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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Estudo afirma que videogames afetam nosso estado de consciência


Estudo afirma que videogames afetam nosso estado de consciência


O fenômeno dos games ultrapassa fronteiras e já não pode ser ignorado por disciplinas como a sociologia ou a medicina.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sinestesia: saiba o que a neurociência já avançou sobre a mistura dos sentidos


Sinestesia: saiba o que a neurociência já avançou sobre a mistura dos sentidos


Sentir o cheiro de uma cor, distinguir a forma de uma voz ou ouvir uma textura suave: metáforas utilizadas na poesia, na literatura e na arte, em geral, são o único modo que algumas pessoas têm de compreender a realidade.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pesquisadores usam lulas para criar capa de invisibilidade militar


Pesquisadores usam lulas para criar capa de invisibilidade militar


Um dos grupos de animais mais antigos do planeta, os cefalópodes (como lulas e polvos) sobrevivem há milhões de anos por causa de suas técnicas de camuflagem.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Conheça cinco partes do corpo que não servem para nada


Conheça cinco partes do corpo que não servem para nada


O corpo humano é um sistema complexo, com partes como membros, órgãos, tecidos, etc. que interagem de modo a nos permitir não apenas existir, mas também funcionar e se relacionar com o mundo. E elas são todas fundamentais, já que, se alguma falhar, todo o corpo é afetado.

Em busca do super-humano neuroprótese testada em ratos cegos poderá criar senso extra de localização nas pessoas


Em busca do super-humano neuroprótese testada em ratos cegos poderá criar senso extra de localização nas pessoas


Um experimento realizado na Universidade de Tóquio poderá ajudar no tratamento da cegueira ou até mesmo dar um poder extra às pessoas no que diz respeito à noção de localização. 

segunda-feira, 30 de março de 2015

Cientistas descobrem como adicionar visão noturna em olhos humanos


Cientistas descobrem como adicionar visão noturna em olhos humanos

GABRIEL LICINA COM A LENTE PRETA PARA PROTEÇÃO (FOTO: DIVULGAÇÃO/SCIENCEFORTHEMASSES)


Mistura de substâncias pode fazer humanos enxergarem no escuro.

Os animais de estimação são incríveis. Entre as muitas habilidades que eles têm, que nós humanos (ainda) não temos, está a visão noturna.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Olhos de Craque - Medicina

OLHOS DE CRAQUE - Medicina


Nem só de pernas vivem os jogadores de futebol. A medicina mostra que treinar os olhos melhora a performance dos atletas, e que "visão de jogo" não é um dom de nascença, privilégio de bem-dotados.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O mais fino dos sentidos - Biologia


O MAIS FINO DOS SENTIDOS - Biologia


Dentro da boca, nada tem muito gosto - os alimentos são apenas doces, salgados, azedos ou amargos, de acordo com a análise da língua. Mas o cérebro reúne essas informações gustativas com as impresssões do nariz e cria uma imensa gama de sabores. Eis o paladar.

domingo, 28 de julho de 2013

Cada um tem seu Mapa do Mundo


Cada um tem seu Mapa do Mundo


Você escuta sons com seus ouvidos, vê imagens com seus olhos e sente os objetos com sua pele. Cada uma destas experiências tem um significado na sua mente, e estes significados juntos são o que você considera o "Mundo". Mas tem uma coisa que você não sabe, este seu mundo, não é o meu.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Psssiu, Ouça Essa... Biologia



PSSSIU, OUÇA ESSA ... Biologia



Os médicos desmontam a aparelhagem da audição humana e descobrem técnicas para consertar seus defeitos

