado pelo ator norte-americano Silvester Stallone.
No primeiro filme da série, o peso pesado que iria enfrentar o herói é advertido pelo técnico: "Cuidado que ele é canhoto. Não dá para confiar em canhotos, eles fazem tudo às avessas". Por razões hollywoodianas e não científicas, é claro que Rocky derrubou o destro com uma boa canhotada na cara. Mas "às avessas" mesrno, e não nas telas de cinema, viveu no século XVI, no norte da Inglaterra, a família Kerr, constituída na maioria por canhotos. Temendo que os escoceses fossem tomar-lhe as terras, o clã dos Kerr construiu no castelo escadas em caracol, com espirais da direita para a esquerda - direção contrária à usual - , de maneira que pudessem golpear os invasores, prensando-os contra a coluna central da escada. Com a maior destreza, diz a história, os canhotos Kerr expulsaram os escoceses, que até hoje usam o termo Kerrhandness (mão dos Kerr) para designar canhotismo.

Boxes da reportagem

Agourentos, desajeitados, maliciosos...

Na hora de dar sua palavra, o grego foi o único que ficou a favor da esquerda: arístera , o termo grego que designa a mão esquerda, tem o sentido de" melhor" e a mesma origem da palavra aristocracia. O latim, a princípio, concordava com essa imagem positiva: sinister, que quer dizer " esquerdo", significava "afortunado"; a palavra vem de sinus , o bolso da toga dos romanos que ficava, é claro, daquele lado.
Mas essa era a época em que as estátuas dos deuses romanos tinham a face voltada para o sul e o olhar dirigido à esquerda, ao leste, de onde vinham, com o sol, os sinais de bons augúrios. Não se sabe por que,mas as imagens das divindades, aproximadamente no século II, foram voltadas para o norte. Daí o leste ficou à direita. De "afortunado sinister" passou a ser "azarado" e os romanos começaram a costurar seus bolsos no lado direito.
Em português, língua nascida do latim, sinistro é "esquerdo" ou "suspeito" ou ainda "ameaçador".
Canhoto assim como canhestro é uma palavra com ligações etimológicas suspeitas com "cao", que por sua vez é sinônimo de "diabo". Mas a palavra esquerdo propriamente dita é de origem desconhecida. Outras línguas latinas seguem em oposição à esquerda. Em francês gauche vale para "esquerdo" e também para "desajeitado" ou "maldito" . Em espanhol, o canhoto é chamado de siniestro, termo que significa ainda "mau agouro", "Desengonçado" e "canhoto" têm um mesmíssimo nome em italiano : maldestro.
Mas as linguas não-latinas também tratam os canhotos de forma sinistra. No alemão linkisch é tanto "canhoto" quanto "maldito"; recht é "direito", "destreza e "lei" - e dessa palavra nasceu reich, "reino".Left -handed, em inglês, é o canhoto, mas também a pessoa, canhota ou destra, maliciosa e insincera. Já right-handed é tanto o destro quanto a pessoa íntegra. No árabe yamin é " mão direita" e "sorte".
O lado direito é sinônimo de coisas positivas até em países de esquerda .Na União Soviética, pravy é a palavra " lado direito" . Dela nasceu pravda, que significa " verdade".Levaya stonora é "lado esquerdo" e- -claro - "lado errado".

Alguns tipos sinistros

Eles estão em toda parte e fazem de tudo. Veja esta lista, por exemplo: Baudelaire, Ben-jamin Franklin, Beethoven, Baden Powell, Beth Faria, Carlos Magno, Charles Chaplin, Cole Porter, Denis Carvalho, Gerald Ford, Goet-he, Greta Garbo, Hans Christian Andersen, Harpo Marx, Jack, o Estripador, Jimi Hendrix, João Baptista Figueiredo, Judy Garland. Júlio César, Leonardo da Vinci, Lewis Carroll, Marcel Marceau, Maria Zilda, Marilyn Monroe, Michelângelo, Napoleão, Nietzsche, Paganini, Paul Klee, Paul McCartney, Picasso, Ringo Starr, Robert Redford, Ronald Regan.

