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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Rússia divulga vídeo impressionante de seu novo drone de ataque militar

Rússia divulga vídeo impressionante de seu novo drone de ataque militar

Equipamento demonstrou todo o seu poder de fogo ao lançar bomba de meia tonelada.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Bomba da Segunda Guerra Mundial explode durante obras na Alemanha

Bomba da Segunda Guerra Mundial explode durante obras na Alemanha

Detonação acidental do artefato em ferrovia de Munique feriu ao menos três pessoas.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Pesquisadores encontram os restos de uma 'Super Arma' nazista na Inglaterra

Pesquisadores encontram os restos de uma 'Super Arma' nazista na Inglaterra

Ela foi responsável por pelo menos 9 mil mortes na Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Bomba usada contra nazistas é detonada após 75 anos durante operação na Polônia

Bomba usada contra nazistas é detonada após 75 anos durante operação na Polônia

Em 1945, um submarino nazista foi bombardeado pela Força Aérea do Reino Unido (RAF) na costa da Polônia. 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Itália tem maior evacuação em tempos de paz para desarmar bomba da Segunda Guerra

Itália tem maior evacuação em tempos de paz para desarmar bomba da Segunda Guerra



Durante a reforma de uma sala de cinema em Brindisi, na Itália, trabalhadores encontraram uma bomba da época da Segunda Guerra Mundial que não havia sido detonada. 

domingo, 15 de dezembro de 2019

A bomba soviética que era muito poderosa para a guerra

A bomba soviética que era muito poderosa para a guerra


Até o momento, o único país que já detonou uma bomba nuclear em uma guerra foi os Estados Unidos. 

terça-feira, 25 de junho de 2019

Explosão de bomba da Segunda Guerra deixa cratera em campo na Alemanha

Explosão de bomba da Segunda Guerra deixa cratera em campo na Alemanha


Moradores da cidade alemã de Limburg foram surpreendidos por um grande estrondo, que aconteceu no meio da noite, em um campo usado para plantação. 

sábado, 18 de novembro de 2017

Postagens Populares - Novembro de 2017


Postagens Populares - Novembro de 2017







No ano de 1936, o Exército Imperial Japonês (Dai-Nippon Teikoku Rikugun) criou o Departamento de Purificação da Água e Prevenção de Epidemias, que manteve suas atividades até a dissolução do EIJ em 1945. Sua missão pública, era a de prevenir a proliferaçaõ de epidemias e monitorar os suprimentos de água potável. Neste mesmo ano, o Imperador Hiroíto, assinou um decreto, estendendo as atribuições do Departamento de Purificação da Água e Prevenção de Epidemias  ao Exército de Guangdong (japonês: Kantogun). O  Exército de Guangdong , ao início do Século XX, era o maior e mais prestigioso comando dentro do EIJ, muitos de seus comandantes, como Hideki Tojo, foram promovidos para altas funções, tanto no governo civil quanto militar. 



02-Bomba Atômica de Hiroshima – o que não contaram na sala de aula


Vocês já se perguntaram se as famosas histórias descritas nos livros ou até mesmo aquelas contadas por muitos professores são reais? será que os fatos são aqueles mesmo? hoje trago uma postagem que pra mim é polêmica pois traz fatos que muitos nunca ouviram falar.

http://publicadosbrasil.blogspot.com.br/2016/08/bomba-atomica-de-hiroshima-o-que-nao.html





03-10 Curiosidades sobre a eletricidade


O campo da eletricidade é imenso, vasto e a cada dia novas descobertas são feitas e trazem ao ser humano mais tecnologia e inovação, muitas coisas curiosas são observadas nesta área de estudo. O que promove estas inúmeras descobertas é a curiosidade do ser humano.

http://publicadosbrasil.blogspot.com.br/2016/09/10-curiosidades-sobre-eletricidade.html





04-20 coisas que você talvez não saiba sobre o nosso maravilhoso planeta terra


A Terra é o nosso lar, nossa casa, ainda o único lugar onde experimentamos viver...



05-JogosRBL6 – Agora com PLAYSTATION ONE - SONY


JogosRBL6 é um FRONTEND simplificado (VERSÃO 6.0) ao qual foi feito no EXCEL
utilizando recursos do VBA (Active X). Uma listagem simples dos jogos e das capas,
para clicar e jogar.

DOWNLOAD PLUG&PLAY, BASTA BAIXAR E JOGAR !!!

http://publicadosbrasil.blogspot.com.br/2017/08/jogosrbl6-agora-com-playstation-one-sony.html





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Clonados e transgênicos que brilham no escuro



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sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Mega Bomba da Segunda Guerra Mundial provoca evacuação em massa na Alemanha


Mega Bomba da Segunda Guerra Mundial provoca evacuação em massa na Alemanha


50 mil pessoas tiveram que sair de suas casas para que o artefato fosse desativado.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Bomba Antimatéria - Muito mais poderosa que a nuclear


Bomba Antimatéria - Muito mais poderosa que a nuclear


Existe arma mais destruidora que a bomba nuclear? Embora pareça incrível, a resposta é sim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Os mais populares em Dezembro de 2016


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terça-feira, 13 de outubro de 2015

O plano alemão para matar Churchill com uma bomba de chocolate


O plano alemão para matar Churchill com uma bomba de chocolate


Durante a Segunda Guerra Mundial havia uma batalha em paralelo aos campos armados: criar bombas que pudessem chegar aos inimigos sem causar nenhuma suspeita. 

domingo, 12 de abril de 2015

Saiba como os nazistas também entraram na corrida pela bomba atômica


Saiba como os nazistas também entraram na corrida pela bomba atômica


Embora poucos saibam, o regime nazista de Adolf Hitler também se dedicou à criação de uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Já em 1939, o novo diretor do Instituto Kaiser Wilhelm de Física, Werner Heisenberg, foi chamado para analisar descobertas de cientistas que observaram, um ano antes, que seria possível fissionar o urânio bombardeando-o com nêutrons. 

sábado, 28 de dezembro de 2013

Face a face com a Bomba - Guerra Fria

FACE A FACE COM A BOMBA - Guerra Fria


Mais de 100 testes nucleares ao ar livre sacudiram o Deserto de Nevada, nos Estados Unidos, a partir de 1951. As seqüelas que deixaram só em anos recentes vieram a público. Este é o tema das fotos e do texto a seguir.

sábado, 30 de novembro de 2013

Bombas de Hidrogênio na cozinha - Física


BOMBAS DE HIDROGÊNIO NA COZINHA


Está mais quente que nunca a idéia de construir um reator nuclear num aparelho quase tão simples quanto uma cafeteira. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Bomba Relógio da Superpopulação - Demografia


A BOMBA-RELÓGIO DA SUPERPOPULAÇÃO - Demografia


Um cientista revela como a degeneração do meio ambiente e as grandes epidemias podem ter uma causa explosiva.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Casa dos Horrores Nucleares - Armas



A CASA DOS HORRORES NUCLEARES - Armas



O arsenal mais terrível do mundo tem seu lugar para a posteridade - se é que haverá alguma. Um museu americano guarda uma completa coleção de bombas atômicas e mísseis para turista ver.