A equipe de cirurgiões otorrinos do Hospital das Clínicas, em São Paulo, se considera preparada para o grande desafio-em breve, ela deve implantar em dez pacientes já selecionados, totalmente surdos, um aparelho desenvolvido no Brasil, capaz de devolver-lhes a audição. "Entraremos na sala de cirurgia ainda este ano", promete o otorrino Ricardo Bento coordenador do audacioso projeto. Ao apresentá-lo, o médico paulista, de 37 anos, se exalta, agita-se na cadeira, acelera o ritmo da fala. Ele não abafa o entusiasmo, diga-se, justificado, pois os brasileiros são a quarta equipe no mundo a tentar reverter a surdez profunda, nome sugerido pelo seu ponto de origem, o ouvido interno. Ali, fica a chamada cóclea, a espiral com cerca de 35 milímetros de comprimento, em que as vibrações sonoras se transformam em impulsos para o cérebro. Sem essa conversão, reina o silêncio.
Com delicadíssimos instrumentos, os cirurgiões otorrinos consertam a maioria dos danos à audição. Eles podem, até mesmo, reconstituir um tímpano perfurado, em uma refinada plástica, usando um outro tecido do próprio paciente. Mas, até há poucos meses, as proezas cirúrgicas tinham um limite bem definido: iam, no máximo, até o ouvido médio, a porção entre o tímpano e a janela oval, onde começa o  ouvido interno . A Medicina nada podia fazer por aqueles cuja causa da surdez, congênita ou não, se situava no território mais adiante, o da cóclea. Nesses casos, os aparelhos convencionais de surdez não adiantam: "Eles são amplificadores", explica Bento. "E a cóclea danificada nunca reage, por maior que seja a intensidade do som."A idéia de se criar um substituto para a cóclea surgiu na mesma época e local do sonho de conquistar a Lua. No ano em que o foguete Apollo 7 iria orbitar a Terra, 1968, o otorrino americano William House trabalhava para a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos. Era praxe manter um otorrino por perto, sempre que se lançava um foguete tripulado: a ausência da gravidade podia provocar distúrbios de ouvido nos astronautas e, quando isso acontecia, o médico dava consulta à distância. A voz dos pacientes, porém, tinha de ser decodificada-era, afinal a época da guerra fria. Os sinais de rádio eram transformados em sinais elétricos, indecifráveis para os russos que tentassem interceptar a conversa. Na base da NASA, um equipamento interpretava os impulsos elétricos, para torná-los novamente ondas de rádio. O otorrino percebeu que aquele sistema era uma imitação da cóclea, o decodificador do  ouvido. A partir daí, House criou o protótipo do aparelho de implante coclear, seguido por cientistas da Austrália e da França. Até hoje, no entanto, apenas o modelo australiano foi aprovado, no ano passado, pela rigorosa FDA (sigla de Food and Drugs Administration), o órgão do governo americano encarregado, entre outras coisas, de controlar os equipamentos medicinais. No Brasil, a estimativa dos médicos de existirem 300 000 candidatos ao implante é modesta, pois esse número baseia-se em estudos sobre a população americana, cujas mulheres são vacinadas contra rubéola. "Aqui, só essa doença em grávidas, ao atacar o ouvido do feto, representa 18% dos brasileiros com surdez profunda", compara Bento. Essas pessoas completamente surdas, por sua vez, seriam apenas cerca de um décimo dos casos de distúrbios auditivos, que aparecem sempre que há danos na aparelhagem do ouvido. "Os problemas até agravam, quando a pessoa usa aparelhos de surdez mal adaptados, porque não passaram por um médico", adverte Ricardo Bento.Os sons, da mais agradável melodia ao mais estridente ruído, são vibrações de corpos que, deslocando-se de maneira alternada provocam ondas acústicas ao seu redor, isto é, variações na pressão do ar, percebidas pelo ouvido. Este, curiosamente, deve ter tido sua origem há cerca de 500 milhões de anos, em animais incapazes de ouvir qualquer ruído, os celerenterados aquáticos, como as medusas. Pois. Acredita-se, a função primitiva do ouvido não era captar sons, e sim manter o equilíbrio do corpo-algo tão importante quanto a própria audição. Há cerca de 200 milhões de anos, cenas espécies de peixes, que tinham recursos semelhantes para equilibrar-se, desenvolveram bolsas natatórias-bexigas de ar, para ajudar o corpo a flutuar, sensíveis a ponto de contrair ou expandir de acordo com as pequenas variações na pressão da água, provocadas por uma onda sonora. Essa dança das bolsas natatórias acabava agitando os fluídos dentro daqueles órgãos de equilíbrio conectados com o cérebro-a audição, enfim, podia acontecer.
O ouvido mudou bastante, ao longo da evolução. Os seres humanos, por exemplo, perderam a mobilidade da sua parte visível, o pavilhão auditivo, que todos conhecem por orelha. Nas outras espécies, essa estrutura cartilaginosa é capaz de se mover na direção do som. Ao alcançarem a orelha, as ondas sonoras perde 2,5 centímetros no meato, grande túnel central do ouvido externo. Ali as glândulas sudoríparas da pele passaram por alterações drásticas, a ponto de praticamente abandonarem a produção do suor, para fabricarem uma cera amarga em seu lugar. Há uma boa razão para a troca: o sabor amargo espanta os insetos que ousam se aproximar dessa entrada exclusiva para o som. No final desse corredor, as ondas sonoras batem em uma finíssima membrana, com apenas três camadas de células, tão sensível que o choque de uma única molécula de hidrogênio é capaz de fazê-la tremer. Trata-se do tímpano.
Para trabalhar direito, no entanto, o tímpano precisa que a pressão do ar seja idêntica em seus dois lados. Isso é regulado por um canal, a trompa de Eustáquio, que liga o ouvido médio à faringe. Normalmente, a comunicação com a faringe permanece fechada, a não ser em situações especiais-por exemplo, quando a pessoa espirra, boceja ou deglute. Aliás, é por isso que alguns passageiros de avião carregam goma de mascar na valise. Pois, durante o vôo, a pressão externa pode repentinamente ficar muito menor que a do ouvido médio. Mascar alguma coisa, então, força a trompa de Eustáquio a se abrir. Quando isso não acontece, o passageiro desembarca com a sensação de ouvido tapado.
