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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

POR QUE O CÉREBRO PERMANECE JOVEM POR MAIS TEMPO EM MULHERES DO QUE EM HOMENS

POR QUE O CÉREBRO PERMANECE JOVEM POR MAIS TEMPO EM MULHERES DO QUE EM HOMENS




À medida que envelhecemos, nosso cérebro se torna mais lento, mas estudo indica que este processo não ocorre da mesma forma para homens e mulheres.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Manuscrito medieval que cita Merlin pode revelar segredos sobre a lenda do Rei Artur

Manuscrito medieval que cita Merlin pode revelar segredos sobre a lenda do Rei Artur


A história do Rei Artur desperta a imaginação de muitas pessoas desde a Idade Média. 

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Cientistas afirmam terem realizado a primeira transferência de memória entre seres vivos


Cientistas afirmam terem realizado a primeira transferência de memória entre seres vivos


Uma equipe de cientistas, liderada pelo neurobiólogo David Glanman afirma que conseguiu transferir a memória de um ser vivo para o outro para outro, após injetar ácido ribonucleico em ambos. 

terça-feira, 3 de outubro de 2017

A doença que surgiu de uma mutação genética de nossos antepassados


A doença que surgiu de uma mutação genética de nossos antepassados


O pior é que o problema afeta milhões de pessoas no mundo inteiro

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Onde estão e quais são as coisas mais antigas do mundo ?


Onde estão e quais são as coisas mais antigas do mundo ?


Um hotel, uma árvore, um bar... A cada passo, somos rodeados pelas coisas mais diversas, tanto em tamanho, função e tipo quanto em idade.

Qual é o computador mais antigo do mundo? Onde está o restaurante mais antigo? Quantos anos tem o jardim zoológico mais antigo? Nesta lista surpreendente, seguem algumas das coisas mais antigas do planeta:

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A ciência explica como manter seu cérebro em forma por muito mais tempo


A ciência explica como manter seu cérebro em forma por muito mais tempo


Tocar um instrumento, comer bem ou saber se divertir: tudo isso e muito mais pode ajudar o seu cérebro a manter a boa forma por muito tempo. Infelizmente, não temos um manual de instrução de fábrica para saber como garantir que nossa central de comando fique firme e forte para sempre, mas reunimos seis dicas que prometem nos ajudar nessa missão.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Pesquisadores criam colírio capaz de dissolver cataratas sem necessidade de cirurgia


Pesquisadores criam colírio capaz de dissolver cataratas sem necessidade de cirurgia


A catarata é uma opacidade no cristalino do olho e é responsável por cerca de metade dos casos de cegueira registrados no mundo. Apesar de essa doença ser tratável, as cirurgias são caras e precisam de profissionais altamente especializados. Isso é um problema para pacientes que vivem em países subdesenvolvidos e com sistemas de saúde precários. Mas um novo estudo, que usou colírios para regredir cataratas em cachorros, pode tornar o tratamento da doença mais barato e acessível.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Desafio à Morte - Longevidade


DESAFIO À MORTE - Longevidade


As descobertas sobre esse enigma da natureza indicam que o homem pode viver bem mais de um século.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Chinesa afirma ser a mulher mais velha do mundo aos 127 anos


Chinesa afirma ser a mulher mais velha do mundo aos 127 anos

Alimihan Seyiti, ao que tudo indica, nasceu em 1886. Ela espera por uma confirmação oficial para receber o título.

sábado, 18 de maio de 2013

Aposentadoria faz mal à saúde


Aposentadoria faz mal à saúde

Segundo pesquisa, pessoas ficam mais suscetíveisa problemas de saúde quando se aposentam (Foto: BBC)

Pesquisa sugere que inatividade eleva depressão e de doenças.

domingo, 14 de abril de 2013

Russo, de 82 anos, mantém casamento com mulher meio século mais jovem



Russo, de 82 anos, mantém casamento com mulher meio século mais jovem e não pensa em parar: 'Vou morrer na Globo'


Na casa dele, o casal de passarinhos se chama Carminha e Tufão, e a cadela vira-lata atende pelo nome de Nina. "Essa aí foi o Chacrinha que me deu", diz o mais famoso contrarregra da TV, logo corrigido pela mulher Adriana: "Chacrinha já morreu faz tempo. Essa foi presente do nosso amigo Sérgio". Apesar de traído pela memória, Russo continua, aos 82 anos, na ativa. E fazendo graça. "Sou bom em levar microfone para as pessoas. Para dar entrevista sou muito ruim. Estou nervoso", avisa ele, assim que recebeu a equipe do Extra, de camisa social dentro da calça e chapeu panamá para ficar bonito nas fotos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Longa vida aos moços - Biologia


LONGA VIDA AOS MOÇOS - Biologia



O que significa ficar velho? Os estragos da idade são inevitáveis? A fonte da juventude existe? Começando a encontrar as respostas, os pesquisadores têm uma boa notícia a dar: longevidade é algo que se ganha desde cedo.