Na manhã de 6 de agosto de 1945, quase ao fim da Segunda Guerra Mundial, o bombardeiro B-29 americano Enola Gay lançou a ainda não testada bomba de urânio Little Boy sobre a cidade de Hiroxima, a sudoeste de Honshu, a principal ilha japonesa. Ela rebentou no ar a 600 metros de altura e liberou uma energia equivalente a 20 quilotons (20 mil toneladas) do explosivo químico TNT, matando 64 mil pessoas instantaneamente. Três dias depois, após sobrevoar inutilmente durante 45 minutos um segundo alvo, a cidade de Kokura, sem visualizá-la, o avião mudou de rumo. E Fat Man, outra bomba, esta de plutônio, arrasou mais da metade da área de Nagasaki, no sul do Japão. Passados seis meses, 40 mil pessoas haviam morrido. O número de vítimas poderia ter sido ainda maior e incluir cidadãos americanos caso o mau tempo não tivesse afastado o bombardeiro 1500 metros do alvo: isso salvou a vida de 1300 prisioneiros de um campo de concentração japonês desconhecido dos Estados Unidos.
A devastação causada por essas bombas acabou de vez com a guerra, provocou espanto e horror no mundo inteiro, mas não impediu o desenvolvimento das armas atômicas - muito ao contrário. Elas instituíram o chamado "equilíbrio do terror", sustentado pelas mais de 25 mil ogivas nucleares das duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, capazes de exterminarem  múltiplas vezes a vida na Terra. O potencial das bombas de fusão, ou termo nucleares, é da ordem de 60 megatons (60 milhões de toneladas de TNT). É como se cada ser humano se tivesse tornado um refém da paz armada. É inegável também que o arsenal nuclear exerce uma atração algo mórbida sobre muita gente. E um lugar onde isso pode ser percebido claramente é o Museu Atômico Nacional, que funciona na cidade de Albuquerque, no estado americano do Novo México. "As pessoas se alegram de conhecer a tecnologia das armas atômicas", comenta Joni Hezlep, o diretor do Museu.
"Grátis! Educativo! Fascinante!", proclama o folheto distribuído aos quase 150 mil turistas que todo ano percorrem o ambiente escuro do velho hangar de helicópteros, hipnotizados pela visão de 68 armas nucleares iluminadas, imagens de cogumelos atômicos e pôsteres com a história das bombas. Sentado ao lado de uma Mark-17, a primeira bomba termonuclear desenhada para ser lançada de avião, o turista aperta um botão e logo aparece na tela de TV um filme das primeiras provas realizadas com ela. Esta versão moderna de "casa dos horrores" reúne sobras de guerra e material de treinamento.
O orçamento do Museu é suficiente para a permanente renovação do acervo. Exemplares de safras recentes da indústria bélica repousam, ainda encaixotados, atrás do hangar, entre a sucata de um jato supersônico F-105, peças de foguetes e uma coleção de mísseis,. Segundo o historiador do Museu, Richard L. Ray, a intenção não é chocar e sim conservar e exibir os equipamentos como parte da História. "Todo mundo sabe o que faz uma bomba desta. Não precisamos mostrar corpos carbonizados", justifica. Ele conta que dois sobreviventes de Hiroxima e Nagasaqui visitaram o Museu o acharam um boa idéia, apesar de não ter fotos que lembrem o martírio japonês. Ao observar as réplicas de Fat Man e Little Boy, lembra o historiador, os dois caíram de joelhos a chorar.
A maioria das armas expostas tem nomes muito atrativos: Lulu (bomba de explosão em profundidade submarina). Walleye (bomba de planagem), Honest John (míssil terra-ar) e David Crockett, SUBROC e ASROC (foguetes de lançamento submarino e anti-submarino). Os arsenais nucleares encontram-se divididos em três categorias: os mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), lançados de terra; os mísseis lançados de submarinos (SLBMs), de menor porte e precisão; e os bombardeiros estratégicos. Para o observador atento, as armas mais antigas traem suas origens. É que muito da evolução ocorrida até se chegar aos mísseis modernos derivou das pesquisas desenvolvidas durante a guerra, há quase meio século, pela Alemanha nazista.
De fato, no dia 8 de setembro de 1944, cinco minutos depois de ser disparada de Haia, a capital da Holanda, então sob domínio alemão, a uma velocidade de 5 mil quilômetros por hora, caía em Londres o primeiro foguete nazista, batizado de V-2. Estava inaugurada a era das armas automáticas de longo alcance. Com a vitória dos aliados em 1945, mais de cem especialistas alemães, a começar pelo físico Wernher von Braun, foram acolhidos nos Estados Unidos (os russos também carregaram tantos quanto puderam). Além do pessoal, os americanos tomaram setenta dos mais avançados foguetes alemães para testes de treinamento. União Soviética, França e Inglaterra trataram igualmente de obter informações sobre foguetes e mísseis. A história dos testes nucleares também faz parte do roteiro do Museu Nacional. Toda semana, caravanas de turistas percorrem 200 quilômetros no escaldante deserto do Novo México até a Base Aérea de Alamogordo, para conhecer ao local da primeira explosão atômica do Mundo.
Mais de mil pessoas se aglomeram na cratera aberta pela bomba, enquanto os alto-falantes repetem sem parar a gravação da contagem regressiva original e o som autêntico da explosão. Em um reboque próximo, outra réplica de Fat Man mais parece a caricatura de uma bomba que o potente patriarca de uma família já excessivamente prolífera. Nesse desolado lugar, às 5h30 do dia 16 de julho de 1945, o Fat Man original explodiu no alto de uma torre de aço de 30 metros de altura.
Os cientistas acompanharam a explosão em abrigos subterrâneos a quase 100 quilômetros de distância. Primeiro foi uma luz intensa iluminando montanhas a 16 quilômetros, depois uma súbita onda de calor e um grande estrondo, assim que as ondas de choque ecoaram no vale. Uma bola de fogo surgiu rapidamente, seguida do cogumelo de 12 mil metros que iria tornar-se a imagem mais ameaçadora do século. A bomba havia gerado uma força explosiva equivalente a 20 mil toneladas de TNT. Rodeando o local da torre há uma cratera de mais de 300 metros de diâmetro por 3 de profundidade. A intensa pressão e o calor gerado pela fissão dos átomos fundiram a areia a ponto de convertê-la em uma matéria sólida, cristalina, de cor verde-jade. Essas pedras verdes se chamam trinitita, devido ao nome em código do projeto de teste - Trinity.
Sob o intenso sol do deserto, os turistas passeiam agachados, buscando trinitita. Aparentemente, não leram por inteiro o folheto que adverte: "Já que este material ainda retém um pequeno nível de radiação, que pode representar risco se suas partículas de pó forem inaladas ou ingeridas, pede-se não recolher pedras ou escavar o solo". Todo o lugar ainda é ligeiramente radioativo. O programa informa que "as crianças pequenas e as mulheres grávidas correm maior risco potencial" e avisa as pessoas que não comam, bebam, fumem ou levem animais domésticos ali. Enquanto se ouve um discurso ao ar livre de Robert Krohn, um dos cientistas que testemunharam a explosão, não é incomum ver sacerdotes de seitas místicas, seguidos de grupos vestidos de branco, gritando para exorcizar a "semente da destruição". As poucas sementes que germinaram ali, mais de quarenta anos depois do teste, mostram na verdade que o terreno volta a dar sinal de vida, não de destruição.
Carregando o seu souvenir radioativo, o turista da era atômica prossegue seu passeio, seguindo ao norte de Albuquerque até Los Alamos, o lugar onde a bomba foi efetivamente concebida. Ali funciona o Museu Científico Bradbury, a outra face do Museu Atômico Nacional. As salas bem iluminadas estão cheias de recordações dos primeiros dias da energia nuclear e, se se esquecer Hiroxima, o equilíbrio do terror e o acidente de Chernobyl, fica até fácil admirar essa grande conquista científica. De fato, o controle do poder do átomo representa um dos maiores resultados da atividade humana organizada. Em menos de cinco anos, cientistas de diferentes nacionalidades, trabalhando em várias frentes de pesquisa, transformaram a teoria em realidade. Foi o físico italiano Enrico Fermi (1901 - 1954) quem iniciou as primeiras experiências. Ele realizou uma série de testes com o urânio e o tório radioativos, recebendo o Prêmio Nobel em 1938 pelo que se acreditou serem novos elementos químicos.
A palavra grega átomo quer dizer, como se sabe, indivisível, e a idéia de partir a unidade básica da matéria ainda era estranha para os cientistas. Naquele mesmo ano, entretanto, os físicos austríacos Lise Meitner e Otto Frisch provaram que Fermi obtivera, isto sim, a quebra do núcleo de urânio em elementos menores, com grande liberação que, a partir de determinada quantidade de material, a chamada massa crítica, a fissão do núcleo do átomo criaria uma rápida reação em cadeia gerando ainda mais energia. O boneco de gesso em tamanho natural do físico J. Robert Oppenheimer, o responsável pelo laboratório de Los Alamos, recebe os visitantes do Museu Bradbury com um olhar triste. Na verdade, muitos dos cientistas envolvidos no projeto de construção da bomba não comemoraram propriamente o seu sucesso.
Num documento conhecido como Franck Report, eles pediram ao governo americano que não utilizasse a bomba. Mas o imprevisto aconteceu - o presidente Franklin Roosevelt morreu e Harry Truman assumiu, autorizando o bombardeio ao Japão. Desde aquela época, a energia nuclear saiu definitivamente do controle de um punhado de cientistas para se tornar propriedade cada vez mais comum. A França começou desenvolvendo energia nuclear para fins pacíficos, passando em 1960 a testar suas próprias armas. Os chineses começaram seu programa nuclear em 1958 com a ajuda soviética. Em 1964 testaram sua primeira arma de urânio e avançaram rápido para o estágio dos mísseis termonucleares, alcançado em explosão nuclear em 1980. A Índia também realizou uma explosão nuclear em 1974, demonstrando que não só os países ricos podem ter armas desse porte.
Calcula-se que já tenham sua bomba ou estejam em condições de produzi-la a curto prazo cerca de vinte outros países, entre eles África do Sul, Argentina, Brasil, as duas Coréias, Formosa, Irã, Iraque, Israel, Líbia e Paquistão. Ironicamente, a ameaça da proliferação de armas nucleares no Terceiro Mundo coincide com o sepultamento (que se espera definitivo) da Guerra Fria entre os blocos militares comandados por Washington e Moscou. Nas palavras de Joni Hezlep, de Albuquerque, "as armas que se podem ver num museu são as mais importantes: servem para lembrar que são um seguro de vida; é uma maneira terrível de ver o problema, mas a realidade é essa. São dissuasivas, não são?"

