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terça-feira, 16 de abril de 2024

Joyeuse, a lendária espada medieval que teria pertencido a Carlos Magno

Joyeuse, a lendária espada medieval que teria pertencido a Carlos Magno

Segundo a lenda, o artefato teria poderes místicos que garantiriam a vitória a quem o empunhasse.

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Vídeo - Empresa britânica cria um 'escudo de invisibilidade'

Vídeo - Empresa britânica cria um 'escudo de invisibilidade'

Dispositivo portátil de camuflagem é capaz de esconder qualquer coisa que esteja atrás dele.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

COMERCIO - A magia da Black Friday - Conheça 5 curiosidades sobre a data

COMERCIO - A magia da Black Friday - Conheça 5 curiosidades sobre a data

Consumidores de todo o planeta aguardam ansiosamente a data para comprarem produtos com desconto.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Descoberta de textos mais antigos sobre o mago Merlin surpreende pesquisadores

Descoberta de textos mais antigos sobre o mago Merlin surpreende pesquisadores

Estima-se que os manuscritos tenham sido escritos há cerca de 770 anos.

domingo, 15 de novembro de 2020

"Repelentes de bruxas" são encontrados em ruínas de igreja medieval na Inglaterra

 "Repelentes de bruxas" são encontrados em ruínas de igreja medieval na Inglaterra

As ruínas de uma igreja medieval ressurgiram do solo durante as obras de construção de uma ferrovia na vila de Stoke Mandeville, na Inglaterra. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Gemfire - Genesis - 1991 - 16 Bit

Gemfire - Genesis - 1991 - 16 Bit


Gemfire (conhecido no Japão como Royal Blood) é um jogo de estratégia medieval em turnos para o Mega Drive/Genesis, MSX, NES, Supernes,  e MS-DOS desenvolvido por Koei. 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Há um país nas Américas onde pessoas ainda podem ser condenadas por bruxaria

Há um país nas Américas onde pessoas ainda podem ser condenadas por bruxaria


Ainda que pareça estranho, em um país nas Américas ainda está em vigor uma lei de mais de 100 anos que trata sobre feitiçaria. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Shadowrun - Genesis - 1994

Shadowrun - Genesis - 1994




Shadowrun é um RPG de ação para o Sega Genesis (MegaDrive) , lançado em 1994 apenas na América do Norte. Agora abaixo vamos ter a descrição do jogo, resenha, gameplay e BAIXAR.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Necronomicon - O livro mais "perigoso" da humanidade


Necronomicon - O livro mais "perigoso" da humanidade


HP. Lovecraft, um autor americano, encontrou através de diferentes romances, um livro que tinha as fórmulas mágicas para invocar o sobrenatural e dominar a relação espaço-tempo.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Conheça o truque de mágica que evitou uma guerra


Conheça o truque de mágica que evitou uma guerra


Jean Eugène Robert-Houdin (1805-1871) é considerado por muitos o pai do ilusionismo moderno. Tanto é assim que o grande escapista Harry Houdini adotou seu nome artístico em homenagem ao seu antecessor francês.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Qual é o final de "Caverna do Dragão" ???


Qual é o final de "Caverna do Dragão" ???


Quem foi criança nas décadas de 80 e 90 certamente acompanhou pelo menos um episódio da série de desenhos “Caverna do Dragão”, clássico exibido pela Rede Globo e que até hoje possui uma legião de fãs.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O DIA EM QUE O VINGADOR TENTOU AJUDAR HITLER A GANHAR A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - CAVERNA DO DRAGÃO


O DIA EM QUE O VINGADOR TENTOU AJUDAR HITLER A GANHAR A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - CAVERNA DO DRAGÃO


Acostumado a mostrar dragões, mágicos e duendes, o desenho "Caverna do Dragão" teve um episódio com uma temática muito séria. Poucas vezes exibido no Brasil, "Apagando-se o Tempo" faz clara alusão ao nazismo ao mostrar o Vingador tentando interferir nos rumos da Segunda Guerra Mundial.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Você por acaso sabe como os zumbis se tornaram tão populares?


Você por acaso sabe como os zumbis se tornaram tão populares?


Todo bom fã de cinema de terror que se preze sabe quem foi o diretor George Romero o primeiro a fazer um bom filme sobre zumbis, com o clássico de 1968 “A Noite dos Mortos-Vivos”. Mas você sabia que essa não é a origem dessas criaturas fantásticas?

terça-feira, 25 de novembro de 2014

5 livros antigos que prometiam poderes sobrenaturais


5 livros antigos que prometiam poderes sobrenaturais


Nos tempos antigos, a popularidade de rituais de magia era algo comum, pois isso passou a ser amplamente utilizado para os mais diversos objetivos (mesmo sem fundamentos se eles funcionavam ou não).

De qualquer forma, o sobrenatural era algo que fascinava muita gente, que era atraída pela promessa de obtenção de poder e iluminação espiritual.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Desafio dos Bandeirantes - o resgate do RPG brasileiro


Desafio dos Bandeirantes - o resgate do RPG brasileiro


Nunca é tarde para se esclarecer um assunto.
Mais ainda, tenho convicção de que nunca é tarde para reparar um engano. Ou, uma injustiça.

