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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Cães assassinos - uma das principais “armas” dos espanhóis na conquista da América


Cães assassinos - uma das principais “armas” dos espanhóis na conquista da América


Cães da raça Alano eram verdadeiros assassinos no campo de batalha. Eram tão eficazes que alguns recebiam até salário como soldados.

segunda-feira, 24 de março de 2014

E a serra quase levou - Florestas Americanas


...E A SERRA (QUASE) LEVOU - Florestas Americanas


Consciência planetária, desenvolvimento sustentado, ambientalismo. Até bem pouco tempo, os governos do mundo não ligavam para isso. Mesmo os Estados Unidos, país que hoje se destaca na vigilância ecológica, quase dizimaram suas matas originais. Agora, ainda não descobriram a melhor maneira de preservar o que resta.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Antropólogos buscam no México os primeiros habitantes da América


Antropólogos buscam no México os primeiros habitantes da América

Imagem de 1º de agosto de 2009 mostra esqueletos na caverna de La Sepultura, no México (Foto: Inah/AFP)

Trinta ossadas de até 12 mil anos a.C. são analisadas por cientistas.
Estudos de crânio, DNA e radiocarbono vão ajudar a comprovar teoria.

Um grupo de cientistas mexicanos e espanhóis pesquisa cerca de 30 ossadas humanas encontradas em uma caverna no estado mexicano de Tamaulipas, na fronteira com os EUA. Os esqueletos poderiam estar relacionados com os primeiros habitantes da América, informou em comunicado o Instituto Nacional de Antropologia e História (Inah) do país.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Uma Universidade no Far West - Stanford


UMA UNIVERSIDADE NO FAR WEST - STANFORD



Radares, tomógrafos, quarks, Engenharia Genética e outras maravilhas científicas e tecnológicas deste século nasceram, em boa parte, nos laboratórios ou no cérebro dos cientistas de Stanford, um dos grandes centros da pesquisa mundial. Fundada há 100 anos pelo esforço de um ex-senador e magnata das ferrovias, numa época em que a Califórnia, nos Estados Unidos, era ainda um lugar despovoado e semi-selvagem, ela tornou-se uma universidade no far west

sábado, 26 de janeiro de 2013

Colombo - Herói (ou vilão?) do Novo Mundo


COLOMBO: HERÓI (OU VILÃO?) DO NOVO MUNDO



Às vésperas do quinto centenário de sua até recentemente gloriosa viagem, uma onda revisionista ameaça sua imagem. De descobridor passa a conquistador e, para muitos, agressor.

sábado, 22 de dezembro de 2012

De onde surgiu o mito do desaparecimento dos maias?


De onde surgiu o mito do desaparecimento dos maias?


Lenda de 'sumiço' de civilização ganhou vigor devido a interpretações apocalípticas de dois de seus monumentos.

A teoria do desaparecimento dos maias é tema de livros, documentários e inúmeros debates. Mas há um pequeno problema: não é correta.

Os maias são a segunda principal etnia indígena do México, depois dos nahuas. Em Yucatán, Estado no sul do país, constituem 80% da população, e há comunidades em Belize, Guatemala, Honduras e El Salvador.

São indígenas como Juan Bautista, que trabalha há 51 de seus 63 anos em um pedaço de terra que pertence a sua família há várias gerações e onde criou quatro filhos e três filhas - todos nascidos com parteira - e lhes repassou seus conhecimentos sobre os ritmos da semeadura e da colheita.

Juan Bautista, que compreende o espanhol, mas prefere falar no idioma maia, se surpreenderia se alguém lhe dissesse que milhões de pessoas pensam que ele e sua etnia não existem.

O mito do desaparecimento dos maias é tão grande que quando o novo Museu Maia de Mérida - capital de Yucatán - fez uma pesquisa sobre esse grupo indígena, a pergunta que surgia vez por outra era 'Por que desapareceram?'.

O redescobrimento
O interesse pela civilização maia ganhou novo vigor nos últimos anos devido a algumas interpretações apocalípticas de dois de seus monumentos, nos quais se fala do fim de uma era no dia 21 de dezembro.

E com o renovado interesse, ganhou força novamente a lenda de seu desaparecimento. Uma parte fundamental desta lenda é que, quando os exploradores e conquistadores europeus chegaram à zona maia, encontraram muitos dos assentamentos e antigas cidades abandonados e em ruínas.

Isso criou a falsa visão de que o povo maia havia desaparecido sem deixar rastros.No entanto, a ideia também parece emanar do momento em que a cultura maia foi 'redescoberta' no século XIX por viajantes europeus como os ingleses Frederick Catherwood e John Loyd Stephens.