Os arsenais que ameaçam a Terra....

O projeto para a construção de armas termonucleares ou bombas H (de hidrogênio) começou já em 1942, paralelamente ao desenvolvimento das armas de fissão, mas não foi uma prioridade, mesmo depois da guerra, pois dependia de um potente sistema de aquecimento. Para se ter uma idéia da potência desse sistema, basta dizer que o Sol é uma bomba termonuclear, que consome deutério, o hidrogênio radioativo, a 10 milhões de graus centígrados. Em uma bomba, só a energia liberada por um mecanismo de fissão forneceria a temperatura suficiente para a ignição do combustível de deutério. A fissão ou quebra do núcleo - utilizada nas bombas lançadas contra o Japão - com certeza fundiria os átomos de deutério, liberando energia muitas vezes superior.
Tamanha energia despertou muitos cientistas para o fato de que o efeito devastador dessas armas não se restringiria a alvos militares e eles torciam para que ela jamais fosse produzida. Mas com a Guerra Fria entre EUA e URSS essa esperança foi por água abaixo. A informação dos primeiros computadores nos laboratórios militares simplificou cálculos tidos como quase impossíveis, viabilizando o teste inicial com a bomba H em 1952. As ogivas termonucleares, junto com a miniaturização e o refinamento dos mecanismos de controle de sua direção, representaram um salto tecnológico significativo no aperfeiçoamento dos arsenais atômicos na década de 50.
São dessa época os mísseis de longo alcance Pershing, Atlas (o primeiro intercontinental), Titan I e II, capazes de acertar com uma precisão de 200 metros um alvo a até 8 mil quilômetros, como a distância entre a capital brasileira, Brasília, e a cidade americana de Nova York. O desenvolvimento de combustíveis sólidos, mais facilmente armazenados, levou à criação, em 1958, do míssil submarino Polaris, além do Minuteman, o primeiro a ser lançado de um silo subterrâneo, como os que aparecem no filme O dia seguinte. Suas versões mais recentes datam de 1971. Trata-se do Minuteman III e do Poseidon, cujas múltiplas ogivas podem ser dirigidas a alvos diferentes após o lançamento.
A última palavra em arma nuclear nos Estados Unidos é o míssil MX, ou Peacekeeper (Mantenedor da paz), desenhado para lançar 21 ogivas de 10 megatons cada para alvos separados a mais de 8 mil quilômetros. A Inglaterra, que desenvolveu o míssil Blue Streak logo após a Segunda Guerra Mundial, cancelou o seu programa de pesquisas em 1960. A França aproveitou a tecnologia de foguetes no desenvolvimento do veículo espacial Diamant. A União Soviética seguiu os americanos na corrida armamentista, produzindo a série Frog de grandes foguetes de combustível sólido, além de inúmeros mísseis: Scud, Skean, Savage, SS-6, Sark, Serb, Sawfly, todos eles altamente móveis, montados em veículos de transporte ou submarinos nucleares.
Os foguetes Sasin e Scrag, de 1964, foram responsáveis pelos lançamentos de veículos em órbita. E foi o míssil soviético Sandal, montado em Cuba, que quase provocou a Terceira Guerra Mundial em 1962. Diante do bloqueio e das ameaças de ação militar dos Estados Unidos, os mísseis foram desmontados e retirados. A mesma sorte não tiveram os habitantes do atol de Bikini, no Pacífico Sul. Eles é que foram removidos, pouco antes dos primeiros testes atômicos americanos, em 1946. A explosão de 23 bombas ali fez desaparecer várias ilhas e transformou toda a região num inferno radioativo.

....e os acordos que podem salvá-la.