A temática nacional, fora dos meios acadêmicos, nunca teve preferência, muito menos admiração. Falar em “heróis nacionais”, “quadrinhos nacionais”, “romances nacionais” etc. dificilmente empolga ou desperta interesse, com exceção de alguns poucos ufanistas ou brasileiros menos odiosos de si mesmos. Muito embora o cinema nacional tenha ressuscitado nos últimos dez a quinze anos, de forma geral filmes, séries ou quadrinhos cuja temática gire em torno da cultura brasileira são quase sempre ignorados (se não, alvo de escárnio) a não ser que se trate de comédia, novela ou obras de crítica social.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

16 Documentários Indicados - Abril de 2014


16 Documentários Indicados - Abril de 2014



Documentário / Diversos
Nome Original: Star Trek: Secrets Of The Universe
País: EUA
Ano: 2013
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais
Seria possível construir nossa própria nave Enterprise? Poderíamos viajar entre as estrelas tão facilmente como o fazem em Star Trek? Neste especial, vamos aos bastidores do novo filme de JJ Abrams, Além da Escuridão - Star Trek, tanto no set de filmagem, como também investigando a incrível ciência dos exoplanetas, a física do impulso warp e as ideias sobre como poderíamos viver um dia em um universo igual ao que vemos em Star Trek.



Documentário / Diversos
Nome Original: Ww2 From Space
Ano: 2012
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais.
Neste especial de duas horas, veremos os principais momentos da Segunda Guerra Mundial como nunca antes. Com tecnologia de satélite e animações computadorizadas.



Documentário / Diversos
Ano: 2012
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais
Formada há mais de 4,6 milhões de anos, a Terra acumula grandes riquezas, desde a madeira ao gado, passando pelo ouro. Em conjunto, esses recursos construíram nossas grandes civilizações. Mas, e se pudéssemos explorar o planeta, contando cada árvore e cada pepita de ouro na Terra, fazendo o maior inventário já realizado? Este especial vai colocar um preço em tudo o que o mundo tem para oferecer, dar uma visão do muito que temos usado ao longo da história humana e quanto ainda resta, para revelar o valor absoluto da Terra.



Documentário / Diversos
Nome Original: Lost Magic Decoded
Cor: Colorido
Classificação: Programa livre
O mestre ilusionista Steve Cohen segue as pistas, decodifica e ressuscita alguns dos efeitos mágicos mais emocionantes e assustadores já vistos. A Magia tem uma história secreta e foi preciso Cohen para se ter acesso a encantamentos antigos, bruxaria, segredos e aparatos que tiveram impacto sobre o público por séculos. Estes segredos podem de alguma forma ser redescobertos? Podem emocionar e surpreender o público de hoje como fizeram antes? Explore os mistérios de como esses efeitos lendários foram influenciadas pelo seu tempo, e até mesmo como as ilusões mudaram o curso da história. Steve Cohen descobre que há muito mais na magia do que parece.



Você já se perguntou quantas pessoas são necessárias para se fazer uma garrafa de Whisky, um baralho ou fogos de artificio...



Documentário / Diversos
Nome Original: 101 Objects That Changed The World
Cor: Colorido
Classificação: Programa livre
Nossa vida é tão cheia de coisas hoje em dia, que é muito fácil não lhes dar a devida importância. Mas quando o destino e a história se combinam, até o objeto mais simples ganha relevância histórica.



Documentário / Diversos
Nome Original: 101 Fast Foods That Changed The World
Cor: Colorido
Classificação: Programa livre
Não importam as fronteiras, a cultura nem o tempo, a comida é uma das coisas que as pessoas têm em comum. Do homem das cavernas à era espacial gostamos das comidas que possam ser levadas.



Documentário / Diversos
Nome Original: 101 Weapons That Changed The World
Ano: 2012
Cor: Colorido
Classificação: Programa livre
Da catapulta à tecnologia stealth, as armas mais básicas e as mais complexas parecem ter mudado o curso da história, e com elas nosso mundo. Os seres humanos se tornaram os mais perigosos depredadores da história, em sua sede de alimentar e expandir impérios.






Documentário / Diversos
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais.
James convence um grupo de londrinos que pode destruir um caminhão-tanque usando telecinese. Ben e Billy entram em um restaurante portando câmeras secretas. Wayne pula de bungee jump, usando uma corda e dois livros.



Documentário / Diversos
Nome Original: Dynamo: Magician Impossible: Season 2 - Ep. 01
País: Reino Unido
Ano: 2012
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais.
Um menino comum de Bradford que teve uma vida extraordinária. Assim como seu avô, Dynamo cresceu praticando truques com cartas e desenvolvendo grande habilidade para mágicas. Veja o jovem de 28 anos dando a volta ao mundo e impressionando a todos.



Séries / Cultural
Nome Original: Tear Down These Walls: Season 1
Cor: Colorido
Classificação: Programa livre
Os anos 80 não foram apenas a década em que a ganância era algo bom, mas também um marco para o início de uma aliança forte entre caridade e celebridades. Pela primeira vez, temos grandes eventos repletos de estrelas para lidar com a crise e a pobreza em todo o mundo.