'Eles veem as maravilhas das cidades maias e se perguntam 'onde estão esses antigos habitantes?'. E pensam que desapareceram', diz Daniel Juárez Cossio, funcionário da Sala Maia do Museu Nacional de Antropologia do México.

'Na minha opinião, é uma falta de interesse em reconhecer as comunidades indígenas que são as herdeiras de toda essa tradição.'

'Degenerados'
Mas não foram só os visitantes estrangeiros que não reconheceram a existência dos indígenas. O arquiteto e museólogo José Enrique Ortiz Lanz - que projetou o museu de Mérida - lembra que o destacado intelectual mexicano do século XIX Justo Sierra O'Reilly dizia que não era possível que uns 'degenerados' - como se referia aos maias de sua época - tivessem construído monumentos tão esplêndidos.

Talvez por trás do desprezo de Sierra O'Reilly também houvesse temor. Na época - 1847 - começava o que agora se conhece como a 'guerra das castas', um levante de indígenas maias contra brancos e mestiços na península de Yucatán.

Neste mesmo ano, Sierra O'Reilly viajou aos EUA para pedir ajuda para controlar o levante armado, ajuda que não conseguiu. O conflito se prolongaria até 1901.

Um pouco de verdade
Mas o desaparecimento dos maias, como quase toda a lenda, tem um pouco de verdade. Segundo Cristina Muñoz, socióloga que faz um trabalho de base com comunidades maias em Yucatán, 'sem dúvida houve uma decadência de algumas zonas'.

No entanto, o que lhe parece assombroso é que tenham conseguido controlar um território tão vasto - do sul do México ao território atual de El Salvador - quando não tinham o conceito de monarquia única.

'No momento da invasão (espanhola), havia 16 senhorios', diz Muñoz. A desintegração política é chave, mas Daniel Juárez Cossio acredita que os motivos da decadência são múltiplos.

'Não há um só fator. Para explicar em termos atuais, a referência poderia ser a queda do Muro de Berlim. Isso significou, para o nosso mundo ocidental, o colapso de certas ideologias, mas aí estão os alemães, os russos, os americanos...Os sistemas políticos caem por questões econômicas, ambientais, etc.'

E o tema ambiental parece ter sido chave nesse colapso da civilização maia. 'Fenômenos naturais como o El Niño não são exclusivos do nosso tempo, são conhecidos desde a antiguidade', diz.

'Por exemplo, vemos os estragos que o furacão Sandy provocou em Nova York, apesar de toda a tecnologia existente e formas de antecipar e mitigar os riscos. Imaginem um furacão dessas dimensões no mundo pré-hispânico.'

Os Bálcãs maias
O especialista do Museu Nacional de Antropologia faz ainda outra comparação com o mundo atual: 'Os maias eram um povo bélico. Vemos, por exemplo, a quantidade de emigração provocada pelos conflitos nos Bálcãs. Foi isso que ocorreu no mundo pré-hispânico, não são fenômenos novos nem diferentes'.

Essa 'balcanização' dos maias foi o que os espanhóis encontraram quando chegaram à região. '(Na época) Há uma batalha entre (as cidades de) Chichen Itzá e Mayapan pelo poder econômico, pelas rotas comerciais... O que ocorre é uma queda desses sistemas políticos, e estavam buscando novas formas de organização social', diz.

'O que os espanhóis encontraram foram povos indígenas divididos, brigando pela hegemonia.' Entretanto, alheio à história e às dúvidas de milhões, Juan Bautista segue ensinando a seus filhos os segredos da terra no idioma maia.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Maias, O Fim do Mistério - Antropologia


MAIAS, O FIM DO MISTÉRIO - Antropologia



A escrita desse povo, agora quase toda decifrada, promete elucidar mais de 1000 anos de sua nebulosa história, mascarada por lendas e preconceitos no passado