O famoso "telefone vermelho", uma linha direta de telex entre a Casa Branca e o Kremlin, foi a primeira providência sensata para evitar uma guerra nuclear por acidente ou por falta de uma palavra apaziguadora. Dois meses depois de sua implantação, em junho de 1963, veio o tratado que proíbe testes nucleares na atmosfera, debaixo d´água e no espaço. O tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, de julho de 1968, o passo seguinte na lenta, difícil e incerta caminhada pelo desarmamento atômico, proíbe os membros do Clube Nuclear de facilitar o ingresso de novos sócios, mediante a transferência de armas nucleares ou da tecnologia para produzi-las.
As tortuosas negociações entre americanos e soviéticos sobre armas nucleares conheceram uma nova fase na década de 70, quando o líder soviético Leonid Brejnev assinou vários acordos com sucessivos presidentes americanos. A assinatura do tratado que restringe o número e a localização dos sistemas antibalísticos - os mísseis que garantem a defesa de áreas vitais - foi o primeiro deles, em 1972. O acordo Salt-I, firmado em maio daquele ano em Moscou com o presidente Richard Nixon, congelou por cinco anos os testes e a instalação de mísseis balísticos intercontinentais.
Assinado em junho de 1979, mas nunca ratificado pelos Estados Unidos em represália à intervenção soviética no Afeganistão, o acordo Salt-II fixou um número máximo de veículos de lançamento e mísseis estratégicos: 2.400 - ainda uma colossal enormidade. Mais recentemente, o presidente Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev colocaram seus nomes num documento inédito na história das negociações sobre desarmamento. O acordo, de dezembro de 1987, sacramentado em Moscou em 1988, elimina toda uma categoria de armas nucleares - os mísseis de médio alcance instalados na Europa. Os dois dirigentes abriram então a perspectiva de novos entendimentos, dessa vez para reduzir os respectivos arsenais pela metade. Cabe ao atual presidente americano, George Bush, ao lado de Gorbachev, continuar escrevendo esta história.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Salve o Coração

SALVE O CORAÇÃO



Levou milênios para ser o que é, funciona com a força de uma bomba e o ritmo de uma metralhadora, dá a impressão de fabricar todas as emoções pode trabalhar sem descanso durante mais de um século,mas tem Poderosos inimigos externos.