Encostado no tímpano, encontra-se o cabo de um ossículo chamado martelo. A proximidade dos dois faz o martelo vibrar ao embalo do tímpano, mesmo quando esse se desloca apenas 1 milionésimo de milímetro; assim, a ponta do martelo começa a batucar no osso vizinho, a bigorna. O movimento desta, por sua vez, contagia um terceiro e último osso -por sinal, o menor do organismo, do tamanho da ponta de uma caneta-, cuja aparência revela por que é chamado estribo. Essas estruturas tão frágeis assim como todas as outras do ouvido, ficam incrustadas no osso temporal, que o otorrino coreano Sung Ho Joo exibe na palma da mão, na sala do Hospital Albert Einstein, em São Paulo: "Quando operamos um ouvido, estamos sempre desviando de alguma coisa. Porque, dentro do osso temporal passa a artéria carótida que irriga o cérebro, assim como a veia que traz de volta o sangue sem oxigênio. Mas, pior, o osso é atravessado pelo nervo facial: qualquer esbarrão ali pode causar paralisia".
Quando a familia Ho Joo saiu da Coréia para Brasil em 1966, para que o filho mais velho escapasse do alistamento militar-e da guerra contra o Vietnã-, o caçula Sung, então com 10 anos, já sonhava em fazer Medicina, mas nem cogitava se especializar em ouvido, nariz e garganta. A Otorrinolaringologia ganhou sua preferência, depois de terminar a faculdade, quando um colega chamou sua atenção para a difícil tarefa de interferir no osso temporal. O médico, hoje, depois de estágios nos Estados Unidos e no Japão, orgulha-se de sua escolha. "O primeiro transplante realizado no Brasil foi justamente o de tímpano", ressalta. Os cirurgiões continuam realizando transplantes como aquele pioneiro, feito em 1962. Aliás, costuma-se transplantar também os três ossinhos do ouvido médio, que podem enrijecer-se graças ao abuso de certos medicamentos ou mesmo fraturar por causa de sons intensos, como o de um estouro.Hoje, os otorrinos têm também novas soluções: nos Estados Unidos, por exemplo, começam a ser implantados ossinhos artificiais, feitos de teflon. No caso do tímpano, opta-se pela plástica de reconstituição, sempre que a perfuração é pequena. Essa película rompe-se com certa facilidade-até mesmo por causa de um beijo estalado na orelha. Embora o escape de ar pelo furo faça a pessoa não ouvir direito, na maioria das vezes ela nem desconfia do dano, pois, como qualquer pele, o tímpano cicatriza sozinho.
A entrada do ouvido interno, a janela oval, é fechada pela própria base do pequeno estribo. Na verdade, a saída do ouvido médio é 25 vezes menor do que a entrada pelo tímpano. Esse afunilamento concentra as ondas sonoras -pois o que ocorrerá, então, poderá ser comparado ao efeito de uma pedra batendo em um lago, isto é, apenas 0,01% do som será absorvido pela água. Afinal, a cóclea é recheada de líquido. Sua estrutura é tão sensível que o cérebro mantém mecanismos para protegê-la. Quando o volume do som é estrondoso, o sistema nervoso ordena a contração de músculos ligados aos ossos do ouvido médio, e, com isso, suavizam-se as vibrações."A estratégia, porém, não é eficiente para sons muito agudos ou repentinos", esclarece Sung Ho Joo.Volume ou intensidade corresponde à amplitude das ondas sonoras, cuja unidade de medida é o decibel. "Essa unidade é um logaritmo, ou seja, a diferença entre 50 dB e 100 dB é muito maior do que o dobro", nota Ho Joo. De fato, isso corresponde ao barulho de um restaurante tranqüilo e o som de uma britadeira, respectivamente. Para a cóclea, no entanto, tão importante quanto a intensidade é a freqüência de um som, isto é, a quantidade de vezes que a onda acústica agita as moléculas do meio, durante o seu percurso-e isso é medido em hertz. Entre 20 e 200 hertz, o som é percebido como grave e, entre 7 000 e 20 000 hertz, como agudo. Mas, na verdade, o ouvido humano é um especialista em captar os tons medianos, entre 200 e 7 000 hertz, como o da voz. Essas freqüências precisam de menos volume para serem percebidas.
Se a cóclea fosse esticada, a linha resultante seria uma espécie de piano com cerca de 12 000 teclas-as células ciliadas, que funcionam como filtros, quebrando a onda sonora complexa em diversas freqüências. Pois, no ponto de partida da cóclea, os cílios agitam-se com sons agudos; à medida que se avança para a outra extremidade, as células são sensíveis a sons cada vez mais graves. O movimento da membrana basilar, em que essas células se apóiam, estimula os terminais dos nervos auditivos logo embaixo.
Desse modo, para o sistema nervoso, as diferenças de tonalidades em uma escala musical, por exemplo, são uma questão topográfica: embora o impulso elétrico de uma nota dó seja idêntico ao impulso elétrico das notas ré, mi, fá, esses estímulos partem de pontos diversos no nervo auditivo. Existem, no entanto, pessoas com a audição muito mais aguçada do que a maioria da população-e os otorrinos ainda não entendem por que isso acontece. Pode estar no cérebro o segredo do que os músicos chamam ouvido absoluto, conceito aplicável àqueles com memória fabulosa para freqüências de sons.Julio Medaglia, um dos mais renomados maestros brasileiros, lembra-se de uma prima, que abandonou o estudo do piano na infância: "Ela é capaz de ouvir uma serra elétrica e afirmar se aquilo é um si bemol ou não. Mas isso não parece ser tão importante para um músico. Arturo Toscanini não tinha ouvido absoluto", argumenta Medaglia, referindo-se ao genial maestro italiano, que morreu em 1957, em Nova York, nos Estados Unidos. O irônico é que, às vezes, ter um ouvido absoluto até atrapalha. "No coro de uma capela é comum o efeito proposital de baixar um pouco o tom no final da música. Um ouvido absoluto, no meio dos cantores, fica angustiado -e desafina em relação ao resto", exemplifica Medaglia.Mas isso nem se compara aos apuros da surdez. "O surdo costuma sentar-se encostado na parede, de frente para a porta. com medo de que alguém se aproxime sem que ele perceba". observa o otorrino Ricardo Bento. Ninguém com audição normal ou parcial consegue imaginar, o que seja o silêncio- mesmo se entrar numa câmara acústica, com zero decibel, ouvirá ainda os sons do próprio organismo, como as batidas do coração. Além disso, a audição nunca desliga. Mesmo no mais profundo dos sonos, ela permanece em alerta. Só que, nesse estado, o sistema nervoso aciona uma espécie de filtro, que seleciona informações importantes. Torna consciente, por exemplo, o toque do despertador-e, então, o ouvido acorda para qualquer som. 

