Mostrando postagens com marcador dicionario. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador dicionario. Mostrar todas as postagens

sábado, 23 de julho de 2011

O Porco passado a limpo - Mundo animal

O PORCO PASSADO A LIMPO - Mundo animal



Sujo, imundo, grosseiro, torpe, imoral, obsceno, malfeito. Eis alguns dos sentidos que os principais dicionários atribuem à palavra "porco". Então a humanidade odeia porcos? Nem tanto. Especialmente se falarmos de lingüiças, salames, presuntos e afins - neste ano, os rebanhos suínos do mundo inteiro devem ser transformados em 103,6 milhões de toneladas da carne favorita do planeta.

Enquanto isso, a imagem do animal vivo patina para sair da lama. Babe, o leitão-prodígio do cinema, ganhou a simpatia da audiência, mas ter um porco de estimação ainda é coisa para gente muito excêntrica - inclua nessa lista o superastro George Clooney. No meio acadêmico, os estudos concentram esforços na melhoria da produção de carne. O naturalista Lyall Watson, que passou a infância na companhia do javali-africano Hoover, é uma exceção: admirador sincero dos suínos, dedicou a eles o livro The Whole Hog - Exploring the Extraordinary Potential of Pigs (em tradução livre, "De Cabo a Rabo - Explorando o Potencial Extraordinário dos Porcos", inédito no Brasil).

Na opinião do sul-africano Watson, o porco é tão vilipendiado quanto incompreendido. "A triste verdade é que sabemos muito pouco sobre porcos; e pouco do que pensamos que sabemos é verdadeiro." A lama dos chiqueiros esconderia um animal dotado de inteligência notável - comparável à dos golfinhos, elefantes e grandes primatas. Anos-luz à frente de cabras, vacas e ovelhas. Um degrau acima dos cachorros.

Por falar nisso, Watson sustenta que caninos e suínos foram domesticados mais ou menos à mesma época, entre 12 mil e 10 mil anos atrás. Se o porco não é o melhor amigo do homem, pelo menos é um dos mais antigos. Mas que raio de amizade é essa, em que um dos camaradas quase sempre acaba na panela? Em primeiro lugar, há evidências arqueológicas de que o homem primitivo usava cães como alimento - e só parou ao descobrir que o porco é mais saboroso. Segundo, a associação com os humanos foi lucrativa para a espécie. A dinâmica da evolução não dá a mínima para o indivíduo: graças ao sacrifício de seus semelhantes, os porcos se espalharam por todos os continentes e hoje somam 1 bilhão no mundo inteiro.

A sociedade suína
Em The Whole Hog, Lyall Watson propõe uma definição bastante ampla de porco. Ela inclui os porcos domésticos, suínos selvagens como o javali e até mesmo a queixada e o cateto, animais das Américas que têm cara e focinho de porco, mas apresentam peculiaridades anatômicas que os colocam em outra família, os taiassuídeos. Em comum, todas essas espécies desenvolveram estruturas sociais complexas e sistemas de comunicação engenhosos.

O porco carrega a fama de ser sujo e fedorento. Não é bem assim. "Eles usam a lama para reduzir a temperatura corporal", diz a engenheira agrônoma Jacinta Ferrugem Gomes, da USP, especialista em suínos. Descendente do javali eurásico, o porco doméstico se sente à vontade em temperaturas entre 16 e 20 graus Celsius. Acima dos 25 graus, o calor fica insuportável para o bicho, que, para piorar, não tem glândulas de suor. Nessa situação, qualquer um mergulharia de trampolim numa piscina de lama - embora os suínos dêem preferência a tocas cavadas no solo quando estão em condições selvagens.

Até para usar o banheiro o porco tem suas inibições. "Eles defecam somente em alguns lugares, estabelecem ‘latrinas’ em pontos consensuais, mesmo em ambientes severamente limitados", diz Lyall. Isso pode ser verificado em criações comerciais. "Construímos as baias respeitando o comportamento do animal: o comedouro fica sempre do lado oposto ao do local de defecar e urinar", afirma Jacinta. Se alguns chiqueiros são imundos, é porque os homens os mantêm assim.