Será que alguém pode apagar 75 velinhas e ainda se considerar na meia idade? De certo ponto de vista, até que não seria muita pretensão, pois apenas com base no estoque de 10 bilhões de células nervosas que o cérebro possui ao nascer pode-se calcular que o organismo humano está programado para viver 150 anos. No entanto, feliz de quem consegue chegar com saúde à metade disso. Alimentação inadequada, estresse, sedentarismo, álcool, drogas, fumo: em vez de morrerem de 10 mil a 100 mil daquelas células por dia, o normal dos 30 anos em diante, influências ambientais podem multiplicar por dez a rapidez do envelhecimento. Tão ruim como viver de menos, se não pior, porém, é viver mal: a memória falha, a pele resseca, a estatura encolhe, a gordura aumenta, os músculos enfraquecem, os reflexos diminuem, os pulmões enrijecem o coração se cansa-e tudo tende a fazer da velhice o naufrágio de que falava o estadista francês Charles de Gaulle, que por sinal ainda estava no poder aos 78 anos e morreu dias antes, de completar 80.
Não é por acaso que as novas gerações de gerontologistas, como se chamam os doutores em envelhecimento, preferem dar mais vida aos anos do que simplesmente mais anos de vida, no jogo de palavras do professor Edward Schneider, da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos. Ali, como talvez em nenhum outro lugar, aprendeu-se a prorrogar a qualquer preço o tempo dos idosos. Na corrida pela vida, a preocupação com a longevidade deixou em segundo plano o interesse pela qualidade. É compreensível: adiar o desgaste do organismo é, afinal, um empreendimento complicado, não só porque os cientistas não têm controle sobre a vida que os homens levam, mas principalmente porque ninguém conhece tintim por tintim os comos e os porquês do envelhecimento. Ramo das ciências biológicas, a gerontologia é uma guapa quarentona, ou seja, uma criança, comparada com a pediatria, por exemplo.
No entanto, o que há de novo nessa área, uma enxurrada de experiências e descobertas fascinantes, é de entusiasmar velhos - e jovens. De fato, dessas descobertas nasce a certeza de que o jogo da longevidade começa a ser decidido já na adolescência. A multiplicação das pesquisas resulta de um surto inédito de interesse pelo assunto, motivado, sem dúvida, por existir cada vez mais gente idosa no planeta. No início do século, a expectativa de vida na média dos países industrializados oscilava em torno de 50 anos; hoje, quem nasce no Japão ou na Escandinávia, campeões mundiais de longevidade, tem toda chance de chegar a 85, ainda mais se for mulher. No Brasil, a esperança média se detém por volta dos 67 anos. Graças à elevação dos padrões de vida e às conquistas da Medicina, nunca antes a proporção de velhos no conjunto da população foi tão grande como deverá ser já nas primeiras décadas do próximo século - com conseqüências sociais e econômicas que apenas se comece a imaginar.
Em compensação, a Terra nunca hospedou tantos doentes crônicos, como chama a atenção o professor Luiz Roberto Ramos, da Escola Paulista de Medicina, 36 anos, que coordena para a Organização Pan- Americana de Saúde uma pesquisa sobre idosos brasileiros. "Nosso desafio é evitar os problemas de saúde na terceira idade, quando a capacidade funcional do organismo gradualmente se esgota", afirma. "Se vivêssemos 150 anos, morreríamos todos de diabete, porque já- não restariam no pâncreas células ainda aptas a produzir o hormônio insulina necessário à metabolização do açúcar." O envelhecimento, nesse conceito, é portanto um processo que caminha a passos microscópicos, na medida em que célula após célula vai deixando de cumprir sua função.
Como muitos de seus pares, Ramos acredita que cada espécie tem uma duração máxima de vida, programada por um calendário biológico que passa dos pais para os filhos. No homem, convencionou-se estabelecer esse teto teórico em 120 anos. O recorde de longevidade - 117 anos bem contados- pertence a um cidadão japonês, falecido na década de 80. Um estudo recente veio reforçar a teoria genética do envelhecimento. Ao estudar o câncer em cobaias, pesquisadores americanos e japoneses localizaram recentemente a moradia do gerontogene-o gene responsável pelo processo de senescência, como dizem os cientistas. Ele residiria no primeiro dos 23 pares de cromossomos existentes no homem. O cromossomo número 1 ou está ausente ou está alterado nas células dos tumores. Estas podem ser consideradas imortais, pois não param de se multiplicar. Os geneticistas concluíram que o cromossomo 1 é o encarregado de frear essa reprodução, como ocorre na velhice, quando as células demoram cada vez mais para se renovar.
Cada órgão, na realidade, tem idade própria para começar a render menos. O primeiro é o cérebro. "Do mesmo modo como nos transformamos de crianças em adolescentes e de adolescentes em adultos, a velhice é mais uma metamorfose", compara o geriatra Wilson Jacob, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Nenhuma outra etapa da existência humana, contudo, é tão cercada de mal-entendidos e crenças equivocadas. Para evitar confusões ainda maiores, os cientistas distinguem entre senilidade, o envelhecimento fisiológico normal e senescência, a velhice acompanhada de doenças crônicas, como artrite, hipertensão, diabete, má digestão, insuficiência renal, desidratação.
A princípio programado pelos gerontogenes para se tornar senil, como uma forma de obsolescência planejada, o organismo é empurrado por incontáveis fatores ambientais para o vale de lágrimas da senescência. "Influi até a temperatura do lugar onde vivemos", exemplifica Jacob. Uma pesquisa com moscas drosófilas mostrou que, mantidas a uma temperatura de 18 graus, elas viviam o dobro do que outras, a 30. Mas o homem não deve se encantar com a idéia de que o frio possa congelar o fluir do tempo. "Para os seres humanos, tudo indica que não são as temperaturas altas que envelhecem, mas as mudanças bruscas de clima", indica Jacob, apoiando- se em estatísticas de diversas partes do mundo. "O aquece-esfria constante parece aumentar a incidência das doenças típicas da velhice."
Esses problemas de saúde só mostram a sua face na terceira idade, a partir dos 60 anos. Na última década, surgiu o conceito de que para ser um idoso sadio é preciso ter tido até mesmo uma infância sadia. Médicos japoneses encontraram nos vasos sangüíneos de garotos de 10 anos de idade uma finíssima estria de gordura, possível embrião da aterosclerose - a formação de placas eventualmente fatais nas artérias -, cujos sintomas se manifestam somente quando metade da passagem para o sangue já está obstruída. É como se o organismo esperasse a velhice para acender o estopim de uma bomba armada ao longo de quase toda uma vida. A única exceção é o câncer, que não é uma doença lenta, mas aparece com maior probabilidade no idoso porque seu sistema imunológico é menos eficiente
De fato, no decorrer da vida, não é impossível que uma pessoa tenha tido milhares de cânceres sem jamais ficar sabendo. Isso porque em cada caso o sistema imunológico eliminou a célula doente em menos tempo do que se leva para dizer oncologia. Os tumores, portanto, só aparecem quando existe uma falha nessa segurança, por escassez de guardas em serviço, como acontece no idoso. Daí porque os cientistas concordam em que a senescência é uma forma abrandada de AIDS - vulnerável, o sistema imunológico já não se livra das fontes de infecção. Mas, se alguém quiser assistir a uma discussão interminável basta convidar dois gerontologistas para explicar por que as células ativas diminuem com a idade. Atualmente, a maioria dos cientistas têm fortes suspeitas de que tudo seja conseqüência da ação nefasta dos chamados radicais livres, moléculas pouco maiores do que um átomo, subprodutos do processo respiratório pelo qual o organismo queima oxigênio para obter energia.
Logo que são liberados nas células, reagem com a primeira molécula que encontram pela frente, formando ligações verdadeiramente perigosas, a ponto de poderem provocar mutações nos genes. Quando um radical livre se combina com o colesterol, por exemplo, a molécula dessa gordura, que navegava diluída no sangue, se solidifica, pronta a se depositar nas artérias. Pior é o efeito dos radicais quando se chocam com as células, alterando a permeabilidade de suas membranas. "A célula perde o controle do que entra ou sai dela e acaba morrendo, ou por deixar escapar moléculas vitais ou por inchar de substâncias tóxicas", descreve o geriatra israelense Efrain Olszewer, há dez anos no Brasil. Olszewer, que dispara palavras feito um adolescente entusiasmado, mas aparenta ser mais velho que seus 35 anos, é um ardoroso partidário da teoria dos radicais livres como explicação para o envelhecimento.
Ele cita um estudo realizado há cinco anos em um laboratório americano. A experiência mostrou que permaneciam mais tempo jovens aquelas cobaias cujos organismos produziam maior quantidade de enzimas capazes de bloquear os tais radicais. Sim, porque o mesmo organismo que produz o veneno pode igualmente oferecer o antídoto: se uma célula libera até mil radicais livres por dia, também fabrica substâncias, chamadas antioxidantes, que reagem com aquelas moléculas antes que saiam fazendo o estrago de praxe. A má notícia é que esses antioxidantes, assim como ocorre com as células em geral, tornam-se escassos à medida que os anos passam. Olszewer compara o processo à história do ovo e da galinha: "É difícil saber se o excesso de radicais livres, na velhice, é causado pela ausência de enzimas bloqueadoras ou se a ausência de enzimas resulta do fato de os radicais livres terem aniquilado dentro das células as estruturas que as produzem".
Outra teoria bastante aceita para explicar o envelhecimento é a das chamadas reações cruzadas. Uma proteína é formada por centenas de moléculas, os aminoácidos, dispostas em ordem determinada pelos genes como as contas de um colar. Mas, de vez em quando, os genes erram o comando e o resultado é uma reação cruzada: a receita embaralhada de duas ou mais substâncias faz a célula fabricar uma proteína de que não necessita e que só pode atrapalhar a rotina normal no organismo. O sistema imunológico costuma reparar o erro, enviando células macrófagas que literalmente engolem as companheiras cuja linha de montagem está defeituosa. Mas a situação desanda quando diminuem os efetivos do exército de macrófagas. Os cientistas já perceberam que, ao funcionar como uma espécie de cola entre as moléculas, o açúcar dos alimentos facilita as reações cruzadas. Mas não há prova de que restringir o seu consumo faça alguma diferença.
Para ver a quantas anda a longevidade de um paciente, o geriatra Olszewer utiliza um microscópio comum com um dispositivo que amplia a imagem de uma gota de sangue em vídeo. Só assim é possível enxergar com nitidez a quantidade de pontinhos brancos, os radicais livres. Há receitas para combatê-los, como ingerir vitamina C, cujas moléculas seriam igualmente capazes de bloqueá-los. O campeão da idéia de consumir grandes doses da vitamina é o bioquímico americano Linus Pauling, 89 anos completados em fevereiro último, duas vezes Prêmio Nobel. No entanto, o envelhecimento em si é inevitável e tudo a que a Medicina aspira é torná-lo tão agradável como pode ser qualquer outra fase da vida. A grande maioria dos gerontologistas exclui de seu léxico a palavra rejuvenescimento por designar algo impossível. Mesmo assim, clínicas luxuosas oferecem tratamentos que prometem apagar os sinais da idade como se passassem uma borracha nos vincos da pele.
Nenhuma terapia causa tanta polêmica como a desenvolvida na década de 50 pela geriatra romena Ana Aslan, falecida aos 91 anos em 1988. Ela descobriu por acaso os efeitos alegadamente rejuvenescedores da procaína, um anestésico leve. Segundo a médica, aumentando a capacidade da célula absorver oxigênio, a procaína teria poderes de mexer com os ponteiros da idade. Experiências realizadas mais tarde concluíram porém que a procaína seria apenas um bom antidepressivo, daí o alto astral dos pacientes da doutora Aslan. "Acontece que as experiências foram realizadas com procaína pura e não com o extrato criado por ela, ao qual se acrescentam outras substâncias capazes de potencializar a sua ação", retruca o geriatra paraibano Eduardo Gomes de Azevedo, 38 anos, que estagiou durante dois anos com a doutora Aslan e hoje cuida de manter a vitalidade de pacientes ilustres, como o rei do futebol Pelé, 50 anos, a jornalista Marília Gabriela, 41, o governador gaúcho Pedro Simon, 60, e a cantora Elba Ramalho, 38.
Com seu jeito agitado, Azevedo adverte que nenhum tratamento para evitar a senescência dará certo se as pessoas não lutarem contra o estresse. O cardiologista carioca Sérgio Vaisman, que há sete anos trabalha com prevenção de doenças crônicas em São Paulo, concorda à sua maneira: "Uma vida agitada em excesso no período da infância à juventude provoca males irrecuperáveis mais tarde". Uma de suas maiores preocupações é explicar como a ginástica que se faz hoje causa benefícios amanhã: "Está provado que o organismo sedentário acumula mais radicais livres", justifica. Mas Vaisman tem poucas oportunidades de dar esse tipo de conselho. "As pessoas não entendem que podem prevenir bem cedo a maioria dos males comuns à terceira idade", lamenta. "Acreditam que o envelhecimento só começa quando pode ser visto no espelho "

