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domingo, 14 de maio de 2023

HISTÓRIA - 5 envenenamentos famosos que ficaram registrados em detalhes

 HISTÓRIA - 5 envenenamentos famosos que ficaram registrados em detalhes

Filósofos, imperadores e místicos estão na lista de personalidades que tiveram esse terrível fim.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Veneno de cobra brasileira possui molécula capaz de inibir o coronavírus

Veneno de cobra brasileira possui molécula capaz de inibir o coronavírus

Novo estudo apresenta caminho promissor na busca por medicamentos para tratar a COVID-19.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Ataque das "perucas ambulantes"? - Lagartas venenosas causam preocupação nos EUA

Ataque das "perucas ambulantes"? - Lagartas venenosas causam preocupação nos EUA

Uma criatura de aparência estranha está preocupando autoridades dos Estados Unidos. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Guerra contra roedores pode estar gerando uma nova espécie de super-ratos

Guerra contra roedores pode estar gerando uma nova espécie de super-ratos


As grandes cidades do mundo, como Nova York, investem milhões de dólares todos os anos para combater os ratos, e o número de roedores, longe de diminuir, aumenta consideravelmente. 

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A DROGA MORTAL DA ÀFRICA DO SUL QUE MISTURA HEROÍNA, REMÉDIO PARA HIV E VENENO DE RATO

A DROGA MORTAL DA ÀFRICA DO SUL QUE MISTURA HEROÍNA, REMÉDIO PARA HIV E VENENO DE RATO


Droga altamente viciante chamada "nyaope" está destruindo vidas 
nas favelas da África do Sul — Foto: BBC

Mistura altamente viciante é fumada junto com maconha ou injetada pelos usuários, e traficantes se livram de policiais com subornos frequentes.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

10 experimentos nazistas super cruéis em seres humanos


10 experimentos nazistas super cruéis em seres humanos


Dentre as maiores crueldades do regime mais atroz do mundo moderno, estão os experimentos com seres humanos realizados nos campos de concentração. Confira nossa lista que reúne alguns dos mais terríveis.

terça-feira, 25 de abril de 2017

SITE LISTA 10 EMPRESAS ALIMENTÍCIAS QUE PODEM ESTAR TE ENVENENANDO


SITE LISTA 10 EMPRESAS ALIMENTÍCIAS QUE PODEM ESTAR TE ENVENENANDO



Coca, Pepsi, Sucrilhos, Catchup Heinz, até Häagen-Dazs entraram na lista.

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terça-feira, 19 de julho de 2016

Cores Mortíferas - Natureza


Cores Mortíferas - Natureza


Nos últimos anos, dezenas de espécies de sapos tropicais foram capturados e estudados pela primeira vez. É que eles armazenam sob a pele um coquetel de substâncias com propriedades extraordinárias. Algumas são venenos fulminantes: a dose de um único sapo, em certas espécies, pode liquidar 20 000 ratos. Ou dez homens. Para os cientistas, essas toxinas podem servir de modelo para fabricar diversos medicamentos novos. Aqui você vai ver as últimas espécies capturadas na Amazônia e na África pelos biólogos da Universidade Paris VII. E vai notar que a riqueza bioquímica guardada sob o couro dos batráquios só é comparável à variedade das estampas que cobrem a sua pele.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Formigas invasoras representam um grande perigo para os ecossistemas


Formigas invasoras representam um grande perigo para os ecossistemas


Espécies de formigas invasoras podem desrregular o ecossistema  (Foto: BBC)


Entrada dos insetos acontece pelo comércio de mercadoria entre países.
Invasões colocam muitas espécies em perigo de extinção

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Não me toque !!! Taturana - Biologia


Não me toque !!!  Taturana - Biologia


Queima como óleo fervendo e faz sangrar
Ao encostar na massa de pêlos, meio escondida no tronco de uma árvore qualquer, vem a queimadura lancinante. O efeito é imediato. A sensação é de óleo fervendo sobre a pele. No mesmo dia surgem as dores por todo o corpo, especialmente na cabeça. Entre 8 e 72 horas, começará a hemorragia. Forma-se hematomas por toda parte, dos poros às gengivas. O mais perigoso é o que menos se vê: quando há sangramento dentro do cérebro, pode ser fatal. 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O veneno do bem - Medicina


O veneno do bem - Medicina


Imagine que você cortou o rosto e, em vez de dar pontos, o seu médico passa uma supercola feita de sangue de boi e veneno de cascavel. Isso pode mesmo acontecer. Mas não se assuste. A história moderna das serpentes não tem nada a ver com o medo ancestral que inspiram. Para a ciência, elas guardam produtos utilíssimos nas glândulas letais. O mais recente é uma cola de pele genuinamente brasileira, que, segundo os testes já feitos, dá uma cicatrização perfeita.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Formas delirantes - Cogumelos


Formas delirantes - Cogumelos


Você pergunta: a que plano arquitetônico, a que delírio febril esses seres frágeis obedecem? Difícil saber. Eles brotam espontaneamente na natureza. 

A Micologia, a ciência que estuda os fungos, não dá conta de tanta variedade. Estima-se que existam 1,5 milhão de espécies no mundo, mas só 69 000 foram descritas - 2 500 no Brasil, segundo a pesquisadora Marina Capellari, do Instituto de Botânica de São Paulo. Na Amazônia, deve haver milhares, desconhecidas. A classificação é difícil. Há fungos que nascem e morrem em poucas horas, antes que os pesquisadores possam sequer conhecê-los. Eles existem há 130 milhões de anos. Uns são deliciosas iguarias, outros são venenos fatais e há aqueles que funcionam como poderosos alucinógenos. Todos, obras de arte.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

5 das cobras mais venenosas que existem no planeta


5 das cobras mais venenosas que existem no planeta



 Hoje trazemos para você cinco das mais letais do planeta, selecionadas a partir de um post do pessoal do site ListVerse. Confira:

sábado, 22 de novembro de 2014

Só para os fortes: as 10 bebidas mais sinistras que existem no mundo


Só para os fortes: as 10 bebidas mais sinistras que existem no mundo


Quase todos os bares e restaurantes possuem bebidas alcoólicas tradicionais, como as cervejas e os vinhos, além de alguns drinks especiais mais exóticos que procuram atingir um público em específico.

