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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Floresta encontrada em caverna subterrânea na China tem árvores de 40 metros de altura

Floresta encontrada em caverna subterrânea na China tem árvores de 40 metros de altura

A quase 200 metros debaixo da terra, ecossistema conseguiu se desenvolver e atingir 5 milhões de metros cúbicos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Como o Monte Everest 'cresceu' após um novo acordo entre China e Nepal

Como o Monte Everest 'cresceu' após um novo acordo entre China e Nepal

Topógrafos da China e do Nepal trabalharam de maneira conjunta para calcular novamente a altura da montanha mais alta do mundo: o Monte Everest. 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O Rei da Montanha - Arqueologia


O Rei da Montanha - Arqueologia


A encruzilhada da Grécia com a Pérsia
Sabe-se muito pouco sobre Comagena. Em suas montanhas desoladas e escarpadas, outrora cheias de florestas, moram, hoje, os curdos, um povo islâmico que luta por um Estado próprio, o Curdistão, reivindicando territórios da Turquia, Síria, Iraque e Irã. A guerrilha curda mantém as ruínas de Nemrud Dag inacessíveis. Toda a região está sob lei marcial turca. Além disso, não há estradas, nem vegetação, nem água, a subida é difícil e a neve chega a ter 4,5 metros de espessura. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

'Cofre' de sementes no Ártico pode ser esperança de lavouras do futuro


'Cofre' de sementes no Ártico pode ser esperança de lavouras do futuro

Silo Internacional é espécie de "cofre" criado para suportar condições ambientais extremas (Foto: BBC)

BBC tem acesso exclusivo a construção que abriga mais de 5 mil sementes de todo o mundo dentro de montanha e sob o gelo.

Em pouco menos de um mês, líderes mundiais se encontrarão em Paris para tentar entrar em acordo sobre ações contra as mudanças climáticas e o aumento da temperatura global. Uma das principais preocupações é que o aquecimento global afete safras de alimentos.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Monte Sanford


Monte Sanford


O Monte Sanford é um vulcão em escudo no campo vulcânico Wrangell, nos montes Wrangell, na Região Censitária de Valdez-Cordova, parte oriental do Alasca, Estados Unidos. É o terceiro mais alto vulcão dos Estados Unidos depois do Monte Bona e do Monte Blackburn. A face sul do vulcão, na cabeceira do glaciar de Sanford, ergue-se 2400 m para uma distância horizontal de 1600 m, no que é uma das vertentes mais inclinadas da América do Norte. É um pico ultraproeminente e está integrado no Parque Nacional e Reserva de Wrangell-St. Elias, ficando perto do rio Copper.

sábado, 13 de julho de 2013

Hotel-navio no alto de penhasco chama a atenção na Coreia do Sul


Hotel-navio no alto de penhasco chama a atenção na Coreia do Sul

O Sun Cruise Resort & Yacht é um hotel que fica dentro de um navio (Foto: Creative Commons/Parhessiastes)

Ele parece uma embarcação de cruzeiro comum, mas fica em terra firme.
Opções de entretenimento incluem karaokê e piscina de água do mar.

Com 165 metros de comprimento, 211 cabines e dois restaurantes, o “Sun Cruise” parece um navio de cruzeiro comum, desses que oferecem várias opções de entretenimento. Karaokê, sala de ginástica, discoteca, campo de golfe e uma grande piscina cheia de água do mar estão entre os atrativos para não entediar os hóspedes.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Na Montanha dos Deuses - Mitologia



NA MONTANHA DOS DEUSES - Mitologia



Os gregos antigos instalaram suas divindades no pico do Olimpo, a mais alta montanha que conheciam. Ali, os deuses levavam a vida que os homens gostariam de pedir para si.

