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segunda-feira, 2 de março de 2015

Veja como a humanidade poderá ser extinta, modelo de extinção foi feita com ratos


Veja como a humanidade poderá ser extinta, modelo de extinção foi feita com ratos


No ano de 1972, o pesquisador John Calhoun decidiu construir um paraíso para ratos, com belos edifícios e alimento ilimitado. Ele introduziu oito ratos a essa população. Dois anos depois, os animais tinham criado seu próprio apocalipse.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Os construtores de Átomos - Química Nuclear


OS CONSTRUTORES DE ÁTOMOS - Química Nuclear


Tudo no Universo é composto por apenas 92 elementos químicos. Mas o homem já sabe criar seus próprios elementos artificiais.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Droga bloqueia HIV em estudo de laboratório, mostra pesquisa

Droga bloqueia HIV em estudo de laboratório, mostra pesquisa

Concepção artística do vírus HIV (Foto: Divulgação/NIH)

Experimento foi feito com remédio feito para tratar epilepsia.
Cientistas querem testá-lo em pessoas infectadas com HIV.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Ciência de um provocador - Entrevista

A CIÊNCIA DE UM PROVOCADOR - Entrevista


O cientista americano provoca mutações nos genes que coordenam a formação do corpo nas moscas Drosophila. Com isso, ele vem decifrando o desenvolvimento dos embriões na evolução das espécie

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fábricas de Tecnologia - Física


FÁBRICAS DE TECNOLOGIA - Física



Os instrumentos que começam a chegar aos laboratórios nacionais são verdadeiras máquinas do tempo - com  eles idealizam-se, hoje, as maravilhas de amanhã