Os pântanos e florestas que cobrem boa parte da América Central abrigam, nos dias de hoje, alguns dos povos mais pobres e atrasados do mundo. O retrocesso dos últimos séculos, no entanto, é enganador. Ele interrompeu uma épica saga de nada menos que três milênios, ao longo dos quais ocorreu um dos raros momentos da história da humanidade em que inúmeros povos vizinhos subitamente despontam para a civilização. O testemunho mais impressionante desse fenômeno, na América, são as ruínas monumentais deixadas pelos maias.Em muitas histórias, ainda hoje, eles são pintados como uma gente meio mágica-que parecia ocupada apenas em adorar deuses terríveis ou em contemplar os astros, base do seu elaboradíssimo calendário. Chegou-se mesmo a especular que sua sociedade não era original da América; em vez disso, teria sido trazida por imigrantes da Antigüidade, vindos do Egito ou de algum outro lugar. Descobertas recentes, no entanto, põem por terra a mística vida maia, pois revelam que suas grandes obras não se limitavam a suntuosos templos e pirâmides, utilizados em rituais de sangue ou no culto aos governantes mortos. Havia também construções de finalidade prática, das quais as mais importantes eram vastos reservatórios que aproveitavam uma concavidade natural do terreno para coletar e armazenar a água da chuva.Tal tecnologia pode ter aberto uma inédita via para a civilização, pois era um meio de irrigar grandes parcelas de terra e, assim, ampliar a produção agrícola. Em outras palavras, significava alimento em quantidade suficiente para grandes populações. Isso foi essencial às grandes experiências históricas do passado-já que, nascidos da união de inúmeros povos, os impérios antigos deviam sua coesão, em grande parte, à capacidade de organizar a distribuição de água. Não por acaso, os faraós surgiram junto ao Rio Nilo; os reis sumérios, entre o Tigre e o Eufrates (onde é hoje o Iraque); e os monarcas chineses, às margens do Yang Tsé.Em diversas áreas da América, a ausência de grandes rios teria levado à bem-sucedida idéia dos reservatórios. Pelo menos é o que se deduz da densa população maia que, no auge, reunia dezenas de milhões de pessoas em povoados que superavam, em número, as antigas aldeias egípcias. Seus núcleos habitados, além disso, concentravam 130 pessoas por quilômetro quadrado -valor equivalente ao do Estado de São Paulo, nos dias de hoje. A expansão cultural desse povo teve inicio a partir do século I d.C.,na região de Tikal, na Guatemala. Aí se erigem as ruínas do mais portentoso conjunto cerimonial maia, dominado por uma monumental pirâmide de 70 metros, tão alta como um prédio de 23 andares.É possível que em torno dela tenha existido uma verdadeira cidade, talvez a maior que esse povo construiu. Atualmente, imagina-se que Tikal foi um mero centro administrativo e religioso, onde viviam, de fato, apenas os soberanos e sacerdotes, enquanto a população residia em aldeias agrícolas, mais ou menos distantes. Mas as ruínas incluem dezenas de construções avantajadas, que, além de santuários, podem ter sido mercados, palácios e residências. O conjunto principal ergue-se numa área de quase 100 quarteirões-em parte coberta por vastas plataformas de pedra de até 10 metros de espessura-, mas a cidade toda era dez vezes maior e cobria um quadrado de 3 quilômetros de lado.Além disso, Tikal possuía, pelo menos, seis grandes reservatórios pluviais, o maior deles com capacidade para armazenar 200 milhões de litros de água. No total, a capacidade era cinco vezes maior, isto é, 1 bilhão de litros ao ano. "Os reservatórios são um indício novo de urna forte urbanização", sugerem os antropólogos americanos Vernon Scarborough e Gary Gallopin, o primeiro da Universidade de Cincinnati e o segundo da Universidade do Estado de Nova York, ambas nos Estados Unidos. O raciocínio dos cientistas é claro: obras dessa magnitude, com centenas de metros de extensão, não poderiam ter sido realizadas por simples camponeses, inteiramente ocupados com o trabalho na terra. Para planejá-las e construí-las, deve ter sido necessário alocar trabalhadores em regime de tempo integral -isto é, homens que viviam na própria Tikal com suas famílias.Alguns desses homens, por outro lado, devem ter formado uma numerosa elite urbana, tão importante na vida hierárquica dos maias quanto a elite dos guerreiros e a dos sacerdotes. Nada disso era sequer imaginado há algumas décadas, o que é compreensível. Na época de sua descoberta, logo após a chegada de Cristóvão Colombo, em 1492, os monumentos maias estavam soterrados por uma vegetação literalmente amazônica e, já então, haviam sido abandonados fazia mais de 1000 anos. E certo que as construções estavam repletas de estranhas palavras, gravadas na pedra, onde poderia estar narrada a história dos seus construtores. Mas isso de pouco adiantava, já que ninguém conseguia decifrar os estranhos símbolos dessa escrita.Acima de tudo, a hostilidade devotada aos maias, desde o princípio, impedia qualquer análise racional da sua vida. Basta ver que muitos dos seus livros foram destruídos por motivos puramente militares-eram queimados para quebrar