Uma montanha de exatamente 2917 metros de altura, perdida nos confins do nordeste da Grécia, entre as regiões da Tessália e da Macedônia, influencia desde há perto de 3 mil anos toda a cultura ocidental. E as histórias que se contam dessa montanha são importantes até hoje no cotidiano, no pensamento, nos hábitos e costumes - até na ciência. É o monte Olimpo, que de acordo com a religião dos gregos antigos - seguida do século IX a.C. ao IV d.C., até ser substituída pelo cristianismo - era a morada de seus deuses. Hoje, o Olimpo é a sede de um parque nacional, preservado pelo governo grego. Mas, pelo menos mil anos antes de Cristo, com suas escarpas abruptas, seus altos eternamente cobertos de neves e geralmente encobertos pelas nuvens, o Olimpo, a montanha mais alta conhecida pelos gregos - ou melhor, seu pico então inacessível -, foi conhecido como a casa dos deuses, mais ou menos como os devotos de outras religiões concebem o céu.
Esses deuses, que tinham forma humana, mas eram maiores, mais belos e mais leves que os humanos (sendo capazes até de voar e, acima de tudo, imortais), viviam uma vida cheia de peripécias e aventuras, marcada por intrigas entre eles próprios e entre eles e os seres humanos a que influenciavam. À descrição das vidas dos deuses se dá o nome de mitologia. A palavra mito é grega e quer dizer "palavra final", pois a mitologia era usada como explicação definitiva dos fenômenos da natureza e da sociedade.
A mitologia grega, adotada depois pelos romanos, que deram outros nomes aos mesmos deuses, foi codificada no século IX a.C.  pelo poeta grego Homero, em suas epopéias Ilíada e Odisséia, e um século depois pelo poeta Hesíodo, em sua Genealogia dos deuses. A religião não era hierarquizada nem dogmática. Ou seja, não havia um grupo de sacerdotes encarregado de manter a pureza das verdades doutrinárias. E aquelas codificações variavam enormemente de época para época e de região para região. De qualquer modo, em todas as variantes, os deuses eram comandados por um ser supremo, Zeus (Júpiter para os romanos). Zeus é outra forma da palavra do antigo indo-europeu que deu em português as palavras Deus e justiça. Júpiter é a junção das palavras latinas jus e pater. Jus é o "fazer jus", que deu justo e justiça, e pater quer dizer pai. Ou seja, pai da justiça.
Zeus originariamente era o deus do clima dos antigos gregos. Tratava-se de nômades guerreiros que, chegando do centro da Europa em ondas sucessivas onde hoje é a Grécia, ali encontraram uma civilização agrícola avançada - baseada na metalurgia do bronze e no cultivo de uva, oliva, trigo e cevada - que tinha seus próprios deuses. Ou melhor, deusas, pois os homens primitivos, ao se fixarem à terra, costumavam cultuar divindades femininas que pudessem assegurar aos seus campos a fertilidade, associada às mulheres. Já os povos guerreiros, como os gregos eram inicialmente, adotavam em geral divindades masculinas, por exemplo, Zeus, o deus das tempestades, que enviava raios à Terra.
Sendo guerreiros, os gregos dominaram os pacíficos povos agrícolas que ocupavam o que hoje é a Grécia. Essa dominação foi se dando de 2000 a.C. até por volta de 1000 a.C. , tempo mais que suficiente para o idioma grego se impor aos povos vencidos e para haver uma fusão das culturas entre dominantes e dominados. Assim, quando a religião grega foi codificada por Homero e Hesíodo, Zeus aparece casado com Hera (Juno para os romanos), originalmente uma deusa dos povos anteriores aos gregos - antigos cretenses e micenianos - associada à fertilidade. No Olimpo grego, Hera passou a ser a deusa da maternidade e da vida doméstica, e assim, de deusa rural, ela se tornou urbana.
A mitodologia diz que Zeus teve casos e filhos com várias outras deusas e ainda com mulheres comuns. Contra elas, Hera vivia armando ciumentas intrigas. Mas quem era Zeus? No princípio, segundo Hesíodo, havia o Caos, que em grego quer dizer vazio. Caos, porém, teve dois filhos, Urano, o céu, e Géia, a Terra. Urano e Géia tiveram vários filhos, entre eles Cronos, o tempo, e Réia. Cronos e Réia casaram e tiveram vários filhos. Mas Cronos, que atacou o próprio pai Urano, também devorou cada um dos seus filhos, até que Réia deu à luz Zeus e escondeu o bebê, substituindo-o nas fraldas por uma pedra. Por engano, na ânsia de devorar seus filhos, Cronos engoliu a pedra.