A primeira imagem que vem à mente, quando se ouve o termo epitaxiador por feixe molecular, é a de algum fantástico veículo espacial utilizado, possivelmente, pelo herói de histórias em quadrinhos Flash Gordon para fugir do fictício planeta Mongo. Não é nada disso, com certeza, mas a imagem de ficção científica persiste mesmo depois que se descobre a verdade. Como um dos mais avançados instrumentos da Física moderna, o papel dos epitaxiadores é transformar materiais comuns no mais tênue vapor de átomos imaginável. Tanto que, em seguida, esse gás solidifica-se sobre uma placa metálica à taxa de apenas 1 milímetro a cada 1 000 horas, ou 1 milionésimo de milímetro a cada três ou quatro segundos. Isso significa que os epitaxiadores são versões ultramodernas das forjas, pois são capazes de operar em escala atômica. Diferentes substâncias, vaporizadas em seus diversos fornos, acabam cristalizadas uma por vez - em camadas infinitesimais e numa ordem precisa - de modo a gerar materiais com propriedades nunca vistas na natureza. Exemplo disso são os novos chips de arsenieto de gálio, consagrados como peças fundamentais dos discos laser, nos quais eletricidade e luz interagem para codificar e armazenar informações. Imagina-se que, nos anos vindouros, os epitaxiadores conduzam, entre outras coisas, ao computador tridimensional, ou seja, um circuito eletrônico sem partes desmontáveis, desenhado entre os átomos de um único cristal. Algo como um pedregulho dotado de inteligência´Aplicações como essa, naturalmente, transformam os epitaxiadores em cobiçados equipamentos industriais. Elas têm mais valor, no entanto, como instrumentos de pesquisa - isto é, não por aquilo que já podem fabricar, mas sim por aquilo que podem ensinar a fazer, no futuro. É com esse caráter que tais máquinas começam a chegar ao Brasil, à medida que os físicos brasileiros, de mangas arregaçadas, procuram enfrentar o desafio nada usual de seu ofício: investigar as mais distantes fronteiras da realidade e antecipar as novas conquistas tecnológicas.Para isso, foram montados quatro epitaxiadores: em Belo Horizonte, MG, e em três cidades paulistas, a capital, São Carlos e Campinas. Nesse último local, entretanto, as atenções se voltam para um instrumento ainda mais sofisticado, a fábrica de luz síncroton. Trata-se de um anel gigante, de 80 metros de circunferência, já intitulado, internacionalmente, de instrumento científico da década. Sua função é produzir feixes muito intensos de luz comum e ultravioleta, como os lasers, mas também raios X, mais energéticos e até agora inacessíveis aos lasers. Foi necessário um admirável trabalho de engenharia avançada para domar esses pulsos de energia radiante.Numa primeira etapa, partículas subatômicas, como o elétron, têm que ser aceleradas por um sofisticado sistema de ondas de rádio. Isso é feito num tubo de 9 metros de comprimento onde se faz altíssimo vácuo, encontrável apenas a 300 quilômetros acima da superfície da Terra. Injetados, em seguida, numa estrutura circular de nome síncrotron, onde são obrigados a fazer curvas apertadas a uma velocidade bem próxima à da luz, os elétrons cospem energia espetacularmente em todo o vasto contorno do anel. Os raios jorram em afiadíssimos pulsos que duram milionésimos de segundo e têm uma espessura 2 000 vezes menor que 1 centímetro.Tanto os epitaxiadores como a luz síncrotron serão usadas no setor mais dinâmico da Física atual-a Matéria Condensada-na qual trabalham 40% dos físicos do mundo e mais da metade dos brasileiros. Em poucas palavras, a Matéria Condensada procura sondar o microcosmo em que se agitam átomos e moléculas. Nesses abismos, vigoram as leis básicas que fazem o vidro ser vidro, por exemplo, ou um ímã agir como tal.Se bem compreendidas, portanto, essas leis podem  tornar-se a chave de metamorfoses notáveis-a idéia é gerar, entre outras coisas, vidros com a força do aço, ou metais dotados da resistência das cerâmicas ao desgaste. O mesmo vale para as moléculas orgânicas e já há quem pense, por exemplo, em dominar o mecanismo que permite à clorofila das plantas converter energia solar em eletricidade. Ele poderia ser usado numa revolucionária usina vegetal - onde uma bateria de plantas energizariarn as redes elétricas do país. Mera especulação, por enquanto: mas ela pode concretizar-se."Os avanços ocorrem com velocidade espantosa, nessa