Documentário / Diversos
Ano: 2010
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais
Esta fascinante série de documentários conta histórias reais de pessoas que encontraram a morte da forma mais inesperada. Algumas morreram tragicamente e outras acidentalmente mas todas ficaram com a explicação do que aconteceu registrada nos seus corpos. Ao combinar reconstituições dramatizadas opiniões de especialistas e a mais nova tecnologia em gráficos 3D MIL FORMAS DE MORRER mergulha na ciência forense para resgatar essas histórias.



Documentário / Diversos
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais.
Como é possível transportar milhões de dólares em espécie? Como são fabricadas varas da era espacial para pescar peixes enormes? Como se produz o som inesquecível das Highlands escocesas?



Documentário / Diversos
Cor: Colorido
Classificação: Programa livre
Durante o dia, Joel luta na Marinha dos EUA. Porém, em seu tempo livre, ele é um expoente do Silat, uma arte marcial malaia. Acompanharemos a jornada de Joel conforme ele luta para buscar o reconhecimento na arte que ele devotou 14 anos de sua vida.



Documentário / Diversos
Nome Original: Brazilian Bigfoot: Season 2
Ano: 2012
Cor: Colorido
Classificação: Programa livre
Por muito tempo, histórias de uma criatura chamada mapinguarí foram passadas de geração em geração nos povoados do Amazonas. A criatura é descrita como uma fera alta e desgrenhada, que ataca produzindo um rugido ensurdecedor. Na maior selva úmida tropical do mundo, são descobertas novas espécies com frequência e, depois de ouvir as histórias de aldeões que afirmam terem encontrado a criatura, Richard decide determinar se o mapinguarí é mais do que um mito.



Nome Original: MythBusters: Season 7
País: EUA
Cor: Colorido
Classificação: Programa permitido para menores acompanhados dos pais
Neste episódio de Mythbusters, Adam e Jamie enfrentam uma odisseia para tentar recriar uma metralhadora de flechas. Já Kari, Grant e Tory testam um mito perigoso ao volante.






quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Magia das Bonecas - História

A MAGIA DAS BONECAS - História


Com seu estranho fascínio, elas estiveram ao lado do homem em quase todas as civilizações e se transformaram, com sua arte, fantasia e religiosidade. num espelho fiel da história humana.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As cartas marcadas do Tarô

AS CARTAS MARCADAS DO TARÔ



São 78 cartas cheias de simbolismo com uma história milenar. Sua leitura sobreviveu aos séculos e está em plena moda. Para os céticos é só um jogo de adivinhação. Para os iniciados nos seus mistérios, é uma forma de autoconhecimento.

