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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Coleção Saiba Mais - A Corrida Espacial


Coleção Saiba Mais - A Corrida Espacial



O Desejo de voar sempre acompanhou o homem. Veja nesta coleção os passos que tornaram este sonho possível.


Número 1:
De Ícaro ao Espaço

Número 2:
Santos Dumont

Número 3:
O Supersônico

Número 4:
Ônibus Espacial


terça-feira, 27 de setembro de 2016

As 9 mais comentadas - Setembro de 2016


As 9 mais comentadas - Setembro de 2016



01-"O antivírus está morto", diz fundador da McAfee





02-Como a eletricidade chega em sua tomada ?





03-Realizado o primeiro voo comercial do mundo  - 07/11/1910





04-Conheça o gigante híbrido que promete revolucionar a aviação




05-Projeto - Instalação Elétrica 





06-10 jogos tão difíceis que vão querer te fazer quebrar o controle do videogame





07-Ler Scans e Quadrinhos Digitais - Um mundo DIGITAL




08-Friends supera Breaking Bad e é eleita a melhor série da história



09-Sotaque Carioca é o oficial do Brasil





segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Realizado o primeiro voo comercial do mundo - 07/11/1910


Realizado o primeiro voo comercial do mundo  - 07/11/1910



O primeiro voo de comercial do mundo era realizado por um avião ocorreu em um dia como este, no ano de 1910. 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Tornando o impossível uma realidade – Assim foi a construção de um avião capaz de voar, dia após dia, noite após noite, sem parar e sem utilizar qualquer combustível


Tornando o impossível uma realidade – Assim foi a construção de um avião capaz de voar, dia após dia, noite após noite, sem parar e sem utilizar qualquer combustível


Desde que o primeiro protótipo do Solar Impulse rasgou os céus, quando voou do Vale do Silício até Nova York, em 2013, foram realizados inúmeros testes. O sucesso dos resultados serviram para seguir ainda com mais confiança para o seu objetivo principal: dar a volta ao mundo.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Medo de Avião - Aviação


MEDO DE AVIÃO - Aviação


A estatística é o melhor calmante
É inevitável. Depois de um ano sombrio para a aviação comercial, como foi o de 1996, até o passageiro mais viajado sente medo. Diante de tantos desastres aéreos nas manchetes dos jornais, não há quem o convença de que as quedas são raras, de que o normal é tudo dar certo. Mas é exatamente isso que dizem as estatísticas. A chance de alguém bater o carro e morrer a caminho do aeroporto é 500 vezes maior do que a de o avião cair. Segundo a Administração Federal de Aviação, americana, de cada 1 000 mortes, 228 acontecem em acidentes rodoviários e 0,45 em aeroviários. Até nadar é mais perigoso. A cada 1 000 fatalidades, 26 são por afogamento. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mais ultraleve que o ar - Aviação


MAIS ULTRALEVE QUE O AR - Aviação


Piloto vai se vestir de Santos-Dumont
Há um casulo no hangar número 20 do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo. Dentro dele, encontra-se em gestação uma libélula de 120 quilos e 8 metros de comprimento. Calma, não se trata de um monstro alienígena. É apenas uma réplica do segundo modelo do avião Demoiselle, construído por Santos-Dumont em Paris, em 1909, dois anos depois de o 14-Bis ficar pronto. Antes do final do ano, ele vai decolar da pista do Aeroporto do Campo de Marte. O piloto será o aviador civil Jarbas de Barros Domingues, que há seis anos batalha para ver o projeto no ar. "É a realização de um sonho", diz ele, que no dia do esperado vôo vai se vestir com roupas iguais às de seu herói, chapéu de abas caídas e tudo o mais . 

sábado, 1 de março de 2014

Quando os Répteis Voavam - Paleontologia


QUANDO OS RÉPTEIS VOAVAM - Paleontologia


Há 145 milhões de anos, o céu foi tomado por pterossauros, os répteis alados. Eles se multiplicaram em novas espécies. Foi uma explosão demográfica nos ares. Agora, depois dos dinossauros, os pterossauros se tornaram o tema preferido dos paleontólogos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Morcego voa na ponta dos dedos - Zoologia

O MORCEGO VOA NA PONTA DOS DEDOS - Zoologia


A evolução deste mamífero transformou em asas o que antes eram mãos. Os dedos se alongaram e, entre eles, uma pele muito fina se formou. Agora é assim. Para alçar vôo, basta abrir bem os braços e depois bater palmas.

sábado, 30 de novembro de 2013

Arranha Céus Voadores - Tecnologia


ARRANHA-CÉUS VOADORES - Tecnologia


No ano 2000, enormes aviões de dois andares transportarão tantos passageiros que poderão congestionar os aeroportos.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Videogame Voador - Aviões


VIDEOGAME VOADOR - Aviões



Uma rede de computadores em um caça coloca todos os comandos do avião ao alcance dos olhos e das mãos do piloto, tornando os cockpits cada vez mais parecidos com jogos domésticos.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Santos Dumont: As Asas do Homem - Inventor


SANTOS DUMONT: AS ASAS DO HOMEM - Inventor



Um inventor de talento, apaixonado pelos dasafios, realizou o sonho impossível, mas não suportou ver sua primazia contestada.