o ânimo dos nativos e assim facilitar sua conquista pelos espanhóis. Seus costumes, em vista disso, foram sistematicamente estigmatizados -em particular os sacrifícios de sangue, freqüentes em todas as culturas americanas. Nesses assustadores rituais, guerreiros e governantes inimigos, eram mortos a golpes de tacape, em público. Seu coração era, em seguida, extirpado e seu corpo, queimado. Essas práticas estendiam-se à intimidade dos lares onde as pessoas das castas dominantes vertiam, muitas vezes, seu próprio sangue- seu mais precioso bem, oferecido aos deuses em troca de favores.Embora repugnantes, hábitos como esse não significam que a sociedade maia era, de alguma forma, dominada por instintos sanguinários. Nem que o derramamento de sangue fosse o aspecto mais destacado de sua cultura. Em primeiro lugar, porque cultura é um conceito relativo; o que causa repugnância a um povo parece apenas normal aos olhos de outro povo. Depois, porque houve muito exagero, no passado. "Seria um erro pôr muita ênfase nos rituais de sangue", opinam, por exemplo, dois competentes estudiosos da escrita maia, os americanos David Stuart e Stephen Houston, da Universidade Vanderbilt. Eles acreditam que nos próximos anos será possível ter uma idéia mais precisa da sociedade maia, graças aos progressos na arte de decodificar sua escrita. "Metade dos símbolos para as sílabas já foi decifrada."Esses curiosos sinais representam um pequeno grupo de letras-como "wi" e "tsi", componentes da palavra "wits", que significa "colina". Ou como "a", "ha" e "wa", que formam o termo "ahaw", empregado para designar "senhor de terras" ou "governante". Ao lado dos caracteres silábicos, os maias empregavam também formas logográficas, isto é, desenhos completos para representar uma palavra. O termo "senhor de terras", por exemplo, também podia ser escrito com um simples desenho, na forma de uma face. Assim, a comparação das figuras com as palavras abre uma brecha maior para a compreensão de ambos.Ao contrário do que se supunha, os textos maias não são simples fórmulas místicas ou meras narrativas religiosas. Em grande maioria, eles descrevem eventos reais da história da América Central e do México, e podem esclarecer a desconhecida história política da região. Há grande interesse, por exemplo, em desvendar as relações entre Tikal e a cidade de Teotihuacán, que no quinto século d.C., abrigava 150 000 habitantes e era uma das maiores cidades do mundo.Tikal havia surgido 600 anos antes de Cristo, mas sua história remonta a dois e meio milênios antes disso, quando os maias iniciaram sua migração, talvez vindos de tão longe quanto a costa oeste dos Estados Unidos. Nessa época, os primeiros povos a despontar como uma civilização distinta e abrangente foram os olmecas. Mas não está claro se a região chegou a comportar verdadeiros impérios, pois as cidades fundadas durante o primeiro milênio antes de Cristo pareciam ter vida independente.No caso dos maias, os primeiros centros regionais-como Izapa e Kaminaljuyú, estabelecidos na Guatemala -criaram uma fase cultural conhecida pelo nome de Terras Altas. Quando esses centros perderam força, Tikal ergueu-se como um fenômeno marcante. Essa transição ocorreu por volta do ano 300 d.C., sob a égide de um soberano denominado Focinho Curvado, cujos emblemas exibem a imagem do deus Tlalóc, de Teotihuacán. Sabe-se também que o soberano deposto por ele era Garra de Jaguar, ligado às linhagens dominantes das Terras Altas.Portanto, insinua-se aí uma instigante trama política e há diversas outras indicações de algum tipo de aliança entre as linhagens dominantes de Tikal com as de Teotihuacán, talvez como meio de afastar a influência dos centros das Terras Altas. No governo seguinte, de Céu Tempestuoso (entre 426 e 456 d.C.), consolida-se o novo centro de poder dos maias. Nos séculos posteriores, de fato, a arquitetura e arte criada nesse período se espalhariam para leste, com a edificação de templos monumentais em localidades como Uxmal e, especialmente, Chichén Itzá. Foi a idade de ouro dos maias. Ela se encerraria abruptamente, no século IX, mais ou menos quando, ao norte, começava a erguer-se a cultura asteca.Stuart e Houston dizem que alguns textos já decifrados ilustram a intensa atividade política dos maias, nessa região. Eles contam a história de diversas cidades junto ao Lago Petebaxtun, não muito distante de Tikal. "As inscrições revelam que, nesse local, as relações entre as cidades mudaram de amistosas para hostis, e novamente para amistosas, num curto período de apenas quarenta anos."Ainda é cedo para tirar conclusões seguras a respeito dos inúmeros fatos novos levantados pela pesquisa científica. Mas o empenho com que se buscam respostas, atualmente, permite prever uma pequena revolução na história dos maias. Eles ainda somam, hoje, 4 milhões de pessoas, habitantes do México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador-cerca de 4% da população desses países. E possível que o resgate de sua memória perdida, além de ajudar a entender melhor o nascimento da civilização, também abra novos horizontes para o futuro desse povo.