área", argumentam os físicos em um recém-lançado livro, cujo objetivo é explicar por que, e como, é preciso modernizar os laboratórios nacionais. Com o título A Física no Brasil na próxima década, o texto tem a inovadora preocupação de fugir, sempre que possível, à linguagem técnica. Também procura pelo menos esboçar os princípios que orientam as pesquisas atuais. No fim das contas, pode ser lido como um instrutivo livro de divulgação científica. "Espero que dona Zélia, especialmente, aprenda com ele", brinca o físico Oscar Sala, da Universidade de São Paulo, em referência à ministra da Economia, Zélia Cardoso de Melo.Um dos decanos da pesquisa brasileira, três vezes presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que diz que os recursos são escassos, mas, se bem aplicados. será possível acompanhar o ritmo internacional. Um dos pioneiros, no Brasil. da Física Nuclear, cujo pique pouco fica a dever ao setor de Matéria Condensada. Sala ajudou a construir o primeiro acelerador de partículas subatômicas da América Latina-o Van de Graff, instalado em São Paulo nos anos 50. Desde então, ele vem aprimorando a arte de extrair boa Física de verbas não tão boas assim. O próprio Van de Graff ilustra como é sempre possível improvisar.Ao final de vinte anos de bons serviços prestados, ele foi simplesmente desmontado, em meados da década de 70. Sala explica que os pesquisadores precisavam de suas peças para fazer funcionar o Pelletron, um protótipo de acelerador bem mais energético que o precedente, mas ainda emperrado por pequenos problemas, comuns nos novos equipamentos. Hoje, a máquina brasileira é uma das melhores entre as dez existentes, instaladas na Índia. Japão, Argentina, Israel e Austrália. É o mais requisitado modelo de acelerador, mas agora vamos melhorá-lo". diz o cientista. Atualmente. a energia disponível para acelerar partículas é de 8 milhões de volts, mas pode chegar a 18 milhões de volts, com ajuda de supercondutores de nióbio.São fios que, refrigerados a 270 graus negativos, conduzem eletricidade sem perda de energia na forma de calor: por isso, são altamente eficientes na construção de bobinas magnéticas. essenciais nesse tipo de instrumento. Os aceleradores podem esmiuçar muitos detalhes da Matéria Condensada, complementando a pesquisa dos lasers e fábricas de luz. Mas eles descem mais um degrau na estrutura da matéria -passam dos átomos e moléculas, para os núcleos atômicos, 100 000 vezes menores. Os fenômenos dominantes nessas dimensões são relevantes, por exemplo, para a vida das estrelas, ou para a evolução do Universo. Mas sua influência também se faz sentir no dia-a- dia. São úteis, por exemplo, para denunciar a identidade secreta dos poluentes no ar. Eles escapam à análise convencional porque só é possível examinar o ar em pequenos volumes, nos quais os poluentes acham-se em proporções minúsculas.Sob violento bombardeio das partículas nucleares, no entanto, cada substância emite raios X de maneira distinta, como se deixasse uma impressão digital. Isso permite criar controles altamente eficientes de qualidade do ar, o que vem sendo feito com ajuda do Pelletron. Mas as condições de trabalho vão ficar mais folgadas, pois o Instituto de Física da USP acaba de comprar um novo acelerador, o Mícrotron. Ainda encaixotado em Santos, à espera de verba para a construção de instalações convenientes ele deverá acelerar elétrons, e não núcleos atômicos. Também o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, espera apossar-se em breve de um acelerador de novíssima geração, no qual núcleos atômicos colidem como um meio de fabricar partículas exóticas, os mésons.Quando foram descobertos na década de 40-com ajuda de um dos maiores cientistas brasileiros. César Lattes -, os mésons não eram produzidos nos aceleradores. Eles literalmente caíam do céu pois são parte dos raios cósmicos, partículas vindas do espaço e aceleradas, possivelmente, pelo magnetismo da própria galáxia. Personagens das mais profundas entranhas da matéria, eles são úteis para testar idéias teóricas básicas, como a tentativa de unificar as forças universais. Mas podem acabar numa função muito prática: estimular reações nucleares nas sonhadas usinas de fusão, cujo combustível são átomos leves, abundantes e limpos, como o hidrogênio. e não os perigosos, pesados e raros átomos de urânio, empregados atualmente. 