Atores, empresários, profissionais liberais, artistas plásticos - enfim pessoas das mais diferentes atividades têm em comum o costume de freqüentar um certo apartamento amplo e ensolarado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Ali trabalha um carioca de 30 anos, solteiro, olhos muito azuis, chamado Marcos da Silva Bordallo. Só que nenhum desses visitantes o trata pelo verdadeiro nome. Para eles Marcos é Namur - ou melhor, professor Namur. E se o procuram é porque esperam receber uma orientação que os ajude a organizar melhor suas vidas e seus negócios. Engana-se quem imaginar que o tão requisitado Marcos-Namur é algum conselheiro espiritual ou psicólogo com formação psicanalítica.
O que ele faz, cobrando cerca de 4 mil cruzados a primeira sessão, é dar as cartas. Pois o auto-intitulado professor é um tarólogo, por sinal o mais badalado do Rio, ou seja, um especialista em tarô - o misterioso baralho que, segundo os adeptos, faz as pessoas se conhecerem melhor e a partir daí terem uma boa idéia do que o futuro lhes reserva.
Os crentes nos poderes do tarô e dos tarólogos formam uma espécie em expansão. Mas o jogo é muito antigo. A própria palavra tarô, do francês tarot, viria do velho Egito, onde o baralho teria surgido, significando "roda" ou "caminho". A história do jogo é tão obscura como o nome. Sabe-se que em 1392, Carlos VI, rei da França, encomendou por um bom preço ao pintor Jacquemin Gringonneur três pacotes de cartas. A primeira descrição de um baralho de tarô, porém, só apareceu séculos mais tarde. Seu autor foi o teólogo protestante francês e historiador Antoine Court de Gébelin (1725-1784). No primeiro dos nove volumes de sua obra Le monde primitif, Gébelin afirma que as cartas do tarô foram extraídas do Livro de Thoth (um deus egípcio).
No século XVIII, em plena Revolução Francesa, o jogo de tarô tornou-se moda nos salões parisienses e uma certa Mademoiselle Lenormand era o que é hoje no Rio o professor Namur - lia nas cartas do tarô o destino de gente importante da época. Entre seus clientes estavam os líderes revolucionários Robespierre e Saint-Just. Diz-se que Mademoiselle Lenormand previu a morte dos dois na guilhotina - o que talvez não fosse uma proeza, dada a facilidade com que se cortavam cabeças na França daqueles anos. Mas, se ela de fato previu a decapitação, nem Robespierre nem Saint-Just puderam fazer qualquer coisa para evitá-la - e isso dá o que pensar sobre a utilidade de se conhecer o futuro.
Conta-se também que, anos mais tarde, Napoleão tornou-se assíduo freqüentador de Lenormand. Esse pelo menos sabia lidar à sua maneira com o futuro desvendado pela taróloga: quando as previsões o desagradavam, mandava encarcerá-la por uns tempos.
Boa parte do charme do tarô, o que ajuda a entender sua longevidade, está nas próprias 78 cartas que compõem o baralho. Elas se dividem em dois grupos: os 22 arcanos maiores - fundamentais na interpretação - e os 56 arcanos menores, que complementam os outros. A palavra arcano vem do latim arcanu, que quer dizer segredo, mistério, e cada um deles representa uma figura simbólica diferente. Por exemplo, o arcano IV (os praticantes usam a numeração romana), chamado imperador, simboliza o homem objetivo, materialista, organizado.
O professor Namur ensina que o tipo de homem simbolizado pelo imperador gosta de ser o provedor do lar, mas não se detém para tentar entender o que o outro está vivendo; geralmente é pão-duro, mas se orgulha de pagar as contas em dia; é também machão e moralista dentro de casa; ansioso e ambicioso, sonha com segurança; gosta da sacerdotisa (arcano II), que simboliza a mãe e a esposa, mas também da imperatriz (arcano III), símbolo da mulher independente, que trabalha fora, mas de quem ele finge não gostar. Se a carta do imperador sair para uma mulher, isso pode significar que procura imitar o pai.
Há uma certa carta - o arcano XIII - que de tão assustadora nem tem o nome impresso: é a figura da morte. Mas a morte pode não ser tão feia como a pintam. Segundo uma tranqüilizadora interpretação, essa carta simboliza o renascimento, as transformações pelas quais a pessoa está passando. Tudo depende de quem lê o tarô e, para complicar ainda mais as coisas, os métodos de leitura mudam de um tarólogo para outro: há quem utilize apenas os 22 arcanos maiores, por achar que isso facilita a consulta e a comparação com a leitura anterior, quando o cliente volta; outros preferem usar todas as cartas e certamente devem ter para isso motivos tão relevantes quanto os dos que optam pela versão resumida: é tudo uma questão de crer para ler.
Naturalmente, o jogo de cena no ato da leitura é da maior importância - como convém a um ramo do ocultismo que tem a pretensão de entender a personalidade humana a partir do acaso de um sorteio de cartas. Namur, por exemplo, usa uma mesa de tampo preto, "porque as cores das cartas se realçam, pulam e ajudam na concentração", como diz. Outros tarólogos preferem rituais mais elaborados. É o caso do uruguaio cujo apelido é Kucho e que prefere não revelar seu verdadeiro nome. Há 22 anos no Brasil e desde 1975 no ramo do tarô, ele usa uma pele de animal amarelada para cobrir a mesa de trabalho, numa saleta pouco iluminada, no porão da casa onde mora, no bairro do Pacaembu, em São Paulo.
Alto, moreno, com os traços herdados da mãe índia e do pai espanhol, Kucho cobra uma quantia simbólica para ler o tarô (ele diz que trabalha na produção de comerciais e de cinema), jamais tira cartas para si mesmo e só opera com baralhos que tenham atravessado o oceano. Isso não faz diferença alguma para o carioca Namur, que se declara criador do primeiro tarô latino-americano, um baralho desenhado pela argentina Martha Leyros, em cores vivas, bem diferentes dos tons pastel do clássico baralho francês. "O nosso tem vida, emoção, chega a suar", entusiasma-se Namur.
Existem mais de mil baralhos diferentes de tarô, uma variedade à altura do número de métodos de dispor as cartas - pelo menos quinhentos. Namur, por exemplo, as dispõe em círculo, na forma da mandala - que em sânscrito significa círculo mágico. Kucho, por sua vez, as coloca na posição astral, de acordo com as casas do zodíaco. Dispor as cartas em linhas horizontais é o método utilizado pela taróloga paulista Claudine Cardoso. Mãe de três filhos, ela conta que aprendeu a mexer com o tarô aos 7 anos, quando ganhou um baralho da avó.
Também o número de cartas que o cliente tira, o número de rodadas e o tempo gasto na leitura variam. Para Namur, que se considera bom entendedor, doze cartas e uma rodada bastam. Já os clientes de Kucho devem escolher 28 cartas em quatro rodadas; na última, se quiserem, podem fazer perguntas. Claudine interpreta no mínimo 44 cartas. Mas nenhum deles gasta menos de uma hora na operação. Nesse complicado jogo as interpretações dos arranjos que as cartas formam variam de acordo com cada pessoa e a situação que ela vive em determinado momento, dizem os tarólogos. Por isso, se o ermitão (arcano IX) sair para uma criança, poderá simbolizar timidez; já para um homem de 50 anos será símbolo de riqueza interior.
O enforcado (arcano XII), brinca Namur, é o arcano do brasileiro, sempre com a corda no pescoço. Normalmente, os tarólogos não brincam em serviço, certamente para manter a aura de seriedade em torno daquilo que para os mais desconfiados não passa de um jogo - antigo, complexo e sofisticado, mas apenas um jogo. Para o professor Namur, os fundamentos do tarô "são o pensamento mágico, não racional, e a intuição" - seja lá o que isso signifique. Os tarólogos tomam o cuidado de advertir aos mais deslumbrados que o tarô não é um jogo de adivinhação do tipo bola de cristal.
Aponta caminhos, mas não dá soluções. Por isso, quem consultar um tarólogo na esperança de descobrir o que vai acontecer no dia seguinte estará perdendo tempo.
"A verdadeira intenção do tarô", teoriza Namur, "é fazer com que as pessoas se auto-analisem, já que as cartas mostram o que está ocorrendo com elas." Ele afirma que "se as pessoas não souberem mudar sua relação com o passado, cuja resultante é o presente, acabam se repetindo; então não adianta mudar de marido, de emprego ou de casa, pois o problema permanece o mesmo". Curioso do tarô, o escritor Caio Fernando Abreu, autor de Morangos mofados, conta que na primeira vez em que consultou um tarólogo ficou espantado "porque entre tantas cartas saíam exatamente aquelas cuja interpretação tinha a ver com o que eu estava vivenciando".
Ao que parece, o tarô e mesmo o I Ching - o livro das mutações que surgiu na China no período anterior à dinastia Chou (1150-249 a.C.) - têm como meta principal levar as pessoas a refletir sobre o que estão vivendo. Talvez por isso, um dos fundadores da psicanálise, o suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), tenha se interessado pelo tarô, entre outras simbologias. Seja como for, o fascínio que as várias formas de esoterismo exercem sobre as pessoas independe de sexo, religião ou atividade. Os homens, na maioria, procuram tarólogos para saber de dinheiro e negócios. Já as mulheres se preocupam com o trabalho e as questões afetivas. A curiosidade que o tarô sempre despertou nos artistas moveu o pintor espanhol e mestre do surrealismo Salvador Dali a desenhar um baralho.
Na literatura, a simbologia contida nessas cartas foi tema de poemas do francês Gérard de Nerval (1808-1855) e do norte-americano T.S. Eliot (1888-1965). E o pintor sergipano; radicado no Rio Antônio Maia, que sempre retratou temas ligados à crendice popular, decidiu comemorar seus 60 anos em outubro próximo com uma exposição de 22 telas, onde estarão pintados, em bom tamanho, um a um, os arcanos maiores do tarô.