Explosão da terceira idade

O brasileiro que nascesse no início da Segunda Guerra Mundial teria uma expectativa de vida de 39 anos; hoje, meio século depois, essa expectativa já supera 65 anos, embora sejam grandes as disparidades regionais. Como nesse período a taxa de fecundidade no país caiu cerca de 40 por cento, não cessa de aumentar a proporção de idosos no conjunto da população. O grande salto vai se dar neste decênio: no ano 2000, doze em cada cem brasileiros terão 60 anos ou mais-o dobro da proporção atual. A mudança no desenho da pirâmide demográfica, como se chama a forma pela qual uma população se distribui por grupos de idade, é muito mais nítida no Primeiro Mundo. De cada cem europeus que festejarem o advento do século XXI, 36 estarão na terceira idade. O lado complicado desses números todos é que a cada ano menos gente deve sustentar mais gente - sem esquecer que o idoso gasta três vezes mais do que o jovem, por causa das salgadas despesas com saúde e cuidados em geral. Dos mais de 25,5 milhões de velhos americanos (11 por cento da população), 6 milhões precisam de acompanhamento médico permanente. A discussão sobre quem deve pagar e como a conta da velhice prolongada vai longe e requer aritméticas criativas. No Japão, por exemplo, sexagenários aposentados já recebem convites para voltar à ativa de alguma forma. Os brasileiros que se preparem.

