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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Dia dos Pais - Uma tradição que tem cerca de quatro mil anos

Dia dos Pais - Uma tradição que tem cerca de quatro mil anos

Conheça as origens de uma das celebrações familiares mais populares do mundo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Tumba relacionada à lenda do Rei Artur começa a ser escavada na Inglaterra

Tumba relacionada à lenda do Rei Artur começa a ser escavada na Inglaterra

Segundo a tradição, o monarca da Inglaterra teria matado um gigante no local.

domingo, 26 de dezembro de 2021

A origem da Black Friday nos Estados Unidos e no Brasil

A origem da Black Friday nos Estados Unidos e no Brasil

Com promoções imperdíveis, a data se consolidou como um dos momentos mais importantes para o comércio.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Confirmada a descoberta na lendária igreja dos apóstolos em Israel

Confirmada a descoberta na lendária igreja dos apóstolos em Israel

Templo teria sido sobre a casa de dois dos primeiros seguidores de Jesus, os irmãos Pedro e André.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Estudo revela origens dos primeiros habitantes da Ilha da Páscoa

Estudo revela origens dos primeiros habitantes da Ilha da Páscoa

Pesquisa também desvenda de onde surgiu a tradição de construir estátuas gigantes de pedra.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Há um país nas Américas onde pessoas ainda podem ser condenadas por bruxaria

Há um país nas Américas onde pessoas ainda podem ser condenadas por bruxaria


Ainda que pareça estranho, em um país nas Américas ainda está em vigor uma lei de mais de 100 anos que trata sobre feitiçaria. 

sábado, 15 de setembro de 2018

Quão nutritiva é a carne humana ? O Vencedor do IG NOBEL respondeu !!!


Quão nutritiva é a carne humana ?  O Vencedor do IG NOBEL respondeu !!!


A ideia era descobrir se o canibalismo pré-histórico fazia sentido de um ponto de vista biológico

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

5 mitos sobre os Jogos Olímpicos da Antiguidade


5 mitos sobre os Jogos Olímpicos da Antiguidade


Mitologia grega: Jogos Olímpicos originais (776 a.C a 393 d.C) ocorriam puramente pela paz e pelo esporte.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Top 10 obras fundamentais da ficção científica


Top 10 obras fundamentais da ficção científica


Desta vez não foi possível condensar tanta coisa importante em somente 7 obras,  por isso abrimos uma exceção nessa listagem das 10 principais obras da ficção científica como gênero, englobando todos os formatos. Ainda assim, várias obras que ficariam de fora da lista principal foram incluídas nas menções honrosas, tendo-se em vista a enorme quantidade de obras angulares nesse gênero.

Reprodução de postagem de Ralph Solera originalmente publicada em: 
http://maxiverso.com.br/blog/2016/02/12/top-10-obras-fundamentais-da-ficcao-cientifica-revistas-livros-filmes-etc/
*A pedido do autor deixamos bem explicito a fonte da publicação.

Vamos à lista:

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Saiba quais são os fins mágicos e medicinais do canibalismo


Saiba quais são os fins mágicos e medicinais do canibalismo


A ingestão de corpos mortos fez parte de diversas tradições, integrando-se à medicina ou a rituais de magia, até pouco tempo atrás.

terça-feira, 12 de abril de 2016

O Sabor da Própria Carne - Antropologia


O Sabor da Própria Carne - Antropologia 


O canibalismo, ritual milenar dos índios brasileiros, já foi uma cerimônia sangrenta, que misturava bravura, ódio e até respeito pelo inimigo. Hoje, sobrevive em cerimônias misteriosas e ultra-elaboradas em que são comidos os restos dos mortos queridos.

domingo, 17 de janeiro de 2016

A ilha sagrada japonesa que não permite a entrada de mulheres


A ilha sagrada japonesa que não permite a entrada de mulheres

Não há explicação precisa sobre proibição; governo japonês indicou ilha como Patrimônio Mundial da Unesco (Foto: BBC/MILT)

Apenas 200 sacerdotes recebem permissão para entrar no local em maio.
Ilha fica na antiga rota entre Japão e Coreia.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

FIM DE ANO VIDA NOVA - FELIZ 2016 PARA TODOS !!!


 FIM DE ANO VIDA NOVA  - FELIZ 2016 PARA TODOS !!!


Fim de ano, começo de um novo ciclo, continuação dos nossos sonhos e realidades, o que escolher para um novo ano (MEU CREA EM 2016 !!!), mas aqui estão as minhas palavras que são inspiradoras e ao mesmo tempo fundamentam-se no ótimo funcionamento do ser humano. São frases que revelam  as forças e as virtudes humanas, o poder que está alojado em cada um de nós. Em cada frase, farei um pequeno enquadramento sobre a visão que tenho, e porque razão podem fazer a diferença na nossa vida. Aproveite a chegada do novo ano de 2016, e implemente algumas mudanças que lhe permita ficar mais capacitado face aos objetivos que tem na sua vida. Inspire-se e renove a sua motivação.

Você não pode impedir que os pássaros da tristeza voem sobre a sua cabeça, mas pode, sim, impedir que façam um ninho no seu cabelo.  - Provérbio Chinês

Sem dúvida que no decorrer da vida de cada um de nós, milhares de acontecimentos e experiências têm inevitavelmente de ocorrer, algumas ficaram marcadas na nossa história com pesar, no entanto nós somos muito mais que a nossa história. O ser humano, é na verdade muito mais que aquilo que lhe aconteceu, é muito mais do que os seus sentimentos ou até mesmo os seus pensamentos. Você, assim como eu, somos “aquele” que vive todas essas experiências, podemos escolher até que ponto elas nos afetam a forma como nos relacionamos connosco, com os outros e com o mundo. Somos seres prospetivos (virados para o futuro), podemos escolher aquilo que queremos que influencie os nossos pensamentos. Temos o poder de escolher aquilo que queremos que viva na nossa cabeça.


Dizem que o que procuramos é um sentido para a vida. Penso que o que procuramos são experiências que nos façam sentir que estamos vivos. - Joseph Campbell

A busca do sentido da vida sempre foi um tema muito abordado pela humanidade. Porque razão vimos ao mundo, e qual a  nossa missão? São questões que todos fazemos em determinada altura da nossa vida. A vida é subjetiva, e arrisco a dizer que a vida em si  mesmo não tem sentido, tem sim, o sentido que lhe queremos dar. Este sentido que queremos dar à vida, é uma coisa pessoal e está relacionado com as experiências individuais que vivemos. São o conjunto de experiências de vida, que ao manifestarem-se em forma de sentimentos, pensamentos e comportamentos nos transmitem um significado, um objetivo e propósito. São na verdade todas as nossas experiências que vão construindo o nosso sentido de vida. Não o procuramos, não o encontramos, criamo-lo, construimo-lo.


Quando estamos cheios de bons pensamentos, parece-nos que o mundo está repleto de oportunidades. – Walter Grando

Esta é sem dúvida uma frase muito capacitadora e é das minhas preferidas. Parece muito óbvia, e na verdade é mesmo, é tão óbvia que por vezes nos afastamos dela. Os bons pensamentos não têm necessariamente de referir-se apenas a situações em que estamos contentes ou quando a vida nos corre como desejamos. Bons pensamentos, têm a ver com a capacidade que cada um de nós tem para perspetivar um conjunto de palavras, atitudes, raciocínios que nos coloquem no caminho de uma solução face a qualquer que seja a situação. É a capacidade de vislumbrar um conjunto de encadeamento de opções que nos sirvam, e nessas opções surgem as oportunidades de sermos bem sucedidos. Os bons pensamentos, são todos os pensamentos virados para a solução, e no caminho da solução surgem as oportunidades. Agarre a sua!



O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo. – Friedrich Wilhelm Nietzsche

Em nós vive todo o potencial, em nós vive tudo aquilo que nos pode acontecer. Para o bom ou para o mau o nosso pensamento funciona sempre. O pensamento não tem como não funcionar, assim como não podemos não comunicar. Não fazer nada, já é fazer alguma coisa. Não podemos, não fazer. A forma como comunicamos connosco, as opções que tomamos, e a maneira como encaramos o mundo, pode fazer de nós pessoas capacitadoras ou pessoas derrotistas. Desta forma, podemos ser o nosso melhor aliado, ou igualmente a nossa pior dor de cabeça. Alinhe os seus pensamentos e atitudes com o aquilo que pretende alcançar, pelo caminho verifique se você é o primeiro a sabotar os seus próprios desejos e ambições. Pergunte sempre, qual é a menor coisa que eu posso fazer para  me ajudar?

As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, criam-nas. – Bernard Shaw

Esta frase coloca-nos no caminho da responsabilidade e do comprometimento com a nossa vida. Muitos de nós, face às adversidades tomamos partido dos piores cenários, colocamo-nos na via da vitimização. Se eu próprio me julgar e me culpabilizar, ninguém mais terá coragem para o fazer, por vezes este tipo de pensamento dá-no algum conforto, habituamo-nos às nossas lamurias, passando a agir de acordo com esse padrão de pensamento. Do lado oposto, estão os vencedores, aqueles que optam pelo lado de se colocarem no terreno e ir à luta, de ir ao encontro da sua visão, criam as suas próprias ferramentas para que estas estejam de acordo com aquilo que pretendem criar. Pegam na sua vida, responsabilizam-se por ela, e lançam-se na aventura de serem aquilo que vislumbram vir a ser. Crie as suas oportunidades, caso elas não se estejam a manifestar.