Desde que o mundo é mundo, o coração é considerado a sede dos sentimentos - e assim conquistou um lugar de honra na linguagem e na literatura produzida há milhares de anos. Só no Antigo Testamento, por exemplo? o coração é mencionado nada menos que oitocentas e cinqüenta vezes. Nas últimas décadas, porem, o mito começou a perder a aura. Os sucessivos avanços da ciência passaram a desvendar, um a um, os segredos desse órgão tido como o mais nobre, senão o mais importante, do corpo humano. O primeiro transplante cardíaco, realizado em 1967, causou tanta sensação quanto a chegada do homem à Lua, dois anos depois. Hoje, sequer se fala nisso, tão rotineiras e variadas se tornaram as possibilidades de tratamento em cardiologia.
O que sempre foi reverenciado como matriz das emoções é descrito com frieza clínica apenas como um músculo oco, do tamanho aproximado de um punho, que pesa entre 280 e 340 gramas nos homens e de 230 e 280 gramas nas mulheres. Sabe-se também que o coração é uma máquina tremendamente eficiente, dividida em duas partes que trabalham em sincronia, contraindo-se e relaxando-se a cada batida, para bombear cerca de cinco litros de-sangue oxigenado, cheio de vida, ao organismo. Essa operação se repete umas 80 vezes por minuto. Assim, o coração pulsa 4 800 vezes por hora, 113 mil vezes por dia e 41 milhões de vezes por ano. Mas nem sempre ele foi como é.
A rigor, pode-se dizer que o coração apareceu e evoluiu em conseqüência da sofisticação da vida no planeta. À medida que os seres vivos foram desenvolvendo mais órgãos e funções, maior se tornou a necessidade de um sistema que levasse substâncias nutritivas para todo o seu corpo. Nos seres mais primitivos - unicelulares, como as amebas, por exemplo. e alguns pluricelulares, como os corais - não há indicio desse sistema circulatório. Os alimentos são absorvidos diretamente do meio ambiente e dissolvidos no corpo. No caso dos pluricelulares, a absorção é feita por uma cavidade digestiva, que passa o alimento às células próximas. Depois. uma série de contrações faz com que as células troquem seus líquidos internos entre si. transportando. dessa maneira, o alimento.
Já as esponjas - embora sejam contemporâneas desses seres primitivos, surgidos há mais de dois bilhões de anos - transportam as substâncias pelo corpo de forma diferente. Por motivos ainda desconhecidos, em vez de passar os alimentos de célula a célula, as esponjas têm canais, por onde a água circula. entrando pelos poros. A água vai até uma cavidade central e volta distribuindo as substâncias. Inúmeros flagelos. existentes dentro dos canais. se movimentam, ajudando o liquido avançar. Os canais das esponjas até podem ser os antecessores das artérias. mas não se pode dizer que, por causa disso, esses seres têm um sistema circulatório.
O sangue como solvente do organismo, as artérias flexíveis e uma espécie de bomba hidráulica, capaz de manter a circulação constante - enfim, os elementos básicos do sistema circulatório - aparecem somente cerca de 1 bilhão e 500 milhões de anos mais tarde. Há 570 milhões de anos, um coração rudimentar surge nos anelídeos. como são chamados os animais da família das minhocas. De fato, o que se considera coração no anelídeo são cinco artérias em forma de anéis que se encontram em torno do aparelho digestivo.
Na verdade, existem corações e corações. Algumas espécies, que surgiram há 500 milhões de anos, como os crustáceos e os moluscos, desenvolveram sistemas circulatórios abertos, ou seja, corações em forma de tubos, que ondulam de trás para frente, bombeando o sangue para as artérias, que, por sua vez, desembocam em lacunas dentro do organismo. Ai o sangue entra em contato direto com as células, voltando ao coração pelo mesmo caminho. Os insetos, que apareceram mais tarde, há 250 milhões de anos, também têm sistemas circulatórios abertos.Já no sistema de circulação fechado, presente nos vertebrados - e sabe-se lá por que razão nas minhocas, com seus anéis-corações - não há lacunas. O sangue viaja por uma complexa rede de canais cada vez mais estreitos e com paredes cada vez mais finas. Sai pelas artérias (como são chamados os canais que partem do coração), que se ramificam em arteríolos Finalmente, o sangue percorre os milimétricos capilares. As substâncias, como os alimentos, passam para as células e as células, por sua vez, devolvem outras substâncias ao sangue. através das paredes desses capilares. Finalmente, o sangue faz o caminho de volta pelas veias (como são chamados os canais que chegam ao coração).
A essa altura da evolução das espécies, quando aparecem os peixes, há cerca de 400 milhões de anos,o coração já tem uma certa semelhança com dos seres humanos, por estar dividido em câmaras. O coração do tubarão, um dos mais antigos animais vertebrados, possui, por exemplo, uma câmara superior chamada aurícula outra, inferior,conhecida por ventrículo. A aurícula recebe - o sangue do corpo e, ao se contrair, o expulsa para o ventrículo. Este, por sua vez, com suas paredes musculosas, bombeia com toda força o sangue para o corpo as válvulas impedem que ele volte. Do grande vaso central, que sai do coração do tubarão, o sangue passa para uma das oito artérias branquiais, que se transformam em capilares, já no interior das brânquias onde o oxigênio é captado. Enquanto a vida que se prezava transcorria debaixo d ´água esse coração dividido em duas câmaras dava conta do recado. Mas, ao surgirem animais com respiração pulmonar, há 340 milhões de anos, o coração precisou mudar de novo: adquiriu uma terceira câmara.Os anfíbios possuem duas aurículas e um ventrículo. A auricula esquerda acolhe o sangue oxigenado vindo dos pulmões; a direita recebe o sangue que acabou de circular pelo organismo. No ventrículo, o sangue arterial e o venoso se misturam, antes de partir rumo aos pulmões e demais órgãos.
O coração com três partes dos anfíbios foi uma boa solução encontrada pela natureza - mas não a melhor. A bomba propuisora mais eficiente seria conseguida pelos crocodilos, um dos últimos répteis surgidos na Terra, há 130 milhões de anos. Seu coração tem quatro divisões. épraticamente o mesmo coração das aves e dos mamíferos que vieram muito mais tarde - há 26 milhões e 2,5 milhões de anos, respectivamente. Ele opera, ao mesmo tempo, dois tipos de circulação - ou seja, uma ida-e-volta aos pulmões e uma ida-e-volta ao restante do corpo. O músculo já tem, então, o seu característico perfil triangular. No homem, situa-se quase no centro do corpo. Sua aurícula direita - ou átrio direito, como também é chamada - fica na parte superior e recebe o sangue do organismo ao relaxar-se. Esse é um sangue escuro, porque distribuiu todo o oxigênio pelos órgãos, recebendo, em troca, o gás carbônico produzido nas células após a queima do oxigênio. Numa contração, a aurícula empurra o sangue para o ventrículo direito, logo abaixo; imediatamente, fecha-se a válvula que separa essas duas câmaras, impedindo que o líquido volte. A válvula chama-se tricúspide, porque dá a impressão de estar dividida em três.
Do ventrículo direito, numa segunda contração, o sangue sai por uma artéria grossa e forte, que se bifurca em dois ramos, um para cada pulmão. Lá, o sangue troca o gás carbônico por uma nova dose de oxigênio e, por isso, assume uma tonalidade vermelho vivo. O caminho de volta ao coração é feito por quatro veias pulmonares, duas de cada lado. O sangue, então, chega ao átrio, ou aurícula esquerda. Daí, numa contração, desce para o ventrículo esquerdo e, mais uma vez, uma válvula se fecha, para que o sangue não volte. Esta é a válvula mitral, porque sua ponta bipartida lembra uma mitra, o chapéu usado pelos bispos. O ventrículo esquerdo - onde se dá a etapa final da circulação pelo coração - é bem mais forte que o ventrículo direito. Faz sentido. Afinal, enquanto o lado direito do músculo manda o sangue apenas para os pulmões, o esquerdo deve rejeitar o líquido, num movimento vigoroso, para todo o corpo, como se estivesse Ihe dando um verdadeiro empurrão inicial.
O sangue parte do coração pela aorta, a mais espessa e larga artéria de todo o organismo, e percorre uma enorme rede de tubos. As veias e artérias, que são elásticas, ajudam 0 sangue a correr, com pequenos movimentos. Por isso é que o sangue é capaz de dar uma volta inteira pelo corpo em apenas um minuto, aproximadamente. Nesse percurso, o liquido faz de tudo um pouco: transmite mensagens químicas de um órgão a outro, através dos hormônios; alimenta e, ao mesmo tempo, recebe toda espécie de excretas das células.
Tradicionalmente, o coração foi comparado com uma bomba. Ainda hoje, essa é a analogia que ocorre aos leigos. Mas os cientistas já adotaram uma imagem mais precisa: a da metralhadora automática. De fato, o músculo se contrai, num movimento chamado sístole e imediatamente se expande, na chamada diástole, com bastante força, contorcendo-se bruscamente. Mas isso não significa que o coração necessite de energia para os dois movimentos: a mesma força que ele utiliza para contrair-se é usada, na seqüência, para aspirar o sangue. Ou seja: quando o coração relaxa, permite que o sangue entre automaticamente. Daí a idéia da metralhadora, que não precisa ser recarregada constantemente.
O coração parece um órgão essencial demais para ser governado apenas pelo cérebro. Seus disparos são controlados também por um sistema nervoso próprio. O cérebro envia suas ordens na forma de impulsos elétricos, que indicam a freqüência e a amplitude das contrações. Assim, exigirá que o coração trabalhe mais depressa se o corpo estiver em exercício; ou mandará que bata mais lentamente, durante o sono. Já o sistema nervoso do coração, localizado num pequeno nódulo sobre o átrio direito, cuida que o músculo cardíaco não perca a sincronia: ao mesmo tempo em que os ventrículos expulsam o sangue, já estão recebendo mais sangue das aurículas e assim por diante.
Às vezes, por causa de infecções, traumatismos ou má irrigação, o coração passa a receber dois comandos próprios. Forma-se um segundo e, em alguns casos, até um terceiro nódulo nervoso. Isso provoca uma doença chamada arritmia. Submetido a ordens diferentes, o coração se desgoverna. Não recebe nem expulsa o sangue. É a parada cardíaca. Para combater a arritmia, a medicina desenvolveu um pequeno aparelho, instalado no peito: o marca-passo. Quando a coração ameaça parar, o marca-passos emite descargas elétricas entre 200 e 400 volts, o que o obriga a trabalhar. O marca-passo é apenas um entre os cada vez mais numerosos recursos aperfeiçoados pelos cardiologistas para prevenir, remediar ou compensar a mau funcionamento do coração. Drogas controlam os depósitos de gordura nas artérias para impedir que fiquem obstruídas sendo impossível evitar a obstrução, cirurgias substituem as artérias inválidas; eletrocardiogramas são complementados por exames muito mais complexos, como tomografia computadorizada (que consiste em analisar a imagem do coração, obtida por raios X, com a ajuda de um computador).
A maior proeza da ciência, porem, foi tornar o coração substituível Tudo começou no dia 3 de dezembro de 1967, quando o médico Christian Barnard do Hospital Groote Schuur, na África do Sul, anunciou que havia realizado o primeiro transplante de coração em um ser humano. O paciente, que sobreviveria apenas dezoito dias, era Louis Washlcansky, de 55 anos, portador de uma doença fatal nas coronárias. Ele recebeu o coração de uma mulher, Denise Ann Darvall, morta em acidente de carro. Washkansky morreu porque seu organismo não aceitou o coração estranho. De fato, a rejeição revelou-se o maior obstáculo no caminho dos transplantes. Nem por isso eles cessaram de imediato - muito ao contrário.Nos doze meses seguintes à cirurgia pioneira do doutor Barnard - que se tornaria uma celebridade - 96 transplantes foram realizados no mundo. A moda só começou a arrefecer na virada da década. No início dos anos setenta, a freqüência dos transplantes caiu drasticamente, e, com o passar do tempo, outras alternativas mais atraentes passaram a ser pesquisadas. Hoje, o problema da rejeição está sob controle e a medicina deu outro passo gigantesco ao criar o coração artificial. Trata-se de uma bomba propulsora metálica, capaz de substituir 0 coração humano. Considerado a solução ideal para os casos incuráveis, o coração artificial tem a evidente vantagem adicional de não se desgastar com o estresse provocado pelas tensões da vida cotidiana, nem padece dos males da alimentação errada, hábitos sedentários e fumo - que o entopem a ponto de inutilizar a metralhadora automática do nosso organismo.
"O homem pode viver perfeitamente até os 120 anos. Quem morre antes, morre precocemente", afirma, com segurança, o cardiologista Radi Macruz, professor adjunto da Universidade de São Paulo. Ele não parece otimista demais. De fato, a idéia de que o coração inevitavelmente começa a falhar quando a pessoa chega à casa dos quarenta, não se sustenta em teoria médica. Livre dos inimigos externos, nada impede que o coração se mantenha em bom estado durante um século inteiro. O bom coração, além do mais, bombeia com precisão o sangue para o organismo, mantendo os diversos órgãos bem irrigados - portanto fortes e igualmente capazes de funcionarem sem problemas.Se isso não acontece, já se sabe por quê: usa-se e abusa-se de alimentos com colesterol - lipoproteínas de alta densidade, presentes em carnes gordas, mariscos, leite integral e seus derivados, e ovos - que se depositam em forma de gorduras nas artérias do coração, chamadas coronárias. Com o entupimento ou aterosclerose, o músculo cardíaco, que também precisa receber nutrientes e oxigênio através do sangue, fica sem irrigação e morre. É o infarto agudo do miocárdio, responsável por três em cada quatro mortes causadas pelo coração. O cigarro também ajuda o aparecimento da aterosclerose, porque o fumo estimula o coração a bater mais depressa que o normal. Com isso, ele se esforça mais e necessita de oxigênio extra. Ao mesmo tempo, para piorar as coisas, o oxigênio chega ao sangue em doses cada vez menores, devido à nicotina acumulada nos pulmões. Oxigenado inadequadamente, o miocárdio acaba morrendo ou, na menos ruim das hipóteses, sofrendo lesões. Além disso, a nicotina também torna as artérias mais estreitas, facilitando os entupimentos.
A falta de exercícios é outro inimigo do coração. A vida sedentária aumenta a sensibilidade do organismo ao colesterol: as gorduras não são queimadas, acumulando-se nas artérias. Mas, sem dúvida, o estresse não pode ser subestimado. Pessoas que vivem com o coração na mão, como se diz, ansiosas e angustiadas, obrigam o coração a trabalhar dobrado, abrindo caminho para que um problema fisiológico - do tipo entupimento das coronárias - se manifeste num período mais curto. Como as emoções afetam o coração, é fácil entender por que as pessoas, desde os tempos primitivos, se acostumaram a achar que o coração produz os sentimentos.
Essa é uma das crenças mais duradouras do homem. E há mesmo, nos dias de hoje, quem tente dar fundamentação científica a essa idéia. É o caso dos cientistas que quiseram provar que o coração secreta hormônios responsáveis pelas emoções. Tudo o que se sabe. porem, é que esse órgão produz, na aurícula direita, um prosaico hormônio diurético. É inegável que o coração é o órgão mais vulnerável aos sentimentos. Esse músculo que funciona feito máquina, também se descontrola, acelera ou diminui o ritmo diante do perigo ou da surpresa agradável, muda de comportamento diante do que se ama ou se odeia. Enfim, é onde são percebidas as verdades básicas de cada ser humano - suas emoções.