Idéias caducas

Muito do que se fala sobre o idoso ou do que se receita para rejuvenescer não passa de velhas crendices. Aposente esses mitos:
Pessoas idosas devem comer bastante para manter a saúde
É certo que a falta de apetite crônica leva à desnutrição. Mas, desde que se suplemente a dieta com vitaminas e sais minerais, os gerontólogos asseguram que o idoso pode viver melhor se cortar até um terço das calorias das refeições. Experiências com cobaias comprovam que quanto mais calorias o organismo recebe, mais tende a produzir os maléficos radicais livres que prejudicam o sistema imunológico - e isso ocorre em pessoas jovens também.
Todo velho é desmemoriado
Os idosos de fato levam mais tempo para fixar informações novas. Isso não significa porém que não consigam gravar, por exemplo, um número de telefone, desde que o repitam algumas vezes, como, por sinal, gente mais jovem também faz. E, no caso de lembranças mais antigas, simplesmente não há problema.
A velhice, na mulher, começa a partir da menopausa
A menopausa marca apenas o envelhecimento do aparelho reprodutor feminino, que por falta de hormônios perde a fertilidade da juventude. Mas o organismo como um todo, tanto nas mulheres como nos homens, começa a envelhecer muito antes, pelo cérebro.
Os homens demoram mais do que mulheres a aparentar a idade
As aparências enganam apenas os olhares desatentos, pois em geral no organismo masculino os músculos começam a ser gradualmente substituídos por gordura a partir dos 35 anos; nas mulheres, isso só costuma acontecer depois da menopausa, que raramente ocorre antes dos 45 anos de idade.
A idade biológica corresponde à idade cronológica
Nem sempre. Duas pessoas nascidas na mesma época podem ser comparadas a carros fabricados no mesmo ano: aquele que foi bem cuidado pelo proprietário terá um desempenho muito melhor do que aquele que sofreu acidentes e não passou por uma boa revisão. Assim, alguém cuja cédula de identidade revele 40 anos pode perfeitamente bem sentir-se como se tivesse 30 - ou vice-versa.
O interesse sexual diminui ou desaparece com a idade
A afirmação não tem fundamento biológico, mesmo no caso dos homens que com o passar dos anos perdem parcialmente a ereção. A diminuição ou a ausência do desejo sexual tem a ver, isso sim, com dificuldades psicológicas muitas vezes resultantes de convenções sociais.

Tudo começa na cabeça

Cada órgão tem um tempo certo para envelhecer.
Por volta dos 25 anos a pele começa a perder água. A partir dos 30 desaparecem gradativamente as fibras de colágeno, que prendem as suas células. Em conseqüência, o tecido perde elasticidade, enrugando-se. A partir dos 40 anos, começa a afinar, esticando: grande demais para o corpo cede à gravidade e pende, depois dos 50. 
As células cerebrais, os neurônios, começam a morrer perto dos 30 anos e o processo não pára. Resultado: aos 80 anos o cérebro pesa quase 10 por cento menos. A irrigação sangüínea diminui e os neurônios trocam mensagens mais devagar. Como as informações requerem mais tempo para serem fixadas, maior a dificuldade de recordar fatos recentes.
 Até os 50 anos, cada milímetro da língua possui 245 receptores nervosos do paladar. Depois eles vão desaparecendo, até que aos 70 anos não restam mais de 80 receptores por milímetro. 
A partir dos 40 anos, enfraquecida pela perda de moléculas de cálcio que ocorre no esqueleto inteiro, as vértebras se aproximam cedendo à gravidade: aos 50 anos a estatura diminui em média 0,5 centímetro e aos 70 o idoso já esta cerca de 2 centímetros mais baixo. A perda de cálcio é mais acentuada nas mulheres após os 50 anos por causa da deficiência hormonal.
 Por causa da perda de células a partir dos 30 anos, os rins se atrofiam e aos 50 anos já perderam 30 por cento do peso. Por isso, o sangue demora mais a ser filtrado, a produção de urina diminui e ela pode se tornar menos densa - daí o risco maior de intoxicações em idosos. 
Depois dos 35 anos, a atividade do organismo torna-se cada vez mais lenta, por alterações nas glândulas, o que afeta a produção de hormônios.
Aos 30 anos, numa pessoa com 80 quilos, cerca de 30 correspondem aos músculos. Nas quatro décadas seguintes a musculatura perde aproximadamente 5 quilos, por causa da morte de fibras. Aos 65, a força muscular está limitada a 75 por cento.
As lentes endurecem ao longo da vida, mas a dificuldade de focalizar objetos só costuma aparecer a partir dos 45 anos- amareladas pelo tempo, as lentes impedem que, a partir dos 60, se distingam tons entre o azul a o verde.
 Entre 35 e 40 anos, a elasticidade diminui, o que torna mais difícil expirar e, portanto, eliminar todo o gás carbônico. Aos 80 anos assim, a capacidade respiratória cai pela metade.
Entre 30 e 35 anos, as fibras e válvulas do coração enrijecem, dificultando os batimentos que, em conseqüência, diminuem. Em situação de esforço físico, o coração jovem bate cerca de 200 vezes por minuto. aos 40 anos, 182 vezes aos 50, 171: aos 60, 59. Por causa da obstrução gradativa das artérias, a chance de infarto dos 50 anos em diante é duzentas vezes maior.
Entre 45 e 50 anos, as mucosas que revestem o estômago e os intestinos se ressecam, o que diminui a produção de sucos digestivos e a absorção de sais minerais: a digestão, a partir dai, torna-se mais lenta.

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Lembre-se: Recordar é viver

LEMBRE-SE: RECORDAR É VIVER



A massa de informações que a memória humana grava equivale a 20 bilhões de livros. Mas é preciso que um fato mexa com as emoções para ser encontrado depois com facilidade nesse fantástico arquivo do cérebro.

Já pensou se, cada vez que fosse assinar o nome, você tivesse de recordar as primeiras letras, aprendidas na infância? Pois é exatamente isso que acontece, embora não se perceba: escrever é como pressionar no cérebro a mesma tecla da cartilha do curso primário, desenhar novamente as palavras do jeito que a professora ensinou. A rigor, fazer qualquer coisa-qualquer coisa mesmo-é voltar inconscientemente à primeira experiência de aprendizado. A memória está presente em tudo. Graças a ela somos capazes não só de fazer algo como também de relacionar as coisas entre si, de estabelecer toda sorte de associações, sem as quais a própria sobrevivência seria impossível. Todos nós, enfim, vivemos de recordações.
O dia de sol evoca a praia, o céu cinzento adverte que pode chover, a música reanima um antigo sentimento. Dito desse modo, é como se os responsáveis pelas lembranças-ou pelas memorizações - sempre estivessem fora da pessoa, no sol, no céu, no som, por exemplo. Faz sentido: a memória é uma interação entre o ambiente e o organismo. Essa interação altera o sistema nervoso de tal modo que lhe permite reviver uma experiência. Naturalmente, todos os sentidos-tato, paladar, olfato, audição e visão-são instrumentos da memória. Mas a sede das lembranças é uma massa gelatinosa, com cerca de 1 quilo e meio que mal se acomodaria na palma da mão. Ou seja, o cérebro.
Comparáveis ao número de estreIas na Via Láctea, existem no cérebro 100 bilhões de neurônios, acinzentadas células nervosas com centésimos de milímetro de diâmetro, que possuem prolongamentos, chamados axônios.
Aparentemente, o cérebro é revestido por uma camada cinza, o córtex, que deve sua cor ao fato de ser formado quase só por corpos de neurônios. Dentro está a chamada substância branca. Trata-se de uma rede de axônios, feito fios encapados. O revestimento é a mielina, componente químico que lhe confere a cor clara.