Mesoamérica, há 10 000 anos: berço de civilizações

Diversos povos nômades, há 10 000 anos, começaram a fixar-se na região do México e América Central, onde produziram um dos grandes inventos da pré-história: o milho. Antes disso, esse cereal era um capim cuja espiga de apenas 4 centímetros, depois do cultivo, tornou-se quase dez vezes maior. O plantio fez multiplicarem-se as aldeias permanentes, a partir de 5 000 anos atrás. A primeira grande cultura da região foi a olmeca, que construiu San Lorenzo e La Venta, entre 1200 e 900 a.C. Nos séculos seguintes, na periferia da área olmeca, floresceram cidades como Teotibnacán, numa área cultural de nome tolteca, e Monte Albán, numa área zapoteca. Ao sul, apareceram os mais antigos centros maias: Abaj Takalik, Izapa e Kaminaljuyú. Vieram, mais tarde, Tikal e Palenque e, depois, Chichén Itzá e Uxmal. Decadentes, esses últimos centros duraram até o século 14 d.C. -quando Tenochtitlán, capital do império asteca, já abrigava mais de 200 000 habitantes.


Ciência dos números, palavras e astros

Ao contrário de outros povos que chegaram ao limiar da civilização, os maias não conheciam a roda, o torno de madeira ou os metais, assim como não dispunham de animal de tração. Mas isso. em vez de diminui-los, os engrandece.. "As limitações tornam ainda mais admiráveis suas conquistas em inúmeros outros domínios", opina o arqueólogo francês Paul Gendrop. Ele refere-se, com certeza, à Arquitetura, Matemática Astronomia e escrita. Essa última parece um retrato de como nascem os símbolos. Em certos casos, ela representava as palavras por meio de figuras bem concretas, como, um rosto ou um galho de árvore; no total, existiam cerca de 1 000 símbolos desse tipo. Em outros casos, ela empregava sinais abstratos, como círculos, traços, ou formas mais complicadas.Esse segundo sistema, no entanto, era mais prático, pois as palavras podiam ser escritas com pouco mais de 100 sinais abstratos. Esses eram usados para representar sílabas, nas quais se combinavam cinco vogais e dezessete consoantes. Algumas das palavras mais importantes do vocabulário maia estavam ligadas aos seus dois calendários, onde o ano chamava-se "tún" e os meses "uinals". Num deles, considerado sagrado, o ano tinha 260 dias e era dividido em treze meses de vinte dias cada um. No outro, de uso civil, o ano tinha 365 dias e dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias.Os dois calendários combinavam-se por meio de um incrível sistema astronômico, baseado no período de 584 dias, tempo que o planeta Vênus leva para dar uma volta completa em torno do Sol. De tal modo que, quando Vênus dava 65 voltas, passavam-se exatamente 104 anos de 365 dias e 146 anos de 260 dias. Os maias descobriram que essa coincidência de números inteiros acontecia num período mais curto-em metade de uma volta de Vênus, ou 52 anos civis. Esse período de 52 anos era, por isso, a base das suas datações históricas. A Matemática também estava associada ao calendário e aos astros, pois a numeração não se apoiava no número 10, como atualmente; em vez disso, empregava o número 20, o total de dias do mês. Os seus algarismos eram apenas três: um ponto representava o número 1; uma barra, o 5; e uma oval, o zero.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Onça-pintada - A dona da América


ONÇA-PINTADA: A DONA DA AMÉRICA



Ela é o maior felino das Américas. Tem também outro troféu de dar medo: o da mordida mais poderosa entre todos os grandes gatos, incluindo o leão e o tigre. A onça-pintada é capaz de partir com seus caninos mesmo os maiores ossos, como o crânio de uma anta, ou até cascos de tartaruga. Pode abater uma enorme variedade de presas - e as abate, pois quase nenhum animal escapa à sua voracidade. Fazem parte do menu mais de 80 espécies - há quem afirme que o número chega a 150. Ela se alimenta de jacarés, queixadas, capivaras, pacas, tatus - cutias também -, macacos, catetos, veados, aves, peixes, antas e até touros e búfalos. É uma exímia nadadora, capaz de atravessar até 1 quilômetro de rio atrás de comida ou de companheiros para reprodução, e consegue subir com destreza em árvores. Mas, devido ao porte encorpado e às pernas relativamente curtas, não é uma boa corredora - e prefere a emboscada.

"A onça-pintada é evolutivamente adaptada para encontrar, atacar, matar e se alimentar de sua presa de forma extremamente eficiente", afirma Fernando Azevedo, biólogo da Associação Pró-Carnívoros. "Para isso, ela precisa ter três sentidos bastante aguçados: a visão, a audição e o olfato. Em conjunto, são os responsáveis por seu sucesso em procurar e achar uma potencial presa." Apesar disso, o índice de bom êxito de uma caçada não passa de 10%.