Boxes da reportagem

No Brasil, mais doentes e mais inovações
Apenas seis meses após o primeiro transplante de coração realizado no mundo, a equipe do professor Euryclides de Jesus Zerbini , do Hospital das Clínicas de São Paulo, anunciou, a 26 de maio de 1968, que o boiadeiro João Ferreira da Cunha, um matogrossense de 23 anos, havia recebido um coração novo. O paciente parecia ter reagido bem à operação. Mas, passados 21 dias, o coração de João parou por 90 segundos e ele voltou à UTI. O problema foi contornado. Seis dias depois, porém, uma segunda crise matou João Boiadeiro. Ele morreu, não porque a cirurgia tivesse sido malsucedida, mas porque seu organismo rejeitou o coração transplantado - como vinha acontecendo em toda parte com pacientes com coração novo.O segundo transplantado brasileiro, o comerciante Ugo Orlandi, chegou a sobreviver 13 meses e 13 dias, morrendo em outubro de 1969. Nesse meio tempo, um terceiro transplantado sobreviveu apenas dois meses. Mas foi a morte de Orlandi que induziu os cardiologistas brasileiros a decretarem uma moratória nos transplantes de coração. Como explicou, na época, o professor Zerbini, eles estavam suspensos, enquanto não se encontrassem medicamentos que realmente evitassem as rejeições. Com isso, o Brasil só retomou a corrida dos transplantes em 1979. "A rejeição está controlada e realizamos esse tipo de cirurgia tão bem quanto em qualquer lugar do mundo", diz o professor Adib Jatene, diretor do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo.Em matéria de coração, por sinal, o Brasil oferece um retrato contraditório. Faz-se, no pais, todo tipo de cirurgia cardíaca e também se desenvolvem tratamentos revolucionários. Em compensação, aumenta, a cada ano, o número de pessoas com problemas cardíacos."Infelizmente, aqui não se faz prevenção de doenças do coração", critica o professor Radi Macruz, da Universidade de São Paulo. As cirurgias para correção de problemas de válvulas, por exemplo, não têm resultados duradouros: os problemas voltam após cerca de dez anos - e, se isso ocorre repentinamente, a pessoa morre. As deficiências nas válvulas, que respondem por 15 a 20 por cento das cardiopatias no Brasil, têm uma causa única: a febre reumática, causada por uma infecção, a estreptococcia, que atinge cerca de três em cada cem brasileiros. "Bastaria que os portadores da doença fossem identificados", observa Macruz, "e tomassem um comprimido de penicilina por dia. Em conseqüência, teríamos quase 20 por cento de cardíacos a menos."O número de pessoas com aterosclerose (entupimento das coronárias) também está crescendo, por falta de campanhas de prevenção. Logo aumentará bastante o número de cirurgias para corrigir o problema. Em todo caso, o Brasil oferece as mais avançadas alternativas ao bisturi, como a angioplastia, técnica utilizada em São Paulo - pela primeira vez no mundo - há três anos: um cateter (tubo com largura de três milímetros é colocado numa artéria do braço ou da perna e chega até o coração; dentro do coração, é inflado por um balão de gás, de modo a comprimir os depósitos de gordura.Mais revolucionária é a angioplastia a laser, também desenvolvida no Brasil, ainda em fase experimental. Mediante essa técnica, se destrói tudo o que obstruir a artéria."A questão é que, sem ver a artéria por dentro, fica difícil colocar o cateter em posição pararela ao depósito de gordura", explica o único médico no país a usar o laser em cirurgias cardíacas, doutor Euclydes Marques, do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Se o instrumento se inclinar, o laser pode furar a artéria." Esse problema será resolvido quando houver um equipamento ótico que possa ser acoplado ao cateter do laser.Em cirurgia, o laser é uma espécie de bisturi elétrico, só que mais preciso. A particularidade, em relação à cirurgia cardíaca, é que ajuda a estancar hemorragias nas grandes artérias, onde o bisturi elétrico não pode ser utilizado, porque destruiria as paredes dos vasos. Atualmente, os cardiologistas brasileiros seguem duas outras linhas de pesquisa. Uma busca nada mais nada menos que usar o laser para dar ao coração uma nova rede de irrigação sanguínea: através de perfurações, seriam criados cerca de cem capilares por centímetro quadrado. A outra pesquisa, já desenvolvida com êxito, pretende usar o laser para a sutura de artérias. Nas mãos de um cirurgião habilidoso, emendar uma artéria com pontos de náilon leva quinze minutos - e numa cirurgia cardíaca geralmente são feitas, no mínimo quatro suturas desse tipo; com o laser, uma sutura gasta apenas cinco minutos. Orgulha-se o doutor Euclydes Marques: "Durante anos, os melhores institutos de pesquisas cardiológicas do mundo tentaram fazer isso e não conseguiram. Nós somos os primeiros a acertar".

