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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Incrível invenção israelense permite ver através das paredes

Incrível invenção israelense permite ver através das paredes

Dispositivo é capaz de enxergar o que há por trás de objetos sólidos em tempo real com visão 3D.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

11 construções com ilusões de ótica que vão lhe deixar confuso.

11 construções com ilusões de ótica que vão lhe deixar confuso.


Ilusões de ótica são é quando o cérebro é enganado através da visão nos fazendo ver o que não está lá, e quando combinada com arquitetura o resultado são as mais incríveis construções dando muitas vezes um aspecto mágico.

Essas 11 edificações vai fazer você desconfiar dos seus olhos:

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Com o Crescimento da Violência, Brasileiros Procuram Formas Melhores de se Protegerem


Com o Crescimento da Violência, Brasileiros Procuram Formas Melhores de se Protegerem


Em tempos de insegurança e medo, o cidadão comum tem encontrado novas formas para escapar da violência do dia a dia.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Você só enxerga 1% do universo - Cosmologia


Você só enxerga 1% do universo - Cosmologia


Imagine só a situação. Você coloca na balança 10 bolinhas de gude, pesando 1 grama cada uma, e logicamente espera obter um peso total de 10 gramas. Só que, em vez disso, a balança registra 1000 gramas, um número 100 vezes maior. Pergunta: o que mais pode haver na balança além das bolinhas? Trocando os brinquedos pelos astros, a mesma pergunta pode ser feita a respeito do Universo, pois somando toda a matéria contida em estrelas, planetas, galáxias e qualquer outro astro conhecido chega-se, no máximo, a 1% de tudo o que existe lá fora. Os 99% restantes são uma incógnita. Uma massa que não brilha e não reflete luz. Por isso passou a ser chamada de matéria escura. "Determinar a quantidade total e a natureza exata dessa massa desconhecida é hoje a tarefa mais importante dos estudiosos do Universo", disse o cosmologista David Schramm, da Universidade de Chicago.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sinestesia: saiba o que a neurociência já avançou sobre a mistura dos sentidos


Sinestesia: saiba o que a neurociência já avançou sobre a mistura dos sentidos


Sentir o cheiro de uma cor, distinguir a forma de uma voz ou ouvir uma textura suave: metáforas utilizadas na poesia, na literatura e na arte, em geral, são o único modo que algumas pessoas têm de compreender a realidade.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Alfabeto braile existe graças à genialidade de um garoto cego


Alfabeto braile existe graças à genialidade de um garoto cego

Louis Braille nasceu em Coupvray, perto de Paris, em 1809. Seu pai trabalhava cortando selas e arreios de cavalos.

Aos 3 anos, o garoto, enquanto brincava na selaria de seu pai, acidentou-se com uma sovela – instrumento usado para perfurar o couro, que atingiu seu olho esquerdo. Em apenas seis meses a infecção causada pelo acidente passou ao olho direito, deixando Louis completamente cego aos 5 anos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Pesquisadores criam colírio capaz de dissolver cataratas sem necessidade de cirurgia


Pesquisadores criam colírio capaz de dissolver cataratas sem necessidade de cirurgia


A catarata é uma opacidade no cristalino do olho e é responsável por cerca de metade dos casos de cegueira registrados no mundo. Apesar de essa doença ser tratável, as cirurgias são caras e precisam de profissionais altamente especializados. Isso é um problema para pacientes que vivem em países subdesenvolvidos e com sistemas de saúde precários. Mas um novo estudo, que usou colírios para regredir cataratas em cachorros, pode tornar o tratamento da doença mais barato e acessível.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Pesquisadores criam colírio capaz de dissolver cataratas sem necessidade de cirurgia


Pesquisadores criam colírio capaz de dissolver cataratas sem necessidade de cirurgia


A catarata é uma opacidade no cristalino do olho e é responsável por cerca de metade dos casos de cegueira registrados no mundo. Apesar de essa doença ser tratável, as cirurgias são caras e precisam de profissionais altamente especializados. Isso é um problema para pacientes que vivem em países subdesenvolvidos e com sistemas de saúde precários. Mas um novo estudo, que usou colírios para regredir cataratas em cachorros, pode tornar o tratamento da doença mais barato e acessível.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Cientistas descobrem como adicionar visão noturna em olhos humanos


Cientistas descobrem como adicionar visão noturna em olhos humanos

GABRIEL LICINA COM A LENTE PRETA PARA PROTEÇÃO (FOTO: DIVULGAÇÃO/SCIENCEFORTHEMASSES)


Mistura de substâncias pode fazer humanos enxergarem no escuro.

Os animais de estimação são incríveis. Entre as muitas habilidades que eles têm, que nós humanos (ainda) não temos, está a visão noturna.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Estudo revela que os gatos são capazes de ver coisas invisíveis para os homens


Estudo revela que os gatos são capazes de ver coisas invisíveis para os homens


Segundo um estudo recente, os gatos são capazes de ver coisas invisíveis ao olho humano. A explicação para essa visão superpoderosa estaria na quantidade de luz ultravioleta que esses felinos são capazes de absorver em seus olhos.


terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Olhos de Craque - Medicina

OLHOS DE CRAQUE - Medicina


Nem só de pernas vivem os jogadores de futebol. A medicina mostra que treinar os olhos melhora a performance dos atletas, e que "visão de jogo" não é um dom de nascença, privilégio de bem-dotados.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Gigantesco pentagrama é encontrado no Cazaquistão


Gigantesco pentagrama é encontrado no Cazaquistão


Desenho do círculo com a estrela aparece nítido em imagem do Google Earth.

Muito se fala de símbolos supostamente gravados por seres de outros planetas. Depois de ver a imagem acima no Google Earth, muita gente acreditou que esse seria mais um misterioso caso de uma visitinha dos ETs ou alguma outra ação bastante estranha.

domingo, 28 de julho de 2013

Cada um tem seu Mapa do Mundo


Cada um tem seu Mapa do Mundo


Você escuta sons com seus ouvidos, vê imagens com seus olhos e sente os objetos com sua pele. Cada uma destas experiências tem um significado na sua mente, e estes significados juntos são o que você considera o "Mundo". Mas tem uma coisa que você não sabe, este seu mundo, não é o meu.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Imagens Quentes - Fotograia

IMAGENS QUENTES - Fotografia



Substituindo a luz visível por calor, a termografia permite retratar até mesmo o ar. Essa técnica tornou-se uma ferramenta de precisão nas mais diversas atividades.

Tudo o que certos fotógrafos esperam é uma calorosa recepção - de imagens, bem entendido. São os caçadores de fotos termográficas, aquelas criadas por computadores a partir do fraco calor emitido pelos seres vivos ou por qualquer material. Eles podem ser encontrados nos mais diferentes laboratórios, de hospitais a avançados centros de pesquisas. Conhecida desde 1950, essa tecnologia baseia-se num espectro de luz abaixo dos limites visíveis, a radiação infravermelha, descoberta ainda em 1800 pelo astrônomo alemão naturalizado inglês William Herschel (1738-1822). Ao contrário do processo fotográfico comum, que depende dos raios de luz visíveis refletidos pelos objetos, a termografia vale-se da radiação térmica emitida pelo movimento normal das moléculas que compõem os materiais na forma de raios infravermelhos.
Em lugar do papel sensível à luz, termômetros especiais com gases congelados próximo ao chamado zero absoluto, 273º C negativos (no qual cessa todo movimento das moléculas) registram essas mínimas variações de temperatura. Na verdade, doses mais altas de raios infravermelhos chegam a provocar um leve aquecimento na pele e são muito úteis no tratamento de contusões musculares - com o calor, os tendões relaxam e voltam a funcionar sem dor. O claro e escuro das imagens convencionais é representado nesse sistema por um código de cores, definido por computadores em função das leituras ponto-a-ponto do termômetro. Geralmente, quanto mais quente a área lida, mais a cor tende ao vermelho. A termografia teve uma acolhida calorosa nos mais diversos campos. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foi desenvolvido um binóculo que usa esse sistema para permitir que se enxergue melhor à noite.
Um canhão de elétrons, parecido com aquele utilizado nos televisores, converte em imagens os sinais de eletrodos sensíveis à luz infravermelha de uma lâmpada especial. Aparelhos de detecção desse tipo de luz também são usados em mísseis teleguiados para dirigir os projéteis a alvos quentes. "No campo da Medicina as imagens termográficas servem para identificar a evolução de tumores no organismo", lembra o oncologista Flávio Franco Montoro, dono de uma das poucas clínicas brasileiras que fazem esse tipo de exame. As células cancerosas desprendem mais calor que as saudáveis, pois são mais irrigadas de sangue, cujas células de defesa tentam destruí-las. Como o sangue é quente, um trecho mais vermelho que o normal pode ser sinal de câncer. Os engenheiros mecânicos, de seu lado, descobriram na termografia um método seguro de analisar o ponto de fadiga das máquinas e estruturas. O princípio é simples: o desgaste provoca aumento na vibração e conseqüentemente na temperatura dos componentes metálicos. A cerca de 800 000 metros de altura, as antenas do satélite francês Spot captam desde 1986 as radiações infravermelhas do solo, da vegetação e mesmo da atmosfera brasileira, compondo preciosas fotos.
Essa radiação, um conjunto de ondas eletromagnéticas, é codificada e retransmitida para outra antena em Cuiabá, no Mato Grosso, e dali para o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. De acordo com o interesse, um computador em terra pode selecionar ou as imagens de minerais do subsolo, ou de desmatamentos ou de chuvas e ventos. "Assim, é possível localizar áreas de seca ou plantações esgotadas", exemplifica o engenheiro Antônio Tebaldi Tardin , responsável pelo sensoreamento remoto no Inpe. "A vegetação com pouca água e sem vida envia menos sinais e é mais escura nos gráficos." Mas o que aconteceria se uma foto desse tipo fosse feita em casa, com leves correntes de ar? Essa é a pergunta que os técnicos franceses procuraram responder com a criação do Centro Técnico para as Indústrias Aéreas e Térmicas (Cetiat), na Universidade de Orsay, perto de Paris, onde se estuda o movimento das correntes de ar.
O objetivo dos cerca de cinqüenta engenheiros do centro é resolver problemas cotidianos bastante comuns, como o das secretárias que suportam correntes de ar condicionado nas costas; cozinheiras que sufocam com o vapor das panelas, ou motoristas que transpiram enquanto têm os pés congelados. Os métodos de termografia laser empregados ali em estudos da aerodinâmica de carros, aeronaves e sistemas de ar condicionado são considerados únicos no mundo.
Para tornar o vento visível, os técnicos borrifam água próximo à fonte de ar e iluminam o local com finíssimos raios laser. A massa de ar torna-se então uma espécie de fluido colorido, cujos movimentos são gravados por uma câmara de vídeo ligada ao computador. Este analisa as diferenças de luminosidade, converte-as em códigos binários e dispõe na tela um retrato fiel e em cores da corrente de ar. Tão certo deu a idéia que já está sendo utilizada na climatização do novo Teatro de Ópera da Bastilha, em Paris, e para resolver os problemas de ventilação do metrô de Caracas, na Venezuela.