Oculto do pai, Zeus cresceu e desenvolveu-se como um jovem vigoroso, que acabou derrotando Cronos numa luta e o obrigou a vomitar todos os filhos que engolira. Assim, Zeus libertou, entre outros, dois irmãos com os quais partilhou o mundo conhecido dos gregos: Zeus ficou com o céu, Posêidon (Netuno para os romanos) com os oceanos e os rios, e Hades (Plutão) com o mundo subterrâneo, ou inferno. Como morada, Zeus ficou com o Olimpo, não só porque era a montanha mais alta e, portanto, mais próxima do céu como também porque seu pico sobressai entre as nuvens. De modo que se criou a noção de que na morada dos deuses, acima das nuvens, jamais poderia haver tempestades.
Outros irmãos de Zeus foram também vomitados por Cronos, como Hera, com a qual ele se casou, e Deméter, que os romanos conheciam como Ceres, nome de que derivou a palavra cereal. Ela era cultuada como a deusa da agricultura. Por isso não morava no Olimpo e sim no reino vegetal. Deméter teve uma filha com Zeus, Perséfone, raptada por Hades para viver com ele no submundo. Deméter então queixou-se a Zeus e este decidiu que Perséfone passaria um terço de cada ano com Hades e dois terços com a mãe, no reino vegetal. E aqui está uma das funções do mito, a de explicar a natureza: o terço do ano que Perséfone vivia no inferno era identificado com o seco verão grego, no qual a vegetação sobrevivia precariamente. Mas renascia quando Perséfone voltava para a casa da mãe.
Além de Hera, a mulher oficial, Zeus aprontava das suas. Disfarçando-se de cisne, seduziu Leda, mulher do rei de Esparta, e com ela teve os filhos Helena e Dóscuros (os gêmeos protetores da navegação). Com Europa, filha do rei da Fenícia, a quem seduziu disfarçado de touro, Zeus teve os filhos Minos, rei de Creta, e Radamanto, rei das ilhas Cíclades.
Ambos se tornaram juízes dos mortos no submundo. O rapto de Helena, casada com Menelau, rei de Esparta, acabou, segundo Homero, desencadeando a guerra entre gregos e troianos. Páris, o raptor, era da família real de Tróia.
Essa novela poderia se estender indefinidamente, pois a mitologia tem centenas e centenas de histórias com uma multidão de deuses, heróis (filhos de um deus ou deusa com um simples mortal) e seres humanos. Não faltam também guerras e catástrofes, além de episódios de criação das artes e das ciências como o de Prometeu, o deus que, por ter roubado o fogo dos deuses e o entregado aos humanos, foi condenado por Zeus a ficar eternamente acorrentado a um rochedo e a ter seu fígado repetidamente devorado por uma águia. Entre os deuses mais importantes pode-se citar ainda Afrodite (Vênus), a deusa da beleza.
Ela nasceu junto à ilha de Chipre, na espuma criada no mar pelos órgãos genitais de Urano, que haviam sido cortados e lançados ao mar por Cronos. Afrodite casou-se com Hefaistos (Vulcano), o deus das forjas e dos vulcões, ferreiro dos deuses. Hefaistos, que nasceu coxo, era filho de Zeus e Hera. Deusa da beleza e do sexo, Afrodite teve vários casos extraconjugais. O mais célebre foi com Ares (Marte), deus da guerra e também filho de Zeus e Hera. Apolo , filho de Zeus e Leto, era o mais cultuado, pois enviava presságios aos humanos.
Importante também era Atena (Minerva ). A deusa da sabedoria não tinha mãe, pois nascera da cabeça de Zeus. Tornou-se a protetora da cidade de Atenas.
A mitologia grega sobrevive nas palavras que se usam hoje, como Deus, justiça, cereal etc., nos nomes dos planetas, na palavra geografia, a ciência de Géia. Assim, essa distante montanha, que emprestou o nome à cidade de Olimpo, no Sul da Grécia, onde no Século VIII a.C. começaram a ser disputadas as Olimpíadas, é uma presença permanente no cotidiano das pessoas. O teatro, por exemplo, tem origem nos coros entoados pelas sacerdotisas embriagadas por Dioniso, deus do vinho e das orgias, que os romanos chamavam Baco. Daí originou-se a palavra bacanal. Enquanto as artes plásticas descendem das pinturas e das estátuas com imagens dos deuses gregos, a arquitetura ainda usa colunas, pórticos e naves dos antigos templos da Grécia.
E a vida continua povoada de mitos, pois até hoje a ciência se baseia em dois axiomas que - do ponto de vista estritamente lógico - são tão impossíveis de provar como os antigos mitos gregos: o de que o mundo existe fora da mente humana e o de que ele pode ser conhecido pela mente. Isso sem contar os mitos que geraram grandes descobertas científicas, como o da atração secreta entre as coisas, que levou Newton a descobrir a gravitação universal; ou o de que o movimento dos planetas influencia o sangue, graças ao qual o inglês Willian Harvey (1578-1657) descobriu a circulação sanguínea. E, enfim, o mito de que o movimento das marés, que teria ajudado o naturalista também inglês Charles Darwin a se interessar pela anatomia das espécies. Assim, os mitos criados pelos antigos gregos transformaram-se em eternos companheiros do homens. 

