Quem teria sido o confidente de Tesla ? Veja as 7 amizades mais incomuns da história
Segundo um ditado popular, os opostos se atraem, e ele se mostra verdadeiro até em alguns relacionamentos famosos do passado. Muitas das maiores amizades da história foram constituídas por indivíduos de diferentes bases sociais, filosofias políticas e crenças. Alguns deles foram obrigados a encontrar um ponto em comum diante da adversidade, porém outros criaram vínculos não só a despeito das diferenças, mas também por causa delas. Saiba mais sobre as circunstâncias extraordinárias de sete das amizades mais improváveis da história.
1. Joe Louis e Max Schmeling
Joe Louis despontou no cenário do boxe em 1935, para se tornar um dos primeiros ídolos negros esportivos dos EUA. Ele parecia imbatível até 1936, quando teve sua primeira derrota contra Max Schmeling, um lutador alemão que era queridinho de Hitler. Schmeling não gostava dos nazistas, mas sua vitória sobre Louis o estigmatizou como herói ariano. Quando os dois se encontraram para uma famosa revanche em 1938, muitos viram a luta como uma batalha entre o americanismo e o nazismo. E em uma disputa repleta de implicações políticas e raciais, Louis teve sua vingança ao dar um nocaute violento em Schmeling.
Louis e Schmeling eram anunciados como inimigos. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, eles se reencontraram e conversavam com frequência pelo telefone. Ambos haviam enfrentado dificuldades com seus papéis de ícones nacionalistas – Louis contra o racismo na América, dos anos 30, e Schmeling contra o Nazismo, na Alemanha. Eles estabeleceram uma amizade duradoura que permaneceu até o fim de suas vidas. Quando Louis teve períodos difíceis, Schmeling tirou dinheiro de seu próprio bolso para ajudar seu adversário a pagar suas dívidas, e o alemão, inclusive, ajudou a custear o enterro de Louis em 1981.
2. John Adams e Thomas Jefferson
O segundo e o terceiro presidentes dos EUA tiveram uma das amizades mais famosas da história do país, mas o seu relacionamento era tão afetuoso quanto instável. Eles se conheceram na década de 1770 durante a Guerra da Independência dos EUA e o Congresso Continental. Embora muito diferentes na aparência e no temperamento – Adams era um nortista corpulento e neurótico e Jefferson era um sulista magro e gentil –, eles logo se tornaram amigos e aliados na luta dos americanos pela independência.
Jefferson e Adams se correspondiam por cartas durante o início de suas carreiras, mas, posteriormente, tiveram um desentendimento por causa de visões opostas em relação ao governo. Após trocarem insultos caluniosos na campanha presidencial de 1800, os dois deixaram de se falar por muitos anos. Adams finalmente quebrou o silêncio em 1812, depois que um amigo em comum o convenceu a escrever uma carta a Jefferson, que a respondeu, e os antigos estadistas finalmente restabeleceram sua amizade de décadas, trocando dezenas de cartas, discutindo filosofia, religião e política. Em uma famosa ironia do destino, os dois morreram com uma simples diferença de horas em 4 de julho de 1826 – no 50º aniversário da Declaração de Independência dos Estados Unidos.
3. Groucho Marx e T.S. Eliot
Um era poeta e ganhador do prêmio Nobel, conhecido por seu difícil e melancólico poema “The Waste Land”; o outro um comediante fumante de charutos e famoso por seu humor desbocado. Mesmo assim, T.S. Eliot e Groucho Marx estabeleceram uma amizade peculiar durante um período de três anos como amigos de caneta. Sua correspondência bizarra começou em 1961, quando Eliot escreveu a Marx pedindo um autógrafo em uma foto. Marx condescendeu e solicitou uma fotografia de Eliot, o que gerou uma relação improvável que durou até a morte do poeta, em 1964.
Os dois criaram vínculos a partir de seu respeito mútuo e por seu amor pela literatura, embora as cartas, muitas vezes, destacassem personalidades contrastantes. Eliot era conservador e respeitoso, chegando até a pedir desculpas, em uma ocasião, por se dirigir à estrela de “Os Galhofeiros” como “Groucho”. Marx, por outro lado, parecia se deliciar em tentar ofender seu tímido correspondente, escrevendo certa vez: “Eu estaria interessado em ler suas opiniões sobre sexo, então não hesite. Confie em mim, Tom.” Eles finalmente se conheceram pessoalmente em 1964, quando jantaram com suas respectivas esposas na casa de Eliot, em Londres. Marx, depois, escreveria que o jantar lhe havia ensinado que ele e Eliot compartilhavam três coisas em comum: “(1) uma afeição por bons charutos, (2) gatos e (3) uma fraqueza para fazer trocadilhos.”
4. Mary Todd Lincoln e Elizabeth Keckley
Durante a tensão da Guerra de Secessão, a primeira-dama Mary Todd Lincoln encontrou refúgio em uma relação íntima com sua costureira, Elizabeth Keckley. A ex-escrava Keckley havia comprado sua liberdade em 1855 e criou um próspero negócio de roupas em Washington.