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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Anatomia de um grão de poeira - Fotografia


ANATOMIA DE UM GRÃO DE POEIRA - Fotografia 



O microscópio eletrônico documenta um mundo no qual o homem está imerso, mas a vista não alcança. O pó de toda parte abriga milhares de fungos e um estranhíssimo aracnídeo.

O ambiente é escuro, silencioso e abafado. A paisagem faz lembrar os escombros de uma guerra devastadora. O único sinal de vida provém de uma criatura monstruosa, que parece um rinoceronte de seis pernas com mandíbulas de crustáceo, andando vagarosamente por cima de um monte de entulho onde se misturam pedaços disformes de outras criaturas. Cego, o monstro perscruta o local com tentáculos de grande sensibilidade, à procura de seu alimento predileto: pele morta de seres humanos.
De repente, um turbilhão de vento começa a soprar, erguendo boa parte de toda aquela sujeira. Agarrada às grandes hastes que brotam do chão e se assemelham a compridos troncos nus de árvores desfolhadas, a criatura tenta resistir à tempestade. Mas a força sorvedoura é tão forte que o estranho ser é carregado para longe, desaparecendo na escuridão.
Na verdade, o que parecia o desfecho de uma cena de ficção científica nada mais é que a limpeza de um carpete por um aspirador, vista em escala microscópica, ao rés do chão. O ente monstruoso não passa de um aracnídeo, designado pelos cientistas Dermatophagoides farinae, o doméstico ácaro. E o entulho amontoado, uma coleção de fragmentos de fios de cabelo, pêlos de animais, pólens, pedacinhos de asas e de patas de pernilongos e pulgas, restos de fibras sintéticas de roupa, fungos, cristais e lascas de pele humana descamada. Tudo isso reunido numa simples bolinha de algo incomparavelmente banal - o pó, encontrado em qualquer ambiente, mesmo naqueles que acabaram de ser submetidos a uma restauradora faxina. Tão corriqueiro é o pó que até meados dos anos 60 nenhum cientista se preocupou em olhá-lo ao microscópio, a não ser por mera curiosidade. O interesse em pesquisar a poeira foi motivado pelo já citado ácaro, do qual quase nada se conhecia.
A difusão do  microscópio eletrônico , permitindo esquadrinhar e fotografar o universo das coisas menos que milimétricas, ampliando-se até centenas de milhares de vezes, proporcionou informações surpreendentes, sobre o pó e seu principalmente personagem. Para conseguir uma boa amostra da composição da poeira de algum lugar, no entanto, não é preciso ir ao microscópio: basta examinar o conteúdo de um aspirador que acabou de ser usado; por sinal, o cheiro característico do aparelho quando ligado resulta da queima de poeira que penetra no motor. Nos Estados Unidos, onde há estatísticas até sobre isso, calcula-se que 43 milhões de toneladas de poeira flutuam no ar todo ano - 72 por cento de origem natural e 28 por cento produzidas pelo homem. A forma mais comum são partículas de terra procedentes do solo, seguidas de perto pelo sal, cujos minúsculos cristais evaporam dos oceanos à razão de 300 milhões de toneladas por ano. Terra ou sal, as partículas viajam pelas correntes de ar e penetram em qualquer ambiente, por mais fechado que esteja; ou então são levadas a grandes altitudes onde irão formar o núcleo dos pingos de chuva. Se não houvesse poeira não existiriam nuvens no céu.
Os eventos naturais que mais produzem pó são a atividade vulcânica e os incêndios florestais. Em certos anos, a queima de florestas foi responsável por 7 por cento de toda a poeira do mundo. Mas os vulcões são imbatíveis nesse jogo. A maior produção já registrada foi do vulcão Krakatoa, na Indonésia, que explodiu em agosto de 1883. Essa catástrofe despejou cerca de 6500 metros cúbicos de terra na atmosfera, o que daria para encher o espaço de cinco piscinas olímpicas. Três anos mais tarde sua presença no ar ainda prejudicava a luminosidade durante o dia em muitas áreas do mundo. Ou seja, parte do trivial pó doméstico pode ter passaporte estrangeiro. Ou mais ainda, segundo o americano John Ferguson, especialista no assunto. "A casa de qualquer pessoa não apenas possui poeira de vários locais do planeta, mas também, poeira extraterrestre, transportada por meteoros e meteoritos, que acabam por aumentar a massa da Terra em dezenas de milhares de toneladas todos os anos", contabiliza ele.
Muito embora poeira seja sinônimo de sujeira, também é responsável por um dos mais bonitos espetáculos da natureza. Acontece que as partículas de pó tem a capacidade de dispersar a luz em diferentes comprimentos de onda. Quando o Sol está alto no céu, apresenta uma coloração amarelo-esbranquiçada porque os raios incidem em ângulo quase reto sobre a superfície terrestre, sofrendo pouca interferência ao passar pela camada de poeira suspensa no ar. No final da tarde, porém, tanto o Sol como o poente adquirem uma bela cor avermelhada porque quanto menor o ângulo de incidência dos raios maior a quantidade de poeira que eles têm de atravessar na linha do horizonte. A mudança de cor se dá porque as partículas dispersam com mais facilidade as ondas de luz de menor comprimento - as do lado do espectro que tende para o azul - do que as ondas maiores, do lado vermelho. A ironia da história é que nas grandes cidades o acaso tende a ser mais rubro, portanto mais esplêndido, quanto maior a poluição do ar, que aumenta a quantidade de partículas em suspensão.
Há sempre mais pó dentro de casa do que fora - uma informação que deve despertar a dona de casa que vive passando o dedo nos móveis para ver se estão imaculadamente limpos. Pois os ambientes fechados proporcionam as condições ideais de umidade, temperatura e isolamento para a manutenção de um típico habitat de poeira. Por isso mesmo, ao contrário do que poderia supor a mesma dona de casa, deixar as janelas por algum tempo antes ajuda a limpar do que a sujar a casa, a menos, é claro, que se viva ao lado de uma indústria poluidora. Segundo o por assim dizer poeirólogo Richard Williams, do Centro de Pesquisas Sarnoff, nos Estados Unidos, "as bolinhas de poeira crescem em locais onde não são perturbadas, particularmente embaixo de móveis, cantos de quartos, frestas de assoalho ou mesmo fora dos espaços de circulação da casa".Parte do pó que habita algumas residências é composta também de ínfimas bolinhas de borracha, produto do atrito dos pneus dos veículos com o asfalto das ruas. Essas borrachinhas costumam freqüentar apartamentos entre o terceiro e o sétimo andares de um prédio, pelo simples motivo de corresponderem à altura em que esse tipo de partícula fica em suspensão.
Mas, afinal, quanto pó existe no ambiente de uma cidade grande? É claro que a resposta pode variar enormemente, até porque também variam os critérios de medição. De todo modo, um cálculo aproximado sugere que uma cidade do porte de São Paulo abriga 120 microgramas de partículas de poeira por metro cúbico de ar. Como em condições normais uma pessoa respira por dia pouco mais de 5 metros cúbicos de ar, isso significa que cada paulistano inala em média diariamente algo como 600 microgramas de partículas de poeira.
"O ar de São Paulo é mais empoeirado que o de Nova York ou de Los Angeles", afirma o químico paulista Cláudio Alonso, da Cetesb, a empresa de saneamento ambiental do Estado, com a autoridade de quem acabou de concluir um estudo comparativo sobre o ar das três cidades. Em que medida poeira demais é um perigo? Se a atmosfera não estiver envenenada pelos gases da poluição, o problema pode não ser alarmante, pois a maior parte daquelas partículas é exalada de volta. Muitas delas, é bem verdade, ficam presas nos pêlos das narinas, na garganta e nos pulmões. Na maioria das pessoas, o organismo não reage a essa intrusão por falta de anticorpos específicos. Os alérgicos, ao contrário, devido ao seu sistema imunológico ultra-sensível, respondem de forma exacerbada a alguns dos corpos estranhos que são inalados ou que penetram através da pele .
A poeira que se junta nos cantos do teto tem origem inconfudível - é obra das teias de aranha. Essa parenta do ácaro faz a teia com objetivo de capturar seu jantar. Se nenhum inseto cair na armadilha, ela mudará o ponto de caça, deixando a teia para trás. O que torna aquele trançado de fibras de proteína pegajosa um excelente coletor de partículas de pó. De tudo que se pode achar num minúsculo tufo de poeira, os ácaros são os mais curiosos. Esses bichinhos - os mesmos cujas fotos devidamente ampliadas lembram o citado rinoceronte com queixada de crustáceo - se alimenta principalmente dos cerca de 50 milhões de microscópicos farelos de pele que se desprendem de um corpo humano todos os dias. Existem muitas espécies de ácaros no mundo e todos os anos são registradas novas descobertas. Habitam camas, travesseiros, sofás e, sobretudo, o interior de pequeninas bolas de poeira. Dez ácaros cabem no ponto que fecha esta frase.
"Numa cama de casal se calcula que vivem cerca de 2 milhões de ácaros", afirma o professor Domingos Baggio, chefe do Laboratório de Acarologia Médica da Universidade de São Paulo (USP). "Isso porque o corpo humano fornece, durante oito horas por dia, temperatura, umidade e farta descamação de pele." Felizmente, os ácaros de poeiras são diferentes de seus primos, os carrapatos, e não se alojam na superfície da pele. Somente são nocivos para quem for alérgico aos fungos de que eles se utilizam para digerir o alimento. Em lugares onde houver uma grande concentração de ácaros certamente haverá fungos suficientes para sensibilizar o sistema imunológico de um alérgico. Sem contar com vinte bolinhas de fezes que cada ácaro produz por dia, facilmente inaladas. Como aracnídeos, os ácaros e as aranhas tiveram um ancestral comum a 300 milhões de anos. Mas enquanto as aranhas evoluíram e se tornaram caçadoras que enxergam suas presas, o ácaro é uma espécie de animal de rapina - porque se alimenta de organismos mortos - e é cego. Seu meio preferido de locomoção é a carona, na garupa de uma barata ou de uma mosca. Isso quando não se deixa levar ao sabor das correntes de ar. Tem a vida breve, 45 dias no máximo.
O fungo, por sua vez, é encontrado na mais variadas formas e cores. O Aspergillus niger, por exemplo, muito comum na poeira, tem a forma de pequenos pontos pretos e, embora pareça mofo, não é. Esse fungo pode causar irritações respiratórias ou infecções no aparelho auditivo das pessoas que praticam a natação, pois estas costumam ter os ouvidos mais úmidos do que o normal. "Nenhum desses fungos é patogênico, isto é não carregam consigo qualquer tipo de doença", tranqüiliza a pesquisadora americana Chris Carothers, do Maryland Medical Laboratory. "Oportunistas, aproveitam de um sistema imunológico debilitado, crescendo sobre o corpo ou no seu interior. "Calcula-se que existam entre 50 mil e 200 mil espécies de fungos - o que dá formas de microvida que, perigosas ou inofensivas, repartem com o ser humano o espaço do qual ele se julga senhor absoluto. Ou, como diz Shakespeare, pela boca de Hamlet, o homem é a "quintessência do pó."