Um dia no Olimpo

Como era o cotidiano dos deuses no Olimpo? Invejável, sem dúvida. O único trabalhador era Hefaistos, o ferreiro, que produzia os artefatos - ferraduras para o cavalo alado Pégaso, armas para Ares e para os demais. Os outros viviam em festas e banquetes, presididos por Zeus, de onde só saíam para intervir nos destinos humanos e no dos animais, plantas e elementos. Zeus podia abrir o banquete ordenando que a copeira Hebe, sua filha com Hera, servisse a ambrosia, o alimento dos deuses, semelhante ao mel de abelhas, que deu o nome ao famoso doce. Mas a bebida, o néctar, derivado do mel (uma das primeira bebidas alcoólicas usadas pelos seres humanos foi o mel fermentado, ou hidromel), que deu o nome à substância das flores a partir da qual as abelhas produzem o mel, era servida por Ganimedes. Este, um mortal chamado ao Olimpo, filho de Laomedonte, rei de Tróia. Por sua beleza, esse garçon do Olimpo despertava paixões, não entre as deusas, mas entre os deuses, já que os gregos consideravam o homossexualismo normal.
Durante o banquete Ártemis (Diana para os romanos, deusa da caça) podia comunicar quantas mulheres morreriam naquele dia na Terra, pois era ela quem causava a morte das mulheres, enquanto os homens destinados a morrer seriam indicados ou por Apolo, em caso de morte natural, ou por Ares, em caso de morte violenta. Éris, a deusa da discórdia, não tendo sido convidada para um desses banquetes, armou uma intriga: mandou pôr ao centro da mesa um pomo (maçã dourada) com a dedicatória: "À mais bela das presentes". 
Hera, Afrodite e Atena disputaram a preciosa fruta, que deu origem à expressão "o ponto da discórdia", e pediram a arbitragem de Zeus, que atribuiu o julgamento a Páris. Este acabou indicando Helena como a mais bela, iniciando com ela um relacionamento que levaria à guerra de Tróia. Ao fim de um desses banquetes, Zeus anunciou que o herói Héracles (Hércules para os romanos), seu filho com a humana Alcmena, seria imortalizado - para o quê, bastaria ele comer ambrosia e beber néctar - a fim de poder casar com Hebe, a copeira. Mesmo imortalizado, Hércules não poderia morar no Olimpo, por não ser deus: iria para os Campos Elísios ("campos dos abençoados"), o paraíso dos heróis, cujo nome foi dado aos palácios do governo da França e do Estado de São Paulo, embora esses palácios raramente sejam habitados por heróis.

domingo, 21 de novembro de 2010

Fascinio nas alturas - Alpinismo - Waldemar Niclevicz

ENTREVISTA: O FASCÍNIO DAS ALTURAS



Um amante da natureza, apaixonado pelo "ambiente sagrado" das montanhas e sonhador, muito sonhador. Assim se define o paranaense Waldemar Niclevicz, que já escalou seis dos 14 picos mais altos do planeta desde 1988, quando virou alpinista profissional. Nesta entrevista, ele conta como é chegar ao topo.

O que o leva a desafiar o perigo nas alturas?

Nada me encanta mais do que as montanhas. Elas são um ambiente sagrado. O desafio em si me fascina, por isso procuro escalar a montanha mais fria, a mais alta, a mais perigosa.

Qual é a sensação de chegar ao topo?

É maravilhosa, difícil de descrever. Você sente o esforço e a energia gastos serem recompensados. Valeu a pena o dinheiro investido, o tempo gasto, a torcida dos amigos. Isso pelo lado prático, racional. Tem também o lado emocional, que é difícil de colocar em palavras.