Neurônios e axônios formam conexões: não chegam propriamente a se tocar, mas se aproximam tanto, que basta um neurônio liberar a substância química chamada neurotransmissor para que outro neurônio a capte e se estabeleça a comunicação entre eles. Calcula-se que no cérebro humano existam 100 trilhões dessas conexões. Chamadas sinapses. Um pensamento, por mais simples que seja, ativa centenas de sinapses. A capacidade de memorizar que todas as sinapses dão ao homem é incrível: aproximadamente 1014 bits (unidades de informação), ou o número 1 seguido de catorze zeros. Esse oceano de bits daria para escrever 20 bilhões de livros. Difícil é imaginar que cada um de nós carrega essa megabiblioteca na cabeça.
Já se nasce sabendo. É o que os cientistas chamam de memória biológica do cérebro, herdada geneticamente, que tem a ver com o instinto de sobrevivência de cada indivíduo de uma espécie. Assim, não se precisa ensinar o recém-nascido a mamar. O bebê também já nasce com todo o potencial para arquivar o que for aprendendo pela vida afora e formar, dessa maneira, a memória cerebral- que é, aliás, 10 mil vezes mais ampla que a memória dos genes das células do organismo.
Recentemente, cientistas italianos levantaram a hipótese de que a potencialidade da memória cerebral é hereditária. Eles fizeram uma experiência muito sugestiva: cruzaram ratos de laboratório dotados de boa capacidade de memorização; verificaram depois que a geração seguinte de ratinhos se distinguia pela facilidade com que aprendia a buscar comida num labirinto, em comparação com filhotes de outros ratos. Mas nada prova por enquanto que filhos de pais com boa memória também nasçam com boa memória.
Mas onde será que a memória se localiza? Todas as partes do cérebro são capazes de armazenar memórias; mas isso não impede que existam vagas demarcadas especialmente para certos tipos de memória. O grande desacordo entre os cientistas diz respeito a outra questão: os mecanismos que o cérebro usa para gravar os eventos. São duas correntes: de um lado a dos que acham que são as sinapses (conexões entre os neurônios) as responsáveis pela memorização, de outro, a dos que acreditam que a chave da memória está na síntese de proteínas feita pelo cérebro. "A explicação mais lógica é que a cada evento o cérebro ou forma novas sinapses ou amplia a área de contato nas sinapses já existentes", raciocina o neurologista Paulo Bertolucci, da Escola Paulista de Medicina.
Ele dá um exemplo: "Quando me lembro de que fui a um baile, ativo várias sinapses, uma para cada detalhe: o lugar, a cor do vestido da moça com quem dancei, as pessoas presentes etc. Com o passar do tempo, a não ser que esteja sempre me recordando da festa e mantendo as sinapses em atividade, como correntes elétricas, elas irão se desfazendo. Eis por que a gente se lembra minuciosamente do que aconteceu no dia anterior e depois os detalhes vão fugindo. Na verdade, são as sinapses que estão se desativando aos poucos".
"A idéia de novas sinapses é absurda", contesta o neurologista João Radvany, do Hospital Albert Einstein de São Paulo, ferrenho partidário da síntese de proteínas. "As pessoas não formam sinapses após a adolescência." A teoria da síntese de proteínas sugere que a memória é transmissível. Na década de 60, cientistas americanos ensinaram um rato a ter medo do escuro: quando ele entrava num quarto sem luz, onde sabia estar a comida, levava um choque elétrico. Depois de um certo número de descargas, o animal associou a dor à ausência de luz.
Os cientistas - por incrível que pareça-liquefizeram então o cérebro do ratinho condicionado a temer a treva e injetaram o líquido obtido em outro rato. Resultado: este passou a manifestar sintomas de pânico do escuro. O problema é que nunca se conseguiu repetir essa experiência. "Todos sabem que se inibirmos a produção de proteínas pelo cérebro, um animal de laboratório perderá a capacidade de aprender", observa Radvany. Os neurologistas - seja qual for sua opinião sobre o papel de sinapses e proteínas-dividem a memória em três tipos.
A imediata é aquela que entra em ação quando se acha um número na lista telefônica: ela é eterna enquanto dura; o problema é que dura pouquíssimo. Se, por exemplo, a pessoa que acabou de localizar o número desejado no catálogo ouvir um ruído intenso antes de começar a discar, é bem possível que o número Ihe fuja, porque a memória imediata, de tão frágil, não resiste a interferências. Elas interrompem a sinapse ou a síntese (conforme a teoria).
O segundo tipo, a memória evocativa, menos sujeita a esses percalços, dura de algumas horas a alguns dias. Frustrada pelo primeiro esquecimento, a pessoa volta à lista, dessa vez com a firme intenção de decorar o número. A concentração necessária - mesmo quando inconsciente - transporta a informação da memória imediata para a evocativa. Enfim existe a memória de longo prazo, que pode durar a vida inteira. Se houver um motivo muito forte, o número daquele telefone não sumirá jamais.
Normalmente, o esquecimento é um recurso do cérebro para não ficar entulhado de informações inúteis. Trata- se, portanto, de uma limpeza de arquivos. Ocorre que nem sempre -alguns diriam, raramente-os critérios dessa seleção do que deve ser guardado passam pelo racional. Se já não bastassem as teorias de Freud e a prática da psicanálise, a experiência pessoal de cada um demonstra que aquilo que mexe com as emoções fica guardado no cérebro por mais tempo e com uma riqueza maior de detalhes. Ficar guardado não quer dizer necessariamente que se consiga evocar certas memórias com facilidade. Ao contrário: lembranças associadas a emoções básicas ou poderosas demais tendem a permanecer bloqueadas.
A terapia analítica busca desbloquear tais fatos, que seriam a causa oculta de neuroses e outros distúrbios de personalidade. Os neurologistas, de seu lado, já descobriram que os sentimentos influem na formação de neurotransmissores. "Parece que nada melhor do que uma novidade para ajudar a memorizar algo", revela Esper Cavalheiro, do Laboratório de Neurologia Experimental da Escola Paulista de Medicina. Trabalhos com animais têm demonstrado que o cérebro reage à novidade liberando a substância endorfina, um eficiente fixador de memórias.
"Algo semelhante deve acontecer aos seres humanos", imagina Cavalheiro. Se isso é verdade, após estudar para uma prova, um aluno bem que poderia fazer em seguida algo novo, como andar de roda- gigante, caso nunca tenha feito isso. Provavelmente, Ihe será mais fácil recordar a matéria na hora do exame. Com animais, pelo menos, essas coisas funcionam.
Emoções demais, porém, podem ser prejudiciais. Quem será que nunca sentiu um "branco" num momento de nervoso? A razão é conhecida: o estresse libera grandes quantidades de hormônios, principalmente adrenalina, que atingem o cérebro e interferem na capacidade de evocar informações.
Várias pesquisas têm demonstrado que as substâncias do estresse desempenham papel importante na memorização: animais em que se injetaram aquelas substâncias em pouquíssima quantidade tinham dificuldade em memorizar; com doses maiores; alcançavam- o auge da capacidade de memorização; com grandes quantidades, porém, os animais esqueciam tudo o que haviam aprendido-exatamente como uma pessoa estressada. Tudo indica que, quando alguém se concentra para memorizar algo, está produzindo substâncias do estresse nas quantidades intermediárias, como as cobaias de boa memória.
Um dos trabalhos mais interessantes sobre a produção dos neurotransmissores que influenciam a memória foi realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo neurologista Ivan Izquierdo, que estuda há vinte anos os processos da memória. Izquierdo provou que existe o que chama de "dependência de estado":aquilo que um animal aprende sob estresse só será recordado em outra situação semelhante. "Talvez seja um mecanismo instintivo". supõe o professor, "pois a comparação de situações parecidas pode ajudar o animal a se sair-melhor."
Segundo especialistas, os maiores inimigos da memória são os acidentes automobilísticos-a principal causa de amnésia. "mais do que qualquer doença do sistema nervoso", garante o neurocirurgião Reynaldo Brandt, do Hospital Albert Eisntein Mas ele faz questão de deixar claro: "Aquela amnésia do cinema e de novelas de televisão, na qual a pessoa pergunta "quem sou eu?" é pura ficção. De fato, como a memória se espalha por todo o cérebro, não existe acidente que possa apagar todo o arquivo sem ser fatal. A pessoa pode se esquecer do momento do acidente, pode perder a capacidade de recordar determinadas coisas. Mas jamais se esquecerá de tudo, vagando pelas ruas.
A idade está deixando de ser associada à perda de memória, embora essa seja uma idéia tão recente que muitos especialistas ainda argumentem que, com o passar dos anos, diminui o número de neurônios. "Talvez os idosos apenas sejam mais lentos para formar sinapses"; especula o neurologista Paulo Bertolucci, de São Paulo. "A mocinha, por exemplo, precisa repetir o nome do novo namorado à avó, até que ela o guarde." O fato de pessoas idosas se lembrarem mais do passado do que de episódios recentes também tem sido explicado como uma questão de prática: a vida inteira elas ficaram com aquelas lembranças, que por isso acabam vindo à tona com mais facilidade. "Manter a memória acesa depende de usá-la sempre, o que significa atividade- mental e interesse pelo mundo", diz: Bertolucci. Nesse sentido, recordar não é só viver-é viver bem.