Xeretando com elétrons

No clássico romance do irlandês Jonathan Swift (1667-1745), Viagens de Gulliver, o personagem descobre uma ilha chamada Liliput e fica maravilhado com a reduzida estatura dos seus habitantes. Ao fazer funcionar um microscópio eletrônico em 1931, o cientista alemão que o construiu, Ernest Ruska (1906 -1988) há de ter sentido uma emoção semelhante à de Gulliver. Pela primeira vez, olhos humanos penetravam em um mundo em que a ordem de grandeza é de 1 mícron, a milésima parte do milímetro. O que diferencia o microscópio eletrônico do óptico é o uso de um feixe de elétrons no lugar da luz - o feixe tem um comprimento de onda mil vezes menor, permitindo perceber formas em escala molecular. Os elétrons se enfeixam quando passam por campos magnéticos que agem como lentes, fazendo-os convergir sobre o material que se quer enxergar. Em seguida são refletidos para outro conjunto de lentes magnéticas que, finalmente, os conduzem a um 
filme especial, sensível ao seu impacto. O processo permite ampliar uma imagem até 500 mil vezes.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

De Olho no Olho - Biologia



DE OLHO NO OLHO - Biologia



Em uma esfera com quase 3 centímetros de diâmetro, jogos de luzes acendem no cérebro o sentido mais precioso - a visão.

Com olhar clínico dá para notar que, de certo ponto de vista, os anos 80 foram marcados pela inovação: em Brasília, três roqueiros lançaram o grito "por que você não olha pra mim?" e logo o país fez coro ao conjunto Paralamas do Sucesso - "eu não nasci de óculos, eu não era assim". A ciência, por sua vez, também em ritmo de inconformismo, criou mais tratamentos para os olhos do que em qualquer outra época. Resultado: ao se reunirem em novembro passado, nos Estados Unidos, 15 mil oftalmologistas de diversos países deixaram claro que surgiram e se aperfeiçoaram recentemente espetaculares soluções para distúrbios da visão
Os médicos ainda aproveitaram o grande encontro para dar largada a novas pesquisas, prevendo que os anos 90 serão vistos com outros olhos - dentro dos quais, por exemplo, milimétricas lentes implantadas substituirão os desconfortáveis óculos bifocais, usados por quem precisa de auxílio para enxergar tanto de longe como de perto. Só uma minoria da população pode ficar indiferente a esses incríveis avanços da Oftalmologia. Afinal, em cada dez pessoas, no máximo duas vêem a vida com bons olhos - ou seja, sem necessitar de óculos, lentes de contato ou cirurgia. Não que o mundo venha enxergando cada vez pior: desde que o homem é homem, olhar de lince é privilégio de poucos.
Apenas isso hoje fica mais evidente graças a fatores como melhores técnicas de diagnóstico e o fato de se viver mais tempo, proporcionando um prazo maior para os problemas surgirem. Como nem todos percebem naturalmente imagens nítidas, talvez alguns encarem o olho como uma máquina fotográfica defeituosa. Essa, no entanto, é uma visão desfocada dos fatos. Pois, na realidade, o olho humano é uma estrutura magnífica, cuja esfera, com quase 3 centímetros de diâmetro, é percorrida pelos raios luminosos ao longo de um caminho completamente transparente.
De saída, a luz atravessa a córnea, a saliência de 1 milímetro de espessura na parte central da superfície ocular. Dali, os quatro milímetros seguintes do seu trajeto em direção ao fundo do olho, a luz se move por uma câmara repleta de líquido, o humor aquoso, que sempre está se renovando, para transportar oxigênio e glicose às lentes naturais do olho - ou seja, à córnea e ao cristalino. Antes de alcançar essa segunda lente, porém, a luz tem de passar pela pupila, uma porta que se escancara no escuro, deixando o olho ser invadido por toda a luz disponível no ambiente, mas que, se ela for excessiva, permanecerá apenas entreaberta, barrando-a em parte. Quem controla esse abre-fecha é uma espécie de diafragma, a íris, cuja pigmentação faz com que seja logo reconhecida por qualquer um - afinal, trata-se da parte colorida dos olhos.
Já a pupila, que parece um ponto preto, na verdade não tem cor, pois é um simples buraco. "O fato é que a luz entra, mas não sai. Daí o preto, por causa da ausência de luz dentro do olho", explica o oftalmologista Harley Bicas, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Às vezes em fotos, para tristeza do modelo, a pupila aparece vermelha: é que, se o fotógrafo exagerar na luminosidade, parte da luz do flash acabará refletindo o avermelhado fundo do olho. Isso porque a pupila é uma estrada reta até aquela região forrada de células sensíveis à luz, conhecida como retina. Antes de alcançá-la, porém, os raios luminosos ainda passam por uma lente biconvexa - o cristalino - e por uma gelatina, o corpo vítreo, cuja função, ao rechear o globo ocular, é manter suas estruturas no lugar.
Sob essa pressão, a retina permanece colada sobre a coróide, uma camada cor de vinho, riquíssima em sangue, que serve de revestimento interno para quase toda a esfera ocular. Essa camada, por sua vez, encontra-se deitada sobre um tecido cuja espessura, que não ultrapassa 1 milímetro, esconde a sua grande resistência - trata-se da esclera, o tecido branco que embrulha praticamente todo o olho, conferindo-lhe o formato ligeiramente ovalado. De acordo com o professor Bicas, todas as estruturas do olho existem em função da nobre retina, considerada uma extensão do cérebro. O próprio jogo de lentes de que o olho dispõe serve para desviar a luz, de modo que os raios paralelos refletidos por um objeto qualquer, ao entrarem no olho, começam a se aproximar, até se cruzarem em um ponto exatamente sobre a retina. Ao menos, isso acontece em quem tem visão normal, que os médicos chamam de emétrope (do grego eu, boa; metr, medida; ops, olho).
Enxergar perfeitamente, portanto, é ter curvas perfeitas - e a razão disso é mais uma questão de Física do que de Biologia. Assim, o vidro plano de uma janela deixa os raios luminosos atravessá-lo sem nenhum desvio ou refração; no entanto, à medida que se encurva um vidro qualquer, os raios luminosos quebram as suas linhas para fora, o que se chama divergência, ou para dentro, a convergência. Dessa maneira, para a imagem se formar sobre a retina, a curvatura da córnea deve torná-la uma lente de 43 dioptrias, capaz de focar a 2,3 centímetros. A dioptria é a unidade da distância focal que se costuma chamar grau. O cristalino, com seus 4 milímetros de espessura. possui 19 dioptrias, mas é capaz de alterar sua curvatura, graças a minúsculos músculos, para acertar o foco dos objetos na mira do olhar.
Quando a curvatura de uma ou das duas lentes é mais acentuada, a convergência da luz acaba sendo maior e, assim, os raios se encontram antes de alcançar a retina. É o caso do míope ao contemplar uma figura mais distante. O ponto de luz formado fora de lugar, ao ser refletido na retina, cria uma imagem muito maior do que a real. E, no entanto, nenhum míope, a olho nu, se sente numa terra de gigantes, mas numa paisagem de brumas. "O tamanho do desenho é dobrado, mas a tinta disponível é a mesma", compara Bicas. "É como se a retina tivesse a luz de uma estrela para colorir a área de um cometa. O resultado pode ser tão diluído que, para o míope, aquela estrela se torna uma mancha fraca, confundindo-se com o pano de fundo do céu." Em pessoas chamadas hipermétropes, as lentes, ao contrário, são menos curvas, atrasando a convergência da luz quando fitam algo de perto. "A imagem se forma atrás da retina", explica o médico. Bicas gosta de ficar horas rabiscando esquemas para traçar a trajetória da luz ou descrever os mecanismos das lentes dos óculos. Talvez porque esse campo seja filho direto da Física e primo da Matemática.
Afinal, ele queria ser engenheiro, mas a Medicina era um dos bons cursos em Ribeirão Preto, cidade do interior paulista onde nasceu e atualmente leciona. "Optei pela Oftalmologia", ele conta, "porque não queria ver sangue e, em cirurgia de olho, quando o paciente perde uma gota, já é uma hemorragia." O oftalmologista explica que miopia e hipermetropia não são doenças e, sim, o que chama vício de refração. Faz sentido, caso contrário deveriam se considerar todos os recém-nascidos doentes. Ao nascer, as pessoas são hipermétropes por excelência. Até os 4 anos de idade, o olho vai se desenvolvendo e a tendência é o ponto de convergência da luz se deslocar em direção à retina. Sete em cada dez pessoas, porém, não chegam lá e continuam hipermétropes. Entre 10 e 20 por cento acabam com visão normal. Feitas todas as estatísticas, cerca de 15 por cento são míopes. Essa incidência é um pouco menor em pessoas de etnia negra e chega a 52 por cento entre os orientais. Isso porque desvios de refração costumam ser determinados pelos genes.
Ultimamente as pessoas têm procurado se livrar dessa herança com o auxílio de um delicado bisturi de diamante que, ao fazer microincisões na córnea, pode aumentar ou diminuir a sua curvatura. "A operação não resolve o problema de todos", adverte o oftalmologista Newton Kara José, da Universidade de Campinas. "O paciente deve enxergar bem com os dois olhos, de óculos", afirma. Além disso, a cirurgia não é um sucesso absoluto: há casos de pacientes que ficaram com astigmatismo após esse tipo de intervenção. O astigmatismo não é um terceiro vício de refração. Ocorre que as lentes dos olhos podem ser irregulares, ou seja, caso fossem feitos um corte horizontal e outro vertical no globo ocular poderiam se notar diferenças na curvatura de uma mesma lente.
O astigmata, enfim, é aquele que vê imagens alongadas como as dos quadros do pintor italiano Amedeo Modigliani (1884-920) - que, aliás, tinha esse vício. Mas contemplar as coisas como elas realmente são não diz respeito apenas à refração da luz. Para a visão, uma rosa é uma rosa quando está na mira da área central da retina, o que pode acontecer graças aos seis músculos que movimentam o globo ocular. Nessa região central concentram-se 7 milhões de células que lembram cones - e justamente recebem este nome. Sem cones não se reconheceria o rosa da rosa, porque são eles as únicas células que decifram as tonalidades. Embora os mecanismos não estejam muito claros para os cientistas, supõe-se que os cones possuam três pigmentos: um, específico para o verde; outro, para o azul; o último, para o vermelho.
Conforme o comprimento de onda - que por definição é cor - determinada luz reage com um ou mais pigmentos e isso dispara a mensagem elétrica ao cérebro. O interessante é que, se o olho for estimulado por uma cor durante muito tempo, literalmente esgotam-se os pigmentos daquela reação. Quando se fixa o olhar em uma luminária e, em seguida, se o desvia para uma parede branca, por exemplo, durante alguns segundos se vê uma imagem fantasma daquela lâmpada. O fenômeno, chamado pelos oftalmologistas pós-imagem, desaparece em pouco tempo. Mas está provado que os cones levam alguns minutos mais para restabelecer seu estoque de pigmento. Por isso, os cientistas suspeitam que, para os cones, a pós imagem continua existindo, mas o cérebro simplesmente a ignora.
Quanto maior, porém, o afastamento do centro da retina, menos cones se encontram; até que, na região periférica, existem exclusivamente bastonetes, formidável ajuntamento de 120 milhões de células especializadas em captar a forma dos objetos. Por isso, olhando-a de soslaio, uma flor é apenas um vulto. Os bastonetes não percebem o mundo colorido, mas em compensação, ao contrário dos cones, trabalham até no escuro. Daí que à noite todos os gatos são pardos. Cones e bastonetes não são diferentes apenas em questões de claro e escuro. Na retina, a luz vai diretamente à camada mais profunda, onde ficam essas células. O sinal elétrico gerado nelas segue para uma segunda camada, onde estão as chamadas células bipolares, para daí irem às células ganglionares.
Destas últimas saem prolongamentos que, unidos, formam o nervo ótico. Cada cone tem uma célula ganglionar a seu serviço, transmitindo-lhe a mensagem com exclusividade. Daí a capacidade do centro da retina de captar os mínimos detalhes. Mas cada grupo de bastonetes possui, por sua vez, uma célula ganglionar em comum, que envia ao cérebro uma espécie de síntese. Assim, com a chamada visão periférica ninguém consegue saber exatamente o que está vendo. No entanto, percebe-se que algo está ali. É lógico que o olho não chega a esse tipo de conclusão. "Quem enxerga de fato é o cérebro", afirma o professor Kara, da Unicamp. "E o problema é que até hoje muito pouco se sabe sobre como ele interpreta as imagens gravadas pelo olhar."
De alguma maneira, o cérebro coloca tudo em seus devidos lugares. Pois o que Ihe chega é uma imagem invertida - de ponta-cabeça -, com o lado direito no lugar do esquerdo, devido ao jogo de refração dentro do olho. Mais misteriosa ainda é a forma pela qual o cérebro consegue fundir a imagem dos olhos, pois parte da imagem captada por cada um dos olhos humanos se superpõe. Sabe-se que a fusão só será possível se as duas imagens caírem em regiões equivalentes nas respectivas retinas, ao contrário do que acontece no estrabismo - condição em que os olhos não se movimentam em perfeita sincronia. O estrábico, porém, não vê os objetos em dose dupla, como muitos imaginam, pois o cérebro, mais uma vez, trata de escolher a imagem de um dos olhos e esquecer a de outro.
O estrabismo, portanto, seria principalmente um problema estético - se a maioria das vítimas não fossem crianças. Há nove anos, os neurobiologistas suecos David Hubel e Nils Wiesel fizeram uma experiência reveladora, que Ihes valeu um Prêmio Nobel. Eles vedaram um dos olhos de filhotes de gatos; três meses mais tarde, quando tiraram os tampões, os bichanos estavam cegos daquele olho. Daí se concluiu que nos primeiros tempos de vida o sistema nervoso aprende a ver. Numa criança estrábica, aquele olho, cuja imagem for suprimida pelo cérebro, reagirá como se tivesse sido vedado, perdendo-se, portanto, a insubstituível oportunidade de aprender a olhar.
Uma pesquisa com 13 mil crianças paulistas apontou que 4 por cento delas têm ambliopia, o popular olho preguiçoso: como um olho demora mais do que outro para focalizar, o cérebro recorre ao mesmo abandono do estrabismo. O problema maior, na opinião do professor Kara, é que as pessoas desconhecem o bê-á-bá nos cuidados com os olhos. Com 7 anos, por exemplo, a visão já está irreversivelmente comprometida. Mas muitos acham que exames oftalmológicos só podem ser feitos quando a criança está em idade escolar. Engano: é possível realizá-los até em recém-nascidos. "Existem aparelhos capazes de mostrar as respostas cerebrais à luz", conta Kara. Outro equipamento mede a refração no fundo do olho, permitindo qualquer diagnóstico em 1 minuto cronometrado.
A tecnologia tem igualmente incrementado o tratamento de problemas sérios como o glaucoma, que faz uma vítima em cada 50 brasileiros com mais de 40 anos. Neste caso há uma obstrução do filtro por onde escoa o humor aquoso que vive se renovando. Resultado: sem ter por onde sair, o líquido se acumula e a pressão interna do olho aumenta. O sangue encontra resistência para entrar e, como a sua irrigação diminui, as células nervosas degeneram para sempre.
Hoje, porém, os médicos fazem microscópicos orifícios com laser para servir de ralo ao humor aquoso. Também têm surgido novas cirurgias para catarata, doença em que o cristalino se torna opaco. Esse cristalino, atualmente, é substituído por uma lente artificial intra-ocular, que dispensa o uso de óculos na maioria dos casos. Segundo o oftalmologista paulista Alfredo Tranjan Neto, a última novidade nessa área é uma lente flexível. "Por ser dobrável, pode ser introduzida por um corte de 3 milímetros, três vezes menor que o da cirurgia de implante que vínhamos fazendo", explica Tranjan. A cirurgia toda dura 15 a 20 minutos. O paciente leva um único ponto e vai direto para casa.
Os médicos agora esperam a liberação das lentes intra-oculares bifocais. "Para isso, falta saber se, com o uso dessa lente, o cérebro consegue encontrar automaticamente o foco", esclarece Tranjan. Lentes assim já podem ser implantadas para corrigir miopia e hipermetropia. Mas há quem não se contente com esse avanço. Na Europa, estudam-se em laboratório implantes de córneas de peixes em seres humanos. Os franceses preferem a solução tradicional das lentes de contato - só que feitas de proteína animal. Cientistas americanos, por sua vez, já realizam uma cirurgia que extrai a córnea para congelá-la e em seguida esculpem-lhe uma nova curvatura, antes do reimplante. Quem viver verá.  