Esse futuro que não chega nunca.

Desde o começo dos tempos, brinca Woody Allen, o homem vive às voltas com algumas dúvidas insuperáveis: quem sou eu, de onde vim - e onde será que vamos jantar esta noite. Ainda mais do que isso, o que as pessoas querem saber de verdade é o que lhes reserva o dia de amanhã. A busca insaciável do futuro, velha como o medo e a esperança, faz a felicidade dos tarólogos, jogadores de búzios, quiromantes, astrólogos, cartomantes e videntes de todas as categorias - quando se trata de mexer com o desconhecido, jamais algum deles deve ter perdido dinheiro subestimando a credulidade alheia.
O que nem sempre se percebe é que correr atrás do futuro é fazer como o cachorro que dá voltas atrás do próprio rabo. Não se trata nem de dizer que é preciso estar muito aflito ou ter muita boa vontade inocente para acreditar que o futuro pode ser previsto pela magia ou pela ciência, assim ou assado. O problema é outro. Se o futuro já está pronto e acabado em alguma misteriosa dimensão das coisas, podendo portanto ser conhecido por qualquer vidente cinco-estrelas - como parecem achar os que acreditam que a vida é apenas o desenrolar de um destino imutável -, então que valia tem conhecer algo que não se poderá modificar? Ou, se o futuro só fica pronto quando acontece, como dizem os partidários da idéia de que são as pessoas, a cada escolha que fazem, que vão construindo sua história, então é possível conhecer algo que se modifica sem cessar?
No fundo, muita gente intui que não existe saída para esse paradoxo - do contrário, bastaria ter uma bola de cristal desembaçada para fazer a quina da Loto toda semana - e ainda assim freqüenta seus videntes de estimação. É que nesse ato, nesse jogo, a ansiedade diante dos rumos da vida encontra algum alívio. Se o ocultista procurado não for um charlatão, a pessoa poderá até sair dali com algo de valioso em troca do seu tempo e dinheiro. "Se um tarólogo lhe disser que ela fantasia muito", exemplifica o psiquiatra Antônio Carlos Cesarino, "certamente a pessoa vai parar para pensar nisso, e tudo que ajuda a refletir é bom."



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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Venerados, combatidos, misteriosos - Curandeiros

VENERADOS, COMBATIDOS, MISTERIOSOS CURANDEIROS.



Eles dizem que têm o poder de curar pelas mãos.
Existem em toda parte com multidões de seguidores. Mas há quem garanta que sua medicina é uma fraude.