Também conhecida como jaguar - nome de origem tupi mais popular no exterior do que aqui -, a onça costuma estar mais ativa à tarde ou à noite, o que dificulta o trabalho dos pesquisadores em observá-la caçando. "Sua atividade diária é solitária. As únicas fases de sua vida que são compartilhadas com outras onças são o período de acasalamento e a fase em que a mãe cria os filhotes", diz Fernando.

Os bebês ficam com as mães até completarem aproximadamente 2 anos. Durante esse período, a maior lição que aprendem é como caçar de forma eficiente. O aprendizado inicia já bem cedo - com 3 ou 4 meses de idade, as oncinhas acompanham a mãe durante as caçadas. No começo ficam só olhando, para depois começarem a ajudar de verdade. "Os felinos, em geral, têm infância bem maior que os outros animais", afirma Carlos C. Alberts, especialista em felinos da Unesp de Assis. "É durante esse período que eles aprendem as técnicas básicas de predação: escolher a presa, pegá-la, matá-la e prepará-la para ser consumida. A preparação é necessária porque as onças não comem pêlos nem penas. Se o filhote não for criado com a mãe, não saberá caçar." Quase adultos, a mãe os força a procurar o próprio território e achar o jantar sozinhos.

Peter Crawshaw, analista ambiental do Ibama e especialista em onças, teve duas oportunidades de assistir a uma mãe ensinando seus filhotes a caçar. "Em uma das vezes, eles haviam matado três queixadas, cujas carcaças estavam uma ao lado da outra", diz. Na outra, viu um filhotão de quase 1 ano correndo ao lado de um touro, acompanhado da mãe e de outro filhote. "Acredito que ela estava ensinando os filhotes o que não caçar, porque um touro é um animal perigoso", afirma.

Há dois tipos de predadores na natureza: os especialistas e os oportunistas. Os primeiros são aqueles que, como o nome diz, se especializam em determinado tipo de caça - caso dos guepardos, que perseguem quase exclusivamente duas espécies de gazela africana. Já o predador oportunista aproveita toda ocasião que surja para capturar qualquer animal que possa subjugar. "A pintada é um pouco dos dois tipos", afirma Crawshaw. "É oportunista por se alimentar de uma gama variada de presas, de tatus e primatas a sucuris e lagartos. E pode ser considerada especialista porque criou técnicas especiais para caçar determinados animais." No Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, por exemplo, as pintadas predavam mais queixadas do que seria esperado, em relação à densidade do animal no parque. "Isso indica uma preferência por essa espécie."

As onças passam a maior parte da vida em busca de comida. Ingerir entre 5% e 10% de seu peso é uma batalha diária - ou quase, porque, quando comem presas muito grandes, elas podem ficar alguns dias sem se alimentar. "Boa parte do tempo de uma onça é gasto no deslocamento dentro de seu território, no intuito de demarcá-lo, achar comida ou parceiros para reprodução", diz Fernando Azevedo. O território do macho normalmente é maior e tem pontos em comum com o de várias fêmeas - ele pode chegar a 200 quilômetros quadrados.

É dentro de sua área que a onça caça, se alimenta, se acasala. E a defende com unhas e dentes. Literalmente. "Por serem animais de uma constituição física muito forte, as onças evitam o contato físico com outras onças no caso de defesa do território. Uma briga entre elas pode acarretar danos físicos muito graves ou até mesmo a morte", diz Fernando. Isso porque os músculos da mandíbula do animal são muito desenvolvidos e ela tem uma mordida de potência bastante grande - mais ainda que a do tigre ou do leão.

Por causa da força na mandíbula, a onça costuma matar suas presas quebrando o pescoço delas. "Ela insere os caninos, que podem ter até 5 centímetros, entre a primeira e a segunda vértebra da presa. Assim, rompe sua medula espinhal. A morte é instantânea", diz Peter Crawshaw. Em outras ocasiões, ela morde o crânio da presa para matá-la. A forma como a onça agarra as vítimas varia bastante - pode ser pelo focinho, pelas costas, pela garganta ou pela cabeça. Em presas maiores, morde na garganta e mata por asfixia ou golpeia de forma que elas caiam no chão com o peso do corpo sobre o pescoço, quebrando-o.
Normalmente, a onça só come o animal que abateu. Não é comum ela se alimentar de bichos que morreram de causas naturais. "A pintada não precisa se preocupar em defender a carcaça de sua presa, porque não há nenhum outro competidor com ela em seu hábitat", diz Carlos C. Alberts. Vem daí a famosa expressão popular que diz respeito a seu hálito. O felino nem sempre tem um bafo de onça, mas, quando caça animais grandes, pode se alimentar da carcaça por dias. Acontece que a carne em florestas tropicais apodrece logo por causa da umidade. Assim, não tem quem agüente o odor exalado pela boca do felino. Nem quem é amigo da onça.