Desvios de trajetos

Normalmente, os raios luminosos se encontram sobre a retina; na miopia, porém, a curvatura acentuada das lentes faz a imagem se formar antes

A curvatura insuficiente do hipermétrope forma a imagem atrás da retina; no astigmata, lentes irregulares causam dois tipos de desvio 


Mitos à vista

Em matéria de visão, as pessoas às vezes acabam fazendo o que não devem e evitando o que é inofensivo. É preciso ficar de olho vivo nas idéias falsas:

Olhos claros são mais sensíveis à luz
A sensibilidade excessiva à luz tem a ver com pigmentos da retina - não da íris - e com a dilatação da pupila, um orifício igual em olhos de qualquer cor.

As lágrimas surgem apenas quando se chora
Todos os dias os olhos produzem 30 miligramas (quase uma colher de sopa) de lágrima, um lubrificante natural que escorre pelo nariz, sendo engolida junto com a saliva. As emoções e certas substâncias como as presentes na cebola, estimulam as glândulas lacrimais, que aceleram o ritmo de produção. Quando isso ocorre, a lágrima feita às pressas sai mais diluída do que o normal.

Ler no escuro é prejudicial
A iluminação ruim cansa os olhos mais depressa, porém não deixa seqüelas. E uma luz fraca para um adulto pode ser confortável para uma criança, cujos cones da retina exigem muito menos luminosidade para um desempenho perfeito.

Quem força a vista acaba precisando de óculos
O esforço para enxergar é conseqüência, jamais causa, dos chamados vícios de refração, como a miopia. As pessoas, aliás, costumam herdar esses distúrbios que, portanto, nada têm a ver com seus hábitos.

Os míopes são mais inteligentes
A criança míope tende a gostar mais de ler do que as outras, porque tem facilidade para enxergar de perto - ao contrário da maioria das crianças, que é hipermétrope. Daí a sua imagem de primeira da classe.

No fundo, o reflexo da saúde

Ninguém, ao procurar um oftalmologista, espera ficar sabendo a quantas anda o seu coração. Mas até que poderia. Isso porque - como nenhum outro órgão tomado isoladamente - os olhos revelam tantas informações preciosas sobre a saúde de cada um. Assim, podem ser diagnosticados problemas que nada têm a ver com a visão. Basta o médico dar uma olhada na retina para verificar, por exemplo, se o paciente tem hipertensão: quando o problema existe, os pequenos vasos do fundo do olho se contraem a ponto de alguns deles não permitirem a passagem do sangue.
Outro distúrbio vascular, a aterosclerose, também se reflete ali. As artérias oculares são das primeiras a se calcificar, como sintoma da doença, e aparecem feito linhas brancas na retina. O oftalmologista também pode diagnosticar a diabete, que produz manchas vermelhas no fundo dos olhos, sinal de dilatação nos microvasos. Tumores cerebrais e doenças nervosas, porém, deixam atestados mais graves: suas marcas são pontos escuros na retina, formados por células degeneradas, já incapazes de enxergar.

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sábado, 17 de dezembro de 2011

Escultura de Luz - Holografia

ESCULTURAS DE LUZ - Holografia



Conhecida há um quarto de século, só agora se começa a descobrir as utilidades da holografia. Mas as luminosas imagens em três dimensões que ela permite são ainda um mistério para o grande público.