Contudo, algo é bastante certo: as bebidas que vamos listar logo abaixo não podem ser encontradas em qualquer lugar e são caracterizadas por serem, pelo menos para nós brasileiros, extremamente bizarras. Não está acreditando? Então prepare-se para conhecer as bebidas mais sinistras do mundo:


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Venenosas sedutoras - Botânica

VENENOSAS SEDUTORAS - Botânica


Há milênios, as frutas silvestres servem de alimento, conservantes, poções afrodisíacas e ornamentos. Mas muitas delas, apesar da aparência convidativa, são venenos letais.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Musaranho, o menor mamífero do mundo - Natureza

MUSARANHO, O MENOR MAMÍFERO DO MUNDO - Natureza


Ele mede apenas 10 centímetros e, por causa do metabolismo acelerado, come sem parar: algumas horas sem comida representam a morte. Venenoso, briga com todo mundo, e é o bicho mais parecido com os primeiros mamíferos que habitaram a Terra.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Uma dose de Veneno, por favor - Biologia


UMA DOSE DE VENENO, POR FAVOR - Biologia


Ao contrário das picadas de outras cobras, que costumam doer muito, a da cascavel provoca apenas uma sensação de formigamento. Agora já se sabe o motivo: na saliva dessa espécie existe um potente analgésico que, por não ser tóxico, deverá ser transformado em remédio 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Um Cemitério para o lixo Atômico - Ambiente


UM CEMITÉRIO PARA O LIXO ATÔMICO - Ambiente



Falta um lugar seguro para manter longe do homem os resíduos das usinas nucleares. É uma questão de vida ou morte: eles podem continuar radioativos durante milhões de anos.