E os cheiros? Eles são essenciais na comunicação entre os suínos, que os produzem aos montes. Cada animal possui, espalhadas pelo corpo, nove glândulas que secretam substâncias odoríferas fundamentais para a coesão do grupo. "Membros do mesmo bando, que compartilham muitos dos mesmos genes, acabam por ter um tipo de ‘odor de colméia’, algo que permite a membros de uma vara reconhecer uns aos outros em um nível inconsciente", afirma Watson. São códigos que nós não temos a capacidade de decifrar - talvez porcos achem repulsivo o aroma do Chanel n° 5.

Uma vara de porcos -- domésticos ou selvagens - deixa suas marcas cheirosas por onde quer que passe. Além do mais, suínos não são particularmente silenciosos. Tudo isso, em tese, ajuda os predadores, pois faz da localização dos animais uma tarefa fácil. Mas o benefício de manter o grupo unido acaba por ser maior que o custo. Estar no meio da multidão sempre aumenta as chances de sobrevivência. Há também aqueles que contra-atacam, como as queixadas da América do Sul. Essas criaturas vivem em bandos de até 200 indivíduos equipados com dentes fortes o bastante para quebrar castanhas-do-pará. Quando acuadas por jaguatiricas, onças ou humanos, as queixadas põem-se em formação circular e fazem um "arrastão" contra o predador -- que pode se dar muito mal caso não consiga fugir.

Porcos domésticos não costumam ser tão agressivos, mas têm lá seus rompantes de delinqüência. Como conseguem delimitar um círculo social de até 30 animais, entram em parafuso em grupos grandes demais. "Eles começam a formar subgrupos e adotar um comportamento de gangues, em que um bando hostiliza o outro", diz Jacinta. A hierarquia da sociedade suína é linear: há um indivíduo dominante, um segundo mais poderoso e assim até chegar àquele que não apita nada. No topo da sociedade, alguns machos constituem haréns com dez "esposas", em média. Os outros aguardam a vez de desafiar os machões do pedaço e conquistar seu próprio mulherio. Ou não: "Machos subjugados por todos os outros podem passar a agir como fêmeas", diz Jacinta. "Mas o homossexualismo é mais comum em fêmeas com tendência dominante."

Javalins no quintal
O homem pré-histórico não domesticou porcos, mas javalis. Os dois animais pertencem à mesma espécie, a Sus scrofa (o porco caseiro é a subespécie Sus scrofa domesticus) e podem cruzar entre si. Todos os porcos são descendentes de javalis eurásicos e guardam sua herança genética. De acordo com Lyall, a transformação se deveu a dois fatores. Um deles foi a seleção feita por criadores, que priorizavam animais com características como orelhas caídas (geralmente mais dóceis - os ferozes javalis têm orelhas em pé) e facilidade de ganhar peso. O outro fator teria sido a adaptação do próprio javali ao confinamento: com comida abundante, não há por que brigar por alimentos - assim foram diminuindo tanto os dentes quanto o instinto de usá-los contra alguém. No mais, a cabeça encolheu, as pernas ficaram mais curtas e a pelagem praticamente sumiu.

Acontece que, se você deixar porcos abandonados à própria sorte, eles começam a se comportar como seus ancestrais - e a parecer com eles. "Em algum lugar de seus genes, eles guardam as instruções básicas necessárias para se tornarem novamente animais selvagens e livres, com pêlos eriçados e um comportamento muito mau", afirma Lyall. Quanto demora a metamorfose? Uma geração é o suficiente: leitões subnutridos tendem a desenvolver cabeças maiores que as de seus pais.