Existe o medo de alguma coisa dar errado?

Medo de morrer? Não. Nunca cogito essa possibilidade. Tomo todos os cuidados possíveis para ter êxito. É claro que existe a ansiedade de que dê tudo certo - e um pouco de medo de que dê errado. Mas não faço alpinismo só para experimentar a adrenalina no corpo. O que me move é o prazer de conhecer um lugar novo.

Qual foi sua conquista mais importante?

A que mais me marcou foi, sem dúvida, o K2, em 2000. O K2 é considerado a montanha mais difícil e mais perigosa do mundo. Foram necessários três anos de mobilização e três tentativas para que eu conseguisse chegar ao cume, a 8611 metros. A conquista superou todas as minhas expectativas.

Algumas pessoas o rotulam de louco, outras o consideram um herói. como você se vê?

Nem como louco nem como herói. Sou um sonhador, mas com muito pé no chão, um amante da natureza, da vida e das montanhas. Adoro pessoas que sonham e buscam seus objetivos. Tenho força para sair do marasmo e batalhar por meus objetivos. Não entendo como algumas pessoas passam anos querendo alguma coisa, sonhando em conhecer algum lugar, mas não fazem nada.

Quando você decidiu se tornar um alpinista?

Desde pequeno tive muita admiração por exploradores como Roald Amundsen, Robert Scott, Ernest Shackleton, George Mallory, Edmund Hillary e Amyr Klink. Sempre quis ser um deles. Quando vi o pico do Marumbi, na serra do Mar, foi paixão à primeira vista. Mas foi só aos 18 anos, quando me mudei para Itatiaia (RJ), que comecei a escalar e aprendi a usar o equipamento técnico. Nessa época realizei minha primeira grande aventura: uma viagem à Bolívia e ao Peru. Lá, respirei pela primeira vez o ar rarefeito.

Qual foi sua estréia como profissional?

Foi em 18 de fevereiro de 1988, quando escalei o Aconcágua, na Argentina. Chorei muito quando alcancei os 6962 metros da maior montanha da América. Daquele dia em diante, passei a me dedicar integralmente às expedições.

O que mudou em sua vida nesses 16 anos?

Hoje busco coisas concretas das expedições. Antes, viajava por puro prazer. Tento aproveitar ao máximo cada escalada, pois é um privilégio chegar a lugares tão distantes. Passei a ter responsabilidades para com os patrocinadores também. E não deixo espaço para a improvisação.

De que expedição você gostaria de participar?

De muitas. Continuo me deslumbrando com livros, mapas e histórias de exploradores. Mas tem um projeto que eu gostaria muito de realizar, que é escalar as 14 montanhas do planeta com mais de 8 mil metros. Apenas dez homens conseguiram essa façanha. Eu já escalei seis. Ainda chego lá.

Waldemar Niclevicz

- Nasceu em Foz do Iguaçu (PR) em 1966

- Aos 14 anos entrou na Academia Militar das Agulhas Negras (ficou lá seis anos)

- Antes de uma escalada, na base da montanha, gosta de responder e-mails, praticar yoga, ouvir música e jogar baralho
- Faz escaladas na Cordilheira dos Andes com regularidade há 19 anos

Everest - No topo do mundo

EVEREST: NO TOPO DO MUNDO



No dia 25 de maio de 2002, quando Peter Hillary conseguiu escalar o Everest, sabia que tinha pouco tempo para saudar seu grande herói. Antes que o ar rarefeito e o vento gelado consumissem a pouca energia que lhe restava, pegou o telefone por satélite e ligou para a Nova Zelândia: "Papai, estamos no topo. O que o senhor fez há quase 50 anos é inacreditável".