Acreditamos saber que existe uma saída, mas não sabemos onde está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos possa indicá-la, devemos procurá-la por nós mesmos. O que o labirinto ensina não é onde está a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum. –  Norberto Bobbio

No mundo existem uma infinidade de saídas, e todos nós sabemos isso. Então porque razão muitas pessoas se sentem encurraladas? Se sentem presas neste mundo de infinitas possibilidades? Certamente porque criaram essa ilusão (não me refiro aqui às pessoas que se deparam com situações de vida totalmente catastróficas, como por exemplo o diagnóstico de morte). O mundo assemelha-se a um labirinto, de certa forma temos de procurar o nosso caminho, temos de viver a experiência de perceber o que funciona, o que não nos serve, o que é incorreto, o que não vale a pena o esforço. Mas para que isso seja possível é preciso percorrer o labirinto da vida, como se fossemos um ratinho, e tentar encontrar o nosso “queijo”, tal  como relata o Dr. Spencer Johnson no seu famoso livro: Quem mexeu no meu queijo.

Querer, querer sempre, com todas as forças. – Alfiéri

O querer tem a ver com a força de vontade, essa força que nos impele face aos objetivos. Essa força emerge sempre que atribuímos significado a algo e o vislumbramos como importante e prioritário. A nossa capacidade de agir, está ainda  relacionada com a percepção que temos (ou que não temos) de podermos ser bem sucedidos naquilo a que nos propomos. Como é óbvio não basta querer, mas repare bem que na frase está escrito: “com todas as forças”, pressupõem que coloquemos as nossas qualidades e capacidades ao serviço do querer. Certamente das suas forças irá surgir um conjunto de acções altamente energizadas que o colocarão em “vantagem”. Como diria o mestre Jedi Yoda, no filme, Guerra nas Estrelas: “Que a força esteja com você.”



A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas. –  (Horácio)

O desafio é um grande impulsionador para a acção. Face a uma adversidade uma boa estratégia a implementar é fazer coisas, é colocar-se em acção massiva. Quando estamos muito tempo na nossa zona de conforto (coisa que procuramos constantemente) e somos confrontados com a adversidade, podemos levar muito tempo a reagir, durante essa passividade podemos ter tendência para nos lamentarmos e nos resignarmos: “porque é que isto me aconteceu? Este tipo de perguntas não lhe trará qualquer tipo de esclarecimento, pelo contrário retira-lhe capacidade. Não estou a querer ser apologista que devemos viver uma vida de adversidades, e que isso é uma coisa muito boa. Aquilo que pretendo transmitir é que inevitavelmente as adversidades irão bater-lhe à porta, e que quando isso acontecer, se possível deve olhar de frente e procurar o lado positivo da situação. Provavelmente, irá descobrir forças em si que desconhecia, irá estimular capacidades que estavam adormecidas, e pela força da acção poderá deparar-se com uma nova perspetiva face à vida.



A esperança é cheia de confiança. É algo maravilhoso e belo, uma lâmpada iluminada no nosso coração. É o motor da vida. É uma luz na direcção do futuro. – Conrad de Meester

Um dos tópicos mais estudados pela psicologia positiva, que procura compreender aquilo que reforça a nossa saúde mental, tem sido o optimismo. Para Seligman, Psicólogo Norte Americano, que muito se tem dedicado a este tema, tanto o optimismo como o pessimismo são estilos explicativos, ou seja, formas de interpretar o que nos acontece, que influenciam bastante os nossos níveis de felicidade e bem-estar. Martin Seligman, implementou ainda o termo: desesperança aprendida, parte-se do princípio de que um estado de abatimento duradouro advém da experiência de uma situação desagradável e incapacitante para a qual e apesar de a pessoa se ter esforçado, não foi encontrada uma solução satisfatória. A esperança é o sentimento que nos permite perceber que ainda vale a pena o esforço, é o que nos orienta na direcção do futuro. O futuro sem esperança é insalubre (não sabe a nada). Assim sendo, trabalhe na sua esperança e a sua perspectiva temporal de futuro será risonha, isto permitir-lhe-á caminhar vendo sempre a luz ao fundo do túnel.



Não devemos contar casos em que nos depreciamos. As pessoas podem rir e se divertir na ocasião, mas futuramente irão lembrá-los e repeti-los contra nós. Samuel Johnson

Retirando as situações em que contamos anedotas e conseguimos rir da nossa desgraça ou da desgraça alheia, todas as outras podem ser depreciativos. Recorrentemente, se verbalizarmos a derrota,  a auto-crítica destrutiva, investidas negativas às nossas capacidades e habilidades, certamente iremos acreditar nisso ao ponto de se transformar num padrão de pensamento negativo e destrutivo. Os hábitos firmam-se nas nossas redes neuronais ao ponto de ser accionados sem a necessidade de estarmos totalmente conscientes deles, aumentando a probabilidade de estar a ser depreciativo acerca de si mesmo, sem ter noção nenhuma disso. Esteja alerta acerca da forma como fala consigo próprio, analise e avalie o seu padrão de diálogo, se identificar um discurso demasiado negativo, mude. Esforce-se por implementar um discurso que o engrandeça, que o capacite e lhe dê um senso de tranquilidade e paz.

O Natal e o Ano Novo estão à porta, esta é uma altura propícia à reflexão. Reflita um pouco sobre a sua vida, sobre os seus comportamentos, atitude e formas de olhar o mundo e a si mesmo. Faça planos para o futuro que sejam positivos, encorajadores e lhe mobilize o melhor que existe em si. Acredite em si, renove a sua esperança! Abraço e BOAS FESTAS…




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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Japoneses participam de festival do culto ao pênis


Japoneses participam de festival do culto ao pênis

Japoneses carregam a estátua de um pênis durante o festival Kanamara Matsuri neste domigo (5) em Kawasaki, cidade na província de Kanagawa, no Japão (Foto: REUTERS/Thomas Peter)

Kanamara Matsuri acontece há mais de 40 anos na cidade de Kawasaki.
Ritual celebra a fertilidade e arrecada dinheiro para a prevenção de DSTs.

Centenas de japoneses participaram do Kanamara Matsuri, o festival de culto ao pênis, neste domingo (5). A festa, que celebra o órgão sexual masculino, acontece há mais de 40 anos em Kawasaki, cidade na província de Kanagawa, no Japão.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

17 melhores notícias mentirosas que saíram nesse 1º de abril


17 melhores notícias mentirosas que saíram nesse 1º de abril



1 — A ThinkGeek “lançou” acessório para fazer selfie de 360º

sábado, 26 de abril de 2014

Quem foi que inventou o Carnaval ? História da Folia

QUEM FOI, QUEM FOI QUE INVENTOU O CARNAVAL? História da Folia


A mistura da tradição européia com os ritmos musicais dos africanos criou no Brasil um dos maiores espetáculos populares do mundo. O Carnaval nasceu no Egito, passou pela Grécia e por Roma, foi adaptado pela Igreja Católica e desembarcou aqui no século XVII, trazido pelos portugueses. Viva a folia!

sábado, 30 de novembro de 2013

Por que nós usamos anéis de casamento?


Por que nós usamos anéis de casamento?


Descubra a origem e o simbolismo de uma das tradições mais difundidas na cultura ocidental

Você já parou para se perguntar por que nós usamos anéis de casamento? Ou melhor, por que eles são usados no quarto dedo da mão esquerda?

quarta-feira, 13 de março de 2013

Pipa - Um Vôo por um fio


PIPA - O VÔO POR UM FIO



Inventadas pelos chineses há mais de vinte séculos, as pipas são feitas de bambu a fibra de carbono, de jornal a náilon de balões. Hoje uma brincadeira, já foram até instrumentos científicos.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Aprendendo a Comer - Comportamento


APRENDENDO A COMER - Comportamento



A segunda rodada de resultados da pesquisa sobre os hábitos alimentares dos brasileiros revela até que ponto a população de fato se interessa por assuntos relacionados com a nutrição e o que entende a respeito. Revela também como é a divisão do trabalho doméstico no capítulo comida e quais os produtos mais consumidos. 