No final dos anos 50, José de Freitas, o Zé Arigó, ficou famoso no Brasil inteiro pelas curas ditas fantásticas que realizava na pequena cidade mineira de Congonha do Campo, através de operações mediúnicas. O funcionário aposentado se dizia orientado pelo espírito do médico alemão Adolph Fritz - que desde 1980 estaria orientando o médico pernambucano Edson Cavalcante de Queiroz nas cirurgias mediúnicas que efetua ao lado de sua prática normal como ginecologista. Da mesma forma que Arigó, Queiroz vale-se das mãos e de facas, tesouras, navalhas e até bisturis para conseguir o que muitos acreditam tratar-se de curas milagrosas.
Não se pense, porém, que o curandeirismo é uma exclusividade brasileira. A georgiana Djuna Davitashvili é reconhecida em toda a União Soviética pelas curas que obtém. A paranormal Djuna, uma morena de 38 anos e rosto expressivo, ficou famosa por ter ajudado a tratar o líder Leonid Brejnev durante sua prolongada enfermidade. Doutor honoris causa, pela austera Academia de Ciências da União Soviética Djuna só trabalha com a chamada imposição das mãos, como numa bênção, muitas vezes sem tocar no paciente. Ela já curou arteriosclerose, diabetes, úlceras, nevralgias, dores de cabeça, a se crer no noticiário produzido com testemunhos de pessoas que se submeteram a seu tratamento.
O curandeirismo é tão antigo como a doença. O homem sempre acreditou que existe uma força invisível, capaz de curar graças a um simples gesto ou toque de mãos.
O grego Hipócrates, o pai da Medicina, considerava a cura pelas mãos prática natural. Os primeiros cristãos achavam que era manifestação do Espírito Santo. Durante séculos tal prática sobreviveu sob o nome de quirotesia e 43 quirotesistas chegaram a ser consagrados santos.
Mas na Idade Média os curandeiros caíram em desgraça e seus poderes passaram a ser atribuídos ao diabo. A partir do ano de 1136, os monges foram impedidos de exercer atividades médicas. Quem tentou driblar a proibição foi parar na fogueira, pela prática do curandeirismo.
Nem isso, nem as formas mais civilizadas de repressão dos tempos modernos destruíram, porém, a crença numa energia universal, através da qual seria possível curar com um simples sopro. Esse, aliás é o principio do magnetismo animal, teoria que no século XVIII tornou conhecido o médico alemão Franz Anton Mesmer. Para ele, bastava a imposição das mãos sobre um doente para que este recebesse fluidos magnéticos, que aumentariam suas forças e o ajudariam na recuperação. Muitos dos que hoje curam por imposição das mãos se auto-intitulam magnetizadores, especialmente na França, onde há um século ficou famoso um certo mestre Philippe. Por seus poderes, foi nomeado conselheiro de Estado e general-de-exército pelo czar Nicolau II da Rússia. Mais tarde, o charlatão Rasputin neutralizou sua influência e tomou-lhe o lugar.
Já os curandeiros espíritas, como o pernambucano Queiroz, se consideram guiados pelo espírito de médicos já mortos. São os que provocam as maiores polêmicas. Na Inglaterra, por exemplo, Harry Edwards, um dos fundadores da Federação Nacional dos Curadores Espirituais, falecido em 1980 afirmava ser dirigido pelos espíritos dos célebres Louis Pasteur, o inventor da vacina, e Joseph Lister, o pioneiro da medicina preventiva. No entanto os céticos afirmam que Edwards não conseguiu provar nem uma única das 100 mil curas a ele atribuídas. Muito discutidos são também os cirurgiões mediúnicos brasileiros que, às vezes, parecem realizar incisões sem nada além das mãos e sem anestesia ou anti-sépticos.
Embora a legislação brasileira proíba essa atividade, o doutor Queiroz pode ser visto freqüentemente em ação pela televisão. Trata-se do primeiro médico diplomado a operar em transe. Por isso, a Associação Médica Brasileira tentou proibi-lo de fazer cirurgias mediúnicas. Ele venceu o processo com o argumento de que, quando opera como doutor Fritz não cobra nada dos pacientes - ou seja, não caracteriza exercício da medicina. A parapsicóloga paulista Márcia Regina Cobero está convencida de que Queiroz "faz truque, encenação". Ela se baseia no fato de que não existe uma única dessas operações mediúnicas com diagnóstico médico comprovado antes e depois de sua realização. Mergulhado em discussões, o curandeirismo levanta uma infinidade de dúvidas e tentativas de compreensão.
Um pesquisados norte-americano, o médico William Nolen, acha que o mérito maior dos curandeiros é o modo pelo qual eles se relacionam com os pacientes. Explica a brasileira Márcia Regina: "Os médicos tendem a se preocupar mais com as doenças do que com os doentes. Já os curandeiros agem ao contrário. Eles confortam e dão atenção às pessoas".

Respostas às perguntas mais comuns sobre curandeirismo

1 Os curandeiros acreditam no que fazem ou trata-se de uma fraude?

A maioria se julga realmente capaz de curar, e por isso transmite segurança aos doentes. Muitos não dependem do curandeirismo para viver e consideram sua atividade uma obrigação. Não faltam, porém, os charlatães, exploradores da fé alheia.

2 Os curandeiros entendem de medicina?

Geralmente não possuem conhecimentos fisiológicos e desconhecem o como e o porquê de seus atributos. Têm grande fé religiosa e consideram-se intermediários entre as pessoas comuns e um poder ou ser superior.

3 O curandeiro pode fazer mal a seus pacientes?

Seus tratamentos são quase sempre inofensivos, mas os críticos - que acham que eles não curam nada - argumentam que uma doença quando não tratada a tempo pode se agravar caso não se consulte um médico.