Dentro de uma piscina cheia de água, numa ins-talação anexa à usina nu-clear Angra I, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, 15 toneladas de resíduos radioativos-o lixo venenoso que resulta da própria operação do rea-tor-repousam em tambores blinda-dos. Parece muito, mas é uma insig-nificância perto das 20 000 toneladas produzidas pelos reatores nucleares em funcionamento nos Estados Unidos, armazenados em tanques semelhantes. Essa, porém, é a única diferença. Por- que, no mundo inteiro, os cientistas nu-cleares enfrentam há muito tempo o mesmo desafio: encontrar quanto antes uma maneira definitiva de dispor do li-xo atômico, principalmente do chama-do material de alta atividade, proveniente do reprocessamento de elementos combustíveis, capaz de emitir  radiações letais para os seres vivos durante milha-res ou até milhões de anos-uma eter-nidade, para todos os efeitos práticos. O fato de não se ter encontrado ainda a solução dessa charada, 36 anos depois da entrada em funcionamento da pri-meira usina nuclear destinada à produ-ção de eletricidade, na União Soviética, é um dos dois principais motivos pelos quais muita gente gostaria de banir tais reatores da face da Terra; o outro é o eterno risco de tragédias, como a da usina de Chernobyl, também na URSS, em 1986. Sendo pouquíssimo provável que os homens decidam dispensar os benefícios do uso pacífico da fissão nuclear-para não falar dos fins mili-tares-, os cientistas correm atrás, senão da fórmula ideal, ao menos de uma solução satisfatória para o problema do lixo. Até porque, mesmo se fosse possível aposentar por um passe de mágica os 431 reatores comerciais ligados no mundo, seus resíduos não se evaporariam. E há 123 outras usinas em construção e 37 em fase de projeto. 
Nos reatores movidos a urânio, um átomo desse elemento é bombardeado por nêutrons. Seu núcleo então se divide, liberando enorme quantidade de energia, raios gama e mais dois ou três nêutrons que irão bombardear outro átomo e assim por diante. Dessa reação em cadeia brotam novas substâncias radioativas, como o plutônio, que serve para fazer bombas ou para alimentar outros tipos de reatores, e não existe na natureza. O processo gera ao todo mais de 1 000 substâncias altamente radioativas. O que não é reaproveitado no próprio reator ou para outras finalidades é o lixo atômico.
A piscina em Angra I foi projetada para acolher resíduos formados em oito anos de operação. Mas, na realidade, as 15 toneladas ali depositadas equivalem a um ano de funcionamento da usina brasileira, inaugurada em 1982. Mais lixo não se formou pela simples razão de que a usina ficou fora do ar a maior parte do tempo por causa dos intermitentes defeitos que acabaram lhe valendo o apelido vagalume, que acende e apaga, acende e apaga. "Sobra espaço na piscina, mas não devemos esperar sua capacidade se esgotar para então agir", recomenda o físico carioca Luís Pinguelli Rosa, que integra a comissão organizada na Sociedade Brasileira de Física para estudar o assunto. Pinguelli é um dos maiores incentivadores da idéia de que o governo junte em volta de uma mesa os melhores nomes do ramo para que digam o que se pode fazer a respeito-e logo.
Os cientistas têm recomendado uma variedade de alternativas. Na França, por exemplo, 20 mil metros cúbicos de lixo radioativo estão aprisionados nos armazéns de concreto da instalação nuclear de La Hague, no noroeste do país, aguardando destino definitivo. Com planos de enterrar o material de grande radioatividade, os pesquisadores franceses investigam quatro tipos de sepulturas: solos de xisto, de sal, de granito e de argila. Mesmo que uma dessas formações rochosas tenha as características ideais-algo que será confirmado apenas em 1997-, o túmulo adequado só ficaria pronto dez anos depois. Enquanto isso, as centrais nucleares francesas, responsáveis por 70% da eletricidade gerada no país, lançam cerca de 40 metros cúbicos por ano de material radioativo, ou de radiação ionizante, como dizem os cientistas. "O Brasil não está numa situação melhor, porque aqui nem se decidiu onde depositar os rejeitos de baixa atividade", critica Pinguelli.
De fato, 98% do lixo radioativo brasileiro compõe-se de rejeitos que precisam ficar isolados do contato humano durante dois ou três séculos apenas. Isso por causa do fenômeno que os físicos chamam meia-vida: o tempo necessário para que a  radioatividade  de uma substância caia pela metade. O césio- 137, por exemplo, material usado em equipamentos de radioterapia e que contaminou uma série de pessoas em Goiânia, em 1987, tem uma meia vida de trinta anos. Ou seja, passado esse período, restará metade da radiação inicial: depois de mais trinta anos, um quarto; após outros trinta, um oitavo; e assim por diante. Além de provir de aparelhos desativados, que mexeram com material nuclear, e da água usada para controlar a temperatura nos reatores-que tende a ficar contaminada por partículas radioativas-, o lixo de baixa e média atividade é também engordado por materiais comuns, como luvas e aventais, usados na manipulação de substâncias radioativas.
Segundo o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), do governo federal, cerca de 10 000 brasileiros lidam diariamente com elementos radioativos. "Basta que uma gota dessas substâncias respingue na roupa e o tecido passa a ser pequena fonte de radiação", informa a física chinesa, naturalizada brasileira, Cecil Chow Robilotta, da USP. Segundo ela, embora a energia nuclear seja cada vez mais usada pela Medicina para diagnosticar ou tratar doenças, a tendência é diminuir o volume do lixo radioativo dos hospitais. "Os novos exames clínicos usam substâncias que emitem radiação durante um curto período, como o tecnécio-99m, cuja meia-vida é de seis horas apenas", explica Cecil, dentro da "sala quente" do Instituto do Coracão em São Paulo, onde assessora médicos no serviço de radioisótopos. Ali, cestos de lixo revestidos de chumbo e tambores de resfriamento guardam material contaminado-aventais, seringas, pinças, chumaços de algodão-em processo natural de decaimento, a diminuição gradativa da radioatividade.