Como se vê, os planos parecem bons, mas os obstáculos são grandes. Apenas para ficar onde está- sem ampliar sua força com relação a outros países a Física brasileira precisa crescer. E o dinheiro, embora importante, não é a única dificuldade. Formar pesquisadores altamente treinados, com graus de mestre e doutor, é um requisito indispensável. Sem eles, não há como montar equipes competitivas nas inúmeras especialidades da ciência moderna.O país, atualmente, conta com 1 100 doutores, enquanto os Estados Unidos têm um número trinta vezes maior. É certo que, ao longo dos últimos quinze anos, entre 1971 e 1986, o número de doutores cresceu cinco vezes, de 186 para 942. Mas a Física, no passado, estava mais bem equipada que hoje, na opinião de muitos cientistas: para acompanhar o ritmo internacional, o crescimento deveria ter sido maior. Agora. estima-se que seja preciso dobrar de tamanho, nos próximos cinco anos, e dobrar novamente nos cinco anos seguintes. Esse, pelo menos, é o cálculo que faz o diretor da Sociedade Brasileira de Física, Gil da Costa Marques, da USP. "Se chegarmos a isso, estaremos no caminho certo".Outro problema é a concentração de cientistas e equipamentos na Região Sudeste, em particular no Estado de São Paulo, onde estão 50% dos físicos brasileiros. A idéia é começar a distribuir melhor os cientistas e equipamentos pelo país. Na área dos aceleradores, dessa forma, além do projeto carioca, existem planos de aperfeiçoar um modelo especial, o implantador de íons, já existente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Essa máquina acelera íons-átomos eletrizados, dos quais foram arrancados alguns elétrons e acrescentados ânions -e os injeta numa peça de metal, por exemplo, cujas propriedades se quer alterar. Muitas aplicações desse tipo de pesquisa procuram aumentar a resistência dos metais ao desgaste, e já existem empresas começando a usar implantadores de íons."Com ele, a universidade pode treinar pesquisadores e ajudar as indústrias a resolver seus problemas tecnológicos", opina Fernando Zawislak, diretor do Instituto de Física da Universidade. Por isso mesmo, acrescenta o cientista, é importante formar pesquisadores aptos a acompanhar o ritmo dos novos conhecimentos nesse setor. Num trabalho recente, por exemplo, os gaúchos mostraram que é possível alterar as características dos polímeros-de maus para bons condutores de eletricidade. De quebra, o material mostrou-se mais resistente ao calor que os condutores metálicos, propriedade relevante na construção de computadores cada vez menores sem risco de superaquecimento.No outro extremo do país, no Nordeste, a despeito de todas as dificuldades, é surpreendente o progresso no estudo de lasers de alta potência e de ímãs avançados. O Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, por exemplo, foi montado apenas a partir de 1972, com a chegada do seu primeiro doutor, o carioca Sérgio Resende. Mas tem hoje pesquisas publicadas do país: cada um dos seus 28 doutores publica 2,5 trabalhos por ano, contra apenas um, na média nacional. Uma de suas equipes mais ativas busca atualmente projetar discos magneto-óticos, ambicionados pela grande capacidade de armazenar informações.O conhecimento acumulado nessa área de ponta, acabou transformando a equipe da UFPE em fornecedora de outras universidades. Ela produz lasers convencionais, por exemplo, necessários à formação de pesquisadores no Ceará e em Alagoas. Também desenha pequenos computadores, como o Corisco, transformado num produto comercial, na década passada, pela empresa Elógica. Resende informa que o Hospital das Clínicas da UFPE está testando um novo tomógrafo desenvolvido pela Universidade. Trata-se de um aparelho que emprega fortes magnetos para mapear o interior dos organismos, com larga aplicação na Medicina.Esses fatos dão uma medida da importância dos novos instrumentos. Não há dúvida de que a ciência é cara, mas também é certo que o retorno dos investimentos é altamente compensador. Em termos financeiros, as mais recentes estatísticas européias e americanas mostram que cada cruzeiro gasto na compra ou construção de instrumentos transforma-se em 3 cruzeiros ganhos por meio da venda de alta tecnologia. Mas o mais valioso benefício da pesquisa é o próprio conhecimento-uma mercadoria que não tem preço. Desde que a ciência existe, no entanto, ela tem sido uma garantia de progresso e bem estar crescentes. 

