Comida que ilumina - as batatas como fonte de geração de energia elétrica
Você sabia que uma única batata é capaz de gerar energia suficiente para manter uma lâmpada funcionando por até 40 dias?
Com base nos princípios da bioeletricidade, uma equipe liderada por um pesquisador da Universidade Hebraica de Jerusalém vem trabalhando com batatas com o objetivo de ajudar pessoas sem acesso à rede de energia elétrica.
Para produzir uma “bateria orgânica”, precisamos de duas chapas de metal — uma que funcionará como ânodo (ou polo negativo) e a outra como cátodo (polo positivo) —, e podemos usar zinco e cobre para isso. Também precisaremos de fios e uma lâmpada de LED, além da batata, é claro. O ácido presente no tubérculo reage quimicamente com os metais, e a liberação de energia ocorre quando os elétrons fluem do cobre para o zinco.
Ao analisar 20 espécies diferentes de batatas para conferir sua resistência interna e compreender como produzir mais energia, os cientistas descobriram que ferventar os tubérculos por apenas oito minutos produz a quebra de seus tecidos orgânicos que, por sua vez, resulta na redução da resistência e permite que os elétrons fluam com mais facilidade, produzindo mais energia. Além disso, a equipe também descobriu que fatiar as batatas em 4 ou cinco pedaços — e colocar placas de zinco e cobre entre eles — pode aumentar sua eficiência energética em até 10 vezes.
Os pesquisadores concluíram, ainda, que uma única bateria feita de batata seria capaz de gerar energia a um custo estimado em US$ 9 (cerca de R$ 22) quilowatt/hora, ou seja, 50 vezes menor do que a energia produzida por uma pilha alcalina de 1,5 volt — e seis vezes mais barato do que o uso de lâmpadas de querosene. No entanto, se as batatas podem ser utilizadas como fonte de energia economicamente acessível, por que 1,2 bilhão de pessoas no mundo continuam sem energia elétrica?
Para os pesquisadores, basicamente, o uso das baterias não foi adotado ainda por pura falta de divulgação do projeto junto a organizações e governos de países menos desenvolvidos. Contudo, segundo apontou a BBC, o uso de alimentos para outro fim que não seja o de saciar a fome é uma questão bastante polêmica, e primeiro é necessário avaliar se existem batatas suficientes para a alimentação.
Conforme explicou Olivier Dubois, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, o projeto seria impraticável em alguns países, citando o Quênia como exemplo, onde a batata é a segunda fonte de alimento do país, vindo apenas depois do milho. E, além dessas questões, existe ainda o aspecto relacionado com a percepção e o valor que os consumidores agregarão ao uso de tubérculos como fonte de energia.
Afinal, por ridículo que pareça, existe a possibilidade de que as pessoas resistam à ideia de “exibir” aos vizinhos suas belas luminárias feitas com batatas. Mas isso não significa que o projeto deva ser engavetado: já existem estudos relacionados com o uso de alimentos abundantes em determinadas regiões para a criação das baterias orgânicas, e quem sabe os pesquisadores não descubram uma forma de mudar a percepção das pessoas com respeito a essa inovação?
FONTE: Mega Curioso
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