Há 25 anos, os físicos americanos Emmett Leith e Juris Upatnieks causaram a maior sensação no congresso anual da Sociedade Ótica dos Estados Unidos, realizado em Washington. Eles surpreenderam os colegas ao apresentar nada mais nada menos que um imagem em três dimensões de uma locomotiva. Havia razão de sobra para o espanto; pela primeira vez, o mundo assistia à aparente materialização de objetos no espaço. Como nos truques do mágico Mandrake, era possível ter diante de si a imagem real de algo sem que se pudesse tocá-la. Nas histórias em quadrinhos, Mandrake hipnotiza as pessoas a quem quer iludir. Mas no caso da imagem exibida pela dupla Leith c Upatnieks não cabia falar em ilusão. E tamanho foi o impacto da novidade que muita gente acreditou que a holografia - nome da técnica utilizada para obter a imagem tridimensional - substituiria a fotografia como forma de registrar a realidade.
Como se sabe, previsões tão radicais não se concretizaram. O clique da camara fotográfica não foi substituído. Até porque, após todos esses anos, o processo que envolve a holografia continua tão pouco estudado que se contam nos dedos não só os laboratórios equipados para realizá-lo como também os técnicos devidamente habilitados. O truque, se é que se pode chamá-lo assim, é possivel graças à propriedade ondulatória da luz. Enquanto o filme da fotografia convencional registra apenas a variação de amplitude, ou seja, a intensidade das ondas de luz, a holografia, com o auxilio do laser, pode gravar também os picos e vales das ondas, o que possibilita reproduzir a imagem em profundidade. As artes plásticas, a publicidade, a pesquisa científica e a indústria têm sido as áreas preferenciais de sua aplicação.
Não é à toa, portanto, que artistas tratam a holografia poeticamente como Esculturas de luz". Na verdade, a própria palavra holografia já dá uma pista sobre suas propriedades. Holos em grego significa inteiro e ,graphos quer dizer sinal ou imagem -holografia é a imagem por inteiro l. um ohieto. Mas o termo é atual. Foi criado pelo físico húngaro Dennis Gabor, o inventor da técnica. Formado na Alemanha mas radicado na Inglaterra desde a ascensão do nazismo, em 1933, Gabor chegou à holografia em 1 948, quando pesquisava uma forma de aumentar a nitidez do microscópio eletrônico. Não pôde aplicá-la na prática, porque para captar a dimensão de profundidade necessitava de um tipo de luz coerente - cujas ondas não se difundissem em todas as direções-e que tivesse apenas uma cor. Ou seja, Gabor precisava de um laser, que só seria descoberto em 1960. Mesmo assim, durante a década de 50, foram testados alguns hologramas com lâmpadas de mercúrio. Um dos incentivadores da pesquisa nessa área foi o físico americano Albert Baez, pai da célebre cantora de folk-music Joan Baez.
A descoberta dos princípios que tornariam possível a técnica da holografia valeu a Gabor o Prêmio Nobel em 1971, no mesmo ano em que completou 71 anos. Ele morreu em 1979, quando muitas das aplicações de sua invenção já estavam se desenvolvendo. Isso não aconteceu de uma tacada só. No começo, à parte meia dúzia de cientistas imaginosos ninguém sabia o que fazer com a holografia, em boa medida por causa de um grave inconveniente: tanto na gravação como na reprodução da imagem, necessitava-se do laser. Aos poucos, porém, as dificuldades foram vencidas. Em 1965, o físico russo Yu Denisyuk conseguiu, pela primeira vez, ver os hologramas com a luz comum.
No início da década de 70, a hoIografia já se tinha afirmado o suficiente para despertar o interesse das galerias de arte. Para isso, contribuiu a descoberta da holografia em cores e em movimento. Ao receber todo o espectro de luz, em vez de apenas uma banda, o holograma pode ser visto em todas as cores do arco-íris. Só que para alcançar esse efeito sacrifica-se a perspectiva tridimensional vertical. Em conseqüência, ao ser examinado de cima para baixo, ou de baixo para cima, o holograma colorido perde a dimensão de profundidade.
A descoberta do movimento foi produto do trabalho de muitos cientistas, mas ficou conhecida graças ao físico americano Lloyd Cross. Com a seqüência de fotogramas de uma moça sobre o mesmo holograma, ele criou em 1977 um efeito estereoscópico de movimento -- o mesmo princípio do cinema. A moça, considerada a Mona Lisa da holografia, costuma piscar e jogar beijos para as pessoas que a contemplam. O efeito do movimento chegou ao Brasil em 1980, quando, ao percorrer a 1º Mostra Brasileira de Holografia, em São Paulo, os visitantes puderam acompanhar a seqüência de uma luta de caratê e uma cena do seriado O Incrível Hulk.
A união da holografia com o cinema começou na Itália, mas primeiros a projetar um filme capaz de ser visto por mais de uma pessoa ao mesmo tempo foram os soviéticos. A cena de uma jovem andando com um buquê de flores na direção do espectador foi vista exatamente da mesma maneira pelas cinqüenta pessoas que participaram de uma exibição especial em Moscou. Isso foi possível graças a uma tela holográfica dotada de um conjunto de espelhos côncavos superpostos, onde o foco é dirigido para cada lugar da sala de projeção. Agora há estudos para a transmissão da imagem de um holograma pela televisão. Não é nada simples holografar uma cena. Devido à dependência do laser, só formas de tamanhos limitados podem ser filmadas. Um grande ambiente, por exemplo, está excluído. Uma tomada do grandioso filme Cleópatra, com seus 2 mil figurantes, está fora do alcance da holografia.
Artistas, curiosos, cientistas - durante anos, a holografia foi dominada por tipos excêntricos, com seus trabalhos de fundo de quintal. A técnica era utilizada em jóias, painéis de propaganda, museus, mas costumava-se dizer que os únicos que, de fato, lucravam com a holografia eram os produtores de imagens pornográficas. A situação só mudou mesmo em 1984.
A virada foi a edição da revista americana National Geographic que reproduziu a imagem tridimensional de uma águia na capa de seus 10 milhões de exemplares. Foi um sucesso editorial e tanto. No ano seguinte, a National Geographic repetiu a dose, imprimindo dessa vez na capa uma caveira chinesa pré-histórica.
Em 1987, cerca de 100 milhões de exemplares de livros e revistas circularam pelo mundo com algum tipo de holografia impressa. Nos Estados Unidos, a Hasbro, fabricante de brinquedos, lançou uma linha de oito bonecos e quatro veículos com detalhes em holografia. A Purina, outra empresa americana que produz cereais para crianças, colocou hologramas dos personagens do filme Caçafantasmas em suas embalagens. E no mundo todo o MasterCard surgiu com um novo tipo de cartão de crédito com dois logotipos holográficos nas laterais. A idéia da empresa, que no Brasil é associada ao Credicard, é impedir a falsificação dos cartões - é quase impossível imitar um holograma.
No Brasil, a holografia já começou a interessar grandes empresas. Fernando Catta-Preta, diretor do primeiro laboratório holográfico no país, realizou uma série de trabalhos em cartões de Natal, imagens de santos, material promocional, catálogos e selos. Psicólogo de formação, Catta-Preta, 32 anos, interessou-se pela holografia quando trabalhava com crianças que tinham dificuldade para aprender a ler. "De acordo com certos teóricos", diz, "os princípios da holografia podem ser aplicados à psicologia do conhecimento, com base num modelo tridimensional do cérebro, que permitiria estudar a percepção, o reconhecimento e a memória do ser humano."
São apenas suposições. Certo é que a holografia se tornou uma ferramenta sofisticada. Sua grande vantagem é a capacidade de reconstituir o tamanho, a forma e as três dimensões de um objeto. Isso permite, por exemplo, perceber qualquer mudança -mesmo milimétrica -numa peça industrial. Os testes podem ser feitos com a peça real em vez de protótipos, e não é preciso inutilizá-la, mesmo que as falhas não estejam ao alcance da vista, como na estrutura interna de um equipamento. Fica-se sabendo que há alguma modificação no objeto estudado pela análise das franjas, que são traços de luz e sombra na sua superfície, provocados pela diferença da luz antes e depois de ser a peça deformada. Na Itália, um grupo de hológrafos utiliza essa técnica, chamada interferometria holográfica, na restauração de quadros de pintores renascentistas. Os técnicos alteram deliberadamente a temperatura e o grau de umidade do ambiente para ressaltar os pontos mais frágeis da obra. A interferometria holográfica ainda é uma novidade no Brasil. Um dos raros especialistas é o engenheiro paulista Ricardo Forneris Júnior 27 anos, de São Paulo, que se encaminhou para essa área quase por acaso.
Há três anos, ao procurar um tema para sua tese de mestrado, Forneris foi aconselhado por um tio, professor do Instituto de Física da USP, a trabalhar com holografia. Atualmente, ele cuida do controle de qualidade em peças de automóveis e circuitos impressos com o auxilio da interferometria holográfica. "Na Europa e Estados Unidos", compara, "isso já é feito até em tubulações de usinas nucleares." Outro especialista, nascido na Argentina mas radicado no Brasil, José Joaquim Lunazzi, do Instituto de Física da Unicamp, usa a interferometria para controlar as alterações provocadas pela umidade e pelo vento em sementes de feijão. O artista plástico Moyses Baumstein mostrou suas últimas holografias na exposição coletiva "A Visão do Artista - Missões 300 Anos" realizada no Museu de Arte de São Paulo no inicio do ano.
Outra vantagem dos hologramas é a capacidade de armazenar informações. Ao se variar o ângulo de iluminação, eles registram informações diferentes. Assim, um holograma pode arquivar 10 mil vezes mais dados do que os discos e fitas dos computadores eletroóticos. Por enquanto, dispositivos óticos holográficos já são usados em larga escala apenas em caixas registradoras de supermercados que lêem os códigos de barra impressos nas embalagens. Já se começa a utilizar a holografia como complemento dos raios X na Medicina. No futuro, a imagem holográfica poderá substituir a radiografia convencional. Nos Estados Unidos, hologramas também começam a ser usados no aproveitamento da luz solar ou artificial em estufas, hotéis e escritórios, para economizar energia elétrica.
Enfim, a todo momento são descobertas novas possibilidades da holografia. Este ano, a indústria ótica inglesa anunciou o lançamento de lentes de contato holográficas bifocais; os alemães, de seu lado, decidiram construir 0 primeiro microscópio eletrônico de holografia de alta resolução. Aplicações tão especificas, embora de inegável utilidade, pouco fazem para aproximar a holografia do grande público. Pode repetir-se em qualquer lugar a cena que ocorreu há alguns anos na joalheria Cartier, na elegante Quinta Avenida de Nova York. Ao observar uma fantasmagórica mão feminina exibindo uma pulseira cravejada de brilhantes, uma assustada velhinha saiu pelas ruas gritando: "Obra do diabo!", sem saber que se tratava apenas de uma fotografia tridimensional.