Para saber mais: 
Silêncio: som demais 
(SUPER número 1, ano 3)


O fim do mais absoluto silêncio

Há três anos, com a proposta de se criar um aparelho para substituir a cóclea do ouvido, o otorrino Ricardo Bento desceu até o subsolo do Instituto do Coração, sem São Paulo- ali, cientistas se reúnem em um dos mais avançados laboratórios de Bio-engenharia do mundo. "Ficamos motivados por ser um projeto difícil do ponto de vista da Engenharia", conta o médico e engenheiro Adolfo Leirner, que dirige o laboratório. "Mas, sobretudo, o aparelho terá resultados visíveis no horizonte." O engenheiro eletrônico Miltom Oshiro conta que os primeiros implantados usarão um aparelho não-portátil. "De acordo com seus relatos, ajustaremos a versão final do aparelho, que será carregado na cintura como um bip."Uma equipe de fonoaudiólogos ensinará os implantados a ouvir com o equipamento. De fato, não será a mesma coisa do que contar com a engenhosa maquinaria do ouvido interno normal. As 12 000 células ciliadas da cóclea, afinal, separam uma enorme gama de freqüências sonoras; o aparelho de implante, por sua vez, possui um banco de filtros capaz de separar apenas dezesseis freqüências do som, captado por um microfone. O toque de um telefone soará como um "zzzz"-os implantados, claro, serão treinados para reconhecer esse ruído. Mas o aparelho permite à informação sonora chegar a seu destino: o cérebro."Do banco de filtros, as ondas sonoras vão para um microcomputador, que seleciona aquelas com intensidade superior a 55 dB", descreve Oshiro. Então, o som é transmitido em ondas de rádio por uma antena, grudada atrás da orelha, graças a uma ímã. Sob a pele, está outro ímã, com uma antena para captar essas ondas. Um eletrodo, no lugar da cóclea, finalmente transforma o som em sinais elétricos para o nervo auditivo. Assim, é possível ouvir, ainda que as vozes sempre pareçam anasaladas, como a de um robô.


Os canais do equilíbrio

Manter-se em pé, subir ou descer escadas sem cair, caminhar firme, e não cambaleante como um bêbado -o homem só consegue ficar equilibrado graças aos chamados canais semicirculares do vestíbulo, uma câmara pequenina no labirinto. "O sistema vestibular é notoriamente o principal responsável pelo equilíbrio do corpo humano", explica o otorrino Sung Ho Joo. Em cada labirinto, encontram-se três canais dispostos em planos diferentes, preenchidos por um líquido que chacoalha conforme as rotações da cabeça. O vai-vém do liquido, por sua vez, movimenta os cílios no revestimento dos canais. "Esses cílios funcionam como interruptores: para um lado, disparam um estímulo nervoso e, para outro, inibem o sinal elétrico", descreve Sung. "No ouvido direito, porém, a direção inibidora dos movimentos ciliares é oposta àquela do ouvido esquerdo. Ou seja, é como se, enquanto um dos ouvidos diz liga, o outro dissesse desliga."Constantemente, o cérebro soma e interpreta os sinais dos seis canais semicirculares. Quando não consegue fazer isso direito, a vida se transformar em uma corda bamba-basta mexer o corpo, para sentir a ameaça do tombo, acompanhada de tonturas, o sintoma clássico da labirintite, como é conhecido o problema. "A labirintite tem causas diversas e seus efeitos podem ser percebidos em qualquer situação, não apenas quando a pessoa está em lugares altos", esclarece Sung. "Felizmente, a maioria dos casos tem tratamento."

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Como saber as quantas andamos

COMO SABER A QUANTAS ANDAMOS



O albatroz mergulha à velocidade que mais lhe convém para apanhar um peixe. O morcego dá guinchos ultra - sônicos para descobrir se está perto ou longe de um obstáculo. Mas o homem, cujo organismo não tem nenhum velocímetro embutido, depende praticamente só dos olhos para calcular se corre perigo quando dirige seu automóvel.

Ter carteira de habilitação não significa ser bom motorista. Por mais que se tenha esforçado nas aulas da auto-escola, ao enfrentar o complicado transito da cidade ou mesmo uma estrada movimentada, o dono de uma licença novinha em folha perceberá que ainda tem muito a aprender. Só o tempo e a experiência ensinam a dirigir bem, ou seja, a prestar atenção também no que se passa atrás e ao lado do veículo.
Isso porque o ser humano não foi feito para andar mais depressa do que as pernas são capazes. O máximo que consegue, e por poucos instantes, é deslocar-se a 30 quilômetros por hora, como acontece com os atletas que fazem os 100 metros rasos em pouco mais de dez segundos. Não tendo sido feitos para correr; os humanos não possuem nenhum sentido que informe sobre a velocidade, o grau de aceleração e o momento de frear, ao contrário de outros seres.
O albatroz, por exemplo, desenvolveu ao longo de sua evolução a capacidade de mergulhar à velocidade que mais lhe convém para apanhar um peixe. Já com seus guinchos ultra - sônicos,, de freqüência e amplitude constantes, os morcegos ficam sabendo se estão perto ou longe de um obstáculo, como se estivessem voando por instrumentos.
Mas onde está o velocímetro dos seres humanos? Para saber a quantas anda, o homem conta praticamente só com as relativamente escassas informações que os olhos fornecem. Estudos realizados na França concluíram que 90 por cento das informações que chegam ao cérebro do motorista são de origem visual. Além disso, ao aumentar a velocidade o motorista pode experimentar também uma vaga sensação de frio no estômago. Por fim, os ruidos do ar - como o vento por exemplo - fornecem dados adicionais sobre a velocidade desenvolvida. A percepção se aguça quando se viaja por estradas amplas, com mais de duas pistas, onde é permitido correr até a 100 quilômetros por hora.
Já que a principal fonte de informação sobre velocidade é a vista, especialistas em transito vêm estudando o comportamento do nosso equipamento óptico. O que realmente vemos e registramos? Quando uma pessoa fixa o olhar em um objeto - o rosto de um interlocutor, por exemplo - a pupila enfoca esse ponto, sem no entanto, ignorar imagens que estão fora desse estreito foco de atenção. Essa maneira de perceber os estímulos vindos da periferia do campo visual é conhecida pelos psicólogos como "percepção visual semiconsciente". Ela se torna consciente ao se transformar, por qualquer motivo, no principal foco de atenção. O ser humano tende a transportar para a chamada "visão macular", isto é, para o foco, todos os objetos que entram no campo visual. Essa tendência involuntária é o "reflexo de fixação".

