23/12/08 - 09h12 - Atualizado em 23/12/08 - 10h21
Abelhas agem como humanos sob o efeito da cocaína
Insetos ficam mais comunicativos e energéticos sob o efeito da droga.
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Um estudo australiano sugere que abelhas agem como humanos sob o efeito da cocaína.
Publicada na edição dessa semana da revista científica "Journal of Experimental Biology", a pesquisa visa analisar o funcionamento do cérebro das abelhas.
Os cientistas aplicaram uma pequena dose de uma solução de cocaína nas costas das abelhas e observaram o comportamento dos insetos. Eles monitoraram especialmente o comportamento das abelhas depois de procurarem e encontrarem comida.
Após a dose de cocaína, as abelhas passaram a se engajar em uma energética rotina de danças - uma forma de querer se comunicar intensamente com suas companheiras. Mais tarde, em outro experimento, os cientistas também descobriram que, a exemplo do que ocorre em seres humanos, as abelhas também sofrem de crise de abstinência quando deixam de receber doses habituais de cocaína.
'Recompensa'
"Quando as abelhas encontram uma boa fonte de pólen ou néctar, elas voam de volta à colméia e fazem uma dança simbólica para as outras abelhas - essa é uma forma especial de comunicação para contar aos outros sobre a recompensa que encontraram", explicou Andrew Baron, que coordenou o estudo.
Segundo os cientistas, depois de receber uma dose de cocaína, as abelhas apresentavam danças muito mais energéticas para as companheiras de colméia e demonstravam mais entusiasmo sobre a descoberta de comida.
O estudo sugere que isso acontece porque a cocaína afeta o "processo de recompensa" no cérebro das abelhas, provocando a produção de um químico chamado octopamina - substância semelhante à dopamina, precursor natural da adrenalina - nos humanos.
"Você pode até pensar que abelhas e humanos não têm muito em comum, mas acontece que existe uma coisa que leva ambos a se comportarem da mesma maneira: nossa paixão pelas recompensas", disse Baron.
Abstinência
Os cientistas também analisaram o efeito do uso prolongado da droga nos insetos.
Para chegar aos resultados, Baron e sua equipe administraram doses diárias de cocaína nas abelhas durante uma semana. Durante esse período, os cientistas realizaram testes de aprendizado com os insetos, fazendo com que as abelhas distinguissem dois cheiros diferentes.
Enquanto estavam sob o efeito da droga, as abelhas desempenhavam bem o teste. No entanto, ao final da semana, quando os cientistas pararam com as doses, as abelhas sofreram uma espécie de "crise de abstinência" e tiveram um desempenho ruim nos testes.
"Com a administração contínua da droga, houve um impacto no desempenho da aprendizagem das abelhas, mas quando o tratamento foi encerrado, elas apresentaram dificuldades em aprender a tarefa - assim como quando os humanos entram em abstinência", disse Baron.
Ele explica que o próximo passo da pesquisa será analisar a tolerância e sensibilidade das abelhas à cocaína.
Segundo ele, o estudo pode ainda fazer com que as abelhas "se tornem uma alternativa mais ética" aos ratos e camundongos em experimentos que envolvem o uso de drogas.
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