No acampamento-base da expedição (organizada pela National Geographic Society como parte das comemorações de meio século da conquista do Everest), Peter tinha o apoio de Jamling Norgay. Os dois são filhos, respectivamente, do neozelandês Edmund Hillary e do sherpa Tenzing Norgay, os primeiros homens a colocar os pés no ponto mais alto do planeta, a 8850 metros de altitude. Inacreditável talvez seja mesmo a melhor palavra para descrever a façanha alcançada às 11h30 da manhã de 29 de maio de 1953. Desde um século antes, mais precisamente em 1852, sabia-se que aquela montanha, na cordilheira do Himalaia, bem na fronteira entre o Nepal e o Tibete, era a mais alta do mundo. Na época, porém, era conhecida apenas como Pico XV. Em 1865, foi rebatizada em homenagem a George Everest, ex-topógrafo-geral da Índia. Quase seis décadas mais tarde, em 1921, Charles Howard-Bury chefiou a primeira expedição britânica à região. O grupo chegou a 6860 metros de altitude e saiu de lá confiante de ter descoberto o caminho rumo ao ponto mais alto do planeta. Acreditava-se que ele tinha 8848 metros, mas medições com GPS realizadas em 1999 confirmaram que o "grande E" tem 2 metros a mais (veja a lista das maiores montanhas na página 55).

"Porque está lá"
Na ocasião, perguntaram a George Mallory por que escalar o Everest. O alpinista respondeu com uma frase que se tornaria célebre: "Porque está lá". Porque estava lá, Mallory, Howard Sommervell e Arthur Wakefield fizeram a primeira tentativa de chegar ao pico no ano seguinte. Fracassaram. Em 1924, nova investida. No dia 8 de junho, Mallory e Andrew Irvine estavam muito perto do topo quando foram "engolidos" pelas nuvens. Nunca mais voltaram. Nem mesmo a descoberta do corpo congelado de Mallory, em 1999, respondeu à pergunta que muitos se fazem desde então: eles conseguiram? (Leia mais no quadro da página 55).

Novas derrotas, ao longo dos anos seguintes, só fizeram aumentar o fascínio exercido pela montanha. "Se os primeiros tivessem sido bem-sucedidos, o feito teria sido saudado como notável e logo depois esquecido", afirma o historiador Walt Unsworth, especialista em Everest. Na primeira metade do século passado, 18 pessoas morreram ao tentar a escalada, até porque as condições em que partiam rumo ao cume eram bastante precárias. Não havia tecidos ou calçados capazes de resistir ao frio e à umidade, as barracas eram pesadas e até o uso de oxigênio suplementar era complicado e inseguro.

Por tudo isso, a conquista de 1953 foi festejada com enorme alegria e admiração. Foi uma megaexpedição, com dez alpinistas e 350 carregadores de origem sherpa, povo que vive no Himalaia desde o século 16 e que se mostraria essencial para vencer a montanha (leia o quadro da página 54). Na época, já se sabia que é imperativo habituar o organismo à falta de ar nas grandes altitudes. A técnica, usada até hoje, consiste em montar um acampamento-base a cerca de 5300 metros. Em locais assim, a pressão atmosférica é metade da registrada ao nível do mar, ou seja, só há 50% do oxigênio disponível na maioria das concentrações urbanas. Dali para cima, a situação se torna cada vez mais crítica. A 8 mil metros, por exemplo, o oxigênio corresponde a apenas 30% do que o nosso corpo está acostumado. É a chamada zona da morte - o batimento cardíaco passa de 120 por minuto, em repouso; e as alucinações são freqüentes. Sem falar nos ventos constantes, nas temperaturas que variam de 15ºC a 45ºC negativos e na possibilidade de ser atropelado por uma avalanche, fenômeno responsável pela maior parte das mortes.

É preciso querer muito superar o desgaste físico pelo prazer de desafiar a natureza. Por isso, os alpinistas sobem cada dia um pouco mais, mas voltam ao acampamento-base, até que o corpo se ajuste ao ar mais rarefeito. Uma vez completada essa adaptação, o que dura em torno de um mês, é hora de montar novo acampamento, em ponto mais elevado. E assim sucessivamente, até o "ataque final". Tenzing Norgay e Edmund Hillary, por exemplo, voltaram oito vezes ao acampamento-base e escalaram o equivalente a 3,5 Everest para conseguir chegar ao topo. E, dois dias depois de estar lá, já haviam retornado à segurança dos 5300 metros.