terça-feira, 26 de abril de 2011

Bomba Relogio - A Hepatite C

BOMBA RELÓGIO - A Hepatite C



Bomba! Não é mais um ataque terrorista. Mas a arma é biológica e causa um estrago daqueles. Pior: ela ataca o nosso organismo. E sem fazer alarde. Quietinha, quietinha, multiplica-se sem parar e come pelas beiradas um dos órgãos mais importantes do corpo: o fígado. Essa comilança pode durar décadas e, muitas vezes, só vai ser notada depois que o banquete foi servido. Sua ação é como a de uma bomba-relógio que, em geral, é descoberta apenas após explodir.

A arma é o vírus da hepatite C. Ou simplesmente HCV, na sigla em inglês. A doença que ele causa é uma das maiores e mais graves epidemias do planeta. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são cerca de 200 milhões de pessoas infectadas pelo vírus. Isso mesmo: 200 milhões de seres humanos. Ou, se você preferir, 3% da população mundial, índice assustador para qualquer problema de saúde. Para se ter uma idéia, a aids, doença também causada por um vírus, atinge 38 milhões de indivíduos segundo a Unaids (programa da ONU para a doença).

A preocupação com a hepatite C, porém, não pára aí: ela está se alastrando de maneira assustadora e pouca gente tem noção disso. A cada ano - também de acordo com a OMS - surgem de 3 milhões a 4 milhões de novos casos. Além disso - e talvez o mais grave -, ela raramente produz sintomas e chega a provocar cirrose e câncer (veja infográfico à página 63). Ou seja, o HCV pode ficar anos a fio no organismo, trabalhando como uma bomba programada para acabar com o fígado. Dados dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, por exemplo, indicam que até 85% dos casos de hepatite C se tornam crônicos. São 170 milhões de pessoas, das quais 1,7 milhão a 8 milhões podem morrer por complicações decorrentes da doença.

"Poucos casos apresentam sintomas", afirma Carlos Ballarati, patologista clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Somente 5% e isso na fase aguda." Essa fase é a inicial e pode durar até três anos. "O fígado sofre calado e só dói quando está inchado, o que pode indicar um estágio avançado, como a cirrose", diz o gastroenterologista Flair Carrilho, responsável pelo setor de hepatologia do Hospital das Clínicas da USP.

Uma conseqüência dessa falta de sinais é o fato de quase sempre os pacientes descobrirem que têm o HCV por acaso. Sua detecção - assim como a da bomba-relógio - é tardia em geral, numa fase em que o fígado já está comprometido. A pesquisadora Suzete Notaroberto, da USP, mostrou bem esse aspecto da doença em sua dissertação de mestrado, defendida em outubro deste ano. Ela estudou um grupo de 700 pacientes e constatou que 88% deles souberam casualmente que tinham hepatite C - ou porque o médico pediu um exame de sangue completo ou porque foram doar sangue e acabaram flagrados nos testes. Apenas 7,6% relataram algum sintoma como motivo que levou ao diagnóstico. Em seu estágio inicial, a doença, quando dá sinal, costuma se manifestar como uma mera gripe (febre, dores musculares e cansaço, por exemplo). E quase ninguém apresenta nem urina escura nem coloração amarelada da pele e dos olhos, bastante comuns em outros tipos de hepatite. "A icterícia, nome que se dá a esse sintoma, é muito rara na hepatite C", afirma Flair.

Difícil diagnosticar uma doença praticamente invisível, né? Imagine quantas pessoas podem ter o HCV no Brasil e nem desconfiam. Não há nenhum levantamento oficial, mas a Secretaria de Vigilância em Saúde, um órgão do Ministério da Saúde, prepara um inquérito epidemiológico que deverá ser concluído até o final de 2005. O estudo, que começou em agosto deste ano, irá determinar a quantidade de infectados nas capitais dos estados. Enquanto ele não sai, o jeito é recorrer aos dados disponíveis em bancos de sangue, que realizam testes para hepatite antes das transfusões. "Em uma estimativa conservadora, podemos afirmar que cerca de 1% da população brasileira tem hepatite C", diz a pesquisadora Gerusa Maria Figueiredo, coordenadora do Programa Nacional de Prevenção e Controle das Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde. Por baixo, são 1,7 milhão de infectados. Esse número, é bom repetir, é baseado em estatísticas de hemocentros, que fazem uma triagem dos doadores. Sem essa seleção prévia (quem é promíscuo ou usa drogas injetáveis, por exemplo, é excluído das doações) a estimativa ultrapassa os 3 milhões de infectados (1,7% dos brasileiros).

Epidemia mundial
Os índices brasileiros seguem a taxa de infecção em países ricos, como os Estados Unidos, que possuem 3,9 milhões de portadores do vírus, o equivalente a 1,8% da população. Em regiões mais pobres a situação é pior, pois assim como outras doenças infecciosas a hepatite C se aproveita de condições precárias de higiene. A África, de acordo com a OMS, tem cerca de 32 milhões de infectados, de um total de 600 milhões de habitantes. Isso representa 5,3% da população do continente. "É uma epidemia mundial", afirma o infectologista Fernando Gonçalves Junior, do Hospital das Clínicas da Unicamp.

A encrenca é grande, mas não há motivo para pânico. Afinal, o HCV não se propaga pelo ar. Quem convive com alguma pessoa infectada - mesmo que ela não saiba disso - não precisa ter medo de contrair a doença. Também não há perigo ao usar um banheiro público, por exemplo. O contato corporal é igualmente seguro. Ninguém pega o vírus com um beijo ou abraço. "A hepatite C não é considerada uma doença sexualmente transmissível, como a aids", diz Flair. Esse tipo de contágio, no entanto, não pode ser totalmente descartado porque ainda não há estudos suficientes sobre o assunto - o próprio vírus desse tipo de hepatite só foi descoberto em 1989, o que é pouco tempo em termos de ciência e pesquisa e a principal razão de os seus mecanismos de infecção ainda não terem sidos totalmente desvendados. O que se sabe é que entre casais monogâmicos a disseminação é rara, assim como a transmissão de mãe para filho. Mas o sexo sem proteção aliado à troca freqüente de parceiros pode oferecer um risco real.