Minuciosa engenharia

A função dos instrumentos científicos é reproduzir fenômenos mal conhecidos, que ocorrem em condições extremas. Para tanto, empregam a mais alta tecnologia disponível. Um exemplo são as câmaras de vácuo, essenciais tanto aos aceleradores de partículas e fábricas de luz, como aos epitaxiadores. Nesses, por exemplo, finíssimos vapores de átomos são empregados para montar um cristal. Para evitar contaminações fatais, o ar no interior das câmaras tem que ser reduzido a quase nada -sua pressão sobre as paredes da câmara deve ser 100 bilhões de vezes menor que aquela existente fora. 

Mas o ar não pode ser evacuado por bombas mecânicas, sujas demais para essa minuciosa engenharia. A sofisticada solução é bombardear o ar com radiação, para eletrizar suas moléculas. Desse modo, elas podem ser atraídas por placas também eletrificadas, às quais aderem e desimpedem o espaço interno. Outro quebra-cabeça criado pelos vácuos elevados é que duas peças do mesmo material nunca podem encostar-se: como praticamente nada existe entre elas, não há o que as proíba de soldar- se até formar uma única peça. Nos epitaxiadores, empregam-se rodas e trilhos de aço, e a única saída foi cobrir as rodas com ouro.


Máquinas milionárias

O maior projeto atual da Física brasileira é o laboratório de luz síncrotron que está sendo construído em Campinas, SP, desde 1986. No total, entre equipamentos e instalações, a obra deverá consumir, nos próximos seis ou oito anos, 10 milhões de dólares ao ano (cerca de 2,5 bilhões de cruzeiros, a preços de março de 91). Isso não impediria que o laboratório começasse a funcionar já em 1993. Ele não pertence a nenhuma universidade; está diretamente vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico. No mundo inteiro há apenas 37 máquinas como essa: onze nos Estados Unidos e quatro nos países menos desenvolvidos, sendo uma no Brasil, uma em Taiwan e duas na China. O segundo lugar na conta de gastos cabe à fábrica de mésons, a ser instalada no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio, a um custo estimado de 30 milhões de dólares, amortizados ao longo da década. Além disso, dois projetos visam ampliar aceleradores de partículas existentes: o Pelletron, da USP (8 milhões de dólares) e o implantador tônico, no Rio Grande do Sul (4 milhões de dólares). Em comparação, os epitaxiadores são baratos: saem por 900 000 dólares. Existem, atualmente, 200 deles, em vários países, um terço dos quais no Japão.

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ratos Humanos - Genética


RATOS HUMANOS - Genética



Fabricados num tubo de ensaio, eles têm  em seu organismo substâncias ou órgãos do homem ou de outras espécies e por isso tornam-se modelosideais para o estudo de diversas doenças

As doenças, por motivos óbvios, estão entre os fenômenos naturais cuja compreensão mais interessa ao homem. Infelizmente, é impossível estudá-las por meio de experimentos, como se faz, com grande sucesso, em outras áreas do conhecimento. Certamente, não se pode provocar um distúrbio em uma pessoa para tentar elucidar as suas causas. A própria ciência, no entanto, encarregou-se de romper os limites naturais e acabou descobrindo um método excepcional de simular os males humanos no corpo dos ratos. Já existem animais especialmente talhados para desenvolver a calvície, o câncer, o diabetes e a hepatite, entre muitos outros exemplos. E, para coroar essas proezas, parece cada dia mais próxima a possibilidade de se fabricar um rato aidético. 