Antigamente, para aqueles cuja mesa era risonha e farta, interessar-se por alimentação significava gostar de comer. Para aqueles cuja mesa era incerta e parca, preocupar-se com alimentação significava procurar o que comer. Mudou muito o mundo. Nas últimas décadas, começou a ser servida uma sopa de indigestas notícias, preparada por uma nova espécie de gurus, os especialistas em nutrição, e peneirada à la mode pelos meios de comunicação-e o resultado foi que preocupação e interesse por alimentos passaram a significar outra coisa, obrigando milhões de comensais a desdobrar seus guardanapos não apenas com apetite pelo prazer iminente, mas também com incerteza e ansiedade pelo que virá depois.
Que pena: justo quando a humanidade finalmente aprendeu a dominar as técnicas capazes de libertá-la do pesadelo milenar da escassez de alimentos, palavrões como  agrotóxicos e aditivos, colesterol e sugar blues deram para azedar a hora do repasto. Comer bem virou ciência: qual a porcentagem máxima de gorduras saturadas admissível no total de calorias que se deve ingerir diariamente? Quais ingredientes químicos, daqueles codificados nas embalagens por meio de letras, pontos e algarismos romanos, são mesmo prejudiciais à saúde? O que contém mais fibras, um prato de lentilhas ou uma xícara de aveia? Que diferença existe entre a dieta de Scarsdale e a de Beverly Hills? Bebidas diet engordam ou não? Gado criado com hormônios é um perigo? Fertilizantes industriais ou adubos orgânicos?
Ao mesmo tempo, saber comer virou símbolo de status, prova de refinamento cultural. Livros e coleções de receitas desandaram a vender feito pão quente: 85% das pessoas dizem ter em casa algo no gênero. Na imprensa, restaurantes tornaram-se assunto de resenhas tão doutas quanto as críticas de livros, filmes e peças. Diante dessa pantagruélica feijoada de boas e más lipoproteínas, cozinha light e cucina mediterrânea, complexos de vitaminas e complexas polêmicas, como ficam os brasileiros? Será que têm gula de conhecer esse (nem sempre) admirável mundo novo? Será que no momento de empunhar os talheres pautam-se por alguma orientação médica? Ou acham tudo isso perda de tempo, conversa fiada que não enche barriga?
A pesquisa SUPERINTERESSANTE/Feedback (que entrevistou um total de 1 200 pessoas de diferentes classes em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Belém, e cujos resultados começaram a ser publicados na edição anterior) recolheu uma avaliação pessimista a respeito -e ela inaugura esta segunda rodada de apresentação dos números sobre os hábitos alimentares da população. Pode-se dizer que, diante do conjunto de questões que agitam hoje em dia o caldeirão alimentar, os brasileiros dão a impressão de ter ouvido o galo cantar mas ainda precisam aprender onde. Interessam-se, por exemplo, por agrotóxicos, sabem que a expressão calorias não   engordam  é uma baleia, mas ignoram informações fundamentais, como o que fazem no organismo as fibras dos alimentos vegetais.A maioria, embora pareça digerir com dificuldade a dominadora presença dos produtos industrializados, com seu bufê de conservantes, acidulantes, edulcorantes e outros antes, que tornam as embalagens cada vez mais parecidas com bulas de remédio, há muito que fez a opção preferencial pelos supermercados, onde eles reinam absolutos, e comunica estar a salvo de tabus alimentares irracionais, tipo leite com manga. Mas a divisão doméstica das tarefas de escolher, comprar e preparar comida persiste em premiar a mulher com a parte da leoa do trabalho como nos velhos tempos em que ela era chamada rainha do lar e ganha pão era coisa de homem. Provavelmente por culpa da inflação, muita gente não sabe quanto gasta com os gêneros que coloca no carrinho-uma cesta básica que se compõe de um número algo restrito de produtos, varia pouco pelo país afora e, assim como os pratos que vão à mesa de todos os dias, decididamente é um indicador trôpego de riqueza ou nobreza.
Três quartos dos pesquisados apostam que o interesse dos concidadãos pela alimentação ou é escasso ou é simplesmente nenhum. E só um em dez acredita que os outros se preocupam muito com o assunto. Nessas respostas, decerto, vai embutido um juízo não muito açucarado dos brasileiros sobre seus semelhantes. Os mais céticos são os mais ricos e os cariocas. Estes últimos, por sinal, devem saber do que estão falando: chamados a qualificar as próprias atitudes, um terço e tanto deles se descreveram francamente como pouco ou nada interessados, um resultado bem superior ao das outras cidades.
No conjunto da amostra, mais de dois terços se acham muito ou razoavelmente interessados- isto é, não vestem a carapuça da indiferença que, a seu ver, os outros fazem por merecer. Os menos interessados são também os mais pobres, o que não surpreende. E sugestivo, no entanto que entre estes, assim como entre os menos instruídos, se concentre proporcionalmente o maior número dos que se dizem muito preocupados a respeito de alimentação: quem sabe para eles isso tem a ver antes com as atribulações de adquirir comida do que com a vontade de adquirir conhecimentos.
A televisão é, disparado,. a principal fonte de informações sobre questões alimentares, citada pela maioria absoluta dos que manifestaram algum interesse por tais assuntos. A TV foi mencionada sobretudo pelos mais pobres, pelas mulheres e pelos mais velhos. A correlação mais íntima porém, é com o grau de instrução, só que às avessas: a telinha alimenta além de dois terços dos que não chegaram a completar o primário e nem sequer um terço dos que concluíram o curso superior. Já o inverso ocorre com o público de revistas e jornais. A propósito, as mulheres e os mais jovens tendem a preferir revistas, os homens e os mais velhos, jornais. Conversar sobre comida com amigos e parentes é outra forma tipicamente feminina de se informar. Tudo isso, a rigor, está dentro do esperado. O que faz arregalar os olhos é a mínima participação daquelas que, supostamente, são as melhores fontes de iluminação nesse terreno: as publicações especializadas, a escola, os médicos e os nutricionistas.A falta que eles fazem não tardará a se mostrar. Para aferir com certa segurança o que os entrevistados realmente conhecem de alimentação, pediu-se que respondessem se já ouviram falar em (e se têm interesse por) alguns temas que freqüentam qualquer curso elementar de boa nutrição: o uso de agrotóxicos nas lavouras e de conservantes na indústria de alimentos: colesterol; o papel das fibras; as diferenças entre alimentos refinados e integrais; dieta vegetariana e dieta naturalista. Aqui, aparentemente, tudo bem. É da ordem de 90% o contingente dos que garantem ter ciência da grande maioria desses assuntos. A informação só diminui em relação aos eventuais problemas de saúde causados por alimentos refinados, como arroz e açúcar brancos, e à importância das fibras: dois em cada dez entrevistados nem ouviram falar disso.Regra geral e previsível: quanto mais pobres e menos instrui das as pessoas, maior a incidência de respostas nunca ouvi falar. Assim. enquanto no computo geral apenas seis em 100 não sabem que colesterol é uma substância gordurosa que se acumula nos vasos e pode bloquear a circulação do sangue, a porcentagem de desinformados mais do que duplica entre os analfabetos e os de primário incompleto. Da mesma forma, um quinto destes -o triplo do restante-ignora o que sejam agrotóxicos. Passando do campo da informação para o do interesse, o caminho dos números é de descida e o resultado final, apenas satisfatório.
Pois. mesmo diante do tema que mais curiosidade desperta-agrotóxicos-o total de interessados não ultrapassa dois terços da amostra. Que confiança se pode ter nesse dado? Ora, é sabido que em anos recentes também no Brasil o interesse pela alimentação passou a ser valorizado socialmente, como sinal de que se é atualizado, moderno. Por isso, talvez a porcentagem dos que se declaram interessados ainda esteja algo inflacionada. De qualquer forma, o interesse aumenta de acordo com o grau de instrução-a variável decisiva nesse particular. Nas questões relacionadas a agrotóxicos, conservantes e colesterol, gira em torno de 80%, cerca de vinte pontos acima da média geral, o índice de respostas positivas entre os entrevistados de maior escolarização.
Quando o assunto é colesterol, os maiores interessados, além daqueles, são os mais ricos, as mulheres e sobretudo os mais velhos. Os mineiros, que segundo a lenda ficam de água na boca só de ouvir a palavra torresminho, lideram o pelotão dos que mais querem se atualizar sobre a perturbadora substância presente na gordura animal.
Quando o assunto são os conservantes, os maiores interessados são os mais ricos, as mulheres, a turma dos 30 anos e os paulistas. Mas é preciso adicionar um prudente grão de sal a essa manifestação de interesse, compartilhada por seis em dez dos entrevistados. Pois, diante de uma pergunta sobre leitura de embalagens de alimentos? apenas irrisórios 3%. praticamente só paulistas e cariocas, disseram olhar se o produto contém conservantes. (Em compensação, quase três quartos olham a data de validade, metade examina o estado da embalagem-e um quarto dos mais pobres procura singelamente saber o preço.)