O que chamou os javalis para perto dos humanos foi a nossa comida. E também a bebida. Em alguns sítios arqueológicos da Idade da Pedra foram encontradas pedras aparentemente usadas para moer grãos, mas nada parecido com um forno. Supõe-se, então, que nossos antepassados descobriram o prazer da cerveja antes mesmo de aprender a fazer pão. "Os subprodutos da fabricação de cerveja devem ter sido muito atraentes para os porcos, é algo que eles podem farejar a quilômetros de distância", diz Lyall. É possível que, àquela altura, o homem primitivo já tivesse duas boas desculpas para largar mão da vida de nômade: cerveja e um companheiro de copo - o porco, já que cães não têm o mínimo interesse por produtos fermentados.

As criações de suínos passaram a fazer parte da paisagem dos assentamentos humanos, da China à Mesopotâmia e à Grécia. Em algumas civilizações, eram considerados divindades. Em outras, porém, foram rotulados como impuros. Esses tabus contra os porcos persistem até hoje entre judeus e muçulmanos. Para Lyall, o fato de essas religiões terem sido forjadas no Oriente Médio tem tudo a ver com a rejeição aos suínos. Porcos comem basicamente os mesmos alimentos que nós - e não grama, como fazem cabras e ovelhas. Em áreas desérticas, seria economicamente inviável manter animais que disputam com o homem a pouca comida disponível, com o agravante de que porcas não produzem mais leite do que o suficiente para amamentar seus filhotes. Além disso, os primeiros judeus e muçulmanos eram tribos de pastores em um mundo onde era essencial manter a identidade de grupo - assim, a abstenção de carne suína também funcionava como um modo de diferenciar esses povos dos agricultores comedores de porco.

Em ambientes menos hostis, porcos garantiam a subsistência dos menos afortunados. Na Europa medieval, eles eram a única fonte de carne vermelha ao alcance de um homem pobre - a banha também tinha seu valor num tempo em que óleos vegetais eram uma coisa bastante rara. Esses animais eram criados nos quintais das casas, sendo alimentados com restos de comida e excrementos humanos. A figura do porco caseiro resistiu até meados do século 20, mas só nas áreas rurais. Nas cidades grandes, eles desapareceram um século antes, mas não sem a resistência da população. "Porcos foram encontrados até mesmo dentro das casas, sob as camas", escreveu o filósofo alemão Friedrich Engels sobre Londres em 1845, quando as autoridades locais decidiram que, pelo bem da atmosfera britânica, moradias humanas não deveriam ser também chiqueiros. Os animais eram atirados às ruas. Para imaginar como a cidade ficou após a "dessuinização" dos lares, pense numa horda de porcos famintos revirando o lixo em frente ao Big Ben.

O continente americano conheceu seus primeiros suínos verdadeiros na segunda expedição de Cristóvão Colombo às "Índias Ocidentais", em 1493. Outros navegadores também desembarcavam por aqui os porcos que sobreviviam ao cozinheiro do navio. Esses animais curiosos não demoraram a se embrenhar nas matas e regredir ao estado selvagem. O resultado é que hoje, além dos taiassuídeos como o cateto e a queixada, as Américas abrigam suas próprias variedades de porcos-do-mato.

Foi graças ao Novo Mundo que a criação de suínos sofreu uma revolução: a descoberta do milho americano como ração permitiu a manutenção de rebanhos de tamanhos antes impensáveis. Os colonos do Meio-Oeste dos Estados Unidos perceberam que seus animais amaram a nova dieta, que tinha a vantagem de engordar os porcos como nenhum outro alimento. O Corn Belt, cinturão de milharais que ocupa uma imensidão no coração da América do Norte, só existe porque os americanos adoram bacon no café da manhã - e um pouco de sucrilhos.

Um animal especial
"As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco." Porcos foram os animais escolhidos pelo escritor inglês George Orwell para tomar o poder na fazenda do livro A Revolução dos Bichos, de 1946. Napoleão e Bola de Neve, a dupla suína de tiranos, era claramente inspirada nos líderes da Revolução Soviética - mas, na visão do naturalista Lyall, a opção de Orwell por esse animal não ocorreu ao acaso. Para ele, porcos são realmente mais iguais que os outros bichos.

