domingo, 19 de julho de 2020

Arma Secreta - Ração de soldados da Segunda Guerra continha café, cigarros e açúcar

Arma Secreta - Ração de soldados da Segunda Guerra continha café, cigarros e açúcar


Durante as primeiras guerras da história, os exércitos não tinham nenhuma preocupação especial com a alimentação de seus soldados, e eram os próprios combatentes que deveriam garantir suas refeições. 


Mas em 1775, o Congresso dos Estados Unidos designou profissionais específicos para preparar a comida nos acampamentos de guerra e a dividir entre as unidades militares. A boa alimentação era uma espécie de arma secreta das tropas.


Cozinha de campanha (exposto no Museu Militar Conde de Linhares)


Foi assim que no período entre guerras surgiram as primeiras dietas militares. A ração A, composta por 75% de carnes e vegetais e que deveria ser servida quente; a ração B, muito similar, mas com produtos enlatados; e a ração D, pensada para o regimento de cavalaria, que continha chocolate amargo, manteiga de amendoim e açúcar. 




Mas com o início da Segunda Guerra Mundial, o Departamento de Guerra decidiu renovar a alimentação militar, mediante a assessoria de um nutricionista, que desenvolveu a famosa “ração K” (dieta mediterrânea). Esse termo provém da letra inicial do sobrenome do especialista em nutrição Ancel Keys. 




A ração desse novo método era composta por dois pacotes de biscoitos, cigarros, chicletes, açúcar, café instantâneo e uma ferramenta para abrir conservas, que podiam ser de carne, ovos, frutas, queijos, suco de limão, laranja ou uva. Além disso, eram incluídos fósforos, papel higiênico, sal, chocolate, doces em geral e pastilhas para purificar a água. A ração K oferecia cerca de três mil calorias diárias (o que gerou críticas, pois muitos especialistas consideravam que os soldados precisavam de mais calorias para aguentar sua rotina árdua).




No desembarque da Normandia, decidiu-se dar um toque gastronômico, e uma ração específica foi elaborada: biscoitos da ração K, chocolate da ração D, café solúvel, caldo desidratado, balas, barras de frutas, carne enlatada, chicletes e pastilhas multivitamínicas. E essa ração fez tanto sucesso que conseguiu conquistar até os estômagos mais exigentes.  




A ração tipo K era separada em três pequenas caixas equivalentes a três refeições que variavam minimamente (geralmente o que mudava era a fonte de proteína) em seu conteúdo:

– Café da manhã – carne e ovos (em uma lata, alimento de forma processada), cereal, barrinha de frutas, açúcar, goma de mascar e cigarros.

– Almoço – Queijo, limonada ou laranjada, torrões de açúcar, goma de mascar, cigarros e fósforos

– Supper – Carne, biscoitos, cigarros e fósforos. Cabe uma nota relativa aos biscoitos e chocolates distribuídos nas rações pois eles eram mais calóricos do que os biscoitos comuns com a intenção de suprir a necessidade calórica dos combatentes.


Não foram apenas variações de cardápio feitas nas rações do tipo K. As embalagens sofreram alterações ao longo do tempo. Inicialmente essas rações eram embaladas em papel cru, escrito em preto, com o nome da refeição. Posteriormente essas embalagens passaram a se preocupar com a fácil identificação de seu conteúdo. Sabe-se que a ordem de consumo – café da manhã depois almoço e por último a supper – não era seguida, embora tenham sido projetadas para tal finalidade.

Essas embalagens ganharam cores, café da manhã era marrom, puxado para um tom de vermelho e fundo cru, o almoço em azul e fundo cru e a supper era verde escura com fundo cru. Elas continham nas abas as iniciais do tipo de refeição,continham a empresa responsável por empacotar, a descrição da refeição e sua maneira de consumo, instruções para descarte do material e um recado aos soldados para que se estivessem em zona de malária que usassem o repelente de mosquitos.

As embalagens continham produtos enlatados e por essa razão continham abridores do tipo P-38, especialmente projetados para o combate. Eram pequenos, dobráveis e com um furo para que pudesse ser carregado junto com o cordão da placa de identificação do combatente. Panfletos indicavam seu uso.

Abridores P-38 com a parte de corte dobrável.


Instruções de uso do abridor P-38



Na parte frontal a seguinte mensagem era impressa:
“Abra bolsa interna com cuidado, pode ser usado como um recipiente impermeável para fósforos, cigarros e outros itens. Por questões de segurança, esconder a lata vazia e invólucros de modo que eles não possam ser vistos.” (Em destaque na imagem)


As rações foram pensadas e desenvolvidas pelo Dr. Ancel Keys, fisiologista da Universidade de Minnesota, a pedido do Departamento de Guerra dos EUA considerando as seguintes necessidades: Ser de fácil transporte, fácil consumo, caber no bolso do combatente e não foi desenvolvida inicialmente para ser uma ração de consumo contínuo e sim um alimento de emergência.

Apesar de alguns testes terem sido feitos com as rações militares, a urgência em se produzir acabou por relevar aspectos importantes relativos aos alimentos criados. Algumas versões das rações do tipo K foram testadas com os paraquedistas americanos, mas a versão final da ração continha em si 900 calorias.