A força da nova técnica é evidente: para estudar os males humanos, já não é preciso procurar animais naturalmente suscetíveis a doenças análogas a esses males humanos, nem tentar induzi-los por meio de drogas. Tais métodos são úteis, sem dúvida, a tal ponto que se colecionam raras linhagens de ratos com esse fim. Mas isso não é o ideal. O que se procura agora é recriar uma doença completa no organismo de uma cobaia e assim desnudar, com precisão jamais alcançada, o emaranhado de reações químicas existentes nas células. Uma analogia ajuda a entender como isso é feito. Afinal, apesar de seu volume microscópico, as células são verdadeiras fábricas. No seu interior, fazendo as vezes de engrenagens, milhares de substâncias movimentam-se para elaborar os produtos essenciais ao organismo.Não é fácil, portanto, investigar os possíveis defeitos das engrenagens, ou os equivalentes das doenças, de acordo com essa analogia. Mas, além de engrenagens, as células também têm um roteiro de trabalho, por meio do qual é muito mais simples entender o funcionamento da fábrica. Esse roteiro está inscrito nos genes, substâncias-capatazes cuja função é orientar o trabalho das substâncias-engrenagens Os problemas da calvíce, por exemplo, mostram como o estudo dos genes pode ser útil. Eles têm origem na linha de montagem da queratina, o principal ingrediente dos cabelos, cuja produção exige cerca de vinte comandos químicos diferentes.
Em vista disso, os bioquímicos decidiram sabotar pelo menos um desses comandos para ver que tipo de doença poderiam produzir. Primeiro, extraíram do organismo de uma ovelha um gene de nome IF, um dos responsáveis pela produção de queratina. Depois, num tubo de ensaio, copiaram-no diversas vezes e introduziram as cópias nas células sexuais de uma rata prenhe. Como resultado, os filhotes da rata herdaram as instruções defeituosas inseridas na mãe; por ter genes de uma outra espécie, a ovelha, esse tipo de animal é chamado transgênico. Os cientistas haviam imaginado um defeito simples, em que um gene começa a trabalhar mais do que o normal e provoca um desequilíbrio danoso na química celular. O excesso de cópias poderia simular esse efeito.
A experiência confirmou a hipótese, pois os filhotes nasceram suscetíveis à calvíce. Mais do que isso, apresentavam muitos desequilíbrios químicos efetivamente observados nas pessoas que têm problema com os cabelos. Assim, apesar de não deslindar a causa desses males, a experiência mostrou como procurar pelo fio da meada. Não se deve pensar que a questão se resume ao excesso de uma substância. A lição extraída é que uma simples mudança na quantidade altera por completo as instruções originais de um gene, sejam elas quais forem. "Os animais transgênicos desvelam as verdadeiras ações dos genes dentro dos organismos", ensina a bioquímica Brenda Leckie, do Centro de Pesquisas Médicas, de Glasgow, Escócia.
Ela analisa uma intrigante experiência, na qual alguns ratos receberam uma cópia extra do gene produtor de renina, substância associada ao controle da pressão sangüínea. Quando injetada no sangue de um animal qualquer, inclusive o homem, a renina provoca hipertensão. Nesse caso, porém, o que se observou foi algo bem diferente: embora sofressem de pressão alta, os ratos não tinham elevada concentração de renina no sangue. Isso prova que não há uma relação simples entre o excesso de trabalho de um gene e as alterações provocadas por ele. Ainda não existe uma pista bem definida sobre os furtivos caminhos desse gene. Mas há indícios de que ele estabelece uma verdadeira revolução na química dos vasos sangüíneos, do coração ou dos rins, em cujas células ele costuma trabalhar. Resultados parecidos podem advir das traquinagens bioquímicas de um gene humano, denominado Apo CIII, que hoje tornou-se suspeito personagem de diversas doenças.Quando se enxertam muitas cópias de Apo CIII numa rata, seus filhotes tornam-se superprodutores de apolipoproteína, substância aparentada ao colesterol. Como decorrência, sofrem de hipertrigliceridemia, ou HTG, distúrbio comum em pessoas com problemas nas coronárias. Em outras palavras, a experiência faz pensar que a causa da HTG é um excesso de trabalho do Apo CIII. Mas esse fato é ainda mais significativo quando se sabe que a HTG também está associada a diabetes, obesidade, pancreatite, deficiência renal crônica, estresse e até alcoolismo.
A criação de modelos para as doenças, embora recente, transformou-se na aplicação de maior sucesso dos animais transgênicos. Fabricam-se muitos outros tipos de bichos mistos, como as cabras com um gene humano produtor de insulina, cujas células tornam-se fábricas ambulantes desse importante medicamento para diabéticos. Um problema com cabras desse tipo é que a insulina brota de vários tipos de células, quando o ideal seria concentrar a produção nas tetas. Assim, seria mais prático coletá-la. De qualquer modo, considera-se que a experiência é um sucesso. Já se fazem, também, porcos magros, animais que recebem um gene humano responsável pela produção de hormônio de crescimento. Outras experiências utilizam um gene de boi do mesmo tipo, com efeito quase idêntico.
Em conseqüência disso, crescem mais esbeltos e desenvolvem uma carcaça com menor proporção de gordura, comparados a seus iguais da natureza. O mesmo pode-se fazer em organismos tão diferentes quanto o dos peixes. Esse tipo de animal, inicialmente, era acometido por severos efeitos colaterais, geralmente devido a uma imperfeita extração dos genes. No entanto, a técnica está sendo aparada rapidamente. Na realidade, os genes dos hormônios de crescimento ganharam uma aplicação mais direta: já estão nascendo porcos anões, duas vezes menores que o normal. É o que diz o geneticista Francisco Duarte, da Faculdade de Medicina (USP) de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. "Estamos nos preparando para gerar um miniporco e um microporco", conta ele, animado com a perspectiva de iniciar a pesquisa com transgênicos no Brasil.
Esses estranhos suínos têm uma dupla finalidade. O miniporco deverá ser criado como um substituto para a leitoa, que é excessivamente gorda quando jovem. O microporco terá grande utilidade na toxicologia, para testar o nível de perigo dos agentes tóxicos industriais e agrícolas. O porco tem um organismo bastante análogo ao do homem e sua reação aos venenos pode ser considerada uma indicação confiável sobre as reações humanas. Mas o tamanho dos animais, atualmente, torna difícil criá-los em laboratórios. O pesquisador quer resolver o problema. "Os microporcos o contornarão."O trabalho em Ribeirão Preto terá início em março e deve avançar ao longo dos próximos anos. Nesse caso, haverá uma auspiciosa corrida, já que inúmeros outros laboratórios do país apostam no estudo dos animais transgênicos. No Rio de Janeiro, nas dependências da Universidade Federal, prevê-se o nascimento, em breve, do primeiro rato transgênico nacional. "Ele será o protótipo de um futuro boi transgênico imune à febre aftosa", proclama o pesquisador Rodrigo Brindeiro. A aftosa é uma das maiores ameaças aos rebanhos, e um boi capaz de resistir a ela faria uma revolução nos campos. Portanto, já de saída, abrem-se largos horizontes para uma tecnologia transgênica tipicamente brasileira.
Finalmente, um dos maiores sucessos dos últimos tempos são os ratos híbridos mas não transgênicos. Em vez de genes, logo que nascem, esses animais recebem transplantes de células humanas. Assim, crescem dotados de miniaturas de órgãos humanos, verdadeiros penetras em seu organismo. São pequenas cópias do fígado, timo, rins, pulmões e diversas outras peças básicas do corpo. O grande sucesso dessa tecnologia são recriações, na escala dos ratos, do sistema imunológico humano, uma proeza concebida e executada, em primeiro lugar, pelo médico Michael Cune, do Hospital Geral de San Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Seus ratos têm uma dupla capacidade.Primeiro, porque desenvolvem um sistema imunológico humano perfeitamente capaz de defendê-los. Segundo, porque esse sistema pode fracassar, exatamente como ocorre durante um ataque de AIDS. Essa segunda característica é uma triste prerrogativa dos homens, os únicos animais vulneráveis ao vírus desse mal. Mas, aparentemente, os ratos de Cune também terão esse potencial, daqui para a frente, fato que Ihes dá imenso valor para a Medicina. No inicio não se dava crédito a Cune e ainda não há certeza sobre o verdadeiro valor dos seus ratos. Agora, inúmeros outros vírus humanos infestam ratos híbridos e fortalece-se a idéia de que as doenças do homem podem ser forjadas de maneira independente do seu próprio organismo.   