"Sob o zoomorfismo da história que sustenta sua proposta ideológica, Orwell exibe um conhecimento preciso do design biológico", diz Watson. De fato, entre os animais de uma fazenda, suínos seriam mais elegíveis ao posto de líder que, digamos, ovelhas ou galinhas. Mas, para azar deles, sua esperteza é um tanto difícil de ser exibida.

O porco leva uma enorme desvantagem em relação ao gorila e ao chimpanzé, animais mais comumente associados à noção de inteligência: não possui patas capazes de manipular objetos ou criar instrumentos. Para explorar o mundo, ele se vale de seu focinho, que está longe de ter o tamanho e a diversidade de movimentos da tromba do elefante. Suínos também carecem da agilidade e da rica expressão corporal do golfinho. Porcos são animais presos a um corpo muito pouco especializado.

Por isso, precisam se adaptar para aproveitar ao máximo o ambiente. A chave da inteligência suína, segundo Watson, é o hábito de comer de tudo. "Onívoros nunca param de investigar e estão sempre à procura de qualquer coisa que possa lhes trazer alguma vantagem." Essa curiosidade requer uma memória espacial desenvolvida: porcos são aparelhados não só para localizar fontes de alimentos, mas também para achá-las novamente depois de longos intervalos.

Porcos brincam entre si, mesmo quando adultos. "Alguns animais, nos momentos de tédio aparente, começam a correr atrás dos outros, simulando brigas", afirma a bióloga Cibele Biondo, da USP, que estuda o comportamento dos catetos. A engenheira agrônoma Jacinta, que trabalha com porcos domésticos, também observa esse comportamento: "Eles ‘jogam bola’ e são capazes de usar um pneu pendurado no teto como balanço". Para Lyall, as brincadeiras são pré-requisitos para aquisição de uma série de habilidades sociais. "Brincar parece ser uma atividade necessária para o cérebro saudável - tanto de porcos quanto de humanos", diz.

E às vezes o cérebro do porco pode nos dar rasteiras. Em 1914, o psicólogo Robert Yerkes, da Universidade Yale (em Connecticut, Estados Unidos), submeteu diversos animais - incluindo porcos e humanos - a um teste de memorização de padrões em que uma recompensa era escondida em diferentes compartimentos a cada vez. Os suínos foram excepcionalmente bem na prova, matando a charada mais rapidamente que muitos dos voluntários humanos.

Não, porcos não são mais inteligentes que nós. Mas um olhar atento pode revelar similaridades assombrosas entre as duas espécies. "Se queres conhecer teu corpo, mata um porco", diz um provérbio português. As semelhanças anatômicas estão no trato digestivo, nos dentes, no fígado, no coração. Porcos também são suscetíveis a algumas das mesmas doenças que acometem os humanos - como câncer, reumatismo e artrite -, além de responder da mesma forma a muitos medicamentos. Por isso, eles se destacam entre as cobaias nas pesquisas médicas de transplantes ou de novas drogas.
A humanidade encara o porco como um bicho que está aí para nos servir. Milhões deles são sacrificados o tempo todo, seja para nos prover alimento, seja para salvar as vidas de nossos doentes. É perturbador perceber que esse animal tem muitas coisas em comum conosco - e enxergar que já houve vida inteligente nos pertences de uma feijoada.



.
.
.
C=61166
.
.
.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Livro apresenta a história do O. K.

04/12/2010 08h00 - Atualizado em 04/12/2010 14h32

Livro apresenta a história do O.k., palavra mais falada do planeta
O.k. foi usado pela primeira vez como brincadeira, em 1839.
Para pesquisador, a palavra é uma filosofia inteira expressa em duas letras.