Quando a meia-vida é maior, porém, os rejeitos tanto de hospitais como de indústrias seguem para armazéns especiais. No Estado de São Paulo, o depósito fica na Cidade Universitária, na zona oeste da capital, no lugar onde funciona o IPEN. Ali se acumulavam, até o último mês de julho, 104,9 toneladas de lixo, distribuído em 615 tambores. Antes de ser armazenado, esse volume passou por um ritual, praticamente idêntico nos centros de tratamento de rejeitos radioativos do mundo inteiro. "O primeiro passo se assemelha a uma triagem, para extrair os resíduos, ou seja, a parte do lixo que ainda pode ser aproveitada", descreve o físico nuclear Achilles Suarez, responsável pela equipe que pesquisa rejeitos radioativos no IPEN. "As bombas de césio-137, quando não se prestam mais para tratar tumores, ainda podem ser aproveitadas em aparelhos de gamagrafia, que servem para fazer diagnósticos", exemplifica. 
A conseqüência mais óbvia dessa, reciclagem é que o volume do lixo diminui. Também para reduzir o volume, aquilo que de fato é rejeito deve ser ainda compactado, sempre que possível. "Não faz sentido guardar 1 litro inteiro de água, se apenas poucos mililitros estão contaminados", argumenta ele. "Por isso, criamos uma espécie de concentrado radioativo." O fluído em seguida é misturado a algum tipo de sólido, como cimento ou betume, para evitar toda e qualquer dispersão durante a manipulação do material. Em outros locais, os rejeitos líquidos de alta atividade são transformados em vidro, também para impedir derramamentos. Quando o rejeito é sólido, muitas vezes é possível prensá-lo. Assim. um tambor com 0,5 metro de altura, recheado de lixo atômico, termina compactado numa pastilha de cerca de 10 centímetros de altura.
Quando Achilles Suarez entrou na faculdade, em 1957, um veterano pendurou-lhe no pescoço um cartaz: "Hoje, estudante de Física, amanhã l ixo atômico". O trote foi profético: depois de ter trabalhado mais de dezesseis anos na área de proteção radiológica do próprio IPEN, o físico acabou assumindo o setor de rejeitos em 1983. No fundo, as duas áreas têm a mesma finalidade: interpor o maior número possível de barreiras entre a fonte de radiação e o homem; A rigor, qualquer corpo serve de obstáculo para a radiação -o problema é que, conforme a fonte radioativa, o obstáculo pode se tornar menos ou mais eficiente. Quando, na reação de fissão, um átomo é bombardeado até romper o núcleo, a energia pode ser liberada por quatro tipos de radiação -alfa, beta, gama e ainda de nêutrons -que devem ser bloqueados por materiais com características diferentes. "Se o lixo for enterrado sem maiores informações sobre a sua radiação, poderá no futuro distante ficar sob os pés de quem não terá a devida noção do perigo", imagina o físico Giorgio Moscatti, da USP.
Os cientistas do setor se preocupam não só com qual seria o melhor cemitério para o lixo atômico, mas também com a necessidade de ser ele mantido sob controle constante. Por isso, não apreciam particularmente a alternativa clássica de jogar os rejeitos no mar. "Nunca se saberá direito como a embalagem estará resistindo debaixo drsquo;água, nem se poderá ter certeza de que os tambores não acabarão flutuando até alcançar uma praia", adverte o físico Vito Vanin, da USP. O mar, na verdade, foi o primeiro lixão radioativo: o Mediterrâneo recebeu 50 toneladas de rejeitos produzidos na Itália; as águas do Atlântico engoliram nada menos de 126 000 toneladas de tambores repletos de lixo dos reatores de seis outros países europeus. Os Estados Unidos despejaram no Oceano Pacífico 370 metros cúbicos (os países nem sempre adotam as mesmas unidades de medida) de material radioativo. A título de comparação, uma piscina olímpica tem 1890 metros cúbicos.
O empesteamento só cessou em 1986, quando um acordo internacional determinou que o mar só poderia ser usado quando ficasse provado que a água é capaz de diluir os elementos radioativos, sem prejuízo para a fauna e a flora marítimas. O estudo a respeito, a cargo de pesquisadores americanos, ingleses e japoneses, deverá estar pronto no início do próximo ano. É claro que o terreno ideal para a construção de um depósito subterrâneo de lixo atômico precisa ser estável-um terremoto seria capaz de rasgar os tambores recheados de matéria radioativa. Mas a impermeabilidade da rocha é ainda mais importante. Caso partículas ionizantes escapem pela embalagem do lixo, elas podem levar até 1 milhão de anos para alcançar a superfície. Já um lençol de água poderia trazer o mal à tona em alguns meses, abrindo-lhe as portas para a cadeia alimentar dos seres vivos.
"O sal é extremamente impermeável, por isso os alemães fazem bem ao depositar o lixo em minas de sal desativadas. Só que a rocha é muito plástica e talvez não suporte pesos grandes", pondera o geólogo gaúcho Gérson Dornelles, que organiza na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a busca de um solo adequado para enterrar o lixo nuclear brasileiro."O granito, muito mais resistente, tem a desvantagem de possuir fissuras que facilitam o escoamento de água."
A CNEN já apontou duzentas áreas de interesse para  depósitos de lixo  de baixa e média atividade no país. A maioria se localiza em solos argilosos, com camadas horizontais que dificultam a migração de partículas radioativas rumo à superfície, como em São Fidélis, no Rio de Janeiro, e Trindade, em Goiás. A decisão, quando vier, terá provavelmente a forma de uma lei votada pelo Congresso a partir de um projeto encaminhado pelo Executivo. Está prevista para este mês a entrega à Presidência da República de uma avaliação, elaborada por uma equipe da Secretaria Especial do Meio Ambiente, de projetos já existentes sobre rejeitos radioativos, como o de autoria do governo anterior, de junho de 1989, que já recebeu dois pareceres negativos de comissões da Câmara dos Deputados. Enquanto isso, em tambores deixados a céu aberto, cobertos precariamente e que já começam a se estragar pela corrosão, 3 460 metros cúbicos de lixo atômico aguardavam há três anos em Abadia, a 20 quilômetros de Goiânia, a decisão de Brasília sobre o seu destino.
Esse lixo se originou em um ferrovelho, quando foi violada uma cápsula de césio-137 de não mais de 3 centímetros cúbicos-o tamanho de uma borracha de lápis-, matando quatro pessoas e contaminando mais de duzentas outras. "É preciso criar um depósito, que eu chamaria de intermediário, para abrigar os rejeitos gerados em acidentes como o de Goiânia", alerta o físico José Goldemberg, secretário de Ciência e Tecnologia do governo federal. "Na época do acidente, cientistas sugeriram levar os rejeitos para a Serra do Cachimbo, no Pará, onde já existem buracos de 300 metros de profundidade, recobertos de concreto. Seria a solução perfeita", lembra ele. "Mas um grupo de índios fez uma manifestação diante do Palácio do Planalto e o governo resolveu voltar atrás. Um absurdo. Enterrado ali, o lixo não ofereceria nenhum risco."