domingo, 21 de outubro de 2012

Disputa interna impulsiona avanços - CERN

Disputa interna impulsiona avanços no maior laboratório do mundo - CERN

Equipes que pesquisam 'partícula de Deus' competem por resultados.
Grupos desenvolvem tecnologias diferentes com os mesmos objetivos.


Para um leigo, é difícil perceber as diferenças entre o Atlas (esq.) e o CMS (dir.) (Foto: Cern/Divulgação)

A concorrência entre duas equipes de cientistas é um dos motores das descobertas feitas no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), um túnel circular com 27 km de comprimento, construído debaixo da terra, entre a França e a Suíça, pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês).

Nele, os pesquisadores aceleram e colidem partículas subatômicas para testar teorias da física. Brasileiros que trabalham em pesquisas nesse centro contaram a nos como é o ambiente de competição no que é considerado o maior laboratório do mundo.

Em julho, foi anunciada a descoberta mais impactante já feita no Cern. Foi encontrada uma partícula até então desconhecida, que, até o momento, tem tudo para ser o bóson de Higgs – apelidada de “partícula de Deus”, uma peça-chave para explicar como os objetos adquiriram massa.

Mas, nesse centro, quando uma descoberta como essa é anunciada, não ocorre uma única apresentação, e sim duas. Os resultados são publicados separadamente por duas equipes separadas, feitas em pontos diferentes dentro do LHC.

O CMS e o Atlas são dois detectores colocados em posições opostas no túnel, com o mesmo objetivo, que é encontrar novas partículas. Embora o acelerador de partículas seja o mesmo, os dois projetos são completamente independentes. Foram construídos com tecnologias diferentes e são operados por equipes separadas, usando modelos distintos.

'Um pouco na frente'
Como tentam descobrir as mesmas partículas, os dois experimentos funcionam como concorrentes. “Quando você só quer ser melhor que o concorrente, isso é extremamente positivo”, afirmou Sérgio Novaes, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que faz parte do experimento CMS.
O pesquisador Denis Damazio é brasileiro, mas trabalha para o Laboratório Nacional Brookhaven, dos Estados Unidos, e fica na sede do Cern, em Genebra, na Suíça. Integrante do Atlas, ele contou que, nas semanas que antecederam o anúncio da descoberta do novo bóson, o clima era de tensão entre os dois grupos.