Quando o assunto são os agrotóxicos, os maiores interessados são, de longe, os mais instruídos, os mais ricos, as mulheres, os trintões e os moradores de Belo Horizonte. Quando o assunto são as fibras, o interesse aumenta conforme a renda, a educação e a idade. As mulheres se interessam mais do que os homens; os paulistas, mais do que outros brasileiros. Quando o assunto são os alimentos refinados, de novo os principais interessados são os mais educados, os mais ricos, os trintões, as mulheres e os mineiros. Este, por sinal é um tema aberto a discussões. Há quem culpe os alimentos refinados por uma pá de doenças, incluindo alguns tipos de câncer. De certo, pode-se dizer que o refino empobrece o produto. Cem gramas de arroz integral. por exemplo, contêm 3,5 vezes mais proteínas e duas vezes mais carboidratos do que igual quantidade de arroz beneficiado. O refino também priva o alimento das fibras, cuja escassez no organismo prejudica o trânsito intestinal e pode ser a causa do aparecimento de pólipos. Cem gramas de farinha de trigo integral contêm o triplo de fibras do que a mesma quantidade de farinha refinada. Quando os assuntos são alimentos integrais, dieta vegetariana e dieta naturalista, nessa ordem, o desinteresse predomina. Estes são definitivamente, temas alheios à grande maioria dos brasileiros O partido dos desinteressados inclui sempre mais homens do que mulheres, mais pobres do que ricos e mais gaúchos do que moradores de outras capitais.Uma forma indireta de medi r o que alguém sabe realmente de um assunto consiste em Ihe perguntar se concorda ou não com uma série de afirmações correlatas. Foi o que se fez: submeteram-se à amostra onze enunciados, cinco deles comprovadamente falsos. Diante de algumas dessas armadilhas, os entrevistados saíram-se honrosamente. Assim. apenas 13% (mas um quinto dos pernambucanos) concordaram plenamente com a bobagem de que "calorias não engordam". Mesmo entre os menos bem instruídos, metade entende o suficiente de alimentação para rejeitar totalmente essa falsidade. Um pouco pior foi o desempenho geral diante de outro despropósito: "Comer muita coisa no café da manhã tira a disposição para as atividades diárias". 
Um quarto dos entrevistados, de novo com destaque para os pernambucanos, caiu na esparrela. A educação faz toda a sapiência: a maioria dos que perceberam o engodo tem nível médio ou superior de escolaridade.
Convencidas por inteiro ou em parte, algo como três em cada quatro pessoas assinaram embaixo da asneira "os alimentos mais ricos em fibras fornecem mais energia" e duas em três fizeram o mesmo ao serem apresentadas ao engano, as comidas congeladas são menos nutritivas . No primeiro caso, os mais velhos, os mais pobres, os menos instruídos e os paulistas revelaram o maior desconhecimento do fato de as fibras não fornecerem energia alguma, embora sejam essenciais à digestão. E 13% não souberam o que dizer. No segundo caso, o preconceito contra o congelamento se mostrou particularmente forte entre os mais pobres e os pernambucanos, variando também na contramão do grau de escolaridade.Finalmente, uma confusão muito comum sobre nutrição induziu quase nove em dez entrevistados, principalmente entre os mais pobres e os pernambucanos (de novo), a concordar com o enunciado de que "para o organismo, o melhor alimento é o que contém mais proteínas". A crença na absoluta supremacia das comidas ricas em proteínas, como a carne, é compartilhada por 85% dos menos bem educados, contra 36% entre os donos de diploma universitário. Eliete Salomon Tudisco, professora adjunta de Nutrição da Escola Paulista de Medicina, resume o consenso entre os nutricionistas: "Não existe um único alimento bom. Uma dieta balanceada depende da associação de diversos tipos de alimentos".
A pesquisa ofereceu também um punhado de afirmações sujeitas a chuvas e trovoadas, como a de que "ao comprar alimentos, deve-se preferir produtos sem conservantes, mesmo se forem mais caros". Os entrevistados não hesitaram muito diante dessa sugestão: três quartos disseram concordar totalmente e outros 1:4%, parcialmente- o mais alto nível de apoios de toda a lista. Os mais ricos tendem a ser mais enfáticos do que os mais pobres, o que está na lógica das coisas. Aqui o fator educação pouco pesa: analfabetos e doutores, em igual proporção, recomendam evitar comida com conservantes, sinal de arraigada desconfiança em relação a alimentos industrializados que perpassa o povo de alto a baixo."O problema", comenta a nutricionista Eliete Tudisco, está em não se saber com exatidão o que cada produto contém; nem mesmo produtos que dizem não ter conservantes estão realmente isentos de aditivas." De seu lado, Célia Coli. professora assistente de Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, ensina que "os conservantes causam menos mal do que se pensa". Por via das dúvidas, ela aconselha, comprar produtos de empresas conceituadas, que dominam bem a tecnologia de alimentos e não expõem o consumidor a um excesso de produtos químicos"A preocupação da maioria com a pureza dos alimentos, embora bastante temperada pelas realidades da economia, manifestou-se também quando se serviu aos entrevistados um dos grandes dilemas relacionados com a idéia de uma agricultura voltada à produção em larga escala para ampliar a oferta de gêneros alimentícios a preços acessíveis-usar ou não agrotóxicos. Afirmou-se: "No Brasil de hoje. é preciso produzir mais alimentos para matar a fome do povo, e não proibir o uso de agrotóxicos". Na média ponderada das respostas (numa escala em que o apoio total vale +2 e a rejeição total -2), a afirmação foi reprovada, ficando com -0,06. Isso aconteceu mesmo nas classes de renda de até dez salários mínimos. Cidade por cidade, Porto Alegre se destaca entre os adversários dos agrotóxicos. Pelas características de sua economia, o Rio Grande do Sul é um dos Estados em que esse debate é mais freqüente e visível.Também por escassa maioria (0,08 na média ponderada), saiu vitoriosa a polêmica afirmação de que "o açúcar branco faz mal à saúde". Apesar disso, oito em dez entrevistados adoçam com ele seu café. O eleitorado contra o açúcar branco é mais numeroso acima da divisa dos dez salários mínimos. O resultado se repete quando se dividem os entrevistados entre os que não completaram o ginásio e os que terminaram a faculdade. Alguns nutricionistas, porém, parecem pensar de outro modo. Diz Célia Coli: O açúcar refinado é uma das melhores fontes de energia". Reforça Midori Ishii, professora de Nutrição da Faculdade de Medicina da USP: "E fundamental para o organismo. Ressalvam no entanto que o açúcar branco amplia o risco da obesidade, sem falar nas cáries, exigindo, de um lado, atividades físicas, e de outros hábitos rigorosos de higiene bucal.
A pesquisa identificou uma curiosa contradição. Uma nítida maioria (69%) concorda na íntegra ou em parte com uma afirmação-"A alimentação vegetariana é a mais saudável"- diante da qual os nutricionistas manifestam sérias restrições. Rebate Midori Ishii: "Bem dosado, qualquer tipo de alimentação é saudável". Mas uma maioria igualmente respeitável de leigos (67% ) apóia a tese de que "a carne é um alimento indispensável, o que permite supor que as pessoas acreditam que uma comida pode ser ao mesmo tempo insubstituível e não fazer bem. A adesão (da boca para fora) ao vegetarianismo aumenta conforme a idade e diminui conforme o nível educacional. Já a crença de que nenhum alimento substitui a carne tem o maior número de adeptos entre os menos instruídos e os mais pobres, categorias que, como se sabe, tendem a se sobrepor.
Os nutricionistas alertam para o fato de que os vegetarianos fanáticos freqüentemente apresentam deficiências de minerais como ferro e cálcio, Mas lembram que "não basta comer carne para estar bem alimentado", como diz Célia Coli. De todo modo, os brasileiros são carnívoros convictos-e nisso estão mais perto dos americanos do que dos europeus dos quais descende a grande maioria. Quando uma família pobre melhora de vida, a primeira coisa que muda em seu cardápio é a quantidade de carne bovina. Isso é bom, mas nem tanto. "Aqui se compra carne por quilo", critica José Eduardo Dutra de Oliveira, professor de Nutrição da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto e presidente da União Internacional das Ciências da Nutrição. "Nós devíamos aprender a comer carne em gramas, como os chineses, que são magros e saudáveis."A derradeira casca de banana lançada pela pesquisa para testar as idéias nutricionais dos brasileiros foi a afirmação de que "o tipo de alimento servido nas lanchonetes fast food é o melhor para os jovens"-um ponto de vista que não entusiasma os nutricionistas, embora eles achem que não há nada de visceralmente errado com uma refeição rápida à base de hambúrguer. "O perigo é fazer disso um hábito", adverte Eliete Tudisco, "pois representa uma ingestão maior de gorduras e menor de fibras do que o necessário." Os entrevistados mostraram com clareza não acreditar nas alegadas qualidades nutritivas do fast food para os jovens. Apenas um quinto concordou com o enunciado. A oposição sobe com a educação, alcançando 80% no grupo dos possuidores de diploma universitário. Entre os próprios jovens, contudo, os sufrágios favoráveis ao fast food-algo que se poderia chamar de Mcvotos- somaram um terço.
Os brasileiros talvez entendam menos de alimentação do que deveriam, mas não entendem tão pouco a ponto de complicar a sua dieta com tabus alimentares que, dadas as condições de vida da grande maioria, só acabariam servindo para piorar as estatísticas de desnutrição. Assim, ainda acreditam na lenda de que leite com manga faz mal apenas seis-isso mesmo, meia dúzia-das 1 200 pessoas ouvidas. São três homens e três mulheres. Cinco moram em São Paulo, um em Belém. Nenhum foi além do primário. Convidados por outra, pergunta a identificar eventuais restrições a comidas ou a formas de preparo, virtualmente a metade dos entrevistados não se lembrou de nenhuma. A outra metade manifestou uma miscelânea de reservas, algumas procedentes, outras quem sabe exageradas.
Na primeira categoria se enquadra a preocupação com alimentos gordurosos ou de difícil digestão-a carne de porco foi bastante citada- e com frituras em geral. Na segunda categoria, mais numerosa, reaparece a inapetência em relação à comida não feita em casa, que já se havia revelado nas respostas sobre consumo de alimentos com conservantes. Quinze por cento dos entrevistados (e 19% das mulheres) cultivam a suspeita de que alimentos industrializados ou comprados prontos em geral podem ser prejudiciais, principalmente por causa dos aditivos químicos. (As mães acrescentaram à lista negra doces, refrigerantes e chocolates.) Medo de aditivos não é coisa de iletrado: mais o manifesta quem cursou universidade.