Pelas frestas da cortina

Como a fotografia convencional, a holografia é uma técnica para registrar determinada imagem num filme. Mas a semelhança termina ai. As fontes de luz usadas na fotografia emitem radiação em diferentes comprimentos e freqüências de onda. Ao contrário, a luz do laser - a mais apropriada para holografia -se difunde em ondas paralelas e igualmente espaçadas. Ou seja, tem o mesmo comprimento (a distância entre as duas cristas) e freqüência (número de cristas que passa por um ponto a cada segundo). Para captar a dimensão de profundidade, o filme de um holograma registra as ondas emitidas pelo laser, que é dividido em duas partes. Um feixe é refletido pelo objeto antes de atingir o filme; o outro vai direto ao filme, para servir de referência.
Quando os dois feixes de luz se cruzam, as ondas interferem umas com as outras. Onde as cristas das ondas se encontram, forma-se luz mais intensa; onde uma crista de um feixe encontra o intervalo de onda de outro, forma-se uma região escura. É por isso que o filme depois de revelado não mostra uma imagem mas um padrão de faixas ou anéis claros e escuros. Para ver a imagem no filme, usa-se o mesmo laser com que se gravou o objeto. Atrás da chapa fotográfica, se formará. então, uma imagem que poderá ser vista de vários ângulos como se ela fosse tridimensional. Daí por que se costuma comparar o holograma a uma janela. Se for parcialmente tampado ou cortado, a imagem atrás ainda será visível como pelas frestas de uma cortina.


A imagem, passo a passo

1- A imagem que serve como modelo dever ser pintada de branco e colada sobre uma base de vidro fosco.

2 - Qualquer ruído, deslocamento de ar ou mudança de temperatura pode afetar a posição do modelo e prejudicar a imagem. Por isso, a sala de holografia é a prova de som, com uma temperatura constante de 22 graus.

3 - Da mesma forma que é necessário fazer foco numa fotografia convencional, o canhão de luz laser é regulado para que a lente obtenha o melhor ângulo do modelo. Os espelhos que dividem o feixe de luz também são colocados no ponto exato de reflexão.

4- Uma parte do feixe de laser ilumina diretamente o cavalo-marinho antes de capturar a imagem num filme fotográfico. A outra parte do feixe, depois de refletida pelos espelhos, incide diretamente sobre o filme.

5 - A revelação da película é semelhante à das fotografias tradicionais. Obtém- se o holograma de transmissão, que só é visto na luz laser ou de mercúrio. Para ser visto na luz comum, é necessário repetir todo o processo com o holograma de transmissão.

6 - O feixe de laser atravessa o filme de transmissão e também o cavalo-marinho original antes de gravar a imagem no filme definitivo. O holograma final, depois de revelado, passa por um processo de metalização e impressão em poliéster.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Jogo de cores - Cromoterapia

JOGO DE CORES - Cromoterapia



Reflexos de ondas de luz, as cores têm forte influência sobre as pessoas. Animam, relaxam, provocam emoções boas e más. Mas, nesse jogo, a personalidade de cada um e os costumes da época também desempenham um papel. As pesquisas ajudam o homem a tirar proveito de todos os matizes.

Imagine quatro fotografias de um mesmo prato. Toda a diferença está no fundo. Sobre o branco, parece uma insossa refeição de hospital. O verde também corta a fome, porque chama mais a atenção que a própria comida. O violeta esfria o prato. Sobre o vermelho, porém, o filé parece suculento, os legumes mais tenros - sem dúvida, esta é a foto que mais impressiona. Ao vê-la, alguém é bem capaz de correr à geladeira ou dar um pulo à lanchonete mais próxima.
Esse jogo de quatro pratos prova que cor não é só beleza - desperta reações tanto emocionais quanto fisiológicas. Pode provocar apetite ou inapetência, sugerir ódio ou paixão, excitar ou relaxar. Quando se fica exposto a uma luz vermelha por certo tempo ou se permanece num ambiente onde essa cor predomina, o ritmo cardíaco aumenta, a respiração se acelera, o metabolismo é impulsionando. Com isso, as secreções glandulares aumentam - daí a tendência a sentir fome. Não é à toa que as lanchonetes preferem os tons de vermelho, laranja e amarelo na decoração.
Já as chamadas cores frias - como o violeta, o azul e certas tonalidades de verde - têm efeito inverso. Eis por que se tem uma sensação de relaxamento ao se olhar o mar. Essas cores, principalmente o azul, colocam freios no metabolismo, como se a pessoa estivesse prestes a adormecer: a pressão arterial cai, o ritmo cardíaco diminui, a respiração se torna mais lenta. Os cientistas acreditam que essa resposta do metabolismo tenha surgido com o homem primitivo, que se guiava basicamente por dois fatores: dia e noite. A claridade o obrigava a estar fisicamente preparado para buscar alimento ou lutar para se defender; a escuridão era sinônimo de sono e descanso. O homem manteve até o presente essas reações fisiológicas diante das cores vivas e suaves.
De certa maneira, instintivamente, se conhece a ação das cores. Ninguém associa emoções fortes, que fazem disparar o coração, com tonalidades suaves e, muito menos, escuras. A paixão, por exemplo, é eternamente simbolizada por corações vermelhos. Já quando se está desanimado, a tendência é usar roupas de cores frias. Nas pesquisas sobre preferências de cores, invariavelmente a maioria das pessoas que vivem em grandes cidades escolhe o azul - talvez numa busca nostálgica de tranqüilidade.
Se as cores estimulam as pessoas, há quem acredite que podem até curar doenças, cada matiz fornecendo energia para uma parte específica do organismo. Os indianos praticam até hoje a terapia cromática na sua forma tradicional e milenar, expondo a água que será servida ao doente à luz do Sol, sob filtros coloridos. A água ficaria, assim, energizada com uma certa cor, da qual o organismo estaria carente.
Os cientistas sabem que determinadas cores precisam ser evitadas em certas situações. Objetos de cor laranja ou vermelha tendem a deixar os doentes mentais ainda mais confusos. Nos quartos dos hospitais modernos, as paredes estão sendo pintadas de cores suaves em substituição ao clássico branco, isso porque o branco traz tamanha sensação de paz que, em pessoas deprimidas por causa de doenças, pode acabar resultando numa impressão de solidão. Parece claro que, se há cores que devem ser abolidas em alguns casos, também devem existir cores com excelentes efeitos terapêuticos.
Na decoração, em geral, a escolha de cores costuma ser deliberada. Os quartos de dormir são pintados de suaves tonalidades pastel, para acalmar e induzir o sono. Mas, nos motéis, aonde ninguém vai exatamente para dormir, os quartos têm colorações fortes. Nas escolas, chegou-se à conclusão de que o ideal é o amarelo-claro ou mesmo o bege. Parece correto: com muito branco nas classes, as crianças tendem a sentir monotonia e qualquer aula se torna chata; os tons de azul e o verde-claro, por outro lado, fazem até mesmo um aluno nota-10 dormir em aula; tons fortes estimulariam a bagunça, em vez da atenção.
A idéia de usar cores para obter determinadas reações psíquicas é antiga. Os monges tibetanos há milhares de anos enfatizam uma cor - como o verde, para obter harmonia - conforme a meditação que pretendem fazer. Tem lógica: na escala cromática, que vai do vermelho ao violeta, a cor verde fica bem no meio. Nessa posição estratégica, parece quente ou frio, dependendo da tonalidade. Os tons que puxam mais para o azul, como o musgo, são repousantes. Já o verde-limão, próximo do amarelo, é considerado uma cor estimulante. O verde médio é o perfeito equilíbrio.
Mas, em geral, qualquer verde dá sensação de bem-estar, e por esse motivo é a cor que significa "siga" no semáforo: diante da luz verde, o motorista é induzido a crer que tudo está tranqüilo e ele pode avançar. O gritante vermelho, porém, provoca sempre um choque - pois é a cor associada à agressividade, às mudanças repentinas, às revoluções onde corre sangue. Não há quem ouse ignorá-lo, a não ser algumas pessoas ao volante, com os resultados que todos conhecem. Em matéria de cor, porém, não se pode pintar tudo em um único tom. Os mais recentes estudos mostram que tudo depende do estado emocional e da personalidade de cada um - e principalmente dos valores a que se adere.
O marrom, por exemplo, é sempre relacionado com segurança e recato - por isso os que preferem trajes marrons são chamados sóbrios. Contudo, conforme o estado emocional, o apego ao marrom pode significar dependência ou seu oposto - sensação de poder, excesso de confiança. Qualquer pessoa tende a combinar a cor de sua emoção com a cor que está vestindo ou preferindo em dado momento. Todos sentem isso no dia-a-dia.
Ignoram-se as chamadas cores alegres quando se está triste, buscando no guarda-roupa trajes escuros. Afinal, a escuridão é associada às tristezas, às perdas, ao medo e à morte. A Psicologia, porém recomenda que cada um brinque com as cores, criando contrastes. Assim, quem está alegre, ao escolher tons mais claros, intermediários como o cinzento ou mesmo os tons tristes, não corre o risco de exacerbar ou sentir-se, por exemplo, agitado.
Por sua vez, vestir tons fortes e contrastantes dá mais colorido à vida, quando a situação parece preta. Em relação à idade, é interessante perceber que os jovens - cujo metabolismo funciona a toda - gostam dos tons fortes, justamente os que os estimulam ainda mais. Os mais velhos, porém, combinam o passar dos anos com uma crescente sobriedade. Ou seja, preferem as cores que diminuem ainda mais o seu ritmo metabólico. Em países como os Estados Unidos, onde os idosos procuram levar vida normal, viajando e se divertindo em locais públicos, em vez de se trancar dentro de casa, eles tendem a usar roupas ainda mais coloridas.
A cultura de uma sociedade também influi na escolha das cores. Povos tropicais costumam apreciar cores vivas. E só lembrar a arte plumária dos índios brasileiros.
Já as sociedades do hemisfério norte gostam de tons mais sóbrios, como os das milenares porcelanas chinesas.
E, numa mesma sociedade, os mais pobres gostam de cores contrastantes, mais do que os ricos. Estes, muitas vezes, apontam tons quase raros, como cor de vinho e lilás, nas suas preferências. Isso, segundo a Psicologia, significaria uma tentativa inconsciente de mostrar sofisticação. Afinal, as chamadas cores nobres não são tão fáceis de ser encontradas na multicolorida natureza.
Às vezes, também, uma mesma situação é colorida de modo diferente em lugares diferentes. O luto nos países ocidentais é preto porque essa é a cor da morte - a sensação de preto é causada justamente pela ausência de luz, que por sua vez é relacionada à vida. Mas os budistas, por exemplo, usam branco nos enterros, como símbolo da paz alcançada pelo morto. A preferência por esta ou aquela cor também está relacionada à época. O vermelho, antigamente, era símbolo de riqueza, porque a tintura dessa cor para tecidos era caríssima. Eis, então, o motivo de ter sido a cor dos mantos de reis, tapetes de palácios e de catedrais. Hoje o símbolo da riqueza é o próprio dourado do ouro. Contudo, não importa quem, quando ou onde - toda cor tem seu momento. Não é por menos que se pergunta o que seria do azul,. se não fosse o amarelo.

