BAÚ DOS BYTES - Lembranças do Atari 2600
Bateu o Saudosismo Maldito. E aí você já sabe (até minha vó sabe): senta que lá vem história. Vou discorrer sobre os tempos áureos, sobre os "primórdios" e sobre meu início no mundo dos videogames. (FONTES NO FINAL DO TEXTO).
É hora de relembrar o incomparável Atari 2600.
Na verdade, minha apresentação ao mundo dos jogos eletrônicos caseiros ocorreu através de um Magnavox Odyssey² (no Brasil chamado simplesmente de Odyssey). Até onde lembro, já havia testemunhado a jogatina eletrônica em fliperamas, mas o Odyssey foi o primeiro contato com um dispositivo para jogos em casa. Um vizinho possuía o aparelho e pude jogar, embora brevemente, clássicos como "Senhor das Trevas" (Attack of the Timelord), entre outros. Através de gibis e revistas da época, fiquei sabendo que existia um jogo com a marca de Os Trapalhões e estrelado pelo Didi, "Didi na Mina Encantada", que meu vizinho não tinha. Nunca consegui jogar a obra, que sempre ficou viva em meu imaginário. Só tive contato com o jogo muitos anos depois, através da emulação (mas um dia, quem sabe, ainda compro o cartucho).
Logo a seguir, outros amigos e vizinhos começaram a adentrar no mundo da jogatina eletrônica. Desta vez, entretanto, o equipamento tinha outro nome, outro formato e a promessa de mais e melhores jogos. Tinha início a Era do Atari 2600.
O videogame fazia retumbante sucesso no exterior e chegou ao Brasil, no início dos anos 1980, em meio a todos os problemas econômicos e de reserva de mercado que o país vivia à época. Teve um lançamento oficial pela Polyvox, em setembro de 1983. E, como acontecia com todo equipamento eletrônico estrangeiro, recebeu diversos "clones nacionais". Ou seja, como a importação era restrita, os aparelhos importados eram desmontados, suas peças separadas e "clonadas", em muitos casos. E embora um ou outro amigo meu tivesse o produto lançado pela Polyvox, o que eu mais vi foram justamente os "clones": Dactari, Dynavision, entre outros. Um que sempre me interessou pelo visual, mas com o qual nunca tive contato real, foi o Onyx Junior.
Obviamente, eu não poderia ficar de fora daquela nova "febre" que tomava conta dos lares brasileiros. E assim ganhei de meus país meu primeiro aparelho de videogame (provavelmente em 1984), o insuperável Supergame VG-2800 da CCE.
Atualizado em 09/12/2020: ao vasculhar caixas com papéis e documentos antigos guardados por meus pais, encontrei a nota fiscal de compra do equipamento. Foi adquirido em 5 de agosto de 1986, no valor total de Cr$ 1.131,00.
A caixa e o design com temática espacial/futurista foram mais do que suficientes para arrebatar o coração e a mente deste garotinho juvenil (fissurado em Star Wars, naves espaciais e robôs desde sempre). O aparelho vinha acompanhado do jogo Pac-Man (que dispensa apresentações).
Muito, mas muito joguei o "Come-Come", ao ponto de conseguir boas pontuações e sobreviver aos ataques dos fantasminhas por um bom tempo.
Logo a seguir mais dois jogos entraram para a coleção: Enduro e Oink!, ambos lançados pela Polyvox. O primeiro é outro que dispensa apresentações e no qual também me tornei deveras vencedor. Receber a bandeirada a cada fase vencida era muito, mas muito gratificante.
Já o jogo do porquinho contra o lobo mau proporcionava boa diversão, pois era possível a jogatina em dupla, em que cada jogador controlava um dos personagens e tentava vencer o rival.
A partir daí, a coleção começou a se expandir, com dois clássicos na forma de cartuchos lançados pela CCE. Football, como o nome indica, é um jogo de futebol, para dois jogadores. A tela se move na vertical e apresenta o campo completo (acredite, isto era surpreendente à época) e personagens com alguma animação de movimentos. Apesar de tudo, a jogabilidade era repetitiva, com poucas variações de jogada (incluindo a clássica "tabelinha com a linha lateral", já que a bola não saía do campo). E o pior de tudo, o jogo durava (ou parecia durar) quase 90 minutos reais (45 para cada lado, embora os times não mudassem de campo após o intervalo).
Agora imagine minha felicidade ao entrar em uma loja e descobrir que existia um jogo estrelado por um de meus personagens prediletos.