Temos um fato preciso: um homem saindo do solo percorreu mais de 100 metros em uma máquina voadora", escreveu o capitão Ferdinand Ferber na revista francesa Aérophile, em 1906. Encantado com a visão do brasileiro Alberto Santos-Dumont e seu 14 bis sobrevoando os campos de Bagatelle, em Paris, ele derramava seu entusiasmo: "Não se trata de um desses resultados apócrifos ou simplesmente declarados, como aqueles dos irmãos Wright!" Havia, de fato, motivo para a comparação: no dia 23 de outubro daquele ano, o 14 bis - uma engenhoca de pano, bambu e alumínio, de 10 metros de comprimento, com uma hélice instalada na ré e um motor Antoinette de 50 HP - levantou vôo diante de uma comissão do Aeroclube da França para um soberbo passeio de 60 metros, Deslumbrados, os membros da comissão esqueceram de cronometrar o tempo de vôo. Assim, Santos Dumont precisou repetir a proeza: no dia 12 de novembro, voou 220 metros em 21 segundos. Saiu de Bagatelle nos ombros de uma multidão extasiada.
Seria de supor, diante de tantos testemunhos, que a ninguém ocorresse contestar a primazia de Santos-Dumont como o herói que deu asas ao homem, rompeu a barreira do "mais pesado que o ar", inventou o vôo mecânico, tripulado e controlado pelo piloto - o pai da aviação, em suma. Mas não. Os Estados Unidos têm seus próprios inventores do avião, os irmãos Orville e Wilbur Wright, que teriam voado em diferentes aparelhos entre 1903 e 1905. E o próprio capitão Ferber, um dos maiores ídolos da aviação francesa, moderou seu entusiasmo por Santos-Dumont ao se tornar representante das patentes Wright na Europa.
A glória forçosamente dividida com os americanos torturou o petit brésilien, o pequeno brasileiro, como Santos-Dumont gostava de ser chamado pelos parisienses. Ele jamais tolerou ter de descer um degrau que fosse do pódio da paternidade e ser alinhado entre outros pioneiros da aviação. A torrente de mágoa só faria crescer nos anos seguintes, embora no Brasil ele fosse idolatrado como um dos gênios do progresso humano e não lhe faltassem homenagens na França, além de convites de todo o mundo. Acontece que até naqueles momentos de glória Santos-Dumont era um homem amargurado - a mesma amargura o levaria a pôr fim à vida em 1932, em um hotel do Guarujá, no litoral paulista.
Hipersensível de temperamento e franzino de corpo (sua altura é dada entre 1,52 m e 1,58 m conforme seus biógrafos), Santos-Dumont nasceu em uma família muito rica, o que o poupou, para o bem ou para o mal, da tarefa de ganhar o pão. Seu pai, Henrique Dumont, filho de imigrantes franceses, era um engenheiro ousado, que rasgou estradas e túneis pelos sertões, antes de se tornar o "rei do café", em São Paulo, introduzindo métodos modernos na cafeicultura. A mãe, Francisca Santos, descendia de uma abastada e tradicional família mineira de Ouro Preto. O menino Alberto, sexto filho do casal, nasceu em 20 de julho de 1873, no sítio Cabangu, no distrito de Palmira, hoje a cidade que leva o seu sobrenome, em Minas Gerais.
Desde o início, na fazenda Arindeúva, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde se criou, Alberto via-se derrotado pelos irmãos e primos em tudo que se referisse a capacidade física. Escapou pelo lado da imaginação, devorando as mirabolantes aventuras de Júlio Verne e exercitando, nas máquinas da fazenda, sua espantosa habilidade mecânica. Com Phileas Fogg, o herói de Verne em A volta ao mundo em 80 dias, sonhou, pela primeira vez, em voar. Seu destino estava escrito nas nuvens. Em 1897, subiria pela primeira vez em um balão, em Paris. Deixou um relato emocionado: "Subimos. No mesmo instante o vento parou de soprar. Era como se tivesse se imobilizado, á partida, a corrente de ar, que nos comunicava sua velocidade".
No início da década de 1890, o patriarca Henrique transformou-se numa sombra do quê costumava ser - uma queda do cavalo o deixara aleijado. Em 1891, em busca de tratamento médico, levou toda a família a Paris. Para Alberto, foi a oportunidade de visitar a Exposição Universal e ver pela primeira vez um motor de combustão interna. "Parei diante dele como pregado pelo destino", contaria. De volta ao Brasil, a família Dumont trouxe um Daimler - a marca que, no futuro, ficaria conhecida como Mercedes-Benz. Esse carro a vapor, com fornalha, caldeira e chaminé, que rodou, barulhento e sacolejante, pelas ruas mal pavimentadas de São Paulo, teria sido o primeiro automóvel a chegar à América do Sul.
Pouco antes de morrer, em 1891, o pai emancipou os filhos menores (Alberto estava perto de completar 18 anos) e entregou a cada um sua parte na herança. Ao futuro inventor deu um valioso conselho, que revelava não só que conhecia os atributos do filho como também que não receava contrariar os cânones pelos quais se pautavam as boas famílias da época ao escolher a profissão dos descendentes: "Desista de ser doutor, vá estudar mecânica". Santos-Dumont seguiu o conselho à risca. Foi a Paris.
Ali, a Exposição Universal de 1900 mostrava as últimas novidades industriais e as máquinas mais modernas, firmando a posição da capital francesa na eterna disputa com Londres pelo título de mais importante cidade do mundo. A Torre Eiffel, erguida no Campo de Marte, marcava com ferro e elegância a supremacia da cidade-luz. A Gare du Nord, os jardins do Luxemburgo, as calçadas de Saint-Germain estavam atulhadas de estrangeiros, turistas ou imigrantes; ouviam-se línguas estranhas por todo lado. Ao mesmo tempo, os conflitos sociais e outras mazelas apareciam à luz do dia. O affaire Dreyfus - a injusta condenação por traição de um oficial do Exército de família judaica - quase leva o país à guerra civil. O jovem Alberto Santos-Dumont estava alheio a tudo, porém.