Existem avaliações pós-guerra que afirmam que esse tipo de ração desenvolvida pelo Dr. Keys não continha em si um número razoável de nutrientes e vitaminas e não eram versáteis para adaptar-se a quantidade de calorias necessárias para cada tipo de combatente (devido a diferença de gasto calórico proporcional a função por ele exercida).




As rações do tipo C, enlatadas, já eram projetadas para um uso mais frequente do que as rações de assalto do tipo K pois eram mais elaboradas e mais calóricas. Eram seis latas douradas que pesavam 340 grs e que totalizavam 3.800 kcal. O consumo indicado, após o estudo de exames médicos de soldados que ingeriram esses alimentos, foi de 5 dias consecutivos.


Curiosidade - Em 1863, a pimenta se torna o primeiro tempero 
(além do sal) usado pelos exércitos da Europa e dos EUA




As rações do tipo C poderiam conter os seguintes itens:

Pacote de biscoitos, pacote de biscoito graham, torrões de açúcar, latas de presuntada, processado de frango ou peru, barra de frutas, caramelos, barra de chocolate concentrado, pó de café, limonada ou laranjada, goma de mascar, quatro cigarros, papel higiênico, colher de pau (semelhante as colheres de madeira descartáveis usadas antigamente em sorveterias) e fósforos.



Depois de 1944, com o aumento da necessidade por variedade no tipo de ração algumas latas foram distribuídas de maneira alternada.

A variedade da unidade M era composta por:

Carne e feijão, carne e guisado de legumes, carne e espaguete, presunto , ovos e batata, carne e macarrão, carne de porco e arroz, franks e feijão, carne de porco e feijão, presunto e feijão e frango com legumes.

Variação tipo M.



Já a variável do tipo B era composta por:

Biscoitos, cereal comprimido e pré-misturado, amendoim ou passas confeitados, café em pó, açúcar, limonada ou laranjada, cacau em pó, doces duros, geléias e caramelos.

Ração do tipo B

A principal diferença entre a ração tipo B e as demais é que ela era mais elaborada do que as outras. Era o alimento destinado para alimentação diária dos combatentes em situação normal. Esses alimentos, embora muito parecidos com os demais tipos de ração, poderiam ser produzidos nas cozinhas de campanha (como a da foto inicial desse artigo).

Os produtos de base eram os mesmos, produtos enlatadas, altamente processados e bastante calóricos. Mas em algumas situações recebiam molhos diferentes e eram preparados pelo próprio rancho móvel. Essas refeições geralmente eram embaladas para o consumo em grupos de 5 a 10 combatentes. (5 em 1 / 10 em 1 – alimentar 5 ou 10 combatentes com 1 tipo de refeição)


Um menu típico com esses itens enlatados continha manteiga, café solúvel, pudim, unidades de carne, compotas, leite em pó, legumes, bem como biscoitos, cereais, bebidas , doces , sal e açúcar. Já os itens adicionais eram cigarros, fósforos, abridor de lata , papel higiênico, sabonete , toalhas e pastilhas destinadas a purificação de água (Halazone).


Ração tipo D ou ração de emergência



A ração do tipo D era uma ração de emergência e foi inicialmente desenvoldida pela Intendência. O objetivo desse tipo de ração era unicamente garantir a sobrevivência e nao suprir as necessidades reais dos combatentes.

O que era a ração tipo D? Era uma barra de chocolate altamente concentrada e calórica com 6 tabletes. O responsável pela criação desta barra de sobrevivência foi o Coronel Paul Logan que a desenvolveu em 1937.

A barra foi projeta intencionalmente com um gosto não muito bom, por medo dos homens consumi-lo, em vez de levá-lo até que surgisse uma emergência. Tendo isso em mente o Cel. Logan passou esses requisitos para a fabricante de chocolates Hersheys: ”… Uma barra pesando cerca de quatro onças, capaz de suportar altas temperaturas, altas em valor energético e degustação apenas um pouco melhor do que uma batata cozida ”



Curiosidades sobre a alimentação
As tropas brasileiras, assim como as estadunidenses, tinham cartões de racionamento para fazer o pedido de produtos de primeira necessidade dentre eles alimentos.






Com o avançar do conflito a distribuição não só de itens como papel para cartas, mas alimentos em si, foi prejudicado. Não havia logística que desse conta de fazer a distribuição desses suprimentos de forma eficiente por muito tempo.

Relatos dos praças brasileiros sobre as rações militares dão conta de que esses alimentos eram extremamente gordurosos (para dar conta da conservação) e tinham um gosto bem ruim. Além disso, o frio da Itália não ajudava quando os praças tentavam aquecer suas refeições.

A escassez de alimentos na Itália era muito grande e por muitas vezes os soldados compartilhavam com mulheres e crianças italianas parte de suas rações. Eles cediam para as crianças os chocolates e gomas de mascar e café para as mulheres.


Chocolate comum (Hershey's) que era distribuído com as rações diárias dos combatentes









Fonte: Archyde  

Archyde - Site Fonte





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