Um bom exemplo é o do condutor experiente na pista da esquerda de uma estrada, com a atenção voltada para o caminhão que trafega pela direita que ele está alcançando. Se de repente o caminhão der um sinal com o pisca-pisca, o motorista do carro perceberá a novidade de forma semiconsciente; mesmo assim, agirá imediatamente em função dela.
Os pesquisadores divergem quanto à amplitude da visão semiconsciente: uns dizem que ela é de um grau e meio; outros calculam que alcance quatro graus. Para o professor de Anatomia, Ricardo Smith, da Escola Paulista de Medicina, a amplitude do campo visual de uma pessoa é de aproximadamente 170 graus.
Mas a "visão macular" - a que enfoca os objetos que despertam a atenção - tem uma amplitude muito menor - cerca de quatro graus. E quanto mais periférico o campo visual, mais indefinida a imagem do objeto percebido.
Como sempre, existem diferenças individuais e estas podem ser demonstradas mediante um teste: coloca-se no motorista um par de óculos especiais que acompanha os movimentos dos olhos, registrados em filme; nele aparecem bem determinados os pontos nos quais a pupila se fixa. A partir dai, é possível saber com exatidão para onde a pessoa olha. Normalmente, ocorrem de quatro a seis movimentos oculares por segundo. Esses movimentos, chamados sacádicos, são responsáveis pela busca de informações ou indícios que mereçam atenção. Nessa procura constante, os olhos são capazes de chegar à amplitude de 700 graus por segundo. Se eles se fixarem em alguma coisa, por reflexo começa um movimento denominado perseguição lenta, que pode alcançar 40 graus por segundo, para tentar definir o objeto.

Tais movimentos independem da velocidade do veículo. Mas está comprovado que, em baixas velocidades, a visão é mais ampla. Testes efetuados em pilotos de ralys revelaram que, a 200 quilômetros por hora, eles se fixavam em quatro pontos, distantes apenas 50 metros do veículo. Ao diminuir a velocidade para 120 quilômetros, a distância dos pontos aumentava para 100 metros. Concluiu-se então que, em altas velocidades, a visão se reduz, enquanto em velocidades menores as laterais entram no campo de visão. No caso desses pilotos, o olho tem de abarcar um campo muito amplo em torno dos pontos fixos para conseguir uma percepção maior. A diferença entre eles e os motoristas recém-saídos da auto-escola é que, além de verem mais e meIhor, os profissionais selecionam as coisas em que devem prestar atenção. Os principiantes, ao contrário, olham indistintamente para todos os lados, pois seu cérebro ainda não estabeleceu uma ordem de prioridades.

Em qualquer dos casos, porém, é impossível assimilar a infinidade de informações que passam voando à frente ao longo do percurso. Pois o cérebro bloqueia dados em excesso, limitando-se a processar as informações principais. Um fenômeno causado pelas altas velocidades é o chamado efeito túnel. Além de 160 ou 170 quilômetros por hora e conforme as características da estrada, forma-se diante dos olhos do condutor uma espécie de túnel, onde só é possível enfocar o fundo da imagem e as laterais são percebidas como borrões. A descoberta desse efeito foi importante para a definição dos limites à velocidade nas estradas na maioria dos países. No Brasil, por exemplo, o máximo permitido é de 100 quilômetros por hora - e só nas poucas rodovias que oferecem maior segurança. No entanto, pesquisas recentes demonstraram que aqueles borrões até servem de orientação ao motorista, ajudando-o a manter o veículo na direção desejada.

Dois exemplos apóiam essa teoria: 1) nas estradas sem sinalização lateral, o motorista se sente inseguro e reduz automaticamente a velocidade, especialmente à noite; 2) as janelas laterais do carro vedadas de propósito, de modo que motorista só veja o exterior por uma pequena abertura no pára-brisa, deixam o condutor inseguro e confuso. Portanto, enxergar as laterais, mesmo borradas, é de grande valia quando se viaja com o acelerador calcado.

Mas há outra forma de visão borrada - e esta tem relação com a freqüência de oscilação das imagens. Nesse caso, aproveita-se a inércia do olho para movimentar uma imagem com determinada freqüência. Quanto maior a velocidade, mais uma sucessão de imagens isoladas produzirá a sensação de se estar vendo uma seqüência continua. Se a freqüência for mais lenta, pode-se notar detalhes, embora trêmulos. Percebe-se a tremulação quando se dirige por uma estrada ladeada de árvores ou mesmo de canteiros de obras. Essa paisagem em que se alternam árvores, casas, campos etc. é percebida de forma oscilante. Quanto mais próximos os objetos estiverem da beira da estrada, mais depressa começa a oscilação. E por isso que, numa rua estreita, o motorista tende a avaliar a velocidade desenvolvida como alta, enquanto em estradas amplas a tendência é calculá - la por baixo.