O supermercado é por excelência o lugar onde o brasileiro compra comida: 99% dos entrevistados se abastecem nesses estabelecimentos, enquanto ao armazém, empório ou mercearia da esquina, tão populares em outros tempos, só vão 43% . Nove em dez pessoas, surpreendentemente, passam ao largo de sacolões e cooperativas de consumo. E sete em dez não mantêm relações comerciais nem sequer com os varejões. (Menos em Belo Horizonte, onde são procurados por 57% dos consumidores.) De norte a sul, mais gente vai ao supermercado do que à padaria (92%), ao açougue (90%) ou à feira (86%)-e quem estiver em busca da receita da relativa parecença dos hábitos alimentares da população pode encontrar aí um ingrediente de muita importância. Supermercados padronizam produtos e opções. Firmemente implantado na vida dos brasileiros, o supermercado não é porém procurado por, igual pela população. Um terço tem o costume de ir a ele uma vez por semana, outro terço prefere uma vez por mês e o terço restante se divide entre a quinzena e a incursão diária. O lugar onde se vive pode ter algo a ver com isso. Afinal. metade dos cariocas, por exemplo, freqüenta o supermercado semanalmente, bem mais, portanto, do que a média nacional. Já os gaúchos são os que mais comparecem todo dia ao supermercado. São também os que demonstram a maior fidelidade ao bom e velho empório: 80% deles recorrem a ele -e metade o faz dia sim, o outro também.No conjunto das capitais pesquisadas, vai-se à padaria, tipicamente, todo dia; à feira e ao açougue, toda semana. Quanto maior a renda, porém, menos comum o hábito de comprar em açougue, que não é propriamente um estabelecimento nobre (tanto que, para atrair a clientela classe A, surgiram nos últimos anos as auto-intituladas butiques de carne). De todo modo, parece haver um contra-senso na preferência dos pobres pelo açougue, visto que em geral a carne ali é mais cara. É provável que isso resulte da aversão popular à carne congelada vendida nos supermercados.
No modelo brasileiro de divisão do trabalho doméstico, ela faz e ele paga. É a mulher, de fato, quem escolhe os alimentos que a família irá comer (em 79% dos casos), quem escolhe o lugar onde eles serão comprados (75%), quem faz a compra (70%), quem decide o cardápio (85%) e quem cozinha (82%). O marido paga a conta (64%). Esse arranjo ortodoxo predomina sobretudo em Porto Alegre, onde tais porcentagens são sempre maiores do que nas outras capitais, podendo assim ser úteis aos interessados em carregar no estereótipo do machismo gaúcho.
Os maridos de Belo Horizonte, em contrapartida, são os que mais dividem os deveres conjugais quando se trata de preparar a lista de alimentos, escolher o lugar onde serão adquiridos e fazer a compra propriamente dita, sinal de que a família mineira talvez seja menos tradicional do que se diz. Já em Belém é menor o número de donas de casa que cozinham (apenas 59%)-não porque ali mais homens se disponham a encarar os mistérios do forno e fogão, mas porque em um quinto dos casos (o quádruplo da média nacional) quem cozinha é a empregada. Seja qual for a cidade, porém, nas famílias mais pobres, onde é elevado o número de mulheres que trabalham fora, é também maior a presença do marido-e de outros parentes-no conjunto das tarefas associadas à alimentação, como ir às compras.
Quando é a empregada quem cozinha, como acontece em um quinto das famílias da faixa superior de rendimentos, será que isso pode ter alguma conseqüência para a qualidade nutritiva da dieta que vai à mesa? Pode, sim, acredita a nutricionista Flora Spolidoro, do Ministério da Ação Social. A desinformação nesse terreno é grande", raciocina ela. "Não basta que a dona de casa saiba compor adequadamente o cardápio do dia-a-dia. Quem garante que o preparo será adequado?" Muitas vezes o bolso é que sai afetado. "É espantoso como se desperdiça comida neste país", acusa Flora. "O lixo dos brasileiros deve ser um dos mais ricos do mundo."Os economistas estimam que a alimentação consome algo como um terço do orçamento doméstico, sendo o item individual de maior peso na estrutura dos gastos familiares. É sabido também que a parcela abocanhada pelas despesas com comida tende a aumentar na razão inversa da renda. Ou seja, a fatia do rendimento que os mais pobres precisam desembolsar para matar a fome é proporcionalmente maior do que a dos mais ricos. Segundo uma pesquisa de 1983 do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio- Econômicos de São Paulo), enquanto as famílias paulistanas de renda per capita de até meio salário mínimo por mês comiam 36% do que ganhavam, nas famílias com renda superior a três salários mínimos per capita o mesmo índice não ultrapassava 18%.Os economistas são ensinados a fazer contas para saber das coisas, mas os mortais comuns não -e assim não se pode culpá-los por nem sempre terem na ponta da língua certos números, ainda mais em um país onde os preços há tanto tempo praticam tais piruetas que se torna praticamente impossível lembrar quanto custa cada coisa. Não admira, portanto, que apenas a metade dos entrevistados saiba quanto deixa todo mês no caixa do supermercado. O mais bem informado é o chefe da casa, que é afinal quem paga a conta; os jovens e os outros parentes que eventualmente moram Junto (sogros, pais) são os que menos sabem. Quando se trata de contabilizar os gastos com a alimentação fora do lar, a desinformação alcança quase dois terços da amostra. Comparando-se quem sabe quanto gasta (em valores absolutos) com quem não sabe, verifica-se que os membros desta última categoria tendem a atribuir à alimentação um naco maior de suas despesas.Entre os resultados da pesquisa publicados na edição passada, um dos mais esclarecedores identifica o cardápio típico da maioria, tanto nos dias úteis (arroz, feijão, carne bovina, verduras, frutas) quanto aos domingos (massas, carne de frango, doces, refrigerantes). Para fechar o círculo em torno desse capítulo-o mais importante de todos quando se pretende conhecer hábitos alimentares-, apresentou-se aos entrevistados uma extensa lista de alimentos para que indicassem quais costumam consumir e com que freqüência. As respostas apontam os ingredientes do que seria a cesta básica dos brasileiros das grandes capitais. Produto de um número relativamente pequeno de itens, sua composição é muito semelhante à da lista de alimentos mais consumidos no país, apurada já lá se vão dezesseis anos pelo Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), do IBGE. Maior levantamento já realizado sobre o assunto no Brasil, o Endef descobriu não só quem consome o quê e com qual freqüência, mas também em que quantidade.
Óleo, arroz, açúcar, feijão, pão, leite, margarina, frutas, verduras, manteiga, carne bovina e queijo-nessa ordem e excluídos sal e café-são os alimentos mais ingeridos diariamente pelo conjunto da amostra. Além desses, carne de frango, batata, macarrão, ovos, peixe, doces, mandioca e gelatina, os de maior consumo uma ou mais vezes por semana, praticamente esgotam a cesta básica. A porcentagem de entrevistados que disse consumir todo dia feijão, arroz, açúcar, pão, margarina e óleo é maior na ponta pobre da amostra (renda mensal familiar de dois a cinco salários mínimos) do que na ponta rica (acima de vinte salários mínimos). No caso do feijão, a diferença pró-pobres alcança 24 pontos percentuais; no do arroz, 20 pontos. O inverso (maior  consumo diário entre os mais ricos) se dá principalmente nestes casos, queijo, frutas, verduras, legumes, carne e leite, com diferenças de 35 pontos (queijo) a 16 pontos de porcentagem (carne bovina).
Esses dados confirmam que no Brasil as distinções de renda não se manifestam com todos os seus prodigiosos efeitos na hora das refeições: como já se viu quando a pesquisa arrolou os pratos que mais vão à mesa nas capitais investigadas, o cardápio que nutre a grande maioria da população é basicamente o mesmo. O que muda é a freqüência-e, com toda a certeza, a quantidade -com que certos alimentos aparecem nas mesas dispostas ao longo da escala social. Os produtos mais mencionados no segmento pobre têm em comum o fato de serem ricos em carboidratos, servindo portanto para fornecer a energia exigida pelas atividades diárias. (O feijão é ainda valiosa fonte de proteína e de ferro.) Faz sentido terem sido citados notadamente pelos homens.
Já os alimentos presentes na dieta cotidiana de um número maior de entrevistados mais ricos (e, com exceção da carne, do sexo feminino) contêm apreciáveis quantidades de proteínas e de micronutrientes (vitaminas e minerais), o que os torna essenciais ao bom funcionamento do organismo. O consumo de um alimento em particular serve de contraprova: um terço dos mais pobres raramente ou jamais come peixe; entre os mais ricos, porém, essa parcela não chega a um quinto. Do lado pobre, em suma, agrupam-se os alimentos que o povo chama "fortes"; do lado rico, ficam os alimentos "nobres". O economista Fernando Homem de Melo, da USP, e a professora Maria Antonia Martins Galeazzi, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp, identificaram a propósito um comportamento típico: sempre que aumenta a renda de um grupo, seu padrão de consumo de alimentos tende a ficar parecido com o do segmento mais rico, mesmo quando nenhum outro hábito se altera.
De um lado a outro do país, a cesta básica inclui quase sempre os mesmos produtos. Novamente, é a freqüência do consumo que varia- sendo as diferenças, porém, bem menores do que aquelas associadas à condição econômica. A principal exceção é a farinha de mandioca. Dois terços dos entrevistados em Belém e um terço no Recife consomem-na todo dia; na média das outras cidades, seus apreciadores mal vão além de um décimo. Da mesma forma, quatro em dez paraenses incluem o charque pelo menos numa refeição por semana-quase o quádruplo da média geral. Belém, aliás, se distingue por ser a capital onde, em graus variados, o consumo cotidiano supera a média geral em sete outros casos ainda: carne bovina, leite, margarina, pão, açúcar, arroz e óleo. Ali, curiosamente, também disseram comer carne bovina todo dia 60% dos entrevistados mais pobres-e apenas 34% dos mais ricos-, o que diverge radicalmente do padrão nacional.
A situação de Porto Alegre é também muito peculiar. Os gaúchos fecham, de longe, a raia dos números referentes ao consumo diário de nada menos de nove itens, notadamente ovos, verduras cozidas, manteiga, carne bovina e frutas. Em compensação, lideram proporcionalmente o consumo semanal de três desses produtos, verduras, carne bovina e ovos (e ainda batatas). Isso indica uma predileção por dois cardápios bem diferentes -um para os dias úteis, outro para os domingos. E, de fato, como a pesquisa demonstra, os almoços domingueiros em Porto Alegre, à diferença de qualquer outra capital estudada, celebram as delícias de um prato clássico ali: churrasco com maionese.




terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Brasil vai à Mesa - Comportamento


O BRASIL VAI À MESA - Comportamento



O gesto trivial de levar um alimento à boca é o primeiro flagrante da saúde do homem, o registro fundamental de sua qualidade de vida. O modo pelo qual funciona uma sociedade dá uma história que cabe num bocado. Eis aí, cru, o placar da competição entre os homens. As nações servem à mesa, entre a plenitude e a fome, a aptidão com que satisfazem a demanda primária da espécie: produzir e pôr ao alcance de todos alimentos em quantidade, qualidade e variedade suficientes para encher o estômago e aquecer o coração. A absoluta banalidade do ato de comer é ainda a síntese de uma das mais complexas dimensões da aventura humana, o produto de uma receita inimitável que mistura relações reais entre pessoas do mundo real com crenças e idéias que transitam pelo imaginário. Uma refeição é feita de alimentos e símbolos.
Ao comprar um pé de couve na feira, pratica-se uma transação racional que faz parte de uma cadeia de acontecimentos igualmente racionais que começaram na horta e vão terminar no prato. Mas, ao comer a couve temperada com alho, óleo, sal e bacon, pratica-se uma escolha tão arbitrária quanto seria comer a couve com mel, creme de leite e queijo suíço, com a diferença de que os costumes autorizam a primeira combinação e abominam a segunda. Claude Lévi-Strauss, o belga de nascimento e francês de biografia que está para as normas sociais como Sigmund Freud para as tramas da paixão, escreveu certa vez que a cozinha de uma sociedade é a linguagem na qual ela traduz inconscientemente sua estrutura. O antropólogo Lévi-Strauss é o autor da célebre fórmula segundo a qual um alimento deve ser não só bon à manger mas também bon à penser: isto é, não só biologicamente, mas também culturalmente comestível.
Pode-se, por tudo isso, conhecer um pouco melhor o Brasil espiando os brasileiros pela verdade de seus hábitos alimentares. Este, como se sabe, é um país que tenta correr atrás do futuro sem descalçar as botas de chumbo da extrema, ostensiva desigualdade entre os seus-uma simples fita métrica descreve o tamanho da desnutrição infantil nos centímetros que as crianças ficam devendo ao padrão internacional, que de outro modo nada as impediria de alcançar. Mais difícil é medir de que maneira costumes e atitudes calibram o tamanho das passadas nacionais rumo à tal modernidade, que deve se expressar também na vida cotidiana de cada qual. Ao identificar traços essenciais do comportamento do povo na constelação de escolhas, situações e atividades que se relacionam com o comer, quem sabe se consigam ao menos algumas pistas apetitosas.Com essa intenção, ele encomendou à empresa Feedback Serviços de Pesquisa, de São Paulo, um amplo levantamento -se não o único, certamente o mais ambicioso já buscado nesse terreno por um órgão de comunicação-sobre os brasileiros e a comida. A partir de uma minuciosa listagem de temas elaborada pela revista, a empresa produziu um questionário com nada menos de 65 perguntas e o aplicou a uma amostra representativa da população dos principais centros urbanos. Ao todo, 1200 pessoas foram entrevistadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Belém. de modo a cobrir o país de norte a sul. A amostra incluiu homens e mulheres de 15 a 65 anos, de todos os níveis de instrução, com renda mensal familiar de dois salários mínimos em diante.
Da fornada inicial de informações saídas da pesquisa, dois  resultados sobressaem desde logo. O primeiro indica que as taludas diferenças de renda que separam os brasileiros não se expressam em igual medida quando é servido o rancho de todo dia. Ricos, remediados e pobres costumam consumir o mesmo conjunto básico de alimentos, pinçados de um cardápio por sinal bastante restrito. É claro que os ricos comem mais, melhor e com maior variedade do que os pobres; uns e outros, porém, têm 12. hábitos. 12 alimentares menos distantes entre si do que seria de esperar quando se olha o espantoso tamanho das desigualdades sociais. Neste pais jovem, de cidades ainda mais jovens, onde uma parte da elite econômica-tendo subido faz pouco a rampa da afluência-, ainda não perdeu a memória da vida ao rés-do-chão, a dieta não se presta muito à função de distinguir quem é quem na sociedade.
O segundo resultado a repartir o lugar de honra esculpido pelos números é o de que no Brasil de hoje a celebrada cozinha regional tem sabor de reminiscência. E antes de tudo uma confecção folclórica para turistas. Com poucas exceções, fala-se de ponta a ponta do território praticamente o mesmo idioma culinário. Para o gasto cotidiano sobrevivem somente uns poucos sotaques característicos, como o da mandioca no Norte e Nordeste. A regra alimentar é a da uniformidade, disseminada pelo consumo cada vez maior de comidas industrializadas, adquiridas em estabelecimentos também padronizados, como os supermercados, com o suporte da publicidade via TV.
A pesquisa traz uma revelação perturbadora: 74% dos entrevistados (82% entre os mais ricos) se consideram bem-alimentados. Esse juízo colide com as informações geralmente aceitas sobre o estado nutricional dos brasileiros. De fato, os levantamentos consagrados indicam que cerca de 30% da população come menos calorias e proteínas do que precisa; que no mínimo outros 10% comem tão pouco que já são desnutridos; e que, entre as crianças até 5 anos, a desnutrição atinge 30%. Na pesquisa, menos de 15% das pessoas declararam alimentar-se mal, o que parece um dado suculento demais para ser veraz, mesmo considerando que a amostra não incorporou níveis de renda familiar abaixo de dois salários mínimos, onde a paisagem é a mais feia.Não houve ninguém que dissesse não saber a quantas anda nessa matéria. Mas pode-se supor que dos 12% que responderam "mais ou menos", uma parcela estava ou disfarçando uma avaliação negativa ou escapando do problema pela tangente. Tanto que esse tipo de resposta aumenta quanto mais baixo o grau de instrução do entrevistado. Praticamente o contrário ocorreu em relação à alternativa "não se considera bem alimentado": quase a metade dos insatisfeitos tem de colegial completo para cima. Isso provavelmente não significa que os mais bem-educados estejam mesmo comendo mal, até porque níveis elevados de escolaridade quase sempre andam de braço dado com contas bancárias também saudáveis- e nenhum fator tomado isoladamente pesa tanto como a renda sobre o que vai no prato de cada um, por maior que possa ser a influência da tradição como formadora de hábitos alimentares. Mas talvez esses entrevistados façam um julgamento mais severo do próprio padrão alimentar, pelo acesso que a educação Ihes proporciona a um cardápio ampliado de conhecimentos sobre o assunto.Antes de buscar a opinião dos brasileiros sobre o estado de sua alimentação em particular, a pesquisa procurou aferir mediante uma pergunta aberta o que eles entendem por boa alimentação em geral. A multiplicidade de respostas dá a entender que muita gente ouviu o galo cantar mas não sabe exatamente onde, fazendo uma salada de acertos e meias- verdades. Houve ainda quem confundisse causa com efeito, dizendo, por exemplo, que bem alimentada é a pessoa "forte, saudável, firme, com muita energia". No entanto, só uma ínfima minoria se candidata à nota zero em nutrição, por haver servido disparates do gênero "bem alimentado é quem come o que tem vontade". Nove em dez entrevistados, aproximadamente, foram procurar a resposta em comidas específicas, de cujo consumo dependeria a boa alimentação. Verduras e legumes foram as mais mencionadas (68% no total), seguindo-se, empatadas, na casa de 58%, as frutas e a carne. Esta, curiosamente, foi lembrada por apenas 1/3 dos gaúchos e por mais de 2/3 entre os pernambucanos, um recorde. Ora, nutricionista algum negará que verduras, legumes e frutas são essenciais à boa alimentação. É possível ainda que, apesar da crescente controvérsia a respeito, a maioria dos profissionais também inclua a carne, por seu valor protéico, desde que sem gordura e em porções moderadas-picadinho em vez de picanha.Mas é improvável que, numa amostra de nutricionistas, somente à metade deles ocorresse mencionar cereais, como arroz, feijão, lentilha e soja, além de pão e massas, entre os alimentos ricos em carboidratos, portanto indispensáveis à boa nutrição, pela energia que fornecem. Pois foi o que se deu na pesquisa: apenas a metade dos entrevistados falou em cereais. Nesse ponto, desenha-se uma ironia: um número proporcionalmente maior de muito pobres e de pouco instruídos parece estar mais perto de saber o que é uma pessoa bem-alimentada do que os ricos e os de educação universitária. Aqueles, que não por acaso comem mais arroz, feijão e macarrão do que estes-e quando os comem em quantidades adequadas passam bem-, demonstram ter um conhecimento intuitivo, empírico, do valor desses alimentos. Na mesma linha, chama a atenção o fato de que, entre os que tentaram definir boa alimentação com base em um rol de alimentos, justamente os entrevistados analfabetos foram os que mais citaram  doces (açúcar, mel, bolo, sorvete, marmelada), fontes de energia rápida muito úteis para quem vive de trabalhos braçais.Um terço da amostra mencionou também a regularidade nos hábitos alimentares, sem dúvida uma inclusão apropriada. Dois em dez entrevistados associaram boa alimentação a comidas ricas em vitaminas, proteínas e sais minerais, o que é uma resposta elegante, desde que se saiba que comidas são essas. É significativo, de todo modo, que ninguém tenha falado em calorias: provavelmente o termo está tão identificado a ruindades do tipo gordura e excesso de peso que as pessoas acabam esquecendo de sua importância como combustível do organismo. Apenas 10% da amostra ofereceu a que talvez seja a resposta mais adequada que um leigo pode dar em português claro à questão da boa alimentação. Um indivíduo bem-alimentado, disseram, é aquele que sabe "balancear os alimentos", "tem uma dieta variada", "come de tudo um pouco". Aqui também predominaram os entrevistados de níveis mais elevados de instrução.