Sua primeira preocupação, logo ao chegar à França, foi comprar um Peugeot de 3 HP. Depois experimentou os mototriciclos. E descobriu os balões. Ver subir os balões era a grande diversão dos parisienses naquele fin de siècle. Mas Santos-Dumont queria mais do que ver - e tinha os meios para isso. Por 250 francos, voou durante duas horas num balão de 750 metros cúbicos da dupla Lachambre e Mechuron. "Tudo se me apresentava muito simples e muito fácil. Não senti vertigem nem medo", relataria mais tarde. Depois disso dividia seu tempo entre passeios em balões - mais de trinta ascensões só em 1898 - e corridas de automóvel, de que participava e chegou a organizar.
Por fim, projetou e encomendou a Lachambre um balão: 6 metros de diâmetro, formato esférico, invólucro de seda japonesa envernizada, com capacidade para 113 metros cúbicos de gás, pesando 14 quilos. A rede, que em outros balões chegava a pesar até 50 quilos, nesse tinha pouco menos de 2; a barquinha, geralmente de 20 quilos, pesava seis; a corda de compensação, equivalente à linha nas pipas, com 100 metros de comprimento, pesava 8 quilos e havia ainda uma âncora de 3 quilos. Era o primeiro balão de Santos-Dumont, "o menor, o mais lindo, o único que teve nome, Brasil", como ele declamaria.
Em Paris circulavam as maiores celebridades - Thomas Edison com suas lâmpadas e fonógrafos, Henry Ford com seus motores a explosão, Guglielmo Marconi com o telégrafo sem fio. Louis Lumière projetava filmes em telas gigantes, Sigmund Freud dissertava sobre a histeria. Charles Darwin tinha estado lá. Pierre e Marie Curie pesquisavam o radium. Degas, Renoir, Cézanne, Matisse e até um certo jovem espanhol chamado Pablo Picasso podiam ser encontrados nos cafés. Pois mesmo nesse universo de estrelas Santos-Dumont ficou famoso da noite para o dia. Seu panamá desabado virou moda, o cabelo repartido ao meio foi imitado. Ainda assim, era um homem tímido e taciturno.
Sua idéia era combinar um balão com motor a explosão e conduzir o aparelho, em vez de deixar que o vento o levasse. Aperfeiçoou um pequeno motor a gasolina e o instalou no novo balão, o Santos-Dumont n° 1, SD-1. Em setembro de 1898, leva-o ao Jardim da Aclimação, tenta subir contra o vento e passa o vexame de bater nas árvores. Seguiram-se os balões números 2 e 3 e assim por diante, cada um com uma inovação. Já consagrado entre os aeronautas, Santos-Dumont comprou um grande terreno em Saint-Cloud, na periferia de Paris, onde construiu hangar e oficinas. 
Toda Paris falava desse pequeno, magro, bigodudo, intrépido brasileiro. Suas proezas enchiam de orgulho os compatriotas, às voltas, deste lado do Atlântico, com um país já sem escravos e com um novo regime político, a República. A princesa Isabel, exilada na França, envia a Santos-Dumont uma medalha de São Bento, como proteção contra acidentes. Ele passa a usá-la numa pulseira. Daí a origem de uma de suas idéias de maior sucesso, o relógio de pulso, que mandou fazer na famosa Casa Cartier. Em 1904, já tinha colecionado aventuras aéreas suficientes para contá-las em um livro, escrito em francês, naturalmente: Dans l´air.
Santos-Dumont era um inventor de talento com alma de esportista. Assim, dispôs-se a vencer o grande desafio aos balonistas, constituído pelo Prêmio Deutsch de la Meurthe: 100 mil francos para quem fosse capaz de subir em Saint-Cloud, circunavegar a Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida, em até 30 minutos. Em julho de 1901, tentou vencer a prova com o SD-5, mas, empoleirado no selim de bicicleta de seu aparelho, colidiu com um telhado da praça do Trocadéro, no centro de Paris. O balão explodiu, mas Santos- Dumont escapou ileso. Três meses depois contornava a Torre Eiffel e recebia o dinheiro do prêmio, que tratou de distribuir entre seus auxiliares e os pobres da cidade. No Rio de Janeiro e em São Paulo, a notícia foi recebida com um entusiasmo de copa do mundo. "Santos-Dumont, o pioneiro dos ares", cumprimenta-o Thomas Edison, a quem o aeronauta considera, por sua vez, "o maior gênio da humanidade". Pleno de entusiasmo, o brasileiro constrói mais de dez dirigíveis. Só o SD-8 jamais existiu - Santos-Dumont, supersticioso ao extremo, abominava, ninguém sabe por que, o número 8 e as notas de 50 francos.
Com o SD-9, conhecido como Balladeuse (compositora de baladas) ia de um lado a outro de Paris; certa vez, pousou no centro da cidade, desceu com seu terno de riscas, colarinho alto, gravata impecável, e foi sentar-se num café. A capital delirava com seu balonista predileto. Um dia, o próprio Júlio Verne foi cumprimentá-lo. O menino de Cabangu ficou encantado - sentia-se o próprio Phileas Fogg, pronto para vôos fantásticos.
Em 1903 veio ao Brasil e foi recebido no Rio como herói nacional. Seu navio foi escoltado por embarcações embandeiradas, espocaram foguetes, soaram os sinos. O Brasil vivia um surto de modernização e ninguém melhor que Santos-Dumont encarnava os novos tempos. "A Europa curva-se ante o Brasil", exultou o poeta Eduardo das Neves, cunhando uma patriotada que seria motivo de galhofa décadas depois. O Rio de Janeiro possuía, em 1903, 700 mil habitantes e seis automóveis (com chauffeurs contratados a peso de ouro na Europa), e não ignorava as últimas invenções que o cinema, outra novidade, se encarregava de popularizar. Por sua vez, o homenageado olhava tudo com desconforto: suas reservas emocionais pareciam rondar o vermelho.