Identificar as sensações que a velocidade proporciona, para não subestimá-la, e avaliar corretamente as distâncias são requisitos essenciais de um bom condutor. Os engavetamentos, muito comuns sob neblina, mostram que os motoristas não percebem como deveriam agir em determinadas situações e acabam confiando apenas nos freios. Os principiantes, sobretudo, ainda não desenvolveram o hábito da desaceleracão. Se o veículo que está à frente acender as luzes do freio, isso não quer dizer necessariamente que o de trás deva frear. O simples ato de tirar o pé do acelerador reduz consideravelmente a velocidade. Afinal, frear bruscamente é diferente de frear bem.

Como funciona o cérebro nesse caso? Quando o motorista percebe um obstáculo, a informação entre distancia e velocidade é dada a partir dos movimentos dos objetos ao redor e da visão periférica. O cérebro então analisa a cada momento e no tempo certo a nova situação, reagindo diante dela. Esse comportamento é aprendido. Alguns animais e insetos também agem assim, mas neles o comportamento é inato. Biólogos descobriram que algumas aves aquáticas utilizam o mesmo sistema: guiam seu vôo até o momento de submergir na superfície da água. As moscas coordenam seus pousos, calculando o momento exato do contato. Nos dois casos, o sensor é o olho.

A diferença entre os animais e os seres humanos é que os primeiros já nascem sabendo calcular as distancias e determinar sua velocidade relativa; os homens, ao contrário, necessitam de longo periodo de treinamento antes de dominar suas novas aptidões. Como raramente isso é fornecido pelas auto - escolas convencionais, cursos destinados a treinar motoristas. novatos ou não, para reagir diante de perigos inesperados, começam a ser organizados em alguns países da Europa por empresas e clubes automobilísticos. No Brasil, tais cursos ainda são raros e é possível que isso se explique pela limitação de velocidade na grande maioria das estradas a 80 quilômetros por hora. Como se sabe, isso não foi suficiente para livrar o pais da condição de campeão de desastres em estradas. Calcula - se que em 1986, por exemplo, houve nada menos que 56 mil acidentes - e isso apenas nas rodovias federais. Ao todo, 25 mil pessoas devem ter morrido por desastres. Por isso, o Conselho Nacional de Transito propôs, recentemente, a inclusão de noções de transito nos currículos escolares, desde o curso primário.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sinto muito - Os Sentidos

SINTO MUITO - Os Sentidos



Tente descrever qual é a graça de andar em uma montanha russa usando só os 5 sentidos. Enquanto você coça a cabeça para descobrir se a vertigem e o frio na barriga se encaixam no tato, na visão, no olfato, na audição ou no paladar, aproveite para pensar em outra coisa: como você sabe que seu braço está de fato coçando a sua cabeça, se não consegue vê-lo? Se quiser mais desafios, olhe de novo a página anterior e responda: por que a imagem de um prego no olho traz uma sensação de dor? Por que alguns padrões de cor e de formas dão a ilusão de vibrar? Por que ver uma mulher beijando um rato embrulha o estômago? Aliás, qual dos 5 sentidos lhe diz que você teve um embrulho no estômago?

Não fique tonto com essas questões (até porque a tontura é outra sensação que não dá para explicar só com audição, visão, tato, olfato e paladar). Como você já deve desconfiar pelas perguntas acima, os nossos sentidos são muito mais complexos do que sempre nos disseram. A idéia de que temos apenas 5 formas de perceber o mundo foi formulada pelo filósofo grego Aristóteles no século 4 a.C. e, de forma um tanto impressionante, permanece popular até hoje. A ciência, no entanto, já percebeu que os nossos sentidos passam de 20 e são bastante maleáveis, complexos e interessantes. Quando começaram a estudar as portas da percepção, coisas incríveis aconteceram: pessoas passaram a enxergar pela língua ou pelo ouvido, pintar coisas que nunca viram, sentir o tato só pela visão. É a nova ciência dos sentidos - e ela pode mudar tudo o que sabemos sobre a realidade à nossa volta.



Vendo tudo

Quantas formas de perceber o mundo nós temos? Não é uma pergunta fácil, principalmente porque, para respondê-la, precisamos antes saber de que mundo estamos falando. É que, nesse caso, existem dois: o externo e o interno. Os 5 sentidos tradicionais são específicos para observar o que acontece fora de nós. Além deles, existem aqueles que servem para percebermos nós mesmos e a relação do nosso corpo com o espaço. Mesmo de olhos fechados, você sabe que tem pés, braços, cabeça, um corpo inteiro, certo? O sentido encarregado de informar o que faz parte do nosso corpo é a propriocepção. O neurologista inglês Oliver Sacks, no livro O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu, cita o caso real de Christina, que, aos 27 anos, perdeu a propriocepção depois de receber antibióticos. De uma hora para outra, ficou incapaz de sentir o próprio corpo e precisou aprender a se virar usando outros sentidos, como a visão e a audição. Precisava ver as pernas ou as mãos para andar ou pegar um objeto. Falar se tornou muito difícil - é graças à propriocepção que sentimos a posição da boca.