4 Como se dá a iniciação de um curandeiro?

Há quem acredite ter nascido com o dom de curar; alguns falam em "sinais de predestinação". Outros pensam ter herdado o dom de alguém da família ou foram iniciados por outro curandeiro. Mas a maioria começou por acaso, ao tentar aliviar um parente ou amigo.

5 O que sentem os enfermos durante a fase do tratamento?

Sonolência, calor, zumbido nos ouvidos, formigamento, calafrios, sobressaltos.

6 Quais são os tipos de doenças que eles curam?

Os céticos afirmam que eles curam doenças imaginárias ou psicossomáticas. O padre e parapsicólogo espanhol Oscar Quevedo afirma em seu livro Curandeirismo: Um Bem ou Mal ?,que "não existem curas propriamente parapsicológicas, nem operações parapsicológicas. O que existem são curas por sugestão, pelo poder do psiquismo, embora sejam curas entre aspas e com muitos perigos.
A parapsicóloga Márcia Regina concorda: "Se há alguma cura, o mérito é sempre do doente. É sua fé no curandeiro que possibilita a cura

7 há casos que desafiam essas interpretações?

Algumas evidências de cura por sugestão hipnótica e até de regressão de processos cancerígenos indicam a existência de uma capacidade auto-regenerativa no doente que o curandeiro pode ter ativado. As curas orgânicas parecem ser muito menos freqüentes que as curas funcionais, associadas a doenças imaginárias. O doutor Louis Rose, parapsicólogo francês, pesquisou 95 casos de curas tidas como espetaculares. Encontrou apenas dois episódios de possível cura e um único onde as provas eram irrefutáveis.

Provar uma cura é certamente tarefa ingrata. Para tanto, é preciso encontrar o caso de uma pessoa que sofresse de grave doença orgânica diagnosticada previamente por mais de um médico e de preferencia documentada através de radiografias e outros exames; que não pudesse ter diminuído naturalmente; que não tivesse respondido a qualquer tratamento convencional, nem tivesse sido tratada no período imediatamente anterior à cura. O pouco interesse dos cientistas em investigar o assunto soma-se ao dos curandeiros cujo propósito é curar e não convencer.

8 Os curandeiros possuem alguma capacidade parapsicológica?

A única certeza que se tem é que o homem consegue influir com sua energia em plantas e pequenos animais. Cientistas realizaram experiências com ratos nos quais se provocavam feridas cutâneas. Depois, eles foram divididos em grupos e colocados em três gaiolas. Os ratos de duas gaiolas foram medicados. Os da terceira gaiola, não. Pediu-se então a uma pessoa qualquer que impusesse as mãos sobre os ratos não tratados. Viu-se que suas feridas cicatrizavam mais rapidamente que as dos outros ratos tratados com medicamentos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Parapsicólogo - Duvidar para crer.

O PARAPSICÓLOGO: DUVIDAR PARA CRER



Wellington Zangari, 40 anos, começou a se interessar pelo estudo de fenômenos paranormais ainda adolescente, aos 12 anos. Aos 15, já tinha devorado praticamente tudo o que havia de literatura sobre esse assunto em português. Hoje, é um dos maiores especialistas brasileiros em parapsicologia - ou estudos de psi, como prefere chamar. Psicólogo com mestrado em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e com doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), Zangari coordena o Inter Psi - Grupo de Estudo de Semiótica, Interconectividade e Consciência da PUC-SP (www.pesquisapsi.com). Já participou de investigações sobre diversos fenômenos supostamente paranormais. Entre os casos mais conhecidos está o da "Virgem Maria da vidraça", em 2002. Na época, uma misteriosa mancha que surgiu na janela de uma casa na cidade de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, chamou a atenção de muitos curiosos. Para alguns, a mancha lembrava a silhueta da Virgem Maria, o que foi recebido como um milagre por vários católicos que foram visitar o local. Os laudos técnicos, no entanto, apontaram que tudo não passava de um defeito natural no vidro. Zangari também ajudou a investigar supostos poderes paranormais atribuídos ao "entortador de talheres" Thomaz Green Morton e ao cirurgião psíquico Maurício Magalhães. Nos dois casos, ele encontrou indícios de fraude.

Para Zangari, os fenômenos ditos paranormais nada têm de místico ou sobrenatural. São apenas eventos naturais que ainda não conhecemos direito e, na falta de explicação melhor, acabam caindo no terreno da religião e da superstição. Buscar essa explicação melhor e encaixá-la no resto da teoria científica é a essência da parapsicologia, afirma Zangari na entrevista a seguir:



Por que a parapsicologia, muitas vezes, é encarada com desconfiança pelos céticos?

Tradicionalmente, as pessoas relacionam parapsicologia a religião ou a terapias alternativas, embora não exista relação alguma. Isso acontece porque no Brasil há várias pessoas religiosas que se valem de conhecimentos parapsicológicos para fins como provar a ocorrência de milagres ou confirmar a existência dos espíritos. No entanto, essas duas coisas estão fora do campo de atuação da parapsicologia científica.



Qual é a ligação que existe entre a parapsicologia e a psicologia convencional?