Não esqueça de conhecer a sua memória

O cérebro está sempre gravando tudo o que a pessoa vê, ouve, sente ou toca. Mas o que dá o foco àquilo que se grava, tornando as lembranças mais nítidas ou menos, é a concentração-cuja falta é a principal responsável pelos problemas de memória. Por isso, o primeiro passo para se avaliar a memória de alguém é testar a sua atenção: pedir, por exemplo, que conte até cem de três em três números-1, 4, 7, 10, etc. "Quem não consegue cumprir a meta não tem atenção suficiente para fixar informações', interpreta a neuropsicóloga Cândida Pires de Camargo, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Se está tudo bem com a atenção, testa-se a capacidade de reter eventos mais remotos, com perguntas sobre fatos históricos conhecidos, enredos de filmes antigos e ainda mostrando fofos de personalidades para serem identificadas. "Finalmente. peço ao paciente que me conte fatos importantes de sua vida em ordem cronológica; depois, confiro essa ordem com seus familiares", diz Cândida. Já os testes de memória imediata ou recente, são mais específicos, conforme a modalidade- memória para números, rostos, nomes etc. "O importante é dar o estímulo uma única vez; por exemplo, mostrar um desenho e logo escondê-lo, para a pessoa reproduzir o que se lembrar dali a 5 minutos, meia hora, um dia, uma semana", descreve a neuropsicóloga.
Ela aplica um método semelhante para testar a memória verbal, pedindo que o paciente repita uma história breve, de quatro ou cinco linhas, também em prazos diferentes. É natural esquecer um ou outro detalhe. Mas se após uma semana a pessoa só se recorda de 60 por cento da história, então é preciso diagnosticar se a dificuldade é de evocação - o equivalente a buscar a ficha correta nos arquivos do cérebro-ou de fixação. Problemas de evocação costumam estar relacionados a estados de ansiedade e de depressão, que comprovadamente atrapalham o processo de trazer as lembranças à tona. Esse tipo de problema pode ser tratado com auxilio de um psicoterapeuta. "Casos em que a dificuldade é realmente de memória, quando o cérebro perde a capacidade de gravar, são raríssimos", informa Cândida. "Isso é seguramente sinal de que alguma doença orgânica está em andamento.'

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quem quer viver mil anos ??? Longevidade

QUEM QUER VIVER 1 000 ANOS? Longevidade



O sonho da vida eterna é tão antigo quanto a autoconsciência humana da inevitabilidade da morte. Segundo os textos bíblicos, é acalentado desde o dia em que a curiosa Eva se rendeu à tentação do conhecimento, experimentou o fruto proibido e foi expulsa do paraíso da inconsciência, ao descobrir-se mortal. O fato é que, do primeiro casal para cá, não somente perdemos a prerrogativa da imortalidade como também alguns séculos de vida, pois dizem que Adão teria morrido aos 930 anos. Desde então, a pessoa que, comprovadamente, viveu mais tempo foi a francesa Jeanne-Louise Calment, morta em 1997, aos 122 anos - sinalizando que esse seria aproximadamente o limite de sobrevivência do corpo humano.

Mas há quem desafie esse senso comum. O biogerontologista inglês Aubrey de Grey está convencido de que o envelhecimento é um processo biológico que pode perfeitamente vir a ser controlado, da mesma forma que a ciência já conseguiu combater muitas doenças que antes eram tidas como incuráveis. De Grey, que é formado em ciência da computação, mas se tornou um dos principais teóricos do mundo em longevidade humana, trabalha atualmente no Departamento de Genética da Universidade de Cambridge. Ele já comparou o corpo humano a um carro. Com manutenção periódica e adequada - conserta um defeito aqui, põe um lubrificante ali, troca uma peça velha acolá -, dá para aumentar significativamente a vida útil de um carro. Embora o corpo humano seja muito mais complexo do que um carro, De Grey acredita que é possível fazer o mesmo, combatendo regularmente os processos que levam ao envelhecimento e à morte das células.