Superman é um jogo de ação e aventura, no qual o jogador assume o controle do herói para prender Lex Luthor e seus comparsas, além de reconstruir uma ponte destruída pelos bandidos. Somente em tempos recentes descobri que este jogo foi feito a partir do código do antológico Adventure. Assim, temos uma boa jogabilidade que proporcionava ao jogador o uso de três habilidades do Homem de Aço: voar, usar a visão de Raio-X e combater os inimigos com sua super-força. Um dos aspectos mais interessantes é que o jogo possui um final, após prender todos os bandidos, restaurar a ponte e entrar no prédio do Planeta Diário. Um jogo com final era algo incomum às produções da época. E, assim sendo, talvez este tenha sido o primeiro jogo que terminei na vida.
Deste item em diante, não me recordo com precisão a ordem pela qual fui adquirindo jogos. Assim sendo, vou listá-los de acordo com as marcas. A começar pela CCE, que ainda me proporcionou Bobby Is Going Home, Cosmic Ark, Jawbreaker (o famoso jogo do "Come-Come com escova de dentes") e Q-Bert.
Muito joguei todos estes. O jogo do Bobby, além da vinheta do Pica-Pau que é tocada quando o personagem pula, também apresentava final. E o jogo da Arca Cósmica (uma continuação de Atlantis) até hoje é desafiante, ainda mais nos níveis avançados, com ritmo frenético de meteoros em direção à nave.
Da Polyvox, ainda tive Frogger e Popeye.
O clássico River Raid era item obrigatório para qualquer dono de um Atari. E o cartucho que eu tive, produzido pela Tron, tinha um formato peculiar.
Agora pense o que aconteceu quando descobri que existia um jogo baseado em Star Wars (na época, ainda conhecido como "Guerra nas Estrelas"). O catálogo de jogos que acompanhava o Supergame já indicava a existência da obra.
Ou seja, era questão de honra ter o jogo na coleção (e questão de tempo até que isto acontecesse). Dito e feito. Um belo dia consegui encontrá-lo. E o que era melhor: o cartucho que comprei era produzido pela Digivision, que utilizava uma imagem de um TIE Interceptor em todos os seus produtos. E por que ela fazia isto? Vai saber. Provavelmente porque a imagem era bacana. E na época a lei brasileira era bastante vaga quanto a direitos autorais e a fiscalização bastante fraca. Simples assim.
O jogo em si, no Brasil chamado apenas de Star Wars, era Star Wars: The Empire Strikes Back, baseado no segundo filme da trilogia clássica (mais especificamente na lendária Batalha de Hoth). Imagine a sensação de controlar um snowspeeder, enfrentar os AT-AT imperiais e, de repente, a música-tema começa a tocar, o veículo torna-se invencível e é possível atacar com toda a Força (trocadilho mais do que intencional). Mais do que suficiente para aquele gurizinho do tempo do epa, mais do que suficiente para mim ainda hoje, sempre que jogo.
E o jogo do carteiro (ou seria um "ursinho")? Quase impossível não ter na coleção. Tive um cartucho de Mr. Postman produzido pela Star Game. Da mesma marca, tive também Smurf - Rescue in Gargamel's Castle. Este jogo dos Smurfs não comprei. Uma prima certa vez me emprestou. Como ela não era muito interessada em videogames, o jogo foi ficando comigo. E foi ficando. E foi ficando...
A cena Atari também era notável por seus cartuchos multi-jogos. Acredito que o primeiro que tive foi um cartucho que reunia os clássicos Keystone Kapers e Donkey Kong, da marca Galaxi.
Da mesma forma, tive um cartucho da Apple Vision com Atlantis e o singular Seaquest.
Apple Vision nada mais era que outro nome da Dactar, que produzia cartuchos e "clones" de Atari. O nome e o logotipo da maçã eram "homenagens" à empresa de Steve Jobs (repito: era uma época de leis vagas e fiscalização quase nula).
Tive outros produtos da Dactar, desta vez com seu nome oficial. Eram os famosos cartuchos "4 em 1". Um deles oferecia os jogos I Want My Mommy (no Brasil chamado de "Ursinho Esperto", olha o "ursinho" de novo, seria parente do Mr. Postman?), Tron - Deadly Discs, Video Pinball e RealSports Volleyball.
O outro vinha com Bermuda Triangle, Checkers, Condor Attack e Name This Game. Bons jogos, mas de menor impacto na minha coleção.