As experiências com o 14 bis, marco decisivo na trajetória de Santos-Dumont e na antiqüíssima aspiração do homem para se firmar no espaço foram iniciadas em julho de 1906. No primeiro projeto, o avião estava acoplado ao balão SD-14 - daí o nome 14 bis. O modelo tinha 12 metros de envergadura e 10 de comprimento. Era um biplano formado de seis células de bambu e juntas de alumínio. O conjunto pesava, incluindo o aviador, cerca de 220 quilos. O motor a gasolina, com 16 cilindros, tinha a potência de 24 HP, depois aumentada para 50. Santos-Dumont desatou o aparelho do balão e o atrelou a um burrico - a idéia era fustigar o animal para que corresse pela pista. Mas, finalmente, decidiu decolar com a força do motor.
Depois de alguns testes, Santos-Dumont candidatou-se a dois prêmios do Aeroclube da França. Na primeira prova, aquela que os juízes não cronometraram, o estranho pássaro e seu tripulante subiram a uma altura entre 2 e 3 metros e voaram a distância de 60 metros. Na segunda, subiram 4 metros e percorreram 220 metros em 21 segundos. Em contraste com a façanha reivindicada pelos irmãos Wright, os vôos do brasileiro foram públicos. O Aeroclube da França até ergueu um monumento em honra a seus recordes.
Um parêntese é necessário para recolocar a interminável questão do mais pesado que o ar: na virada do século, os céus de Paris estavam povoados de balões, enquanto no solo um punhado de inventores tentava subir com todo tipo de engenho. Mesmo naquele memorável 12 de novembro de 1906, Santos-Dumont por pouco não termina a prova em segundo, pois o piloto Louis Blériot, que em 1909 seria o primeiro a cruzar o canal da Mancha, deveria voar antes do brasileiro - mas seu enorme biplano não saiu do chão. Só então houve os gestos famosos, registrados para a posteridade no filme da Pathé: Santos-Dumont acena pedindo que a multidão se afaste. E pode-se perceber claramente o momento em que grita: "Larguem tudo!"
Depois de algumas experiências com o SD-15, com o qual pretendia vencer a prova de vôo de 1 quilômetro em circuito fechado, Santos-Dumont construiu seu terceiro e último avião, o Demoiselle (senhorita). Pequeno e elegante, fazia jus ao nome. Era um monoplano com superfície de seda. A fuselagem, feita inicialmente de bambu, tinha 6 metros de comprimento, com o leme adaptado na cauda. Oito vezes menor que o 14 bis, o Demoiselle pesava apenas 120 quilos, incluindo os 50 do piloto. Com esse avião ele se divertiu pousando nos parques dos castelos e casas de campo. Mas logo se fartou de tudo. Em 1909, Santos Dumont tinha 36 anos e sua vida criativa estava encerrada.
Ele mergulhara na aventura movido pela paixão de experimentar os limites do homem e pelo prazer de mexer com máquinas. Milionário, empolgava-se com as corridas de automóveis e as provas aéreas, mas não estava disposto a transformar seu prestígio em negócios. Nem sequer tirou patente de seus inventos. Preferiu entregá-los à humanidade e permitir que outros comercializassem seus aviões. "O sr. Santos-Dumont não constrói nem deseja construir aeroplanos para vender", espantava-se o jornal Le Matin, em 17 de Setembro de 1910. Uma explicação pouco caridosa para tal desprendimento diria ter sido ele causado por uma esclerose múltipla, que se agravou a partir de então.
Nos oito anos seguintes, Santos-Dumont, com os nervos em frangalhos, dedicou-se a intermináveis viagens. Em 1918, decidiu construir uma casa em Petrópolis, transformada depois em museu, contando com a tranqüilidade da serra fluminense. A residência, que ficou conhecida como "A encantada", escreve Gondim da Fonseca, um de seus biógrafos, "é um documento alarmante de superstições". A escada, por exemplo, construída com meios-degraus, só permite iniciar a subida com o pé direito.
Volta para a Europa em 1924, mas os nervos o obrigam a passar longo tempo internado em um sanatório suíço. Decide então regressar ao Brasil. Mas a desgraça o aguarda. O hidroplano Santos-Dumont, com um grupo de intelectuais a bordo que pretendia homenageá-lo, cai no mar e todos morrem. Santos-Dumont entra em profunda depressão. Desde a Primeira Guerra Mundial, aliás, ele se sentia culpado pelo morticínio acarretado por sua invenção. Em 1914, tinha dirigido um apelo à Sociedade das Nações propondo inutilmente a proibição do uso militar de máquinas voadoras. Não obstante, alistou-se como motorista no Exército francês.
Por ter deixado de apagar as luzes durante um blecaute, foi acusado de espionagem. Desfeitas as dúvidas, as autoridades pediram desculpas, mas o incidente o deixou abalado. Ele, que sempre fora solitário, tornou-se quase recluso. Jamais se casou, apesar de relatos de aventuras com coristas e damas da sociedade. Seu implacável biógrafo Gondim da Fonseca sustenta, porém, que Santos-Dumont morreu virgem.
Em 1929, voltou à França para receber a Legião de Honra, a mais alta condecoração do país. Dois anos depois, um sobrinho - Henrique Dumont Villares - foi buscá-lo e o levou para um hotel de luxo no Guarujá, a 70 quilômetros de São Paulo. No dia 9 de julho de 1932, explodia a revolta constitucionalista em São Paulo contra o governo Vargas. Santos-Dumont, emocionado com a rebelião, escreve seu derradeiro "apelo de quem sempre visou a glória de sua pátria dentro do progresso harmônico da humanidade". Mas não suportou ver, da janela do hotel, os aviões federais que iam bombardear forças paulistas. No dia 23, seu corpo foi encontrado enforcado no banheiro do hotel.