Agentes da desordem

No organismo humano, a cada minuto, cerca de
 250 000 átomos se desintegram, emitindo radiação. Além disso, uma pessoa recebe do ambiente uma média de 100 milirems (mR) por ano- rem (de Roentgen equivalent man) é a unidade usada para medir a dose de radioatividade absorvida pelo homem. Uma chapa de pulmão expõe o paciente, em média, a 17mR. Nas células, a radiação produz os chamados radicais livres, moléculas que tumultuam as funções orgânicas, ao reagir com tudo que encontram pela frente. A energia da radioatividade também pode perturbar o DNA, a molécula da hereditariedade, que programa o trabalho das células.
Estas, então, correm o risco de se tornarem cancerosas ou, no caso da célula sexual, de transmitir anomalias aos descendentes. De modo geral o organismo lida satisfatoriamente com esses agentes da desordem. "Já nos acidentes atômicos, a enorme radiação provoca mais estragos do que o organismo consegue corrigir", explica a física paulista Emico Okuno, da Universidade de São Paulo. Quando esse material radioativo penetra no organismo, causa nas células estragos 25 vezes maiores e transforma a própria vítima em fonte de radiação.


Barreiras sob medida

As embalagens para lixo atômico combinam materiais diferentes porque existem radiações e radiações. Um núcleo radioativo está sobrecarregado de energia, da qual tenta se livrar, emitindo, por exemplo, partículas idêntica ao núcleo do gás hélio constituído por dois prótons e formam as partículas alfa. São tão pesadas que se deslocam em linha reta, trombando com a primeira molécula que encontrarem pela frente: assim, uma folha de papel ou mesmo uma peça de roupa podem barrá-las. Mas, para liberar energia, o átomo também pode emitir elétrons. É a radiação beta. Bem mais leves, os elétrons caminham zanzando e se desviam de eventuais obstáculos: para barrar os raios beta é preciso, no mínimo, uma folha de alumínio; na pele, dependendo da energia, eles penetram até 0,5 centímetro.
Em busca da estabilidade, um átomo emite ainda ondas eletromagnéticas um milhão de vezes mais energéticas do que a luz, os raios gama, capazes de atravessar o corpo humano; apenas materiais muito densos, como aço e chumbo, conseguem segurá-los. Finalmente, existem os nêutrons. Embora muito penetrantes, reagem com materiais ricos em hidrogênio, sendo barrados pela água, pela parafina ou pela grafite.


Os lixões de cada um

Como vários países tentam livrar-se dos resíduos de suas instalações nucleares:
Estados Unidos - Até 1982, os rejeitos eram depositados na superfície ou jogados ao mar. Em 1983, o lixo de alta atividade foi levado para uma mina de sal no Estado do Novo México, desativada em seguida por falta de segurança. Hoje esse material está guardado no deserto de Nevada, enquanto 600 000 metros cúbicos de rejeitos de meia-vida curta se encontram espalhados por diversos depósitos.
União Soviética - Existem 35 depósitos superficiais de cimento revestido com chumbo.
Inglaterra - Desde 1986, com a proibição de lançar o lixo ao mar, procura-se um lugar para enterrar o lixo de alta atividade. Para os rejeitos de baixa atividade, construíram-se depósitos de cimento próximos a usina nuclear de Windscale Sellafield, no nordeste do país.
França - Todo o lixo está nos armazéns da usina de La Hague, no noroeste do país; estuda-se o solo de quatro regiões para construir até 2007 um depósito de grande profundidade.
Alemanha - O material de alta atividade é tratado na França e depois transportado para minas de sal no norte do país. Só os rejeitos da usina nuclear de Niederaichbach, desativada em 1983, foram enterrados a 1 200 metros de profundidade, numa mina de ferro desativada.
Suécia - Em 1988, inaugurou o primeiro depositário subterrâneo do mundo, a 140 quilômetros de Estocolmo, um conjunto de câmaras construídas em rochas de granito, com paredes revestidas de cimento e chumbo.
Japão - No ano passado, cientistas começaram a estudar a possibilidade de construir depósitos no fundo do mar, aproveitando o fato de que os sedimentos marinhos são muito pouco permeáveis.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Belos e Mortíferos Nudibrânquios - Natureza

BELOS E MORTÍFEROS NUDIBRÂNQUIOS - Natureza



O esplendor destes seres hipnotiza. Mas, para os inimigos, estes predadores vorazes dispõem de um fabuloso arsenal de ácidos e venenos, retirados dos próprios adversários.