Dopada, mas não morta


Nem mesmo sedada uma onça perde seu instinto. Em julho de 1991, o biólogo Peter Crawshaw capturou e anestesiou uma onça-pintada no Parque do Iguaçu (PR), para colocar um rádio-transmissor. O processo foi acompanhado por um casal de turistas estrangeiros, que passeava pelo local. No final da tarde, a onça já se recuperava - mas ainda estava tonta - quando o casal resolveu tirar uma foto. O felino se assustou com o flash e arrancou na direção da mulher. Peter, num impulso, se colocou entre as duas. "Felizmente, as pessoas tiveram a presença de espírito de entrarem nos veículos", diz ele - que, depois de momentos angustiantes, fez o mesmo. Por sorte, o biólogo acabou apenas com ferimentos leves. Culpa da imprudência humana.


Fatos selvagens




Nome vulgar

Onça-pintada



Nome científico

Panthera onca



Dimensões

Até 2,60 metros do focinho à ponta da cauda



Peso

Até 160 quilos



Principais armas

A poderosa audição e caninos de até 5 centímetros



Comportamento social

É solitária, exceto na época de reprodução, e tem hábitos noturnos



Ataques a humanos

São raríssimos (o último registrado foi em 2004, na Argentina)



Quanto come

Até 16 quilos por dia



Expectativa de vida

Na natureza, 15 anos



Dieta

Queixadas, capivaras, tartarugas



Principais inimigos

Jacarés e cobras



Se você encontrar uma
Não corra. Olhe-a nos olhos para ela perceber que você a viu - a onça ataca de surpresa


Para saber mais




Na internet
www.savethejaguar.com - Site da Wildlife Conservation Society com informações sobre onças e um link para "adotar" financeiramente animais


quarta-feira, 2 de março de 2011

Brasileiros têm 4º maior consumo de álcool das Américas, diz OMS

12/02/2011 20h15 - Atualizado em 12/02/2011 20h15

Brasileiros têm 4º maior consumo de álcool das Américas, diz OMS
No continente americano, país fica atrás de Equador, México e Nicarágua.
Homens consomem 24,4 litros por ano; mulheres, bem menos, 10,6 litros.

Os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os brasileiros consomem 18,5 litros de álcool puro por ano. No continente americano, o valor é menor apenas que os do Equador (29,9 litros), do México (27,2 litros) e da Nicarágua (20,5 litros) (veja quadro abaixo). Os dados dizem respeito a pessoas acima de 15 anos que bebem (não à média da população).

País americano Consumo per
capita (em litros)
Equador 29,9
México 27,2
Nicarágua 20,5
Brasil 18,5
Uruguai 17,9
Guatemala 17,7
Belize 17,2
Barbados 16,9
Estados Unidos 14,4
Dominica 13,3
Paraguai 12,8
As informações foram divulgadas em um relatório global sobre saúde e consumo de álcool da OMS, com dados referentes até o ano de 2005. Entre os homens, o consumo anual é de 24,4 litros. Já as brasileiras tomam 10,6 litros por ano.

No Brasil, 54% das pessoas que bebem escolhem cerveja. Destilados são a opção de 40%. Vinho responde por 5% e outros tipos de bebida somam 1%.

Uma conta simples é capaz de mostrar como não é difícil chegar ao valor apontado pela OMS: as principais cervejas brasileiras têm um teor alcoolico de até 5%. A latinha comum, distribuída em bares e mercados do país, tem 350 mililitros - ou 17,5 mililitros de álcool puro. Usando esses valores como exemplo, um brasileiro precisaria tomar menos de 3 latinhas por dia para ultrapassar 18,5 litros por ano.

Segundo a OMS, o consumo global de álcool mata 2,5 milhões por ano, por causa das doenças relacionadas ao abuso da bebida. O valor é equivalente a 4% de todas as mortes no mundo, tornando o álcool mais letal que a Aids, a violência urbana e a tuberculose.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Botânicos fazem lista com 1,25 milhão de nomes de plantas

29/12/2010 14h41 - Atualizado em 29/12/2010 14h41

Botânicos fazem lista com 1,25 milhão de nomes de plantas
Banco de dados traz denominações científicas e comuns de vegetais.
Com maioria das espécies conhecidas, 'Plant List' está disponível online.