Ela conseguiu o emprego como costureira particular da Sra. Lincoln em 1861 e logo se tornou uma pessoa fixa nessa posição no círculo interno da Casa Branca. Além de vestir e cuidar do cabelo da Sra. Lincoln para suas aparições públicas, ela também se tornou a companheira de viagem e confidente da perturbada primeira-dama. Mary sofreu de problemas emocionais por toda sua vida, e Keckley era conhecida por ser uma das poucas capazes de acalmar seus nervos frágeis.
Embora tenham vindo de diferentes classes sociais, as duas compartilhavam muitas tragédias pessoais. Ambas perderam seus filhos no período de 1 ano – o filho de Keckley, James, foi morto na Guerra de Secessão, em 1861, e Willie, o filho de Mary Lincoln morreu de doença em 1862 –, e elas também ficaram de luto juntas depois do assassinato de Lincoln. Mas, apesar de ter chamado sua costureira de “minha melhor amiga em vida”, Mary rompeu relações em 1869 depois que Keckley publicou um livro revelador sobre seu período na Casa Branca. Apesar dos esforços de Keckley para trazer uma reconciliação, as duas nunca mais se falaram.
5. Mark Twain e Nikola Tesla
O escritor de língua afiada Mark Twain e o gênio da eletricidade Nikola Tesla estabeleceram uma famosa amizade em torno de sua compartilhada curiosidade intelectual. Os dois titãs da Gilded Age (“Era Dourada”) passaram a trocar cartas com frequência após terem se conhecido em um encontro social em Nova York, na década de 1890, e Twain era um visitante constante do laboratório de Tesla. Passando horas juntos no laboratório de esquisitices científicas, Tesla impressionou o romancista com demonstrações de eletricidade de alta voltagem, e os dois também realizaram experimentos com fotografias de raio-x primitivas.
A admiração mútua de Tesla e Twain era tão grande que ambos chegaram a declarar que haviam sido curados de uma doença pelo outro. Na sua autobiografia, Tesla escreveu que quando ele ficou de cama por causa de uma doença enquanto jovem, os romances “cativantes” de Twain foram um refúgio muito necessário e que o ajudou a se recuperar. Depois que os dois viraram amigos, Tesla lhe devolveu o favor quando curou o escritor de um grave ataque de constipação ao fazê-lo ficar em pé em um oscilador de alta frequência.
6. Wolfgang Amadeus Mozart e Joseph Haydn
Pode não parecer surpreendente que dois dos compositores mais famosos eram amigos, mas Wolfgang Amadeus Mozart e Joseph Haydn formaram uma dupla improvável e particular. Mozart era extravagante, conhecido por sua educação cosmopolita, enquanto Haydn vinha de uma origem camponesa e tinha uma personalidade mais conservadora. Além disso, ele tinha 24 anos e, ao contrário da criança prodígio Mozart, só encontrou a fama em sua meia-idade.
Pouco se sabe dos detalhes dessa relação, mas consta que foi uma admiração mútua. Mozart era famoso por suas críticas ácidas a seus colegas compositores, no entanto ele sempre tratou Haydn – quem ele chamava afetuosamente de “Papa” – com carinho e respeito, chegando até a dedicar um ciclo de composições em sua homenagem. Haydn, por sua vez, descreveu Mozart como “o maior compositor que eu conheço por nome ou pessoalmente”. Os dois tocaram em quartetos de cordas juntos na década de 1780, em Viena, e, quando Mozart morreu, aos 35 anos, Haydn, então com 59 anos, o relembrou escrevendo “vai demorar mais de cem anos para a posteridade ver um talento como o dele”.
7. Sir Arthur Conan Doyle e Harry Houdini
No início dos anos 20, o mestre do escapismo, Harry Houdini, e o autor de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle, deram início a uma amizade atípica – e depois brigaram – por causa de suas opiniões contrastantes sobre a vida após a morte. Houdini era um cético incorrigível, que gostava de desmascarar médiuns e supostos fenômenos paranormais, enquanto Conan Doyle era um crente convicto que atuava como pregador pelo Movimento Espiritualista. Mesmo assim, os dois trocavam cartas e livros com frequência, e, uma vez, chegaram até a tirar férias juntos em Atlantic City.
Desesperado em fazer seu amigo acreditar no poder dos médiuns, Conan Doyle arrastava Houdini para diversas sessões em toda a Europa. Mas, com cada performance falha, Houdini ficava ainda mais convencido de que a prática era obra de impostores e mercenários. A relação deles foi finalmente rompida em 1923, depois de Conan Doyle e sua mulher terem preparado uma sessão desastrosa, na qual eles tentavam contatar a falecida mãe de Houdini no além. Após trocarem insultos através de colunas raivosas no New York Times, os dois pararam de se falar para sempre.
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