Parecem invenções de crianças talentosas ou exercícios de imaginação. Com suas cores quase brilhantes, apresentam tal profusão de saliências onduladas, órgãos sensitivos e florestas de "dedos" sinuosos que é difícil distinguir qual lado é qual. Lindos, delicados, de aspecto inofensivo, são os equivalentes subaquáticos das borboletas. Mas também são animais, sobrevivendo no mundo do coma-ou-seja comido, às vezes presas, às vezes predadores. Mais ainda, fizeram uma aposta no jogo da evolução, abrindo mão do abrigo que sempre protegeu os animais de seu tipo, e parecem ter vencido com folga. Os nudibrânquios filigranados são lesmas-do-mar, fotografados sob a água não como modelos bonitos, mas como seres vivos empenhados na luta pela sobrevivência. Foram observados defendendo-se, atacando, comendo, escondendo-se, batendo em retirada, picando, nadando. Todos são carnívoros, pelo menos até onde se sabe, predadores vorazes e de movimentos lentos que se alimentam de presas ainda mais vagarosas ou imóveis. Pertencendo à subclasse dos moluscos conhecidos como opistobrânquios, seus integrantes mais numerosos e conhecidos são os nudibrânquios (literalmente, guelras ou brânquias nuas; na maioria das espécies, as plumas das guelras ficam na parte externa do corpo).
Todas as lesmas-do-mar têm uma língua áspera chamada rádula; possuem também um "pé" carnudo que as propele para a frente, seja através de contrações musculares, seja pelo movimento concatenado dos pêlos localizados na parte inferior do pé. A subespécie dos nudibrânquios que compõe a grande maioria da subclasse, exibe na cabeça um par de órgãos sensores. Em linhas gerais, os nudibrânquios são caramujos, com uma diferença: eles abriram mão da proteção da concha no seu estágio adulto. No lugar dela, recorrem a um vasto arsenal de defesa para proteger seus corpos macios num oceano cheio de predadores esfomeados. A ausência da concha torna-os mais ágeis. Por isso, embora a maioria dos nudibrânquios ainda rasteje no fundo do mar, muitos são capazes de nadar, ao menos o suficiente para procurar um parceiro ou fugir de algum predador. Mesmo sem a concha para dificultar seus movimentos, a maior parte dos nudibrânquios não usa a fuga como principal meio de defesa. Ao contrário, permanecem no chão, apostando suas vidas no êxito da camuflagem ou da guerra química.Cores vivas podem ser úteis para advertir predadores de que as pretendidas presas são nocivas ou mesmo tóxicas; as cores são úteis também para o animal se esconder: um nudibrânquio vermelho-vivo "desaparece" quando estacionado sobre uma esponja do mar da mesma cor. O nudibrânquio freqüentemente adquire a cor do alimento que costuma consumir. A dieta da espécie vermelha, por exemplo, é a esponja do mar vermelha. O rosa-brilhante do Hopkinsia rosacea um nudibrânquio da costa do Pacífico, resulta de um pigmento carotenóide específico, a hopkinsiaxantina; esse pigmento só é encontrado no biozoário Eurystomella bilabiata, que, por coincidência, é o alimento daquele nudibrânquio. A guerra química é a arma escolhida por muitos nudibrânquios para se defenderem. Alguns segregam ácidos, e estes causam sensações que muitos peixes, mas nem todos, acham extremamente desagradáveis. Outros produzem toxinas, algumas delas tão poderosas que um único nudibrânquio colocado num balde com peixes ou caranguejos pode matá-los em cerca de uma hora (em circunstâncias normais, o inimigo recebe uma dose pequena, suficiente para repeli-lo mas não para matá-lo).
Um grupo de nudibrânquios conhecidos como eolídeos utiliza as armas de suas próprias vitimas. Eles se alimentam de outra categoria de invertebrados marinhos, os celenterados, especialmente hidróides e anêmonas-do-mar. Estas últimas, por sua vez, têm uma característica comum aos celenterados: a produção de nematocistos, pequenas cápsulas que podem disparar um filamento enrolado e oco, semelhante ao arpão de uma baleeira. O nematocisto fura a pele da vítima e injeta uma toxina (é assim que as águas-vivas, outro grupo de celenterados, queima banhistas). Quando um eolídio come um hidróide ou uma anêmona-do-mar, ingere os nematocistos sem maiores problemas. O sistema digestivo do nudibrânquio neutraliza os nematocistos maduros, mas envia os imaturos para as bolsas especiais que possui na ponta dos "dedos", ou ceratos, onde vão se transformar em verdadeiras armas. Os ceratos são freqüentemente a parte mais colorida do nudibrânquio podem atrair a atenção do predador, desviando-a da cabeça ou das regiões vitais do animal.
Um peixe que morder esses apêndices receberá um bocado de nematocistos, além de algumas secreções de gosto horrível, e rapidamente perderá o interesse pelo banquete. O nudibrânquio então rastejará para longe usando seu pé gastrópode e rapidamente conseguirá regenerar os ceratos perdidos. Alguns nudibrânquios têm a capacidade desconcertante de romper os ceratos que um predador houver abocanhado, do mesmo modo que alguns lagartos deixam a cauda com o predador enquanto escapam. Das cerca de 3 mil espécies de opistobrânquios conhecidos, aproximadamente 2500 são nudibrânquios. Destes, as lesmas-do-mar são encontradas em todos os oceanos, das regiões polares aos trópicos, e em virtualmente todo tipo de hábitat. Elas variam em tamanho, desde espécimes pequenos o suficiente para rastejar entre grãos de areia até a lebre-do-mar, um dos maiores gastrópodes do mundo, que pode chegar a 1 metro e pesar 66 quilos.
Apesar desse sucesso evolutivo e de seu arsenal de defesas, os nudibrânquios não levam uma vida despreocupada. Já foram vistos caranguejos arrancando os ceratos de eolídeos antes de devorá-los. E alguns opistobrânquios preferem consumir os seus iguais. De qualquer forma, um mecanismo de defesa pode ser considerado um sucesso mesmo quando o nudibrânquio que o utiliza é morto: se a refeição tiver um sabor amargo para o vencedor, ele evitará nudibrânquios no futuro. Então, a espécie inteira sai ganhando. Mas há mais coisas na vida, é claro, do que tentar saber quem está devorando quem, até mesmo para os gastrópodes subaquáticos sem concha. E não é surpreendente que essas criaturas fantasiadas de cores alegres tenham desenvolvido formas interessantes de lidar com esse desafio universal. Todos os opistobrânquios são hermafroditas; cada indivíduo possui órgãos reprodutores dos dois sexos. Qualquer membro de determinada espécie pode acasalar-se com outro.
Na maior parte dos casos, dois nudibrânquios se colocam em direções opostas, de tal modo que o lado direito de um se une com o do outro, e trocam esperma; assim, ambos são fertilizados. Grupos de lebres-do-mar formam longas correntes de acasalamento, em que cada animal faz o papel de macho para o que está a frente e o de fêmea para o que está atrás. O Onchidoris bilamellata, o nudibrânquio que se alimenta de craca, já foi visto algumas vezes congregado aos milhares, em grandes grupos de acasalamento. Os ovos são postos em massas gelatinosas, que se grudam a alguma superfície dura. Os ovos da maioria dos nudibrânquios dão origem a larvas que já nascem nadando, movendo-se com outros plânctons e dispersando-se ao longo da costa. Nesse estágio, exibem a concha característica de sua classe. Mas depois de um período variável descem ao fundo do mar, pousando muitas vezes diretamente sobre um indivíduo de cuja espécie eles irão se alimentar quando adultos. Eles se transformam em adolescentes, já sem a concha, e finalmente em adultos. Existem muitas coisas não sabidas sobre os nudibrânquios incluindo o que alguns comem. Eles são difíceis de estudar porque tendem a ser transitórios; ao contrário da maioria dos invertebrados marinhos, não se pode contar com sua presença quando se precisa deles. Biólogos começaram recentemente a estudar o papel dos nudibrânquios em relação a outras espécies. Eles não são propriamente dominantes em determinada área, ao que parece, mas pelo menos em alguns casos influenciam que outros organismos dominem ou não. Um nudibrânquio encontrado ao longo das costas de todo o hemisfério norte, chamado em inglês shaggy rug  (tapete peludo, desgrenhado), alimenta-se de anêmonas-do-mar, especialmente de uma de vida longa que pode dominar uma área considerável ao competir com sucesso com outros organismos sésseis (seres que, não tendo suporte próprio, se "enraízam" em outros organismos, como cracas e ostras).
Tanto estudos de laboratório como pesquisas de campo sugerem que a predação exercida pelo nudibrânquio impede o monopólio da anêmona-do-mar e deixa espaço para outras espécies se desenvolverem, aumentando assim a diferenciação da comunidade. O grande número de nudibrânquios que se alimentam de esponjas pode ter um impacto similar na costa do Pacífico, onde estes organismos são potencialmente dominantes. Os nudibrânquios são mais do que belas curiosidades biológicas. Os humanos, como sempre, já acharam utilidade para eles. Poucos são comestíveis; só um, o tochni tem servido de alimento regular para os índios aleútes e para os habitantes das Ilhas Kurilas, na União Soviética. Outros nudibrânquios especialmente as lebres-do-mar, são usados na medicina chinesa. Os opistobrânquios têm um valor maior nas pesquisas neurofisiológicas. Como a fabulosa lula, que revelou tantas coisas aos pesquisadores, alguns têm células nervosas imensas: quase 1 milímetro de diâmetro no caso da lebre-do-mar da Califórnia.
Os neurônios não são apenas grandes: são tão constantes em sua posição e coloração que células correspondentes podem ser facilmente localizadas em outros indivíduos. Os fisiologistas podem assim ter certeza do que estão descobrindo, especialmente à medida que fazem a conexão entre nervos específicos e ações complexas do corpo. Por esse motivo, uma das espécies foi coletada tão intensivamente que, em alguns lugares, poucos adultos podem ainda ser encontrados. Ao fim e ao cabo, no entanto, não são nem os avanços neurológicos nem a promessa de uma compreensão ecológica melhor que tornam esses pequenos moluscos facilmente reconhecidos por biólogos e mergulhadores. Eles são tão coloridos e suas formas tão maravilhosamente improváveis que nem é preciso perguntar para que servem.