Proeza sem testemunhas.

Em meados de 1904, os irmãos Orville e Wilbur Wright convocaram a imprensa para exibir um invento espetacular: o avião. A imprensa compareceu ao campo de provas em Kitty Hawk. um lugarejo perdido no Estado de Ohio, no nordeste dos Estados Unidos. O motor falhou, porém, e a demonstração foi suspensa. No dia seguinte, os jornalistas voltaram e o motor falhou novamente. Em 9 de setembro de 1904, enfim, Wilbur conseguiu voar. Em 14 de novembro percorreu quase 5 quilômetros em um vôo de 5 minutos. Uma lástima que ninguém tenha testemunhado tais proezas.
Há um terceiro vôo na carreira desses intrépidos inventores - às 10h35 do dia 17 de dezembro de 1903, Orville pilotou o primeiro aparelho mais pesado que o ar a sair do chão. Também dessa vez não houve testemunhas, mas os Wright distribuíram uma foto do acontecimento. "Uma foto, o que prova uma foto ?", protestava Santos-Dumont sempre que a questão surgia em seu caminho. Esses três vôos, cujas únicas evidências são uma foto e as palavras de seus autores, desafiam o pioneirismo de Alberto Santos-Dumont. Como os Estados Unidos apóiam oficialmente a pretensão dos Wright, em muitos compêndios o brasileiro é citado como "o primeiro homem a voar na Europa".
Em 1907, Wilbur empacotou seu avião - Orville estava no hospital, restabelecendo-se de um grave acidente - e foi à Europa tentar a sorte. Mas demorou a voar, pois exigia 250 mil dólares pela demonstração e não encontrou ninguém disposto a pagar tamanha fortuna. Há sérias dúvidas sobre a natureza de seus vôos. "Os irmãos Wright inventaram o avião, mas esqueceram da decolagem, zombava Edouard Boudariat, um pioneiro da aviação francesa. De fato, a 8 de agosto de 1908, o aeroplano dos americanos voou, afinal, em Le Mans, percorrendo quase 300 metros. Tratava-se de um novo recorde e mereceu grande publicidade. Mas, naquele momento em que já havia tantos aeroplanos no ar, o aparelho dos Wright ainda precisava de uma catapulta para decolar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Revolução a bordo - Avião A320