O maior perigo é o contágio pelo sangue de uma pessoa infectada. E isso pode acontecer de várias maneiras. A mais comum, até o início de 1990, era a transfusão do sangue e seus derivados. "Naquela época, 18% do sangue usado em transfusões tinha o HCV. Hoje, esse índice é inferior a 1%", afirma Flair. Se as transfusões já não representam uma ameaça, o que, então, faz com que o vírus continue se propagando? "O que nos preocupa atualmente é o compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis", diz o médico. Em sua tese, a pesquisadora Suzete Notaroberto descobriu que 9,3% dos entrevistados usavam drogas injetáveis, índice que ficou atrás apenas dos 43,9% que disseram ter recebido transfusões antes de 1993, ano em que começaram a ser feitos testes para HCV nos bancos de sangue do Brasil.

Há um agravante: o HCV, ao contrário do HIV, sobrevive por várias horas ou até por alguns dias fora do corpo, em pequenos fragmentos de sangue coagulado. Por isso, além das seringas, é prudente também não compartilhar outros objetos, como alicate de manicure, agulhas de tatuagem e instrumentos odontológicos não esterilizados. Nesses casos, qualquer corte, mesmo aquele que não conseguimos ver, pode servir de entrada para o HCV.

O principal alvo do vírus é o fígado, uma massa esponjosa que faz de tudo no nosso corpo. Uma de suas funções mais conhecidas é a produção da bile, uma secreção esverdeada que ajuda na digestão das gorduras. Mas isso não é nada perto de suas outras tarefas. O órgão também participa do metabolismo de proteínas e carboidratos, armazena glicogênio - uma molécula que é transformada em glicose quando precisamos de energia - e diversas vitaminas. Para completar, ele é uma espécie de zelador do nosso sangue: fabrica fatores de coagulação, elimina substâncias indesejáveis e liqüida glóbulos vermelhos que não dão mais conta do recado.

Riscos
Um grande problema é detectar a infecção, já que ela pode ficar calada por até uma década. Sabe-se que há alguns fatores de risco: transfusões, internações e cirurgias feitas no Brasil antes de 1993, uso de drogas, sexo sem proteção com várias pessoas, parceiro sexual portador da doença, filhos de mães portadoras, tratamentos dentários sem esterilização adequada dos instrumentos e pessoas com risco profissional - quem trabalha com manipulação de sangue e derivados, por exemplo.

Quem se encaixa em pelo menos uma das situações não tem, necessariamente, a doença. Mas deve procurar um médico para afastar a possibilidade de infecção. O diagnóstico se dá por meio de exames de sangue. É possível fazê-los de graça em alguns estados, como em São Paulo, onde determinados hospitais públicos e postos de saúde garantem os testes desde que haja indicação médica. Em nível nacional, o governo ainda vai capacitar 250 centros de testagem do HIV - unidades do SUS que oferecem o exame gratuito a qualquer pessoa - para que eles também façam os exames para a hepatite C. O Ministério da Saúde promete concluir o processo até o final do ano. "Só poderemos oferecer os testes em âmbito federal depois que a capacitação terminar", diz Gerusa Figueiredo, da Secretaria de Vigilância em Saúde.

Ainda não há diagnóstico gratuito para todos, mas o governo já banca o tratamento dos infectados. "Os remédios são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde", diz Gerusa. "Naqueles que possuem o subtipo 1, mais freqüente no Brasil, a cura ocorre em 55% dos casos", afirma Flair. Os subtipos são pequenas variações na estrutura do vírus. Existem seis deles para o HCV e o 1 é o mais grave. Nos outros, os remédios funcionam melhor: 80% dos pacientes, em média, conseguem se livrar do vírus. Aqui, vale dizer que nem sempre quem contrai o HCV vai desenvolver cirrose ou câncer. As quatro fases da doença (aguda, fibrose, cirrose e câncer) não são uma evolução irrevogável e o fígado infectado pode permanecer por décadas "apenas" fibrosado. Mais: quanto mais precoce o diagnóstico, maior as chances de os medicamentos deterem a evolução da doença.

No tratamento, as substâncias mais usadas são o antiviral ribavirina e o interferon, proteína que estimula o sistema imunológico a combater o vilão. Este último ganhou uma versão conhecida como interferon peguilado, que exige menos aplicações e é mais eficiente nos pacientes com o subtipo 1. O problema é o preço. "Quem precisa usar o interferon peguilado gasta, em média, R$ 6 mil por mês, enquanto os outros pacientes precisam desembolsar cerca de R$ 600 mensais", afirma Flair.
Para os que não respondem aos tratamentos, a alternativa é esperar novos remédios. "Inibidores de proteases, usados contra o vírus da aids, estão sendo aperfeiçoados para servir de arma contra a hepatite C", diz o médico infectologista Fernando Gonçalves Junior, da Unicamp. "Mas não devem estar disponíveis antes de 2007." O albuferon, um outro tipo de interferon, também está em fase de testes e deve trazer mais possibilidade de cura aos doentes. A vacina é outra promessa distante, pois o HCV, assim como o HIV, é um vírus mutante, que troca de disfarce o tempo todo para enganar nosso sistema imunológico. "Ainda teremos que esperar de cinco a sete anos por uma vacina", diz o especialista.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Bomba fora de controle - Atômica

BOMBA FORA DE CONTROLE - Atômica



Este ano faz meio século que os Estados Unidos detonaram sua maior bomba nuclear em terra, mil vezes mais potente que a de Hiroshima. A Operação Castelo, como foi chamada essa série de testes, ocorreu em 1954 nas ilhas Marshall, no Pacífico Sul, e revelou-se desastrosa.

A Bravo (esse era o nome da bomba) explodiu no atol de Bikini com resultados inesperados: prevista para ter 6 megatons, a explosão chegou a 15 megatons (15 milhões de toneladas de dinamite).

Abrir uma cratera de 2 quilômetros de diâmetro foi o mais inofensivo dos efeitos da bomba. A radiação gerada pela Bravo espalhou-se por uma área de 8 mil quilômetros quadrados, atingindo nativos, militares e pescadores.

Já as conseqüências a longo prazo são mais difíceis de serem aferidas. Bikini já havia sido evacuado anos antes, mas as populações de Rondogelap, Rongerik e Ailinginae ficaram expostas à radiação por dias antes de serem retiradas.

Eldon Note, prefeito do atol de Bikini, conta que um terço dos habitantes de Rondogelap teve de extrair a tireóide. "Também há casos de leucemia, câncer e bebês com malformação", lembra.

Para os veteranos, a lembrança não é menos dolorosa. Bob Hillard estava a 11 quilômetros da explosão e conta que perdeu parte da audição e convive com graves seqüelas. ‘‘Tive de retirar todos os dentes, pois ele ficaram tão fracos que se quebravam facilmente.’’ Além disso, Bob já passou por duas cirurgias cardíacas e sofre com uma obstrução crônica do pulmão que o obriga a viver ligado a uma máquina de oxigênio.
O governo dos Estados Unidos diz que prosseguir com a operação foi um acidente causado por informes meteorológicos incorretos. Anos depois, relatórios mostraram que, mesmo sabendo na véspera que o vento mudaria, os militares seguiram em frente ainda que a radiação pudesse atingir ilhas habitadas.