Pintura a olho.

Ninguém passa a vida em branco e preto pela simples razão de que o olho humano não pára de medir as ondas luminosas do Sol. Cada uma produz uma sensação de cor: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul-anil, índigo, violeta. Quando a luz alcança um objeto, este reflete algumas ondas que acabam determinando a sua cor. O branco é a sensação produzida por coisas que refletem toda a luz; um objeto preto, ao contrário, absorve todas as ondas, sem refletir nada.
Na retina há cerca de 7 milhões de cones, receptores especializados em cores, que só trabalham às claras. No escuro, funcionam os 10 milhões de bastonetes, receptores que, em matéria de cor, só percebem o preto e os tons de cinza. É por isso que, em ambientes sem iluminação, tudo parece acinzentado. O fisiologista inglês Thomas Young (1773-1829) provou que o olho é como um pintor que mistura tintas, forma novas cores e cria uma imagem multicolorida para o cérebro.
Ele mostrou que bastam três tipos de receptores: aqueles sensíveis às ondas longas do vermelho, os que são estimulados pelo verde e os que percebem as ondas curtas do violeta. Toda onda luminosa estimula os três receptores, mas somente um com prioridade. Assim na soma dos estímulos, os receptores formam comprimentos de ondas ou sensações de cor diversas. Não se chegou ainda à conclusão sobre quais seriam as reais cores primárias para o olho: muitos cientistas substituem o violeta pelo azul, por exemplo. Também não se sabe o número exato de tipos de cones. Com certeza, o olho só precisa se especializar em algumas cores para sentir todo o colorido do mundo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Um código ao alcance de todos - A linguagem visual.

UM CÓDIGO AO ALCANCE DE TODOS - A linguagem visual.



A linguagem visual pode ser encontrada por toda parte - aeroportos, rodovias, fábricas. De compreensão imediata para pessoas de idiomas diversos, ela já faz parte da moderna paisagem urbana.

A placa com o desenho de um avião indica o caminho para o aeroporto; com um prato entre uma faca e um garfo alerta que há um restaurante logo ali; o cartaz com um cigarro aceso, cortado por uma faixa vermelha, lembra que não é permitido fumar; o contorno de um homem ou mulher sobre uma porta informa que ali é um banheiro - masculino ou feminino; flechas apontam as mãos do trânsito; silhuetas humanas imitando determinados movimentos simbolizam atividades esportivas; degraus avisam que há uma escada por perto; e a clássica caveira sobre duas tíbias cruzadas adverte: perigo à vista.
Estes são exemplos de glifos, palavra grega que significa inscrição. Se comparados a seus ancestrais - os aristocráticos hieroglifos egípcios -, os modernos até que são sinais muito corriqueiros.
Enquanto os egípcios usavam os hieroglifos apenas para adornar monumentos, templos e túmulos, os atuais glifos podem ser encontrados por toda parte. A tal ponto estão incorporados à paisagem urbana, em lugares públicos, mas também em fábricas e escritórios que chegam a ser uma imagem de modernidade.
Hieroglifos, em grego, significa inscrições sagradas. Mas os glifos atuais são apenas utilitários. Eles foram se espalhando à medida que a revolução nos transportes e comunicações produziu o turismo internacional de massa, pondo a circular pelo mundo milhões de pessoas pouco familiarizadas com a língua dos países visitados. Daí a necessidade de uma linguagem que pudesse ser compreendida por qualquer um, principalmente em lugares grandes, movimentados e complexos, como os aeroportos, onde a informação rápida e precisa é fundamental não apenas para os viajantes como também para o funcionamento do próprio sistema.
Aliás, essa é mais uma diferença entre os atuais e antigos glifos. Enquanto os sinais dos egípcios eram de propósito indecifráveis para os mortais comuns, os atuais só têm sentido se forem facilmente identificáveis pelo maior número possível de pessoas de todas as condições. No meio de tantas diferenças, há pelo menos uma semelhança. Cada qual à sua maneira, os dois tipos de glifos são bonitos. Os atuais, como resultado de muitas pesquisas dos especialistas em arquitetura, comunicação visual, arte gráfica e design. Os antigos, como resultado de uma valorização cultural comparável às tradicionais formas de arte, como a pintura ou a escultura.
Os glifos modernos começaram a aparecer aos poucos, nos primeiros anos do século. A iniciativa coube aos clubes automobilísticos da Europa e dos Estados Unidos. Preocupados com a sorte dos calhambeques e de seus arrojados, mas por definição inexperientes, motoristas, que irrompiam por cidades, vilarejos e estradas instalaram as primeiras e toscas placas de trânsito.
Como é fácil imaginar nesses tempos pioneiros, as placas às vezes vinham mais para confundir do que para explicar. Tanto que, em 1909, um congresso em Paris tentou pôr ordem nos sinais. Desde então, o código internacional de trânsito incorporou dezenas de glifos, uniformizando cada vez mais os tamanhos, símbolos e cores. Por isso, quando os motoristas ignoram suas mensagens, como acontece com tanta freqüência no Brasil, não é por não compreendê-las.
Como ocorre com qualquer linguagem, os glifos também evoluíram, ficando mais padronizados. Por exemplo, os pormenores dos desenhos foram reduzidos ao mínimo indispensável. As linhas ficaram mais uniformes, com o objetivo de atrair a atenção e permitir o entendimento instantâneo da informação contida na placa; os limites foram suavizados com curvas. Em sua maioria, os glifos passaram a apresentar figuras sólidas e escuras sobre um fundo claro. As cores tornaram-se convencionais: amarelo, para destacar; vermelho, quando indica proibição. Aliás, ao exprimir uma proibição, os glifos sempre têm uma faixa em diagonal, do canto superior esquerdo para o inferior direito.
Apesar da padronização, nem sempre os glifos são os mesmos em toda parte. Na maioria dos países, o sinal proibido estacionar é a letra P cortada por uma faixa vermelha, e no Brasil a letra cortada é o E. Isto porque nem todos entendem que a letra P é a inicial da palavra parking (estacionamento) em inglês. Enquanto o código internacional vigorou entre nós, muita gente levou multa sem saber o motivo.
Justamente para evitar confusões como essa, os criadores de glifos foram abandonando sempre que possível o uso de letras ou palavras, substituindo-as por imagens.
As vantagens, ao menos teoricamente, são evidentes - diminuem os mal-entendidos e amplia-se o número de pessoas capazes de perceber do que se trata. Nesse sentido, a placa onde se vê o desenho de um homem com uma pá cheia de terra informa mais depressa que há uma obra naquele local do que a velha tabuleta com o aviso Cuidado - homens trabalhando, que evidentemente é grego para quem não domina o idioma no qual está escrito. Por isso, pode-se dizer com segurança que a placa onde a mensagem é apresentada por meio de uma figura passa seu recado melhor do que se contiver um símbolo com uma letra. Em países onde os analfabetos têm direito de voto, as cédulas eleitorais identificam os partidos por seus emblemas - e não por suas siglas.
É o que acontece na Índia, por exemplo. Já no Brasil, o eleitor, mesmo analfabeto, precisa saber distinguir o nome e o número dos candidatos a governador, prefeito, vereador, deputado e senador.
É claro que a criação de um glifo deve levar em conta o tipo de gente que irá vê-lo. Do contrário, a emenda pode ficar pior que o soneto. A cápsula com a substância radioativa césio-137, que causou a tragédia de Goiânia em outubro último, provavelmente trazia impresso o desenho obrigatório indicativo de material radiativo adotado pela Agência Internacional de Energia Atômica. Talvez uma advertência mais eficaz fosse a caveira com os ossos cruzados, que todo mundo sabe que representa perigo.
Além disso, os especialistas observam que os glifos precisam acompanhar as mudanças tecnológicas para não se desatualizar. Assim, a corneta cruzada por uma faixa em diagonal que indica proibição de buzinar não significaria mais nada para os automobilistas da nova geração. O mesmo se aplicaria a objetos de uso cotidiano cuja forma tende a mudar, como o telefone, onde o disco em muitos países já foi totalmente substituído por teclas.
Os fãs dos glifos sonham com o dia em que esses sinais se tornarão a base de um novo esperanto, a língua universal. A antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978) já dizia em 1964 que os sinais visuais deveriam "falar todas as línguas, existir sob todos os céus e ter uma significação clara e inequívoca para todos os povos do mundo". O professor Décio Pignatari, da Universidade de São Paulo, acredita que isso ainda vai ocorrer. Para ele, a tendência é o estabelecimento de uma linguagem glífica internacional, "que todo mundo aceite por convenção". Por sua vez, os idioletos - expressões próprias de um indivíduo - poderiam, com o tempo, generalizar-se e acabar incorporados aos glifos internacionais.



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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sinto muito - Os Sentidos

SINTO MUITO - Os Sentidos



Tente descrever qual é a graça de andar em uma montanha russa usando só os 5 sentidos. Enquanto você coça a cabeça para descobrir se a vertigem e o frio na barriga se encaixam no tato, na visão, no olfato, na audição ou no paladar, aproveite para pensar em outra coisa: como você sabe que seu braço está de fato coçando a sua cabeça, se não consegue vê-lo? Se quiser mais desafios, olhe de novo a página anterior e responda: por que a imagem de um prego no olho traz uma sensação de dor? Por que alguns padrões de cor e de formas dão a ilusão de vibrar? Por que ver uma mulher beijando um rato embrulha o estômago? Aliás, qual dos 5 sentidos lhe diz que você teve um embrulho no estômago?

Não fique tonto com essas questões (até porque a tontura é outra sensação que não dá para explicar só com audição, visão, tato, olfato e paladar). Como você já deve desconfiar pelas perguntas acima, os nossos sentidos são muito mais complexos do que sempre nos disseram. A idéia de que temos apenas 5 formas de perceber o mundo foi formulada pelo filósofo grego Aristóteles no século 4 a.C. e, de forma um tanto impressionante, permanece popular até hoje. A ciência, no entanto, já percebeu que os nossos sentidos passam de 20 e são bastante maleáveis, complexos e interessantes. Quando começaram a estudar as portas da percepção, coisas incríveis aconteceram: pessoas passaram a enxergar pela língua ou pelo ouvido, pintar coisas que nunca viram, sentir o tato só pela visão. É a nova ciência dos sentidos - e ela pode mudar tudo o que sabemos sobre a realidade à nossa volta.