“Em uma reunião que fui, a Fabiola Gianotti [coordenadora do Atlas] disse: 'quando estiverem passando pelo pessoal do CMS, façam cara triste para não estimulá-los’”, lembrou. Na época, surgiu também um boato nos corredores de que o CMS teria resultados mais precisos do que os obtidos pelo Atlas. Até a publicação oficial, esses resultados são sigilosos e são conhecidos pelos membros do próprio grupo, que podem fazer eventuais correções e sugerir alterações.

Não sei quem criou esse boato, se bobear foi o próprio pessoal do Atlas para nos estimular”, afirmou Damazio. De toda forma, o episódio ilustra como os dois grupos se esforçam na luta pelos melhores resultados. “A graça não seria chegar muito à frente dos caras, tem que chegar um pouco à frente só”, completou o pesquisador. De fato, os dois grupos divulgaram resultados muito parecidos.

Redundância
A realização de estudos semelhantes em paralelo se justifica por uma questão científica. Toda experiência, para ser comprovada, precisa ser reproduzida por outros pesquisadores. Como se trata de umas das máquina mais poderosas do mundo, a melhor forma de criar essa redundância era construir dois detectores no mesmo túnel.

“A existência de dois detectores é praticamente obrigatória”, afirmou Alberto Santoro, líder do grupo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) junto ao CMS. Isso explica porque não é bom “chegar muito à frente”. “A gente fica curioso para confirmar se o resultado está semelhante. Se for muito diferente, um deles pode estar errado”, ponderou Fernando Marroquim, professor das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de São João Del Rey (UFSJ), em Minas Gerais, que coordena as pesquisas do Atlas no Brasil.

No caso do anúncio do novo bóson, em julho, a própria direção do Cern só aceitou publicar os resultados porque eles eram muito semelhantes. Se só um dos experimentos tivesse chegado à conclusão da existência do bóson, a descoberta não teria sido divulgada – outra hipótese seria divulgar dois artigos, explicando as diferenças nos resultados.

Recentemente, uma falsa descoberta que abalaria o mundo da física deu um bom exemplo de por que essa redundância é necessária. Em setembro de 2011, uma experiência realizada no próprio Cern – mas não no LHC – identificou partículas que se moviam acima da velocidade da luz. De acordo com a teoria da relatividade de Einstein, isso seria impossível.

Cientistas tentaram reproduzir os resultados daquele estudo, sem sucesso. Em março de 2012, o físico italiano Antonio Ereditato, responsável pelo experimento, pediu demissão depois que ficaram comprovados problemas técnicos nos aparelhos usados na descoberta

'Fronteira do conhecimento'
Mesmo os físicos têm dificuldades para explicar a importância de uma descoberta como a do bóson de Higgs. A experiência serve para confirmar uma teoria da física de partículas, mas, para a sociedade, não deve ter uma consequência direta em breve.

No entanto, ainda é difícil prever os resultados práticos que os estudos do LHC vão gerar. “É uma fronteira do conhecimento. Daqui pra frente, ninguém sabe de nada”, destacou Alberto Santoro, da Uerj e do CMS.

O desafio de lidar com fenômenos complexos e desconhecidos exige o desenvolvimento de novas tecnologias. As telas touchscreen, sensíveis ao toque, e a rede de computadores World Wide Web deram seus primeiros passos no Cern, onde foram feitas como ferramentas para os pesquisadores. Atualmente, o uso de tecnologias ligadas à aceleração de partículas se mostra promissor na medicina. As técnicas elaboradas pelos físicos podem resultar tanto em tratamentos contra o câncer – os prótons acelerados seriam uma alternativa mais eficaz à radioterapia – quanto em novos tipos de exame – cientistas trabalham em um novo tipo de escaneamento que promete ser melhor que a ressonância magnética.

Como o CMS e o Atlas desenvolvem tecnologias diferentes, isso aumenta a chance de que eles criem esse tipo de oportunidades. “Não chega a dobrar o potencial de descobertas, porque muita coisa se reaproveita [de outros aceleradores]”, explicou Denis Damazio, do Atlas.

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