Canhotos bons de bola

Há um campo onde ser canhoto não é desdouro para ninguém. No futebol, de fato, incontáveis jogadores se celebrizaram pelo show de bola de que se mostraram capazes com a perna esquerda. Na atual Seleção Brasileira há três canhotos, todos craques: Pita e Nelsinho, do São Paulo, e Edu, da Portuguesa.
Na tricampeã de 1970 havia Gérson, que não chutava nada com a direita, mas tantas maravilhas fazia com a esquerda que ganhou o ,apelido "Canhotinha de Ouro".
Rivelino, outro canhoto daquela Seleção, era conhecido por seus dribles curtos, que dificultavam qualquer marcação, e pela potência de seu chute - a "patada atômica" . A grande vantagem dos canhotos no gramado é a facilidade com que se livram dos marcadores - quase sempre destros. Ninguém faz isso melhor hoje em dia que o argentino Diego Maradona, capaz de ir de uma ponta a outra do campo sem que ninguém consiga tirar-lhe a bola do pé esquerdo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ficção quase real - Arte prevendo o futuro

FICÇÃO QUASE REAL - Arte prevendo o futuro



Computadores inteligentes

Em 1951, o inglês Arthur C. Clarke publicou A Sentinela, conto que daria origem a 2001: Uma Odisséia no Espaço, filme de Stanley Kubrick sobre um supercomputador, HAL, que comanda uma espaçonave e adquire vontade própria (na foto, a imagem de um astronauta aparece refletida no HAL). Hoje, a capacidade de processamento do cérebro humano já foi igualada, talvez até superada, por máquinas. Em 1997, por exemplo, um supercomputador da IBM bateu o campeão de xadrez Gari Kasparov em um tira-teima.



Submarinos

Em 1869, o escritor francês Julio Verne (1828-1905) imaginou um submarino que utilizava um combustível eficiente e praticamente inesgotável. A história do capitão Nemo e dos tripulantes do submarino Nautilus (foto), em Vinte Mil Léguas Submarinas, inspirou um filme homônimo dos estúdios Walt Disney, em 1954. Um ano depois, surgiu o primeiro submarino de verdade movido por propulsão nuclear - que foi batizado de Nautilus em homenagem ao veículo descrito por Verne.



Viagem no tempo

Em 1895, H.G. Wells (1866-1946) publicou A Máquina do Tempo. O livro teve duas adaptações para o cinema. A mais recente delas, de 2000, com o ator Guy Pearce (foto), foi dirigida por Simon Wells, bisneto do escritor inglês. Só no início do século 20, com a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, a ciência passou a encarar com seriedade esse tema. Hoje se sabe que um corpo que se move a uma velocidade próxima à da luz pode atravessar uma galáxia em poucos segundos, mesmo que, para quem olha da Terra, essa travessia pareça levar milhares de anos.



Animais híbridos

No romance Frankenstein (1816), da inglesa Mary Shelley (1797-1851), o personagem principal é criado da união de partes retiradas de diversos corpos humanos. Ainda não chegamos a tanto, mas os cientistas já conseguem produzir bizarrices como Rama, resultante do cruzamento de um camelo e de uma lhama, nascida em 1998. A história de Shelley teve inúmeras adaptações para o cinema, como a versão de 1994 dirigida por Kenneth Branagh, com o ator Robert de Niro (foto) na pele da Criatura.



Viagem à Lua
Ao descrever uma viagem à Lua, o escritor Julio Verne incluiu pormenores impressionantes. Em tom profético, os livros Da Terra à Lua (1865) e Viagem ao Redor da Lua (1869) apresentam muito do que, de fato, ocorreria com o projeto americano Apollo, quase um século depois. A forma cilíndrico-cônica do foguete, o tempo da viagem e os efeitos da falta de gravidade foram alguns detalhes antecipados por Verne. Seus livros inspiraram o clássico Uma Viagem à Lua (1902), de George Méliès, o primeiro filme de ficção científica da história (foto).



.
.
.
C=62670
.
.
.