Comece a viajar nesse mundo interno e vão pipocar sentidos que nos informam situações como o equilíbrio, a pressão sanguínea, a sede ou a fome. Um exemplo é a cinestesia, que nos diz quando cada parte do corpo se move. Só que alguns cientistas acreditam que, mesmo somando todos esses sentidos, ainda não temos o retrato completo. Quem sabe se cada um desses não é um agrupamento simplista de muitas formas de percepção? Afinal, sentir um toque gelado é diferente de sentir um toque com pressão. E enxergar formas é diferente de enxergar cores - o que é comprovado pelo fato de que é possível ficar cego apenas para as cores, como bem sabem os daltônicos. Será correto agrupar no nome "visão" a percepção das formas, dos vermelhos, dos verdes e dos azuis? Ou deveríamos falar de pelo menos 4 sentidos? Não existe ainda entre os cientistas um consenso sobre o que deve ou não ser considerado um sentido isolado. As diferentes respostas a essas perguntas podem fazer o nosso número total de sentidos oscilar entre 10 e 33 (veja tabela à direita). Sentiu o problema? Pois ele é só o começo.



Fazendo sentido

Os sentidos são como uma gangue: além de serem muitos, agem sempre em grupo. E basta acionar um para que todos respondam. Segundo Alvaro Pascual-Leone, neurologista da Universidade Harvard, em Massachusetts, EUA, nosso cérebro está sempre usando todas as percepções para criar um cenário mental da situação. É o que se chama de "mãos da mente": ao olhar para um abacaxi, você sente a textura espinhenta da fruta, enquanto mentalmente é capaz de sentir seu cheiro e o sabor doce e ácido.

Por que isso acontece? Antes de mais nada, é importante entender que sensação e percepção são processos complementares, mas diferentes. A sensação é a parte passiva da coisa, quando simplesmente recebemos um estímulo. É quando as ondas sonoras atingem o aparelho auditivo, fazem o tímpano vibrar e, na forma de impulsos elétricos, são levadas pelo nervo auditivo até o cérebro. A partir daí, entra em cena a percepção, que assimila, decodifica e processa esses dados.

As nossas sensações estão sempre funcionando, mas nossa percepção varia bastante. Ela pode ser temporariamente desativada: como qualquer um que tenha assistido a uma aula chata pode dizer, é possível escutar palavras sem ouvir nada. Por outro lado, é só andar em uma rua deserta para perceber como ficamos mais perceptivos a barulhos e sombras. O desligamento é seletivo: quando queremos conversar com alguém em uma festa barulhenta, precisamos ignorar todas as conversas paralelas, mas basta mencionarem nosso nome para voltarmos a atenção a outra conversa. Na Universidade Harvard, os psicólogos Daniel Simons e Christopher Chabris pediram que voluntários contassem o número de passes dados em um jogo de basquete, o que fez com que muitos não percebessem uma pessoa vestida de gorila atravessando a quadra. (Preste atenção: alguém pode estar chamando o seu nome enquanto você lê esta matéria.)

É possível ter problemas na percepção - um mal neurológico conhecido como agnosia que impede o reconhecimento de qualquer imagem, cheiro ou som. Existem relatos de pessoas incapazes de diferenciar um círculo de um quadrado, apesar de enxergar bem as duas formas. Oliver Sacks cita o caso de um professor de música com um processo degenerativo nas partes visuais do seu cérebro que foi aos poucos perdendo a capacidade de enxergar o todo de uma imagem. Identificava apenas os detalhes ou os movimentos. A confusão chegou a tal ponto que ele não conseguia mais entender uma rosa, apesar de descrevê-la com riqueza de detalhes. Durante uma consulta médica, confundiu seu pé com o sapato e, depois, pegou a cabeça de sua mulher para colocá-la na sua própria cabeça, literalmente confundindo-a com um chapéu.

Mais impressionantes ainda são os casos em que a sensação não acontece, mas a percepção sim. Nosso cérebro é capaz de sentir texturas através da visão (olhe para um cachorro fofinho, por exemplo) ou formar imagens através do tato. O pintor turco Esref Armagan é cego de nascença e seus olhos não detectam nenhum tipo de luz, mas mesmo assim ele é capaz de pintar imagens complexas, como paisagens ou peixes, respeitando as regras da perspectiva. Ele retrata até mesmo objetos distantes, como montanhas e nuvens. Como consegue?

Em primeiro lugar, ele conhece os objetos através do tato e pelas explicações de pessoas que enxergam. Para saber o que está pintando, ele usa uma tinta com textura que lhe permite sentir os próprios traços. Mas o segredo mesmo está na cabeça de Armagan. O córtex visual (área responsável por processar a visão) de uma pessoa funciona mesmo sem estímulos visuais objetivos. Por exemplo, ao fechar os olhos e imaginar uma cena, seu cérebro vai ativar a área relacionada às imagens, mesmo que em uma intensidade mais baixa. O mesmo acontece com o cérebro de Armagan: atividade leve quando ele imagina alguma imagem e bem mais alta quando está desenhando ou pintando. Nessas horas, sua atividade no córtex visual é praticamente igual à de alguém que enxerga perfeitamente. Usando informações da memória, tato, descrição, localização espacial e outros sentidos, ele consegue formar uma imagem parecida com a que temos ao enxergar.

Definir a visão parecia ser uma tarefa simples, mas se torna um pouco mais complicado agora: um indivíduo com agnosia é capaz de reagir à luz, mas não vê certos objetos. Armagan não reage à luz, mas usa relatos para "enxergar" a ponto de pintar melhor do que muita gente com a visão perfeita. Casos como o dele reforçam a teoria de que a percepção das coisas não depende exatamente do caminho pelo qual o estímulo chega. Ou seja, seu cérebro consegue ver de várias formas - os olhos são apenas o caminho mais tradicional.