O livro do professor Metcalf, que apresenta a história
da 'palavra mais falada do planeta' (Foto:
Reprodução)“Oquei”, a palavra “mais falada e digitada do planeta”, surgiu como uma piada. Foi como uma brincadeira que um jornal de Boston criou, em 1839, a expressão “O.k.”, que designava “tudo certo” e que se propagou a ponto de ser reconhecida hoje em qualquer parte do mundo. A origem “improvável” e a trajetória do termo são objeto de um estudo recém-publicado nos Estados Unidos. Segundo o linguista Allan Metcalf, autor do livro “OK”, ela é a invenção mais sensacional da língua inglesa, e é difícil explicar por que é tão bem sucedida.

“O.k. é muito incomum, e palavras incomuns dificilmente entram no vocabulário popular. Foi uma combinação muito estranha de coincidências que ajudou essa palavra, que surgiu como uma brincadeira, a se tornar tão importante”, disse, em entrevista ao G1.

Para ele, o som da combinação dessas duas letras é muito importante, e até mesmo o formato de OK, com uma letra tão redonda e outra tão pontiaguda, ajudou a prendê-la no vocabulário. “Outras palavras semelhantes, como OW, que foi uma opção criada na mesma época, não têm o mesmo efeito e não chegaram tão longe”, disse.

O som, “oquei”, também foi responsável pela divulgação internacional do termo, diz. Seu som é importante, pois quase todos os idiomas têm letras que soam similares ao O e ao K, e aceitam bem a combinação das duas.

História e versões
Nos anos 1830, um jornal de Boston tinha o hábito de brincar com o idioma e transformar expressões em siglas, novas palavras compostas pelas iniciais. Junto a termos ilegíveis como W.O.O.O.F.C. (with one of our first citizens - com um de nossos primeiros cidadãos) e R.T.B.S. (remais to be seen - Ainda precisa ser visto), a edição de 23 de março de 1839 trazia pela primeira vez o termo “o.k. – all correct”. Era uma brincadeira que trocava as primeiras letras do “all correct” (tudo certo), de acordo com o som delas na palavra. Uma brincadeira que gerou a palavra “mais bem sucedida da língua inglesa”, segundo Metcalf.

Esta história do termo, reforçada pelo livro de Metcalf, já foi comprovada por diversos estudos nos Estados Unidos. Mesmo assim, ao longo dos mais de 170 anos em que O.k. foi usada, não faltaram pesquisas a divulgar versões alternativas para o surgimento da palavra. “A história é tão simples que às vezes parece insultar nossa inteligência. Faz com que precisemos de algo mais interessante, mesmo que não seja verdadeiro”, justifica o linguista.

Em seu livro, Metcalf apresenta nada menos de que 18 dessas versões, tanto nos Estados Unidos quanto em outros idiomas. A que mais o surpreendeu, contou, era uma que dizia que O.k. era uma variação de “okeh”, um termo indígena usado pela tribo choctaw como "está certo", no fim das frases. “Essa versão enganou muitos professores de renome, e isso foi uma coisa muito estranha para mim.”

Tecnologia e futuro
O sucesso de O.k. está muito ligado à tecnologia, Metcalf explica. A palavra surgiu na mesma época em que se desenvolviam as primeiras formas de comunicação por telégrafo e se consolidou como termo de confirmação neste tipo de diálogo à distância. Com o advento da informática, ele ganhou ainda mais força ao se tornar sinônimo de “sim”, de “aceitar”, de “faça”, em comandos no computador.

À medida que a internet se consolidou, o modelo de criação de palavras com iniciais se tornou mais popular em todo o mundo. Em inglês, a cada dia aparecem novas siglas que são usadas como se fossem palavras, frases inteiras resumidas em poucas letras, para acelerar o diálogo.