O sherpa Norgay (nome que significa afortunado) tinha 39 anos e participara de outras seis expedições. Destacava-se pela força física, pela tenacidade e pela reverência que guardava em relação à montanha - os tibetanos a chamam de Chomolungma, ou deusa-mãe do mundo. No ano anterior, tinha chegado a 8598 metros junto com o suíço Raymond Lambert, marca nunca antes alcançada. O apicultor Hillary, 33 anos, se aventurava pela segunda vez. Estava no auge da forma física e tinha experiência como montanhista na Nova Zelândia e em expedições de reconhecimento na Cordilheira do Himalaia (numa delas, ajudara a mapear o lado sul do Everest). No percurso, Norgay salvou Hillary de uma queda numa fenda - e ambos se aproximaram. Em 21 de maio, 40 dias após o início da aventura, os dois passaram a escalar sempre juntos. Exatamente uma semana mais tarde, eles passaram a noite a 8500 metros de altitude. Na manhã seguinte, partiram para o último e mais complicado trecho: superar um paredão de cerca de 12 metros de rocha lisa quase sem pontos de apoio, batizado mais tarde de Escalão Hillary. "Uma saliência de gelo pendia sobre a rocha à direita, com uma longa fenda em seu interior. Sob ela, a montanha descia pelo menos 3 mil metros até a geleira Kangshung. Será que ela me agüentaria? Só havia um modo de descobrir", contou Hillary. O resto é história.

Os dois viraram celebridades. Hillary ganhou o título de sir (cavaleiro do Império Britânico) e sua foto foi reproduzida em selos na Inglaterra e em notas de 5 dólares na Nova Zelândia. Norgay recebeu uma condecoração da Coroa britânica e foi recebido pelo papa, antes de ser aclamado na Índia, no Tibete e no Nepal. A palavra sherpa, que quer dizer "pessoa originária do oriente" e é usada pelos descendentes dessa etnia como último sobrenome, passou a ser sinônimo de "guia de alta montanha" (leia mais sobre os dois pioneiros no quadro da página 53).

A proeza não desanimou os outros que sonhavam - e sonham - em escalar o Everest. Ao contrário. Hoje, os governos do Tibete e do Nepal cobram taxas altíssimas dos alpinistas. Mesmo assim, há congestionamentos nas principais trilhas e um grave problema ecológico, que aumenta a cada ano: o lixo que repousa no gelo. Outra questão que inquieta alpinistas é a crescente comercialização da aventura. Já há, nos Estados Unidos, empresas especializadas em "levar quem quiser ao topo" - como se vendessem um cruzeiro pelo Caribe ou um tour pela Toscana.
Nestes 51 anos, mais de 10 mil pessoas já desafiaram a montanha. Até o ano passado, 175 tinham morrido ao longo do caminho. E pouco mais de 1200 conseguiram atingir o cume. Em maio de 1975, a japonesa Junko Tabei foi a primeira mulher. Em agosto de 1980, o italiano Reinhold Messner completou outra façanha inédita: chegou lá sem oxigênio suplementar. No dia 14 de maio de 1995, Waldemar Niclevicz e Mozart Catão levaram a bandeira brasileira ao topo do mundo. E em maio de 2001 o americano Erik Weihenmayer, conduzido por amigos e amarrado por cordas, saltou fendas literalmente no escuro para se tornar o primeiro cego a completar a subida. Tudo para poder repetir a frase de Edmund Hillary a seu colega George Lowe, que o aguardava no acampamento IV, a mais de 6 mil metros de altitude, em maio de 1953: "Pronto, liquidamos o filho da mãe".

Os primeiros a derrotar a montanha
Os dois primeiros a subir o Everest tinham quase nada em comum antes da conquista, mas se tornaram grandes amigos. Tanto que sempre evitaram confirmar quem pôs o pé no topo do mundo antes do outro. "Chegamos juntos", diziam. Neozelandês de Auckland, Edmund Hillary começou a escalar em 1935, aos 16 anos. Em 1951 decidiu aventurar-se no Himalaia. Com sua primeira mulher, Louise, teve os filhos Peter (que escalou o Everest em 2002), Sarah e Belinda, que morreu com a mãe num acidente aéreo. Ao lado de June Mulgrew, a segunda esposa, continuou se dedicando a projetos sociais voltados para a comunidade sherpa, como a construção de escolas, hospitais e pontes. "Chegar ao cume parece hoje menos importante do que outros passos que dei para melhorar a vida de meus amigos no Nepal", disse Hillary no ano passado. Aos 84 anos, vive na Nova Zelândia. Tenzing Norgay nasceu em Thame, na região do Khumbu, no Nepal, em 1914. Era pastor de iaques e plantava batatas e grãos. Teve quatro filhos com a primeira mulher: Norbu, Dhamey, Deki e Jamling, que repetiu o feito do pai em maio de 1996. Nunca aprendeu a ler e escrever. Era budista e começou a fazer alpinismo na década de 1930. Rapidamente ficou conhecido pela força e agilidade. Ao voltar da grande conquista, em 1953, afirmou: "Minha montanha não me pareceu uma coisa morta de rocha e gelo, mas quente, amiga e viva". Morreu aos 72 anos, em 9 de maio de 1986.