REVOLUÇÃO A BORDO - Avião A320



Pilotar o A320 parece tão fácil como brincar de videogame. O mais moderno avião de passageiros do mundo tem controles eletrônicos do nariz até a cauda. Usa compostos de fibra de carbono no lugar de metais. Cada pedaço do aparelho vem de um país diferente da Europa.

Qual a diferença entre sentar-se na cabina de comando de um jato capaz de transportar até 180 passageiros e 5,5 toneladas de carga por pelo menos 4 mil quilômetros ( como de Porto Alegre e Natal ou de Manaus e Curitiba) e instala-se diante de uma tela de TV para brincar com um simples aparelho de videogame? Sob um único aspecto, a reposta é - nenhuma. Pois o jato em questão, o Airbus modelo 320, ou A 320 , como é chamado, é o primeiro avião comercial do mundo com um sistema de pilotagem totalmente eletrônico. Por isso, mas não só por isso, esse birreator que deve entrar este mês em operação na Europa inaugura uma nova etapa na arte, ciência e tecnologia de voar - de fato, o A320 é o pioneiro da geração das fantásticas máquinas voadoras que estarão cruzando os céus do planeta na virada do século.
Terceiro filho do consórcio multinacional Airbus Industrie, surgido em 1970, cujos A300 e A310 transportam 200 mil passageiros por dia com uma decolagem a cada 70 segundos pelo mundo afora, incluindo o Brasil, o A320 tem múltipla cidadania - é um pouco francês, um pouco inglês, um pouco alemão e ainda um pouco belga e um pouco espanhol. Ou seja, trata-se de um produto típico da Europa de hoje, onde os sotaques se misturam cada vez mais e as fronteiras importam cada vez menos. Representa a maior revolução na aviação comercial na era do jato desde o aparecimento do supersônico anglo-francês Concorde, na década passada. Mas, ao contrário deste, que já foi descrito como o maior fiasco industrial do Ocidente, o A320 é o aparelho que mais encomendas já teve antes de levantar vôo.
É um troféu da tecnologia. O piloto que toma assento na cabina não lidará com o manche velho de guerra. Em seu lugar, está à sua espera um simples bastão de comando - o side stick controller-, muito semelhante aos controles dos jogos Atari. Localizado não à frente, mas ao lado do painel, o novo sistema dá ao piloto uma visão livre dos instrumentos. Estes, por sua vez, também não são mais aqueles das gerações anteriores - foram redesenhados de forma a eliminar as dúzias de mostradores rotativos que atravancam os painéis dos jatos convencionais. O A320 levou mais longe a inovação experimentada nos A310 fabricados de 1982 em diante. Assim, apresenta apenas seis telas, onde cada informação aparece de maneira clara e em cores vivas.
Além disso, os refinados computadores que governam a aeronave da decolagem ao pouso simplificam de tal forma o trabalho do piloto que lhe permitem funcionar não mais como operador do avião, e sim como monitor do sistema de comando. Ele se decide, com base nas informações à sua frente, por determinada manobra; os computadores conferem se a ordem é adequada e, ao cumpri-la, procuram ainda aperfeiçoar a manobra. No A320, se o piloto e o co-piloto perderem a cabeça, os cérebros eletrônicos conservarão o juízo - e o avião no ar. A eficiência dos sistemas de computação eliminou a figura do engenheiro de bordo, encarregado de controlar o funcionamento dos aparelhos em vôo. No comando do A320, três é demais.
Dois sistemas vigiam o equipamento da aeronave, de olho em qualquer mínima falha. E mais: registrado um defeito, os sistemas emitem automaticamente uma mensagem que alcançará o setor de manutenção da companhia aérea na escala mais próxima, para a preparação do conserto e eventual troca de peças enquanto o avião ainda está nas alturas. Ao pousar, perde-se menos tempo no reparo da avaria, o que é bom para os passageiros e melhor ainda para as contas da empresa. Dinheiro, por sinal, era o que os pessimistas menos esperavam ver entrar nos cofres do consórcio Airbus, quando este se propôs a desafiar os gigantes americanos da indústria aeronáutica Boeing e McDonnell Douglas, oferecendo ao crescente mercado internacional uma alternativa em matéria de aviões wide-body para distâncias curtas e médias, silenciosos e econômicos.
Realmente, não se acreditava que um grupo europeu fosse capaz de derrubar a hegemonia americana, inventando um sucessor para o confiável BAC One-Eleven inglês e o elegantíssimo Caravelle francês, ambos irremediavelmente obsoletos. A idéia de uma associação de vários países para conceber e fabricar um novo tipo de avião parecia absurda. Mas pesquisas competentes de mercado e intensivos investimentos em tecnologia acabaram constituindo uma família de aviões apta a conquistar um lugar nos céus. O A320 é o fecho glorioso dessa aventura.
Ele nasceu como nascem quase todos os aviões comerciais. O primeiro passo foi a formação de um grupo de projetos integrado por executivos e engenheiros da empresa fabricante. No caso da Airbus Industrie, isso significou a participação de representantes dos quatro membros do consórcio - Aerospatiale (França), British Aerospace (Inglaterra), MBB (Alemanha), CASA (Espanha) -e ainda da empresa belga Belairbus, que se associou ao projeto do A320. A tarefa do grupo era estabelecer as medidas vitais do novo produto: tamanho, peso, altura, envergadura e mais uma infinidade de dados técnicos. "Foram meses e meses de cálculos e debates, em que nenhum detalhe pôde ficar de fora", explica Frédéric Ribere, diretor de produção do A320 na Aerospatiale.
Moreno, baixo, dono de um olhar perscrutador e de uma eloqüência pontuada de gessos e sorrisos, Ribere é um dos responsáveis pelo sucesso do A320. Aos 45 anos, 22 dos quais dedicados "quase integralmente" à Aerospatiale, ele viu nascer o Caravelle e o Concorde e foi um dos primeiros a apostar no projeto Airbus. A grande atração que a empreitada exerceu sobre ele provavelmente tem a ver com seu temperamento, que combina determinação e gosto pelo risco. Desde muito jovem, quando praticava vôo a vela e caça submarina, sonhava em construir carros de corrida. "A velocidade é meu fraco" confessa Ribere, que antes de entrar na Aerospatiale fez estágio numa fábrica de motores de Fórmula 1.