Das três refeições clássicas do dia, o café da manhã é consumido habitualmente por 88% dos brasileiros ouvidos na pesquisa. Apenas 8% das pessoas saem para a luta sempre de estômago vazio. É uma atividade solitária para a metade dos entrevistados (principalmente para os mais jovens e para os idosos). Na renda está toda a diferença: quanto mais rica a pessoa, mais comum o café junto com familiares. Onde se passa o dia também influi: 11% dos homens (mas só 4% das mulheres) tomam a primeira refeição fora de casa a maior parte das vezes. Para estes, o lugar mais freqüente é a  cantina ou restaurante de empresa. A hora típica do café vai das 7 às 8 horas: é o período preferido por quase a metade da amostra. A maioria absoluta líquida o assunto no máximo em 10 minutos. Eis um indício indireto de que, para o grosso da população, o café da manhã tem pouquíssimo a ver com aquela tão importante refeição de que falam os nutricionistas. Até existe entre eles o dito "café da manhã de rei, almoço de príncipe, jantar de plebeu". Plebeu, aqui, é o café.De modo geral, a receita desse rápido desjejum limita- se a uns poucos ingredientes. Como seu próprio e brasileiríssimo nome já sugere, o café da manhã é acima de tudo café. No dia em que responderam ao questionário, 37% dos entrevistados informaram tê-lo ingerido com leite, outros 28%, puro. No conjunto da amostra, nenhuma outra bebida mereceu sequer 10% das menções, embora 17% dos mineiros tenham citado leite puro-o que está de acordo com a tradição do lugar. (E não, os gaúchos não queimam os lábios logo cedo na bomba de chimarrão escaldante; só um impenitente entrevistado ali se confessou adepto dessa folclórica marca dos pampas.) Sucos de frutas e vitaminas, de seu lado, são coisas de rico-e, mesmo entre eles, de uma minoria de 21% (o dobro do resultado geral).Café com pão, como no verso onomatopaico de Manuel Bandeira, é preferência nacional. O pãozinho amanhece, por exemplo, na boca de sete em cada dez paraenses. Bolachas, biscoitos, torradas, bolos, broas, pães integrais ou de glúten e ainda pães doces foram mencionados duas vezes mais pelas mulheres. Elas, os mais velhos e os mais ricos são quem passa mais manteiga do que margarina no pão de cada manhã. Um certo número de pessoas deve estar consumindo margarina pensando que é manteiga. Afinal, a palavra margarina foi banida da publicidade na TV; os comerciais vendem marcas sem dizer de que produto se trata. O consumo de queijos varia antes de tudo conforme a renda. A única diferença regional apreciável ocorre em Belém e Porto Alegre, onde o consumo matinal desses laticínios fica bastante aquém do total geral, que já não ultrapassa 25% do total. Em compensação, os gaúchos apreciam uma porção matinal de frios três vezes mais do que os brasileiros de outras capitais, o que certamente se explica pela influência alemã.Peculiaridade local, mesmo, é o imbatível paladar açucarado dos pernambucanos, herdeiros de uma história escrita em canaviais e engenhos. Noventa e cinco por cento dos entrevistados do Recife -- 2,5 vezes o total-tomam o café com pão caloricamente acompanhado de algum doce. Os nutricionistas não vão gostar, mas apenas 13% das pessoas comem  frutas na primeira refeição- um resultado que parece brotar do bolso: quanto maior a renda e menor a família, maior o consumo. É bom lembrar que há mais famílias menores entre as famílias ricas. Pelo visto, 98 em 100 pessoas não tomam conhecimento dos chamados cereais e farinhas matinais. Idem no caso dos ovos quentes e pior ainda em relação a outros acepipes da moda, como iogurte, mel e germe de trigo.Almoçar é um sacrossanto costume no Brasil: mais brasileiros almoçam do que tomam o café da manhã (talvez por isso mesmo) ou jantam. Noventa e sete por cento dos entrevistados comparecem todo dia ao compromisso com o estômago naquela que é apropriadamente chamada hora do almoço. E, destes, pelo menos seis em dez homens o fazem sempre em casa. É uma proporção impressionante, dado que a pesquisa foi realizada apenas em grandes cidades, onde, segundo a sabedoria convencional, o tamanho das distâncias, a estreiteza do  tempo e o enovelamento do trânsito virtualmente proíbem o luxo da volta diurna ao lar para tanta gente. Mas talvez não seja bem assim: de acordo com a pesquisa, o contingente dos que se beneficiam do almoço caseiro ultrapassa 83% na população mais pobre-uma senhora surpresa. Recife é a capital onde isso acontece com maior freqüência e São Paulo é onde acontece menos, mas as diferenças percentuais não chegam a ser significativas. O fator idade, sim: almoçam sempre em casa mais pessoas de 50 anos em diante do que de qualquer outra faixa-o que também faz sentido, pois ai estão incluídos os aposentados. A persistência do hábito de almoçar em casa em plena era do fast food e da multiplicação de lanchonetes que despacham sanduíches aos escritórios provavelmente faz bem tanto à carteira quanto à saúde dos indivíduos e talvez ajude a entender por que, mesmo no estrato de renda familiar de até cinco salários mínimos e apesar do café da manhã de faquir que a maioria toma, não suba pelas paredes o índice dos que se consideram mal- alimentados.
Quem se?Sempre almoça fora (algo como 1/5 dos que almoçam) integra uma população com características bem definidas. Para começar, é uma espécie tipicamente masculina, na razão de dois homens para cada mulher. Depois, é uma confraria totalmente dominada pelos cariocas e paulistas. E seu perfil reflete, degrau por degrau, a escada de rendimentos: quanto mais bem de vida o cidadão, maior a probabilidade de que ele almoce por aí regularmente nos dias úteis. Quem não come em casa, não come obrigatoriamente em restaurante. A tradicional casa de pasto acolhe somente um de cada três daqueles entrevistados. Outro maneja os talheres no emprego mesmo, seja na cantina da empresa, seja servindo-se da marmita ou do lanche trazidos de casa. O terço restante compõe-se principalmente de freqüentadores de lanchonetes tradicionais, padarias e bandejões de escola. As lanchonetes tipo McDonald´s, tão visíveis na paisagem das grandes cidades brasileiras, têm a preferência confessa de 4% das pessoas.Os adolescentes destacam-se por filar a refeição em casa de parentes ou amigos. Por alguma ;razão que talvez só o boto tucuxi conheça, isso ocorre em Belém proporcionalmente quatro vezes mais do que em São Paulo e catorze vezes mais do que no Rio. Em casa ou na rua, sobretudo em casa, como seria de esperar, almoçar é uma atividade gregária: sete de cada dez entrevistados têm à mesa a companhia de parentes ou de outras pessoas. Os solitários são tipicamente os paulistas, os mais pobres, os mais velhos e, como também seria de esperar, os membros de famílias menos numerosas. Mas o evento familiar por excelência é o almoço do  domingo. Nesse dia, nove em dez entrevistados almoçam sempre (74%) ou às vezes (16%) com a família inteira. Não obstante, justamente entre as pessoas de 50 anos para cima se localiza o maior segmento dos que nunca ou só de raro em raro compartilham a refeição dominical com toda a parentela, o que reforça a percepção de que muitos idosos estão relegados a uma posição marginal na vida familiar.Nos dias úteis, a maioria dedica ao almoço o mínimo necessário-entre 15 e 30 minutos. Entre os 14% que mal devem mastigar a comida, ou mal devem estar se alimentando, visto que abatem um almoço em até dez minutos, destacam-se os mais pobres, as mulheres e os mais jovens. Confirmando o estereótipo, há proporcionalmente mais cariocas entre os raros espécimes que se demoram além de 45 minutos desfrutando os prazeres da mesa. Mas o que o brasileiro considera almoço? À pergunta "o que você comeu hoje na hora do almoço", quase todos responderam "comida", querendo com isso designar uma refeição completa, diferente de sanduíches, de um lanche ou de uma porção de salgadinhos. Nesse ponto, sai do forno outra surpresa: aqueles que por escolha (ou falta de) se bastam com um sanduíche não somam nem 4% da amostra. São de preferência paulistas, de classe média, na casa dos 20 anos. Um regionalismo: em Belém, a alternativa mais comum para quem não almoça não é o sanduíche, e sim uma fruta-o onipresente açai, comido com farinha e açúcar.Quando em Brasília são 7 horas da noite e no rádio urna versão discutível da Aquarela do Brasil anuncia o começo da hora do governo, cerca de 25% dos moradores das principais cidades do país começam a mastigar a refeição da noite. Trata-se de um hábito comum a quase 90% das pessoas ouvidas na pesquisa. O horário nobre do jantar vai até às 8 horas. Dentro desse período, quanto maior a renda, mais tarde o jantar. Um resultado capaz de deixar engasgados de espanto os brasileiros que se sujeitam a tomar intermináveis chás de cadeira em restaurantes aos sábados à noite: dos entrevistados que têm o hábito de jantar, 88% sempre jantam em casa.O índice salta para 94% entre os mais pobres e alcança 95% entre os mineiros, lançando no ar a suspeita de que em Belo Horizonte é melhor abrir uma videolocadora do que uma churrascaria. Mas a surpresa maior da noite é que até no clube dos que ganham além de vinte salários mínimos 73% das pessoas jamais saem para jantar. Que o cadeado do  orçamento doméstico tranca as pessoas em casa é óbvio: entre os que dizem jantar fora às vezes, por exemplo, a proporção dos mais abonados é seis vezes a dos pobres: no entanto, a menos que as pessoas estejam por algum motivo subfaturando os fatos sobre suas sortidas noturnas, o aperto já é um imenso torniquete.
 Sendo o jantar uma atividade essencialmente doméstica, nada mais natural que seja também a refeição da família. De fato, jantam em companhia de parentes dois em cada três entrevistados. A proporção cresce para três em quatro na faixa de 40 a 49 anos. O tempo dedicado ao jantar é praticamente o mesmo do almoço: a maioria absoluta das pessoas leva não mais de meia hora do começo ao fim da refeição. Isso não quer dizer necessariamente que os brasileiros comam depressa dia e noite. Pois, na hora do jantar, diminui a fatia dos que fazem uma refeição inteira. Ou seja, as pessoas simplesmente se permitem comer menos em mais tempo. E duas vezes maior do que no almoço, por exemplo, o total dos que jantam sanduíche e quase quatro vezes maior o número dos que preferem outras refeições leves.Das muitas maneiras pelas quais a condição econômica influi sobre o comportamento alimentar, uma das mais expressivas tem a ver com o próprio modo de comer. Não há de ser por acaso que a freqüência com que as pessoas sempre sirvam a refeição à mesa, em travessas, varie rigorosamente conforme a renda-de apenas 13% entre os mais pobres ao quádruplo disso entre os mais ricos. Mas também chama a atenção que, mesmo no clã de cima, 24% raramente ou nunca sigam a norma que, sem dúvida, dá um tempero mais civilizado ao imperativo de matar a fome. A predileção brasileira aqui é cristalina como água da fonte: três em quatro pessoas gostam mesmo é de servir-se direto da panela, no fogão, ao menos de vez em quando. Essa inclinação aumenta na contramão do nível de renda. E, consideradas as capitais da pesquisa, os mineiros são de longe os maiores adeptos do self-service