Botânicos britânicos e norte-americanos anunciaram nesta quarta-feira (29) ter inventariado 1,25 milhão de denominações de plantas, dando forma à lista mais ampla do mundo, que pode ser consultada no site www.theplantlist.org, em inglês.

O banco de dados, considerado uma contribuição essencial para a preservação da flora global, contém os nomes científicos e comuns da maioria das espécies vegetais conhecidas, das ervas mais simples a legumes, passando por rosas, samambaias exóticas, musgos e coníferas.

A "Plant List" comporta igualmente links de publicações científicas relacionadas às espécies em questão, para ajudar o trabalho de pesquisadores, tanto em botânica quanto em farmácia.


Página da 'Plant List'. (Foto: Reprodução)A lista foi elaborada a tempo, para a conclusão do Ano Internacional da Biodiversidade, por cientistas do Royal Botanical Gardens (Kew Gardens) da Grã-Bretanha e do Missouri Botanical Garden americano.

"É crucial para pesquisas, previsões, vigilância de programas de preservação das plantas no mundo inteiro", destacou o diretor dos Kew Gardens, Stephen Hopper, citado em comunicado.

"Sem os nomes corretos, a compreensão e a comunicação sobre a vida dos vegetais se perderiam num caos, custariam somas faraônicas, além de colocar vidas em perigo, no caso de plantas utilizadas em medicina", segundo o comunicado dos Kew Gardens.

Entre o mais de milhão de nomes de espécies repertoriadas, cerca de um quarto (25,4%) dessas denominações são ainda consideradas não-resolvidas, não entrando nem nos sinônimos, precisaram os autores da lista.

Os especialistas em botânica e em tecnologia de informação das duas instituições iniciaram suas pesquisas em 2008 para estabelecer esta lista como base de comparação entre famílias de plantas compiladas por Kew Gardens e o sistema Tropicos, um banco de dados alimentado desde 1982 pelo Missouri Botanical Garden.

Em outubro, os 193 países membros da Convenção sobre a Diversidade Biológica reunidos em Nagoya no Japão, decidiram criar até 2020 um banco de dados online com toda a flora conhecida no mundo.

Segundo um estudo divulgado em setembro pela União internacional de Conservação da Natureza, uma planta em cinco é ameaçada de desaparecimento.

sábado, 18 de dezembro de 2010

E se... Os Espanhóis tivessem perdido na América

E SE... OS ESPANHÓIS TIVESSEM PERDIDO NA AMÉRICA?



Até Che Guevara se intrigou com a hipótese: no filme Diários de Motocicleta, ele se pergunta como as coisas poderiam ter sido sem os espanhóis. Para decepção de Che, liberdade e igualdade não seriam artigos comuns por aqui. A vantagem é que, sem capitalismo, não haveria miséria.

As projeções de uma América sem influências ocidentais não apontam um aglomerado de tribos indígenas rurais, mas também não revelam nenhuma civilização high tech.

O te rritório seria temperado com muitas línguas e culturas. Os astecas construiriam uma grande metrópole, mas manteriam vilarejos agrícolas no interior. Os incas seriam urbanos, mas suas cidades seriam menos monumentais.

As maiores mudanças em relação à América que conhecemos hoje seriam religiosas e sociais. As religiões nativas pregavam a igualdade de condições do ser humano em relação a animais e plantas. "A religião seria politeísta e cada deus teria uma função", diz o historiador e arqueólogo Klaus Hilbert, da PUC do Rio Grande do Sul. As formalidades das crenças cristãs dariam lugar ao esoterismo das pirâmides. O calendário também seria bem diferente. Os "séculos" aconteceriam a cada 52 anos e os anos teriam 18 meses de 20 dias cada um.

Sem o capitalismo, a economia funcionaria à base de um sistema de impostos - o Estado forneceria estradas, escolas e saneamento básico em troca de tributos. Mas isso não significa que as sociedades seriam totalmente igualitárias - elite e povão continuariam separados. "Os bens eram comunitários em algumas tribos, mas isso não acontecia em todas as nações indígenas", afirma a historiadora Janaína Amado, professora aposentada da Universidade de Brasília.

Na América não-espanhola, as mulheres teriam o mesmo status dos homens, com direito a ocupar cargos importantes. "A ótica de dominação masculina, em que a mulher só servia para a maternidade, foi trazida pelos espanhóis", afirma a historiadora Tânia Navarro Swain, da Universidade de Brasília.
A derrota dos espanhóis na América repercutiria até na Europa. "Não haveria mercantilismo, já que não haveria o ouro trazido das Américas. Conseqüentemente, não haveria revolução industrial", afirma Félix Sanches, historiador da PUC-SP. O mundo seria também menos globalizado: como a navegação não era o forte dos povos americanos, não haveria contato com a Europa.