Para conceber um avião econômico, o grupo de projetos achou um caminho inovador capaz de reduzir em 18 por cento o peso (logo, também o consumo de combustível) da aeronave: usar materiais compostos de fibra de carbono a fim de substituir, onde fosse possível, as tradicionais estruturas metálicas. Mais leves, mais baratos e de mais fácil manutenção, os compostos de fibra de carbono (material utilizado, por exemplo, em raquetes de tênis) permitiram economizar mais de 600 mil dólares em cada aparelho. Da mesma forma, a substituição do manche pelo side stick controller, além de melhorar a vida do piloto, ajudou a emagrecer o avião.
O manche, é claro, pesa pouco. O que pesa bastante é todo o conjunto de alavancas, barras, porias e engrenagens que compõem o controle mecânico dos aviões - só acionado em casos raros de pane do sistema elétrico. No A32O, o aparato mecânico foi trocado por um afiado sistema de controle eletrônico, chamado FBW, do inglês fly by wire, vôo por cabo, ligado ao side stick por mais de 30 mil fios. Foi outro passo revolucionário. A mudança significou não só um aumento da capacidade do avião equivalente a mais dois passageiros como também uma redução da espessura da fuselagem central, por onde antes passavam as barras.
Tanto melhor para os passageiros: isso permitiu alargar o corredor central do avião e assim eliminar um aborrecimento de todo começo de viagem: a irritante presença do passageiro da primeira fila que bloqueia a passagem durante a eternidade que leva para acomodar seus pertences nos bagageiros superiores. Delineado o projeto base, o calhamaço que o contém embarcou para o chamado escritório de estudos - na verdade, um conglomerado de oficinas, laboratórios e centrais de computação onde o projeto inteiro foi detalhado. A seguir, o A320 foi dividido em cinco fatias principais, cada uma desenvolvida por uma das cinco empresas associadas no projeto.
A British Aerospace, por exemplo, ficou responsável pelas asas. Tecnicamente, não é a parte mais complicada. Mas é a mais importante da carcaça do aparelho. Quando um avião se prepara para pousar, muitos passageiros se espantam ao ver tudo o que sai das asas. Ficariam ainda mais surpresos se soubessem quanta coisa ainda ficou dentro. Os ingleses têm 20 por cento do consórcio Airbus. A francesa Aerospatiale, que tem 37,9 por cento (assim como a alemã MBB), desenvolveu os sistemas de computação, produziu a unidade dianteira da fuselagem, montou e testou o aeronave em vôo. Cada grupo construiu uma exata maquete do avião. Adotando o método proposto pela primeira vez já em 1889 pelo engenheiro Horatio Phillips um pioneiro da aviação inglesa, as maquetes foram testadas num túnel de vento, que reproduz as condições de vôo a grande altitude.
Nessa fase, muita coisa do projeto base foi alterada. Alongaram-se ligeiramente as asas, por exemplo, para ganhar maior autonomia de vôo, com ligeiro sacrifício do limite de velocidade. Uma infinidade de cálculos, ajustes e correções antecedeu o sinal verde para a construção do protótipo, a ser testado em vôo real. Tudo é feito com o auxílio de portentosos computadores, num processo conhecido como computeraided design, mediante o qual, um a um ou em conjunto, os componentes do avião são projetados até o último detalhe em questão de segundos. Não faz muito, na década de 60, os desenhos dos aviões eram produzidos em tamanho real, consumindo centenas de metros de papel e milhares de horas de trabalho.
"Naquela época, os computadores eram utilizados só para grandes cálculos", lembra Jacques Herubel, 52 anos, engenheiro-chefe do grupo de estudos da Aerospatiale, sediada em Toulouse, cidade de 500 mil habitantes no Sul da Franca. Baixo e calvo os pequenos olhos azuis escondidos por óculos de grossas lentes, Herubel parece viver sempre sob grande tensão. No entanto, para os mais de cem engenheiros (a maioria com menos de 40 anos) que trabalham sob sua batuta, ele é um chefe afável e paciente, que mantém com eles uma relação paternal. Pai de quatro filhos - o mais velho, com 23 anos, também engenheiro aeronáutico -, Herubel é igualmente um dos pais do sistema de controle computadorizado do A320.
Formado pela escola do Concorde, cujo desastre comercial é sua maior frustração, Herubel entende de computadores como poucos na Aerospatiale - e detesta calculadoras eletrônicas. "Em vez de exercitar a mente, a informática contribui para atrofiála", queixa-se ele, entre um e outro cálculo na ponta do lápis enquanto não vê a hora de chegar o domingo dia de esfriar a cabeça e exercitar a voz cantando num coral. A maior dificuldade na construção do protótipo é o caráter artesanal da operação. Aliás, na aviação comercial não se fabrica um protótipo, mas vários, para tirar dos testes tudo o que podem dar. Assim também se passou com o A320. E seus testes revelaram um consumo de combustível 62 por cento inferior ao trirreator americano Boeing 727-200.
Antes ainda de receber o certificado oficial de vôo, o A320 começou a ser fabricado em escala - na mais moderna linha de montagem do mundo, com alto nível de automatização, implantada em Toulouse. Na verdade, ele voa antes mesmo de ser montado. As diversas partes do aparelho - fabricadas em lugares tão diferentes como Chester, na Inglaterra; Bremen, na Alemanha; e Sevilha, na Espanha-chegam a Toulouse a bordo de enormes aviões de carga, que os técnicos espanhóis chamam de "pássaros grávidos" e os ingleses super guppies (supercomilões). Quem supervisiona as sete etapas de montagem final do avião é o diretor Jean Béué, funcionário da Aerospatiale desde 1964.
Esse engenheiro de produção de 48 anos já acompanhou a montagem de mais de mil aviões de vários tipos e conhece cada pedacinho do A320 como a palma da mão. Ele só não sabe pilotar - nem é muito chegado a viagens. Passa as férias na casa de campo, onde se dedica de corpo e alma à jardinagem - um hábito um tanto curioso para quem pretendia ser professor de Educação Física e chegou a integrar a equipe campeã nacional de rúgbi na França. O dinamismo com que Béué dirige os 150 engenheiros, técnicos e mecânicos da linha de montagem será ainda mais necessário a partir do próximo ano, quando a Aerospatiale aumentar as instalações para acelerar a entrega do A320. O ritmo de oito aviões prontos por mês - nunca antes alcançado na Europa - foi fixado para dar vazão às encomendas vindas de muitas partes do mundo. (Do Brasil não chegou nenhum pedido.) Pois, mesmo antes de sair do chão, o A320 bateu um recorde: 461 encomendas.