Ainda no âmbito dos "4 em 1", tive cartuchos da Engesoft, empresa que também marcou época no MSX. O primeiro que comprei provavelmente foi aquele que trazia os seminais Megamania e Pitfall junto com Basketball e Planet Patrol.
Também da Engesoft tive o cartucho que reunia Spider-Man, Demon Attack, Fishing Derby e Space Invaders. Só clássicos.
Acredito que o último cartucho que tive foi da marca Gran Match, que trazia Motocross Racer e Pole Position.
Estas são as lembranças dos cartuchos que tive. Mas lembro muito de jogar na casa de amigos, vizinhos e conhecidos. Lembro de clássicos como Snoopy, Freeway, Tennis, Skiing, Baseball. Lembro dos controles quebrados com Decathlon, o que tornava o jogo quase proibido em todas as casas. Lembro das lendas urbanas (existia um jogo do Hulk?).
Lembro de um amigo que ganhou um teclado para o Atari, com o qual dizia que era possível acessar sistemas bancários (assim mesmo, pelo ar, sem qualquer tipo de conexão remota, bastava um comando mágico no teclado e o Atari faria o resto).
Lembro de jogar Sneak 'n Peek (o jogo de "esconde-esconde"), com cada jogador saindo da sala ou desviando o olhar da tela para que o outro pudesse esconder seu personagem no cenário. Lembro de jogar "Sexta-Feira 13" (na verdade, era um jogo baseado no filme Halloween). Lembro de ter emprestado todos os meus jogos a um colega de escola (ele emprestou todos os dele) e de ter ficado apreensivo para ter meus itens de volta.
Lembro da primeira vez em que vi X-Man (o clássico jogo pornográfico). Um padrinho de meu irmão levou o cartucho à nossa casa. A princípio, meu pai nada falou, afinal, parecia apenas mais um jogo de labirinto com personagens quadriculados, como tantos outros do Atari. Mas quando as cenas "mais quentes" ocorreram, ele de pronto ordenou que o jogo fosse encerrado. E assim, só joguei esta "pérola" algumas poucas vezes, na casa de outros amigos (e, obviamente, escondido dos pais deles).
O tempo passou. A Era do Atari havia terminado. E, infelizmente, me desfiz da minha coleção. Eu já havia me aventurado no MSX, no Mega Drive e no Saturn, tinha um PC Pentium MMX 233 novinho em folha e, a contra-gosto, acabei doando o Supergame VG-2800 e todos os cartuchos para um primo do interior. Mas o sonho de um dia reaver todos os itens persiste.
Da minha coleção, sobraram apenas o catálogo de jogos da CCE e alguns manuais de instruções. Em tempos recentes, um amigo doou uma carcaça de cartucho da marca Auto Game (mas infelizmente não sei dizer qual jogo ele continha).
E é assim, relembrando minhas aventuras com o saudoso Supergame CCE e de vez em quando jogando as preciosidades em emuladores e afins, que mantenho acesa a chama do Atari.
E tenho dito!
P.S.: as imagens apresentadas neste artigo não são de itens de minha coleção (exceto pela última foto). Tratam-se de imagens retiradas das mais diversas fontes na internet, que retratam o aparelho de videogame e os cartuchos que tive, exatamente de acordo com as respectivas marcas e formatos.
FONTE:
POSTAGEM PARA PRESERVAÇÃO DE TEXTO MUITO COMENTADO NAS REDES SOCIAIS (indicado a preservação por 2364 colaboradores), SEGUE ABAIXO O LINK PARA A FONTE ORIGINAL.
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AGORA A HORA DO BRINDE:
CAVERNA DO DRAGÃO
Anos 80 e 90 de Sucesso Caverna do Dragão
(Dungeons and Dragons) foi um desenho animado criado em 1983, nos Estados Unidos, baseado no jogo de RPG do mesmo nome, que fazia muito sucesso na época.
(VEJA O "EPISÓDIO FINAL + TODOS EPISÓDIOS" POSTADOS DEPOIS DO TEXTO)
FAV 173 de 1001 - Abril de 2020 Segue abaixo no LINK
FAVORITAS selecionadas por mim entre as 1001 da coleção "1001
Songs You Must Hear Before You Die".
FACES DA MORTE - Divulgaram que a temida série é ficção
As cenas explícitas e perturbadoras eram gravadas com atores.
“Faces da Morte” é uma polêmica série em VHS que todo adolescente dos anos 80/90 queria assistir, mas nem todos tinham coragem para isso.
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