Os reis das grandes altitudes
Se não fossem os sherpas, provavelmente a conquista do Everest teria demorado ainda mais tempo. Povo das montanhas, eles vivem nos vales de grandes altitudes que serpenteiam o maciço do Himalaia desde o século 16, quando os primeiros habitantes chegaram à região vindos do leste do Tibete. Durante mais de 400 anos, viveram em paz com as montanhas. Budistas, eles acreditavam que elas eram o lar dos deuses e, por isso, não deviam ser devassadas. Criavam iaques e negociavam com os tibetanos e indianos. O plantio de batatas só foi introduzido pelos britânicos no século 19, mas é considerado muito importante para a fixação dos moradores no local.

Nos anos 1910, o pesquisador escocês Alexander Mitchell Kellas, pioneiro no estudo dos efeitos da altitude no organismo humano, descobriu que os sherpas têm enorme capacidade de adaptação à baixa pressão atmosférica (e, portanto, ao ar rarefeito). Hoje, acredita-se que gerações e gerações de habitantes das montanhas promoveram essa alteração genética que lhes permite viver a 3 mil metros ou mais - sem nenhum problema. O segredo estaria na respiração: mais rápida, de forma a inalar mais ar. Em 1921, quando os britânicos organizaram sua primeira expedição ao Everest, contrataram alguns moradores como carregadores. Nunca mais eles deixariam de escalar a montanha.

Além de carregar peso, passaram também a subir a montanha junto com os alpinistas estrangeiros. A chegada de Tenzing Norgay ao topo, em 1953, fez explodir o turismo no Himalaia. Hoje, muitos sherpas trabalham como guias para os cerca de 20 mil aventureiros que visitam a região todos os anos - vale lembrar que há muito mais pessoas interessadas em fazer caminhadas em altitudes inferiores a 5 mil metros do que os que sonham em conquistar o Everest.
Em Namche Bazaar, maior cidade do Khumbu, há pizzarias, telefone e acesso à internet, além de banco, correio e hospital. Mas muitos sherpas deixam a região para se instalar em Katmandu, a capital do Nepal, onde se concentra a infra-estrutura para os viajantes. Tudo porque os que trabalham com montanhismo ganham cinco vezes mais que os que permanecem ligados apenas à agricultura.


As 14 maiores

- Nível do mar - 0 m

- Gashenbrum ii - 8035 m

- Shisha Pangma - 8046 m

- Broad Peak - 8047 m

- Gashenbrum i - 8068 m

- Annapurna - 8091 m

- Nanga Parbat - 8125 m

- Manaslu - 8156 m

- Dhaulagiri - 8172 m

- Cho Oyu - 8201 m

- Makalu - 8463 m

- Lhotse - 8501 m

- Kangchenjunga - 8598 m

- K2 - 8611 m
- Everest - 8850 m

Será que eles conseguiram?
De todas as tentativas de subir o Everest, só uma rivaliza com a escalada de Hillary e Norgay em prestígio e mística: a expedição britânica de 1924. Tudo porque George Mallory e Andrew Irvine podem ter chegado ao topo - mas provavelmente nunca saberemos. Os dois foram vistos pela última vez bem próximos do cume, no dia 8 de junho. Pela manhã, eles haviam deixado a barraca do acampamento avançado, para logo sumir em meio às nuvens. Noel Odell, um dos companheiros de equipe, conseguiu avistá-los ao longe, às 12h50. Será que eles conseguiram? Em 1999, uma expedição foi montada para repetir o percurso feito pelos britânicos. O corpo de Mallory foi encontrado (congelado e bem conservado) a cerca de 8290 metros de altitude. Os alpinistas procuraram a câmera fotográfica que ele carregava, na esperança de, 75 anos depois, poder revelar o filme em preto-e-branco capaz de desvendar o mistério. Em vão.