Segundo Metcalf, entretanto, não há possibilidade de nenhuma dessas novas palavras ganhar a força que O.k. tem atualmente. “Não consigo imaginar que nenhuma outra palavra nova possa chegar perto de O.k. A palavra se tornou tão importante, que é quase impossível que algo semelhante aconteça novamente. O.k. é impressionante por isso. É o último dinossauro vivo dessa geração de palavras inventadas como piada nos anos 1830, e como último dinossauro, se tornou mais atraente, interessante e mais valorizada”, disse.

Filosofia
Metcalf não é modesto em sua defesa do O.k. Além de chamar a palavra de “a mais bem sucedida” e “mais falada”, ele diz que ela é “a resposta americana a Shakespeare. É uma filosofia inteira expressa em duas letras”.

O pesquisador explica que os americanos nunca foram muito afeitos a pesquisas filosóficas, e sempre preferiram estudos mais práticos e diretos. “O.k. representa este pragmatismo da mentalidade norte-americana, de querer que as coisas funcionem e completar os objetivos, mesmo que não busque a perfeição e a explicação para tudo”, disse.

Por outro lado, completou, graças ao livro “Eu estou O.k. Você está O.k.”, Best seller de autoajuda escrito por de Thomas A. Harris, “O.k. se tornou um símbolo da tolerância, que também é parte importante da nossa filosofia. Esta expressão estimula a ideia de que é aceitável ser diferente na sociedade, o que é bem importante em nossa filosofia.”

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Em iniciativa controversa, 'Web 2.0' vira o milionésimo termo do inglês

10/06/09 - 15h29 - Atualizado em 10/06/09 - 15h30

Em iniciativa controversa, 'Web 2.0' vira o milionésimo termo do inglês
Informação foi divulgada por grupo de monitoramente do idioma.
Linguistas criticaram iniciativa, dizendo se tratar de golpe publicitário.

Um grupo norte-americano que monitora o uso do idioma coroou "Web 2.0" como a milionésima palavra ou expressão do idioma inglês nesta quarta-feira (9), ainda que outros linguistas tenham criticado a decisão, dizendo se tratar de bobagem ou golpe publicitário.

O Global Language Monitor, que emprega uma fórmula matemática a fim de acompanhar a frequência de uso de palavras e expressões na mídia eletrônica e impressa, informou que "Web 2.0" apareceu mais de 25 mil vezes em buscas e é um termo amplamente aceito, o que faz da expressão candidata legítima à posição de milionésima palavra do inglês.

O grupo afirmou que a expressão surgiu como um termo técnico para designar uma nova geração de produtos e serviços na internet, mas que ganhou circulação muito mais ampla nos últimos seis meses.

Críticas
Outros linguistas, no entanto, denunciaram a lista como um simples golpe publicitário sem qualquer valor científico, afirmando que é impossível contar o número de palavras em uso no inglês ou chegar a um acordo quanto ao número de vezes que uma palavra teria de ser usada antes que seja aceita oficialmente.

Não existem regras definidas para esse tipo de contagem, porque não existe um
organismo capaz de arbitrar o que constitui uma palavra inglesa legítima; além disso, classificações de linguagem são complicadas pelo grande número de palavras compostas, verbos e termos obsoletos.

"Creio que seja uma fraude completa. Não é nem má ciência, mas sim pura bobagem", disse Geoffrey Nunberg, professor de linguística da Universidade da California, a jornalistas.

Paul Payack, presidente da Global Language Monitor, descartou as críticas e alegou que seu método era tecnicamente sólido. "Se você deseja contar o número de estrelas no céu, precisa primeiro definir o que é uma estrela e depois proceder à contagem. Nosso critério é bastante simples, e se for seguido permite que palavras sejam contadas. A maior parte dos estudiosos considera o que estamos fazendo como muito valioso", disse Payack.

Ele calculou que cerca de 14,7 palavras ou expressões novas em inglês sejam criadas a cada dia, e que as cinco palavras que antecederam a milionésima ilustram as mudanças que o inglês sofre devido às tendências sociais vigentes.