É um ramo da psicologia como um todo, já que nós estudamos experiências humanas, como sonhar com o futuro ou ver quadros virarem nas paredes. Nós não assumimos antecipadamente a existência dessas anomalias, mas procuramos avaliar todas as experiências que apontam nessa direção.



O que é considerado uma anomalia?

É aquilo que não é totalmente conhecido ou explicável pela ciência num determinado momento histórico. Não tem nada a ver com ser sobrenatural. O objetivo do parapsicólogo é verificar até que ponto essas alegações de paranormalidade são verdadeiras e até onde elas podem ser explicadas por processos científicos.



Como saber se um fenômeno é mesmo paranormal ou se é um simples truque ou obra do acaso?

A primeira hipótese a ser eliminada é a fraude. A segunda é que seja um problema perceptivo, no qual a pessoa interpreta equivocadamente aquilo que percebe. Podem ocorrer também problemas de transtornos mentais: a pessoa vê o que não existe, o que pode ser resultado de uma doença mental. A experiência humana sempre é subjetiva. Por trás dela, pode haver um fenômeno real, mas ele só pode ser definido cientificamente de maneira experimental. Qualquer alegação de paranormalidade, por mais detalhada que seja, não dá garantia de que a possibilidade de coincidência foi eliminada. A pesquisa experimental procura produzir o fenômeno numa circunstância livre de fraudes e diminuir ao mínimo a chance de coincidências.



Já se consegue demonstrar cientificamente a ocorrência de fenômenos paranormais?

É uma polêmica que existe entre psicólogos, engenheiros e físicos, pois os resultados são flutuantes. Temos uma série de estudos experimentais, que são avaliados por meta-análises [combinação de diversos resultados de diferentes experimentos sobre o mesmo assunto]. Um exemplo são os experimentos Ganzfeld [isolamento sensorial e eletromagnético de duas pessoas em salas separadas e verificação de alguma eventual comunicação]. Os resultados obtidos estão acima do esperado por mero acaso, mas há polêmicas sobre como interpretá-los. Muitas das meta-análises são favoráveis à existência da paranormalidade, outras não. Eu considero que há mais evidências favoráveis do que não favoráveis, mas não há provas definitivas.



O fato de trabalhar com meta-análises e não conseguir descrever os mecanismos dos fenômenos não torna as explicações frágeis?

Nesse sentido, acho que toda a explicação científica é frágil. Não conhecemos totalmente os mecanismos de praticamente fenômeno nenhum. Pouco se sabe sobre certas regiões do cérebro e vários fenômenos físicos. Recentemente, Stephen Hawking esteve revisando sua teoria sobre os buracos negros. Isso mostra que não é um problema que só acontece com fenômenos anômalos, mas com todas as áreas da ciência.



O que separa os parapsicólogos dos céticos?

Parapsicólogos são céticos. Senão, assumiríamos a existência dos fenômenos em vez de utilizar metodologia científica para avaliá-los. Os que se auto-intitulam céticos geralmente negam o fenômeno antes de estudá-lo. No Brasil e no resto do mundo, temos instituições de ceticismo que não fazem outra coisa a não ser negar, já de início, a existência de determinados fenômenos. Por outro lado, existem também parapsicólogos que assumem a existência do fenômeno antes de estudá-lo, o que também é errado.



A parapsicologia tem pouco mais de um século de existência. Nesse período, afinal, o que se produziu de sólido e incontestável?

Nada. Todos os resultados são freqüentemente contestados pelos próprios pesquisadores da área. Mas muitos experimentos tiveram resultados consistentes e positivos em relação à existência da paranormalidade. Por exemplo: se não existe transmissão telepática, os sujeitos que passam por esse tipo de experimento deveriam ter um índice de acerto muito próximo de 25%. Mas a maior parte das meta-análises indica que, na média, eles são capazes de acertar 35% da vezes. Do ponto de vista estatístico, é uma diferença bastante significante. De maneira que algo além do acaso deve estar acontecendo entre a pessoa que emite e a que recebe essas informações.



Há pessoas que dizem ser capazes de desenvolver ou aprimorar habilidades paranormais em outras. Essas habilidades são adquiríveis?

Todas as pesquisas realizadas até o momento sobre aprendizagem demonstram que nenhuma técnica é eficaz para desenvolver ou mesmo para controlar essas habilidades. Isso significa que os fenômenos são espontâneos, involuntários e inconscientes, de forma que nenhuma técnica seria capaz de desenvolvê-los de maneira consistente. Não se pode afirmar que isso seja impossível, mas nenhum estudo realizado conseguiu resultados significativos.



Por que há tanto espaço para a charlatanice nos assuntos que envolvem esses fenômenos?
Porque existem pessoas que são facilmente enganáveis, que não têm um senso crítico apurado e que querem acreditar no que é aparentemente sobrenatural. É obrigação do pesquisador dessa área mostrar para o público o risco que elas correm ao acreditar ou confiar em pessoas que dizem possuir esses "poderes". Tudo o que sabemos mostra que ninguém pode controlar essas habilidades. Então, quando alguém se diz capaz de fazê-lo quando e como quiser, é muito provável que seja uma fraude. Essa é uma dica para que as pessoas não caiam no conto-do-vigário.


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