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sob o signo do Escorpião - Predadores

SOB O SIGNO DO ESCORPIÃO - Predadores



Eles são dos animais mais antigos que existem na terra. Quase tudo neles é diferente: o modo de atacar, as vítimas, de comer, de reproduzir-se. Seu veneno é poderoso, mas poucos dispõe dele em quantidade suficiente para matar um homem.

São animais de bem pequeno porte: os menores não passam dos 2 centímetros, e os maiores não chegam aos 20. Mas pelo menos no Norte da África, no Oeste mexicano e no sudeste do Brasil eles representam a morte. São os escorpiões, que carregam nas pinças da cauda um veneno que pode ser fatal. Eles se dividem em 1500 espécies, todos apresentando diferenças entre si. Uma delas é fundamental: alguns tem veneno em quantidade suficiente para afetar animais grandes - o homem-, por exemplo. Esse veneno é uma perigosa neurotoxina que, dependendo da quantidade inoculada no corpo da vítima, pode ser fatal.
Para os acidentados por esses escorpiões, a dor é lancinante. Tremores incontroláveis e um típico andar cambaleante são o prenúncio de uma morte que só vai chegar depois de muito sofrimento. O corpo se cobre de suores frios, a face se torna arroxeada e acontecem, então, as derradeiras convulsões. Mas também não é o caso de exagerar o perigo: das 1.500 espécies de escorpiões apenas vinte produzem o veneno em quantidade suficiente para provocar a morte de um homem adulto. Ainda assim, o desenvolvimento do processo dependerá sempre das condições de saúde da vitima e da capacidade do organismo de resistir às toxinas. Isso faz com que esses raros escorpiões sejam especialmente perigosos para as crianças.
Ao contrário das serpentes, que são classificadas em cinco grupos, a partir do tipo de veneno que produzem, os escorpiões perigosos produzem sempre o mesmo tipo, sejam eles do Norte da África, do México ou do Brasil. Convencionou-se chamá-lo neurotóxico porque ele age especialmente sobre o sistema nervoso e a morte é causada por asfixia: os comandos do corpo que controlam a respiração ficam bloqueados. Graças a essa característica, um único soro pode socorrer a vitima da picada de qualquer escorpião e existem mesmo acordos entre os países produtores para que o soro apresente sempre características semelhantes e eficientes em qualquer caso.
A espantosa virulência da picada é apenas uma das muitas particularidades adquiridas por esse animal que vem evoluindo há 400 milhões de anos. Sabe-se que os antepassados dos escorpiões eram maiores. Nesses milhões de anos de evolução, a espécie na verdade mudou pouco externamente e continua capaz de praticar muitas excentricidades. Os atuais escorpiões ainda são animais predominantemente de zonas secas; vivem nos desertos, escondem-se sob as pedras e pedaços de madeira. Mas há os que vivem nas florestas, outros que freqüentam a beira-mar.
É impossível saber desde quando os primitivos escorpiões passaram a contar com glândulas de veneno bem desenvolvidas, associadas ao aguilhão da cauda. Quase nada se sabe da anatomia interna dos pré históricos. Os restos fossilizados daqueles animais mostram apenas os contornos gigantescos de corpos que mediam quase 1 metro de comprimento. O mais antigo de todos foi encontrado na ilha de Gotland, território sueco bem no meio do mar Báltico, mas dele só foram recuperados alguns poucos fragmentos. Paradoxalmente, hoje não há escorpiões na Escandinávia em geral, e na Suécia em particular.
O maior escorpião que existe atualmente é o Pandinus imperator que vive na África Equatorial. Sua couraça negra e luzidia mede quase 20 centímetros e brilha à noite, como uma lembrança inquietante dos seus antepassados gigantes. O que mais impressiona no imperator é a corpulência. Seus palpos -as garras dianteiras- parecem as duas tenazes de um lagostim. A força de seus músculos é surpreendente. Aprisioná-lo entre as pontes de uma pinça é uma experiência inesquecível: as garras do animal dão a impressão de estar "mastigando" o aço.
Tamanho, força, agilidade, veneno. São as armas do imperator. Tudo Isso é descarregado sobre a vítima, tão logo ela seja encontrada. O gigante se alimenta de ratos, baratas, lagartixas. Embora não seja capaz de causar dano sequer a uma criança o veneno está dimensionado para paralisar apenas essas pequenas vítimas que constituem sua refeição , o imperator provoca verdadeiro pânico entre os nativos da região. Quando é localizado numa aldeia, é impiedosamente morto a pauladas e sempre queimado, pois os nativos acreditam que, depois de morto, seu corpo irá se fragmentar em dezenas de novos escorpiões, menores, que logo crescerão para invadir a aldeia.
Parece uma tolice. No entanto, na raiz de qualquer lenda há sempre um fato real, embora mal interpretado. Nesta também. As fêmeas dos escorpiões - todos os escorpiões, não apenas o imperator não botam ovos. Os filhotes vão sendo paridos já com a aparência de pequenos escorpiões que vão se juntando às dezenas sobre o dorso da mãe. Nesse período, que dura até duas semanas, eles permanecem imóveis e vão utilizando as reservas de alimento feitas enquanto estavam no ovo. Se uma fêmea do imperator carregando os filhotes for descoberta pelos nativos, ela realmente espalhará boa quantidade de pequenos escorpiões, ao ser morta a pauladas dando a nítida impressão de que se transformou neles, magicamente. A lenda, portanto, tem sua explicação lógica.
Outro erro de interpretação do comportamento dos escorpiões fez surgir a lenda de que, em situações extremas, quando não têm como escapar ao fogo, eles se suicidam. Nos povoados mexicanos as crianças costumam brincar com o perigosíssimo Centruroides noxius, um pequeno escorpião amarelo, colocando-o no meio de um círculo de fogo. Elas se divertem vendo o desespero do animal, os golpes a esmo que ele desfere em todas as direções, vibrando o aguilhão tanto sobre o solo quanto sobre o próprio dorso. Quando o animal finalmente morre, por efeito do calor escorpiões não resistem às altas temperaturas-, a gurizada jura que assistiu a um suicídio.
Bobagem. Mesmo que quisesse, o escorpião não conseguiria suicidar-se. Seu aguilhão não tem força suficiente para poder perfurar sua carapaça, e mesmo que conseguisse isso, seria inútil: o escorpião é naturalmente imune a seu próprio veneno. Mas outra lenda que corre sobre eles - a dos casais em dança noturna- não é lenda, é pura realidade. É claro que não se trata exatamente de um baile, nem eles estão se divertindo: é uma estratégia de seus mecanismos de reprodução, dos mais engenhosos que a natureza já produziu.
Os machos não possuem pênis. Assim, o encontro sexual de macho e fêmea ocorre de forma pouco convencional. A manobra começa com o macho entrelaçando suas garras nas da fêmea e arrastando-a para o que se pode considerar um longo passeio. O trajeto, cheio de vai-e-vem, se estende por algumas dezenas de metros. De repente, o macho se detém e dispara pela parte inferior do abdômem dois minúsculos bastonetes que se grudam no terreno, em posição vertical. Em seguida, o macho puxa a companheira, fazendo-a deslizar de barriga sobre eles. Nesse momento acontece a fecundação, pois o ápice de cada bastonete é um pequeno reservatório de sêmen, que entra em contato com a abertura genital da fêmea. Então. se o macho insistir em ficar por ali, apreciando o resultado de sua virilidade, vai se dar muito mal: a fêmea poderá matá-lo e transformá-lo em comida.
Comida, por sinal, é outro capítulo muito especial na vida dos escorpiões. Exclusivamente carnívoros, alimentam-se de insetos e pequenos invertebrados, podendo, algumas espécies, atacar um rato ou outro pequeno vertebrado. São capazes de passar longos períodos sem nenhuma alimentação, certamente devido ao fato de que sua habilidade para capturar presas é limitada. Eles esperam pacientemente, até perceber a proximidade de alguma vítima. Mas, se esta consegue escapar ao primeiro bote, não será perseguida.
Quando capturada, a vitima será firmemente segura pelas pinças dianteiras; se for grande, capaz de escapar, será então ferroada e paralisada pelo veneno. Mas comer é que são elas. Escorpiões não dispõem de mandíbulas convencionais como os outros bichos. O processo varia muito de espécie a espécie, mas de modo geral as partes mais macias da presa são trituradas por um par de quelíceras, liquefeitas e empurradas para dentro do estômago. O corpo da vitima, aos poucos, vai sendo reduzido à massa dos materiais que o escorpião não consegue digerir e então é simplesmente jogado fora.
Tudo isso configura um processo extremamente demorado. Em compensação, depois de uma refeição dessas o escorpião pode passar um longo período sem precisar outra vez de comida. Sua sobrevivência em face de toda essa frugalidade, não parece nem remotamente ameaçada. Os cientistas fixam o surgimento dos mais longínquos antepassados do homem em algum ponto há 1 milhão de anos; sendo assim. escorpiões são pelo menos quatrocentas vezes mais antigos, e eles já passaram por sucessivas catástrofes planetárias - períodos glaciais, vulcanismos intensos. inundações de continentes inteiros. Passaram por tudo airosamente, e ai estão. belos e fagueiros, dando nome a uma constelação da Via Láctea, e até reverenciados em alguns ramos do misticismo, como, por exemplo, a Astrologia. Não é a toa que cientistas chegam a acreditar que, na hipótese de uma catástrofe nuclear, suficientemente devastadora para inviabilizar as formas de vida mais sofisticadas, os escorpiões seriam uns dos raros sobreviventes. Continuariam a vagar sobre a terra calcinada (para eles um verdadeiro paraíso) num estranho paradoxo: encarados pelo homem como símbolo da morte, seriam então os únicos representantes da vida no planeta.