Vida pra chuchu

Para estimular as pesquisas sobre a longevidade, De Grey criou há alguns anos a Fundação Matusalém, cuja principal atividade é promover um concurso para premiar a equipe de cientistas que conseguir prolongar por mais tempo a vida de um Mus musculus, uma espécie de camundongo comumente utilizada em experiências em laboratório. O recordista atual é um exemplar que viveu 1 819 dias, o dobro da média desse animal. A intenção de De Grey é que os resultados obtidos com camundongos chamem a atuação de empresas dispostas a investir na pesquisa sobre a longevidade humana. Se tudo correr conforme prevê o cientista inglês, em dez anos a ciência conseguirá prolongar significativamente a vida de camundongos. E, aplicando-se o conhecimento adquirido com essas experiências, até 2030 já será possível aumentar a expectativa de vida do homem para algo em torno de 130 anos - quase o dobro da média mundial atual. De Grey vai mais longe em seus prognósticos para lá de otimistas. Em um artigo publicado no final de 2004 no site da rede BBC, ele disse acreditar que a primeira pessoa a viver até 1 000 anos já está entre nós e tem hoje por volta de 60 anos.

É difícil encontrar na comunidade científica quem faça coro às previsões mirabolantes de De Grey. A opinião predominante é que, a despeito de toda a tecnologia, não deverá haver avanços significativos na longevidade humana em um futuro próximo. Sobre o assunto, cientistas reunidos em um painel promovido há alguns anos pela revista Scientific American não deram motivos para muito otimismo: considerando todas as conquistas iminentes, como a terapia gênica e a possibilidade de substituição de quase todos os órgãos naturais, e mesmo a hibernação humana, a expectativa de vida no planeta alcançará, quando muito, 140 anos... Em 2500!

Mas, se ainda não descobriu a improvável receita da imortalidade, a humanidade já obteve conquistas sólidas, em especial no último século: nunca na história tantos viveram tanto como nos dias atuais. A faixa da população que mais cresce no mundo é a dos idosos, sobretudo os com mais de 100 anos - que, segundo as previsões, no ano de 2050 formarão um grupo 20 vezes maior que o de centenários do ano 2000. A maioria deles viverá nos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, estima-se que haverá 131 000 pessoas com um século ou mais de vida em 2010 e 834 000 em 2050. Entre 1990 e 2020, aumentará 74% o número de idosos de 65 a 74 anos naquele país, onde a expectativa de vida ao nascer saltou de 47,3 anos no início do século passado para 78 anos ao seu final. No Japão, atualmente, a expectativa de vida ultrapassa 80 anos, enquanto no Brasil chegou a 71,3. A média mundial situa-se em 66 anos - 20 mais do que em 1959.

Para se ter uma idéia do extraordinário avanço que isso representa, basta dizer que, entre os antigos romanos, a expectativa de vida era de 20 anos. Um terço deles sucumbia antes dos 6 anos e apenas 60% sobreviviam até os 16. Aos 26 anos, 75% haviam desaparecido e, aos 46, a morte já havia tolhido 90% dos romanos. À condição de ancião, alcançada aos 60, somente chegava 3% da população.

Mas, enquanto antigamente nos perguntávamos se chegaríamos a envelhecer, hoje a questão é: será que vale a pena prolongar tanto o período da vida em que somos naturalmente mais frágeis e vulneráveis? Segundo o estudo Our Ageing World (Nosso Mundo que Envelhece), de Justin Healey, publicado em 2003, na Austrália, a resposta é sim, a vida vale a pena mesmo aos 100 anos. A pesquisa constatou que apenas um terço dos centenários vive acamado e precisa de cuidados constantes. Um outro terço precisa de alguma ajuda e o restante é capaz de viver com independência. O mesmo autor afirma que somente 3% a 4% das pessoas com 60 a 74 anos são dependentes de cuidados de terceiros e que, entre os que têm de 75 a 85 anos, esse índice sobe para 10%. Após os 85 anos, 21% dos homens e 28% das mulheres precisam de ajuda no dia-a-dia - o que significa que mais de 70% conseguem dar conta de si mesmos. E esse percentual tende a crescer.



Bons e maus hábitos

A conquista de uma existência mais longa no século 20 resultou da melhoria das condições sanitárias nas cidades, com a criação de serviços públicos de saúde. Além disso, a ciência descobriu vacinas e antibióticos que possibilitariam a prevenção de doenças e o controle de epidemias. Se não para ampliar ainda mais a longevidade, o aumento do nível educacional e de renda deverá contribuir para melhorar a qualidade de vida na terceira ou - talvez possamos dizer - quarta idade. Até porque essas são condições importantes para o acesso à avalanche de informações sobre cuidados com a saúde que tem jorrado dos veículos de comunicação nas últimas décadas e despertado a consciência de que viver mais e melhor depende também de hábitos saudáveis. Sabe-se hoje, por exemplo, que o consumo excessivo de calorias é prejudicial à saúde. Um estudo da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos, de 2001, demonstrou que dietas pobres ou isentas de gordura animal podem resultar em ganho de dois anos de vida e que exercícios diários moderados ajudam a aumentá-la em seis anos. Além disso, o estudo revelou que fumantes vivem em média 10 a 11 anos menos do que não-fumantes.

Enquanto se multiplicam no mundo os estudos sobre bons e maus hábitos, os cientistas matutam para encontrar drogas capazes de curar ou impedir o surgimento das doenças que acometem os mais idosos, como o Alzheimer, além das herdadas geneticamente. Inventam órgãos artificiais. Aprendem a corrigir genes defeituosos. Aprimoram técnicas de transplante e conhecimentos sobre células-tronco que, no futuro, servirão para cultivar novos órgãos - da pele ao pênis, do coração ao fígado. E se debruçam sobre o mapa genético humano na tentativa de encontrar uma causa específica para o envelhecimento.
Os cientistas querem descobrir agora como funciona o relógio orgânico que, fatalmente, conduz o ser humano ao fim. Eles até já teriam pistas do funcionamento do gene responsável por desencadear o processo. Se um dia se desvendará o mistério, ainda não se sabe. Mas, na dúvida, é melhor começar a pensar. Se o inglês De Grey estiver certo, você corre o risco de se aposentar aos 65 anos e viver até 1 000 anos. E aí: o que faria para não morrer de tédio nos 935 anos que ganharia de lambuja?


Tendências




- CENTENÁRIOS

No mundo todo, a faixa da população que vem crescendo mais é a dos idosos, sobretudo aqueles com mais de 100 anos. No ano de 2050, eles deverão formar um grupo 20 vezes maior que o de centenários do ano 2000.