à boca do fogo, com 82% dos casos. Os menos habituados parecem ser os paraenses, com 54% -ainda assim, uma nítida maioria.Feitos os pratos diretamente da panela, os comensais se põem em movimento. Oito em cada dez vezes, vão juntos à mesa, como convém sobretudo se forem paulistas, os recordistas absolutos do gênero. Os homens, por sinal, instalam-se à mesa um pouco mais comumente do que as mulheres. Elas são maioria quando a ordem é cada um comer onde quiser- o que pode dar uma indicação do lugar que a mulher ainda ocupa nos lares brasileiros. Seja como for, a ala radical do partido da livre escolha, que manda sempre comer onde se quiser, é integrada mais pelos pobres do que pelos ricos, mais pelos jovens do que pelos velhos, mais pelos pernambucanos (e quase nunca pelos gaúchos). Enfim, mais pelas famílias grandes do que pelas pequenas - o que faz sentido.Enquanto come, o brasileiro fixa um olho no prato e outro na televisão. Os hábitos focalizados pela pesquisa mostram que pelo menos quatro em cada dez entrevistados miram o inefável aparelho em toda santa refeição. Alguns, apesar de ainda aboletados à mesa; outros, mais numerosos, tendo já dispensado esse conforto, acomodados com o prato como e onde podem, desde que nada se interponha entre a retina e a tela. Some-se o grande público eventual, os 48% que às vezes incluem a TV no cardápio, e se terá uma audiência de dar água na boca dos fazedores de jornais e revistas: a imprensa escrita é consumida às refeições, de vez em quando, por 6% do total e, sempre, por algo como 1 excêntrico cidadão em 100.Ainda uma vez, o critério econômico distingue os brasileiros diante da comida: o fã-clube da refeição com  televisão vai buscar seus membros sobretudo nos estratos inferiores de renda, onde conquista 51% de adesões (contra 22%, por exemplo, na faixa mais rica). Seja qual for a classe social, porém, mais mulheres do que homens se entregam aos encantos das imagens enquanto se alimentam-o que confirma os dados habituais das pesquisas de mercado. Quando entra em cena o fator idade, a imagem é nítida o suficiente para indicar que a TV às refeições atrai em primeiro lugar os jovens: mais da metade deles sempre divide suas atenções entre o prato e a tela, sendo fácil imaginar quem sai ganhando nessa divisão. Além de aparentar horror à idéia de que cada qual deve comer onde quiser (apenas 3% dos moradores de Porto Alegre fazem isso sempre), os gaúchos abominam igualmente comer fora da mesa vendo TV (só 2% agem assim sempre).Sim, arroz e feijão, nessa ordem, continuam ainda a ser uma quase unanimidade no cardápio doméstico do dia-a-dia. (Domingo, como logo se verá, é outra história). Está aí um forte indício de que o menu costumeiro do conjunto da população varia menos do que a renda que separa as diversas classes. Solicitados a dizer que pratos e alimentos representam adequadamente o que se come em casa durante a semana, 90% dos entrevistados mencionaram em primeiro lugar arroz; 82% deles, feijão. A campeã absoluta do consumo é Belo Horizonte. Ali, 98% das pessoas ouvidas cravaram a coluna do arroz e 94%, a do feijão. Em ambos os casos, o Rio de Janeiro fechou a raia. Quem diria: os cariocas comem menos feijão até do que os gaúchos. Em geral, o consumo aumenta na razão inversa do nível de renda e da faixa de idade e na razão direta do tamanho da família. Ou seda, os mais Jovens, os mais pobres e os membros de famílias mais numerosas são também os que mais costumam encher o prato de arroz e feijão.Isso não é só uma questão de preço, até porque já se foi o tempo em que se comprava arroz e feijão no armazém a preço de banana. Aqui o que orienta o consumo é a necessidade de fornecer ao organismo uma fonte de energia que literalmente dê para o gasto diário-comida "forte", conforme a clássica expressão popular. A pesquisa deixa patente que tanto o feijão quanto, em menor grau, o arroz são alimentos de homem, sobretudo dos que exercem atividade física mais intensa. É um resultado coerente com os fatos da vida: afinal, para desempenhar suas tarefas cotidianas, em casa ou fora, as mulheres não precisam tanto do combustível fornecido pela valiosa mistura.
No  cardápio de segunda a sábado, a carne ocupa lugar de destaque-logo abaixo dos cereais. No dia-a-dia, os brasileiros demonstram uma predileção absoluta pela carne bovina, comem frango modestamente, desprezam carne de porco e dão a impressão de ignorar patos, cabritos, coelhos, codornas e correlatos. Em diversos cortes e formas de preparo, a carne bovina foi citada por 75% dos entrevistados. O consumo parece variar relativamente pouco de acordo com o nível de renda. Ainda assim, os maiores consumidores são obviamente os mais ricos; os mais pobres não apenas consomem menos do que os demais como também são os que menos souberam (ou quiseram) mencionar os tipos específicos de carne que fariam parte habitual de sua dieta. Às vezes, existe o pudor da penúria. Mais homens comem carne de boi e mais mulheres comem carne de ave. Os adolescentes atracam-se com bifes e assemelhados numa proporção muito maior que a de qualquer outro grupo etário. Já quem mais aprecia um peito de frango ou uma coxa de galinha são os quarentões. E atenção: os habitantes de Porto Alegre não apenas não são os maiores comilões de carne vermelha durante a semana, corno ficam em último lugar, entre as capitais incluídas na pesquisa, 27 pontos abaixo dos supremos carnívoros, que moram-barbaridade, tchê!-em Belém do Pará.O consumo de verduras, citado somente por pouco mais da metade da amostra, acompanha passo a passo as variações na renda. Paulistas e membros de famílias pequenas são seus principais fãs. Junto à minoria dos que de alguma forma apreciam legumes rotineiramente, destacam-se as mulheres, os mais velhos e os mineiros. Mesmo no segmento mais rico, porém, seu consumo é apenas moderado. Nos dias úteis, a presença das massas na mesa nacional é limitada. Trata-se, como o feijão e o arroz, de um alimento mais freqüente no prato do pobre. A distribuição geográfica do consumo é porém inesperada: entre os pernambucanos é quase nove vezes maior do que entre os paulistas a proporção dos que comem, por exemplo, macarrão ao molho de tomate ou à bolonhesa; a pasta asciutta também comparece à mesa dos paraenses com insuspeitada freqüência: 39% dos casos. Já o consumo de ovos beira a insignificância. Frutos do mar come-se ainda menos. Até no Rio de Janeiro, não mais de 15% nutrem-se de peixes durante a semana.Os brasileiros dividem-se em partes praticamente iguais quando se trata de comer sobremesa nas refeições domésticas: 49% dizem não e 51% dizem sim. Destes, uma ligeira maioria dá preferência às frutas, principalmente laranja, banana e mamão, enquanto os demais são chegados a um doce, como pudim, gelatina, goiabada ou similares e sorvete. Os mais ricos comem duas vezes mais frutas (fonte básica de sais e vitaminas) e uma vez e meia mais doces do que os mais pobres. Fruta ou doce, as  mulheres sucumbem à sobremesa com maior freqüência do que os homens. A maioria das frutas é, digamos, unissex, mas melão e maçã são apreciados especialmente pelas mulheres, assim como as gelatinas, entre os doces. Em se tratando de doces, a situação curiosamente se inverte. E os pernambucanos são os que têm o menor apetite por sobremesas em geral.Durante a semana, sucos naturais, refrigerantes e água são as bebidas que normalmente acompanham as refeições dos brasileiros. No domingo, os refrigerantes tomam a dianteira. Enquanto o consumo de sucos naturais entre os mais ricos fica muito acima da média geral, o mesmo acontece com os sucos prontos entre os mais pobres. A julgar pelo que informam os entrevistados, este é quase um país de abstêmios: apenas 6% dos homens (e 1% das mulheres) disseram tomar cerveja e vinho às refeições. Mesmo aos domingos, quando o consumo declarado de cerveja na população masculina aumenta cinco vezes, apenas 1 em 100 entrevistados disse tomar com a refeição alguma bebida alcoólica mais forte, como caipirinha-o que autoriza a desconfiança de que o brasileiro seja um bebedor envergonhado.Ah, a liturgia do almoço de domingo. Em homenagem à família reunida, a rotina do arroz-feijão dos dias úteis cede espaço a um cardápio mais variado, onde a carne continua a reinar, mas as massas governam-seu consumo simplesmente triplica, enquanto o de arroz cai além da metade e o de feijão, cerca de 2/3. Por massas, entenda-se na absoluta maioria dos casos macarronada, lasanha e nhoque. Os jovens, de preferência na faixa de 2 a 5 salários mínimos e de famílias pequenas, consomem três vezes acima da média uma iguaria que parece entusiasmar não mais de 2% das pessoas ouvidas na amostra-a pizza.São Paulo lidera o festival domingueiro de massas pelo Brasil afora. Segue-se o Recife, o que dá sustança à hipótese de que a geografia já não determina tanto assim os hábitos alimentares brasileiros-embora a tendência à homogeneização dos cardápios apareça mais nos dias úteis. Junto com os macarrões, o domingo registra a ascensão irresistível dos galináceos, que pousam em metade das mesas (2,5 vezes mais do que nos outros dias). Eis uma peculiaridade que vale a pena ressaltar: enquanto de segunda a sábado seu consumo cresce quanto maior a renda, no sétimo dia cresce quanto menor a renda. Já o apetite nacional pelas carnes vermelhas emagrece drasticamente, despencando de 78% para 43%.
O consumo tende a concentrar-se nas classes superiores de renda, nas famílias de tamanho médio e entre os mais jovens. Sob a forma de churrasco, é-agora sim-o prato número um dos gaúchos, que assim parecem compensar o virtual jejum de espetos durante a semana. Proporcionalmente, almoçam churrasco aos domingos, de preferência com maionese de legumes, dez vezes mais gaúchos do que paulistas. Em Belo Horizonte, honrando as melhores tradições mineiras, um naco das preferências carnívoras volta-se para lombos e pernis, muito além do que nas outras capitais. Isso deve explicar por que, também aos domingos, os mineiros lideram a perder de vista o consumo de feijão, provavelmente na versão tutu.
Outra mudança no padrão alimentar ocorre com as sobremesas. O domingo é o mais doce dos dias: é quando pudins e sorvetes, gelatinas e tortas, frutas em calda e outras confecções açucaradas proporcionam um fecho glorioso à comilança em família. De fato, enquanto um em dois entrevistados dispensa a sobremesa nos dias de trabalho, neste apenas um em três continua a dizer não. A degustação de doçuras em geral salta de 28% para 48%, impulsionada pela gula dos mais ricos e das mulheres. No domingo, como todos sabem, só os muito fanáticos continuam a contar calorias.