A-320
Os números do superavião

Comprimento: 37,6 metros
Altura: 11,8 metros
Envergadura: 33,9 metros
Altura da cabina: 2,2 metros
Largura da
cabina: 3,7 metros
Capacidade máxima de assentos: 176 passageiros
Configuração normal (duas Classes): 150 passageiros
Peso máximo na decolagem: 72 toneladas
Peso máximo no pouso: 63 toneladas
Capacidade máxima de combustível: 22,9 toneladas
Comprimento de pista para decolagem: 1 433 metros
Comprimento de pista para pouso: 1 341 metros
Velocidade máxima de cruzeiro: 1003 km/h
Velocidade de cruzeiro em longas distâncias: 966 km/h
Autonomia máxima de vôo: 5 500 quilômetros
Preço: 32 milhões de dólares

Técnica nova até nos testes
Antes de ficar livre para voar, uma aeronave deve provar que tudo nela funciona, em centenas de horas de testes? em condições muito mais difíceis do que na vida real. Antes do A32O, nos testes de aviação civil era preciso aguardar a volta do avião, estudar a fita magnética onde os resultados das provas são registrados, conferir o diário de bordo do engenheiro de navegação - e só então analisar os parâmetros medidos durante o vôo. Em Toulouse, isso é história antiga. A fim de ganhar tempo? a Aerospatiale investiu cerca de 10 milhões de dólares numa técnica até então só utilizada em testes de aviões militares: o acompanhamento do vôo por telemetria.
O sistema" que transmite as mensagens em tempo real via satélite, funciona de maneira semelhante ao empregado pela NASA nos testes espaciais. Todas as informações reunidas pelos computadores de bordo são transmitidas para uma central de telemetria, onde são analisadas pelos seis engenheiros e um chefe de escuta. Em Toulouse, esse chefe é Jacques Moncourrier, ex-navegador da Armada francesa, onde serviu por mais de vinte anos. Apaixonado por engenhos mecânicos e eletrônicos desde criança, quando seu brinquedo predileto era desmontar e remontar aparelhos de rádio, Moncourrier não teve dificuldade em instalar o sistema de telemetria na Aerospatiale. Sob sua orientação, a companhia montou um equipamento de visualização gráfica de medidas que pode ser usado mesmo por engenheiros não familiarizados com essa forma de apresentação de dados. "Graças à telemetria", orgulha-se Moncourrier, "a duração dos testes do A320 foi abreviada em três meses."


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