- PERSPECTIVA

Mesmo levando-se em conta os avanços da ciência que devem ocorrer nos próximos anos, a maioria dos cientistas se mantém cética quanto à possibilidade de um aumento dramático na expectativa de vida do homem neste século.



- QUALIDADE DE VIDA
Se não vamos viver muito mais, ao menos deveremos viver melhor durante a velhice. O número de idosos que conseguem viver sem a ajuda de outras pessoas tende a crescer.


Eterna obsessão




Enquanto os místicos tentam transcender os limites do corpo pela força espiritual, alguns pensadores, na direção oposta, acreditam que poderemos chegar ao paraíso pelo caminho da ciência e da tecnologia. Eles se autodenominam "transumanistas" e acreditam que a humanidade será radicalmente modificada pela tecnologia no futuro - a tal ponto que, em algum momento da história, nossos descendentes deixarão de ser, sob muitos aspectos, seres humanos. Uma das idéias combatidas pelos transumanistas é que o envelhecimento e a morte são acontecimentos inevitáveis. Mas, ao contrário de algumas religiões, que pregam a imortalidade espiritual ou a vida depois da morte, os transumanistas acreditam na possibilidade da imortalidade física. Para isso, bastaria superar as atuais limitações biológicas do homem, por meio dos avanços esperados em áreas como nanotecnologia, engenharia genética e cibernética. Para os transumanistas, cedo ou tarde, vai chegar o dia em que a morte só ocorrerá por acidente ou por decisão voluntária.

Um dos principais teóricos do transumanismo foi o escritor F.M. Esfandiary. Filho de um diplomata iraniano, ele nasceu na Bélgica, em 1930, e escreveu algumas obras de ficção científica antes de mudar seu nome para FM-2030, por acreditar que viveria pelo menos até os 100 anos. "Eu não tenho idade. Nasço e renasço todos os dias. Pretendo viver para sempre. E provavelmente viverei, a não ser que ocorra um acidente", disse certa vez.
FM-2030 morreu em 2000, aos 69 anos, vítima de câncer no pâncreas. Seu corpo foi congelado na Alcor Life Extension Foundation, nos Estados Unidos, seguindo a prática da criogenia, que consiste em preservar o corpo à baixa temperatura - à espera de um dia em que a ciência possa ressuscitá-lo e realizar sua obsessão de vida eterna.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O planeta vovô da Via Láctea

O PLANETA VOVÔ DA VIA LÁCTEA



Muito tempo antes de a Terra ter-se formado, há cerca de 4,5 bilhões de anos, surgiu o planeta mais antigo já identificado na nossa galáxia. Ainda sem nome, esse planeta se encontra na Vila Láctea num aglomerado globular de estrelas conhecido como M4, na constelação de Escorpião, a 7 200 anos-luz. Estima-se que ele tenha surgido há 13 bilhões de anos - "apenas" 1 bilhão de anos depois do Big Bang, a violenta explosão que deu origem ao Universo.

A descoberta foi anunciada pela Nasa, a agência espacial americana, em julho de 2003. Mas as especulações sobre a existência desse planeta começaram em 1988, quando foi identificado no aglomerado M4 o pulsar catalogado como PSR B1620-26. Pulsar é uma estrela de pequena dimensão, com intenso campo magnético e que gira extremamente rápido em torno do seu eixo - no caso do PSR B1620-26, ele gira cerca de 100 vezes por segundo e emite pulsos de ondas eletromagnéticas.

Os astrônomos notaram irregularidades no pulsar que sugeriam a existência de um outro corpo celeste, além das duas estrelas verificadas. A dúvida era se esse terceiro corpo era um planeta ou outra estrela. Depois de analisar imagens fornecidas pelo telescópio Hubble, os cientistas da Nasa conseguiram estimar que o objeto tem 2,5 vezes a massa de Júpiter (o maior planeta do sistema solar) e concluir que se tratava, sim, de um planeta.

Em comparação com a Terra, que é um planeta de terceira geração, o planeta descoberto pertence à primeira geração. Isso significa que ele orbita uma das primeiras estrelas formadas após o Big Bang. O velho planeta possui uma improvável e acidentada vizinhança: está na órbita de um peculiar par de estrelas mortas no núcleo de um aglomerado com mais de 100 000 estrelas.

A descoberta fornece evidências de que os primeiros planetas surgiram "rapidamente", ou seja, em menos de um bilhão de anos após o Big Bang. Portanto, podem ser muito mais abundantes do que até então se acreditava.

O planeta vovô não deve ter uma superfície sólida semelhante à da Terra, apenas gasosa. Por ter-se formado nos primórdios da vida do Universo, provavelmente não possui quantidade abundante de elementos como carbono e oxigênio. Por essas razões, é muito pouco provável que possa abrigar vida como conhecemos na Terra.
Os aglomerados globulares de estrelas, como o M4, são deficientes em elementos pesados. Por isso, alguns astrônomos acreditavam que eles não poderiam conter planetas. A descoberta do planeta mais antigo da Via Láctea obrigou os cientistas a reverem suas posições. Mais do que isso: encontrar um planeta com mais que o dobro da idade da Terra muda a escala de tempo com que estávamos acostumados a pensar a formação dos planetas e amplia as chances de existirem, na nossa galáxia e em todo o Universo, outros astros com características parecidas com as do nosso planeta.

Mundo pequeno
O mundo já foi bem menor do que é hoje - pelo menos na cabeça do homem. À medida que avançou seu conhecimento sobre o cosmos, as fronteiras do Universo foram se ampliando. Até o início do século 17, o mundo conhecido era formado por apenas oito "planetas": Terra, Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, além das estrelas. Achava-se que a Terra era o centro do Universo. Era a teoria geocentrista, do astrônomo grego Cláudio Ptolomeu.

Em 1633, o italiano Galileu Galilei foi condenado pela Inquisição por postular que a Terra girava ao redor do Sol. Só no final do século 17 foi aceita a teoria do astrônomo polonês Nicolau Copérnico de que a Terra e outros planetas giram em torno do Sol. A essa altura, o número de corpos celestes conhecidos havia mais que dobrado, para 17.
Já no século 19, o número de corpos conhecidos no sistema solar aumentou com a descoberta dos asteróides (até 1899, já eram conhecidos 464). No início do século 20, os astrônomos descobriram que o Sol é apenas uma dentre bilhões de estrelas da Via Láctea e que ele está longe do centro da galáxia. Em 1999, dados do telescópio Hubble permitiram estimar que o Universo é formado por, no mínimo, 125 bilhões de galáxias - um vasto mundo que permanece praticamente desconhecido para nós.

O impacto da descoberta
A existência de um planeta formado menos de 1 bilhão de anos depois do Big Bang leva à conclusão de que pode haver muito mais planetas na nossa galáxia - e no Universo - do que se imaginava