Vendo tudo

Quantas formas de perceber o mundo nós temos? Não é uma pergunta fácil, principalmente porque, para respondê-la, precisamos antes saber de que mundo estamos falando. É que, nesse caso, existem dois: o externo e o interno. Os 5 sentidos tradicionais são específicos para observar o que acontece fora de nós. Além deles, existem aqueles que servem para percebermos nós mesmos e a relação do nosso corpo com o espaço. Mesmo de olhos fechados, você sabe que tem pés, braços, cabeça, um corpo inteiro, certo? O sentido encarregado de informar o que faz parte do nosso corpo é a propriocepção. O neurologista inglês Oliver Sacks, no livro O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu, cita o caso real de Christina, que, aos 27 anos, perdeu a propriocepção depois de receber antibióticos. De uma hora para outra, ficou incapaz de sentir o próprio corpo e precisou aprender a se virar usando outros sentidos, como a visão e a audição. Precisava ver as pernas ou as mãos para andar ou pegar um objeto. Falar se tornou muito difícil - é graças à propriocepção que sentimos a posição da boca.

Comece a viajar nesse mundo interno e vão pipocar sentidos que nos informam situações como o equilíbrio, a pressão sanguínea, a sede ou a fome. Um exemplo é a cinestesia, que nos diz quando cada parte do corpo se move. Só que alguns cientistas acreditam que, mesmo somando todos esses sentidos, ainda não temos o retrato completo. Quem sabe se cada um desses não é um agrupamento simplista de muitas formas de percepção? Afinal, sentir um toque gelado é diferente de sentir um toque com pressão. E enxergar formas é diferente de enxergar cores - o que é comprovado pelo fato de que é possível ficar cego apenas para as cores, como bem sabem os daltônicos. Será correto agrupar no nome "visão" a percepção das formas, dos vermelhos, dos verdes e dos azuis? Ou deveríamos falar de pelo menos 4 sentidos? Não existe ainda entre os cientistas um consenso sobre o que deve ou não ser considerado um sentido isolado. As diferentes respostas a essas perguntas podem fazer o nosso número total de sentidos oscilar entre 10 e 33 (veja tabela à direita). Sentiu o problema? Pois ele é só o começo.



Fazendo sentido

Os sentidos são como uma gangue: além de serem muitos, agem sempre em grupo. E basta acionar um para que todos respondam. Segundo Alvaro Pascual-Leone, neurologista da Universidade Harvard, em Massachusetts, EUA, nosso cérebro está sempre usando todas as percepções para criar um cenário mental da situação. É o que se chama de "mãos da mente": ao olhar para um abacaxi, você sente a textura espinhenta da fruta, enquanto mentalmente é capaz de sentir seu cheiro e o sabor doce e ácido.

Por que isso acontece? Antes de mais nada, é importante entender que sensação e percepção são processos complementares, mas diferentes. A sensação é a parte passiva da coisa, quando simplesmente recebemos um estímulo. É quando as ondas sonoras atingem o aparelho auditivo, fazem o tímpano vibrar e, na forma de impulsos elétricos, são levadas pelo nervo auditivo até o cérebro. A partir daí, entra em cena a percepção, que assimila, decodifica e processa esses dados.

As nossas sensações estão sempre funcionando, mas nossa percepção varia bastante. Ela pode ser temporariamente desativada: como qualquer um que tenha assistido a uma aula chata pode dizer, é possível escutar palavras sem ouvir nada. Por outro lado, é só andar em uma rua deserta para perceber como ficamos mais perceptivos a barulhos e sombras. O desligamento é seletivo: quando queremos conversar com alguém em uma festa barulhenta, precisamos ignorar todas as conversas paralelas, mas basta mencionarem nosso nome para voltarmos a atenção a outra conversa. Na Universidade Harvard, os psicólogos Daniel Simons e Christopher Chabris pediram que voluntários contassem o número de passes dados em um jogo de basquete, o que fez com que muitos não percebessem uma pessoa vestida de gorila atravessando a quadra. (Preste atenção: alguém pode estar chamando o seu nome enquanto você lê esta matéria.)

É possível ter problemas na percepção - um mal neurológico conhecido como agnosia que impede o reconhecimento de qualquer imagem, cheiro ou som. Existem relatos de pessoas incapazes de diferenciar um círculo de um quadrado, apesar de enxergar bem as duas formas. Oliver Sacks cita o caso de um professor de música com um processo degenerativo nas partes visuais do seu cérebro que foi aos poucos perdendo a capacidade de enxergar o todo de uma imagem. Identificava apenas os detalhes ou os movimentos. A confusão chegou a tal ponto que ele não conseguia mais entender uma rosa, apesar de descrevê-la com riqueza de detalhes. Durante uma consulta médica, confundiu seu pé com o sapato e, depois, pegou a cabeça de sua mulher para colocá-la na sua própria cabeça, literalmente confundindo-a com um chapéu.

Mais impressionantes ainda são os casos em que a sensação não acontece, mas a percepção sim. Nosso cérebro é capaz de sentir texturas através da visão (olhe para um cachorro fofinho, por exemplo) ou formar imagens através do tato. O pintor turco Esref Armagan é cego de nascença e seus olhos não detectam nenhum tipo de luz, mas mesmo assim ele é capaz de pintar imagens complexas, como paisagens ou peixes, respeitando as regras da perspectiva. Ele retrata até mesmo objetos distantes, como montanhas e nuvens. Como consegue?

Em primeiro lugar, ele conhece os objetos através do tato e pelas explicações de pessoas que enxergam. Para saber o que está pintando, ele usa uma tinta com textura que lhe permite sentir os próprios traços. Mas o segredo mesmo está na cabeça de Armagan. O córtex visual (área responsável por processar a visão) de uma pessoa funciona mesmo sem estímulos visuais objetivos. Por exemplo, ao fechar os olhos e imaginar uma cena, seu cérebro vai ativar a área relacionada às imagens, mesmo que em uma intensidade mais baixa. O mesmo acontece com o cérebro de Armagan: atividade leve quando ele imagina alguma imagem e bem mais alta quando está desenhando ou pintando. Nessas horas, sua atividade no córtex visual é praticamente igual à de alguém que enxerga perfeitamente. Usando informações da memória, tato, descrição, localização espacial e outros sentidos, ele consegue formar uma imagem parecida com a que temos ao enxergar.

Definir a visão parecia ser uma tarefa simples, mas se torna um pouco mais complicado agora: um indivíduo com agnosia é capaz de reagir à luz, mas não vê certos objetos. Armagan não reage à luz, mas usa relatos para "enxergar" a ponto de pintar melhor do que muita gente com a visão perfeita. Casos como o dele reforçam a teoria de que a percepção das coisas não depende exatamente do caminho pelo qual o estímulo chega. Ou seja, seu cérebro consegue ver de várias formas - os olhos são apenas o caminho mais tradicional.



Olhando pela língua

Em uma pesquisa na Inglaterra, tudo o que voluntários precisavam fazer era colocar o braço debaixo de uma mesa. Por cima, ficava um braço de borracha, usado em shows de mágica. Os braços real e falso eram tocados pelos mesmos objetos, ao mesmo tempo. Foram precisos apenas 11 segundos para que eles começassem a considerar como sua a mão que estava visível, o que ficou provado pelo monitoramento da atividade cerebral e porque, no final da experiência, vários apontaram a mão de borracha como sendo a real. Já o neurologista Alvaro Pascual-Leone, de Harvard, foi mais longe: fez pessoas com a visão perfeita passarem 5 dias com óculos que bloqueavam toda a luz. Durante esse período, eles relataram um aumento nos outros sentidos e também algumas alucinações visuais. Além disso, estímulos táteis ou auditivos tornaram-se capazes de ativar o córtex visual do cérebro. Todos esses sintomas desapareceram menos de 24 horas depois que os voluntários retiraram os óculos.

As duas experiências mostram que os nossos sentidos são muito mais flexíveis e adaptáveis do que se acreditava. Por estarem todos interligados, é só limitar um pouco um deles para que outros tentem compensar a deficiência. Na primeira experiência, a visão interagiu - e acabou substituindo - a propriocepção. E, na segunda, Pascual-Leone acredita que o córtex visual dos voluntários começou a se adaptar para funcionar com estímulos não-visuais. Nos dois casos, o que interessava ao cérebro era a informação disponível. Com os dados que tinha, ele tentava montar uma imagem mental.

Descobertas como essas abriram caminho para encontrar formas de compensar deficiências como cegueira e surdez. Um dos resultados mais promissores é o vOICe, um dispositivo criado pelo inventor holandês Peter Meijer para fazer pessoas enxergarem por meio de música. Ele usa um padrão de sons para descrever imagens captadas por uma câmera, que pode ser acoplada aos óculos de um deficiente visual. Agudos indicam um objeto em posição elevada, como uma prateleira, enquanto sons mais graves indicam algo perto do chão. O volume está relacionado à luminosidade: quando mais alto o som, mais claro o objeto. A ausência de luz é representada pelo silêncio. Pode parecer estranho, mas com algum tempo de uso o sistema pode guiar uma pessoa por um ambiente.

Algo parecido pode ser feito com o paladar. O BrainPort, da Universidade de Wisconsin, EUA, é formado por 144 eletrodos dispostos em um quadrado do tamanho de um selo, que fica em contato com a língua. O alpinista Erik Weihenmayer, cego há mais de 20 anos, usou o dispositivo para projetar em sua língua as imagens captadas por uma câmera localizada em sua cabeça. Em pouco tempo de uso, foi capaz de identificar objetos e apanhar uma bola em movimento. Já a americana Cheryl Schiltz usou o BrainPort para recuperar a sensação de equilíbrio. No caso dela, um aparelho localizado também na cabeça registrava todas as vezes que ela se inclinava, indicando o desnível através dos eletrodos - ao deixar a cabeça alinhada, ela sentiria uma sensação mais forte na parte central da língua. Foi o suficiente para que Cheryl andasse pela rua, subisse e descesse escadas e até mesmo carregasse uma bandeja.
A viagem através dos sentidos está apenas começando. Cada um desses novos equipamentos levam a descobertas ainda mais profundas sobre como percebemos o mundo, que por sua vez levam a tecnologias mais avançadas. Talvez um dia os cientistas cheguem à conclusão de que temos mais de 35 sentidos ou, quem sabe, a uma resposta ainda mais radical: um só. Como o que está em jogo é nada menos a forma com que lidamos com o mundo e com que sabemos que tudo existe, é possível que essas pesquisas mudem toda a nossa relação com a realidade. O que estaremos vendo e ouvindo daqui a algumas décadas? Ninguém sabe.



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