Os brasileiros mortíferos

Todos os escorpiões são peçonhentos, isto é, produzem veneno e são capazes de inoculá-lo na vítima. No Brasil, duas espécies devem ser temidas, porque tem veneno em quantidade suficiente para matar um homem. Um é o serrulatus, assim chamado por causa da pequena serra que tem na cauda. Ele é amarelo. Seu rival é o bahiensis, com nome derivado do local onde foi descoberto, a Bahia. É marrom-escuro. Ambos pertencem ao gênero Tytius, mas o amarelo é capaz de injetar o dobro da peçonha durante uma picada.
O soro contra picadas de escorpião é produzido pelo Instituto Butantã, em São Paulo, e serve para as duas espécies. A produção do soro começa pela extração da peçonha por meio de um pequeno choque elétrico, que não traumatiza o escorpião. Assim, ele pode fornecer peçonha de três em três semanas. Gota a gota, a peçonha de centenas de escorpiões é acumulada na concavidade de um vidro de relógio e levada a um dessecador a vácuo. Só depois de seca irá produzir o soro, mediante a hiperimunização de cavalos.
Os cavalos recebem doses progressivamente maiores de peçonha. ate que seu soro sanguíneo apresente certo potencial de imunidade. Então o sangue é colhido e o soro é separado, para chegar ao produto final, embalado em ampolas de 5 mililitros. As glândulas de peçonha dos escorpiões mortos também são aproveitadas. Seis mil glândulas (cada escorpião tem duas) fornecem 2,5 gramas de peçonha seca, quantidade que serve para a primeira hiperimunização de um cavalo. Cada cavalo permite, em média, a fabricação de 250 ampolas de soro.
Em cada acidente grave com escorpiões são utilizados quatro ampolas injetadas na veia. A dor da picada pode ser controlada com a imersão do membro atingido em água quente, por ação local de novocaína ou ainda por aplicação endovenosa de gluconato de cálcio a 10%. Antes do atendimento médico e da utilização do soro, a região da picada deve ser resfriada com aplicações de compressas geladas. Isso evitará que a peçonha se espalhe com rapidez pelo corpo.
O bahiensis pode ser encontrado desde a Bahia e Mato Grosso até o Rio Grande do Sul. O serralatus se limita aos Estados de Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

No Saara, atrás de Escorpiões

O autor deste artigo viajou mais de mil quilômetros, pelo deserto do Saara, a serviço da Universidade de Tenerife (ilhas Canárias). Sua tarefa principal era capturar animais venenosos para a Universidade. Ele aprendeu a montar em camelos e integrou-se a uma expedição militar que patrulhava a região. Eis um breve relato dessa aventura.
Em todos os dialetos falados na região ocidental do Saara só há um nome para escorpião: ElAkram, isto é, O Escorpião. Para mim, O Escorpião só podia ser um animal, 0 Androctonus australis É a espécie mais venenosa do mundo, capaz de matar um homem em menos de quatro horas e um cachorro em pouco mais de cinco minutos. A distribuição geográfica do australis é extremamente irregular. Ainda que no mapa do Saara ele recubra de maneira uniforme o extremo Noroeste do continente africano, quando se está lá, no deserto, as coisas ficam bem diferentes. Em pleno território do australis existem milhares de quilômetros quadrados totalmente desprovidos de animais ou plantas. A única possibiIidade de se achar um reduto de seres vivos, ali, é quando se encontra... um cadáver. A carcaça ressecada de um camelo morto abriga e alimenta muitos insetos; atrás deles vêm seus perseguidores, os escorpiões.
Nosso encontro com o australis foi numa espécie de cemitério de camelos, um local onde foram possivelmente sacrificados-havia meses- os animais doentes ou velhos demais, antes da partida de uma tribo nômade. Numa área de poucas dezenas de metros quadrados, entre pedras, objetos abandonados e cadáveres em decomposição, foram capturados quase cem escorpiões. Oito eram da espécie Androctonus australis. Depois de apanhados com pinças e acomodados separadamente em recipientes de plástico. eles não me pareciam mais tão dignos do temor que causam aos homens do deserto. Aqueles animais me fascinavam por outra razão: era impossível deixar de imaginá-los em suas fantásticas peregrinações noturnas pelo deserto; dezenas de milhas rastreando, apenas com o sentido do olfato, o cadáver distante de um camelo.