Olhando pela língua

Em uma pesquisa na Inglaterra, tudo o que voluntários precisavam fazer era colocar o braço debaixo de uma mesa. Por cima, ficava um braço de borracha, usado em shows de mágica. Os braços real e falso eram tocados pelos mesmos objetos, ao mesmo tempo. Foram precisos apenas 11 segundos para que eles começassem a considerar como sua a mão que estava visível, o que ficou provado pelo monitoramento da atividade cerebral e porque, no final da experiência, vários apontaram a mão de borracha como sendo a real. Já o neurologista Alvaro Pascual-Leone, de Harvard, foi mais longe: fez pessoas com a visão perfeita passarem 5 dias com óculos que bloqueavam toda a luz. Durante esse período, eles relataram um aumento nos outros sentidos e também algumas alucinações visuais. Além disso, estímulos táteis ou auditivos tornaram-se capazes de ativar o córtex visual do cérebro. Todos esses sintomas desapareceram menos de 24 horas depois que os voluntários retiraram os óculos.

As duas experiências mostram que os nossos sentidos são muito mais flexíveis e adaptáveis do que se acreditava. Por estarem todos interligados, é só limitar um pouco um deles para que outros tentem compensar a deficiência. Na primeira experiência, a visão interagiu - e acabou substituindo - a propriocepção. E, na segunda, Pascual-Leone acredita que o córtex visual dos voluntários começou a se adaptar para funcionar com estímulos não-visuais. Nos dois casos, o que interessava ao cérebro era a informação disponível. Com os dados que tinha, ele tentava montar uma imagem mental.

Descobertas como essas abriram caminho para encontrar formas de compensar deficiências como cegueira e surdez. Um dos resultados mais promissores é o vOICe, um dispositivo criado pelo inventor holandês Peter Meijer para fazer pessoas enxergarem por meio de música. Ele usa um padrão de sons para descrever imagens captadas por uma câmera, que pode ser acoplada aos óculos de um deficiente visual. Agudos indicam um objeto em posição elevada, como uma prateleira, enquanto sons mais graves indicam algo perto do chão. O volume está relacionado à luminosidade: quando mais alto o som, mais claro o objeto. A ausência de luz é representada pelo silêncio. Pode parecer estranho, mas com algum tempo de uso o sistema pode guiar uma pessoa por um ambiente.

Algo parecido pode ser feito com o paladar. O BrainPort, da Universidade de Wisconsin, EUA, é formado por 144 eletrodos dispostos em um quadrado do tamanho de um selo, que fica em contato com a língua. O alpinista Erik Weihenmayer, cego há mais de 20 anos, usou o dispositivo para projetar em sua língua as imagens captadas por uma câmera localizada em sua cabeça. Em pouco tempo de uso, foi capaz de identificar objetos e apanhar uma bola em movimento. Já a americana Cheryl Schiltz usou o BrainPort para recuperar a sensação de equilíbrio. No caso dela, um aparelho localizado também na cabeça registrava todas as vezes que ela se inclinava, indicando o desnível através dos eletrodos - ao deixar a cabeça alinhada, ela sentiria uma sensação mais forte na parte central da língua. Foi o suficiente para que Cheryl andasse pela rua, subisse e descesse escadas e até mesmo carregasse uma bandeja.
A viagem através dos sentidos está apenas começando. Cada um desses novos equipamentos levam a descobertas ainda mais profundas sobre como percebemos o mundo, que por sua vez levam a tecnologias mais avançadas. Talvez um dia os cientistas cheguem à conclusão de que temos mais de 35 sentidos ou, quem sabe, a uma resposta ainda mais radical: um só. Como o que está em jogo é nada menos a forma com que lidamos com o mundo e com que sabemos que tudo existe, é possível que essas pesquisas mudem toda a nossa relação com a realidade. O que estaremos vendo e ouvindo daqui a algumas décadas? Ninguém sabe.



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domingo, 10 de julho de 2011

As portas da percepção - Drogas

AS PORTAS DA PERCEPÇÃO - Drogas



Veneza. 3 de agosto, 1956: "Caro Doutor, gostaria de agradecer sua carta. Anexo segue o artigo sobre os efeitos das várias drogas que usei. Não sei se é apropriado para o seu jornal. Não faço objeção quanto a meu nome ser usado. Nenhuma dificuldade com a bebida. Nem desejo de consumir qualquer droga. Saúde geral excelente. Por favor, transmita minhas saudações a Mr. - (nome omitido). Utilizo seu sistema de exercícios diariamente, com excelentes resultados. Estive pensando em escrever um livro sobre narcóticos, se encontrar um colaborador que saiba lidar com a parte técnica."

O texto, intitulado "Carta de um empedernido viciado em drogas perigosas", é do escritor americano William Burroughs e foi endereçado a John Dent, médico britânico pesquisador do vício em drogas, que a publicou no British Journal of Addiction. Na carta, Burroughs, que passava por um período de desintoxicação, descreve de maneira minuciosa suas experiências com dezenas de drogas de diferentes classes: opiáceos (morfina, ópio, heroína), estimulantes (anfetamina, cocaína, bezedrina), cannabis (maconha, haxixe), alucinógenos (mescalina, ayuahuasca) e álcool, entre outras. As descrições foram incluídas como um apêndice ao tal livro sobre narcóticos que ele acabou escrevendo. Naked Lunch ou Almoço Nu, traduzido para o português, foi publicado em 1959. Delirante, caótica e autobiográfica, a obra, conseqüência de mais uma das recaídas do autor, foi repudiada pela crítica. Seu valor só foi reconhecido anos depois, e até hoje é tida como um dos marcos da história das letras. Mais: Almoço Nu, ao lado de On the Road (1957), de Jack Kerouac, e Uivo (1956), de Allen Ginsberg, converteu-se num clássico da literatura beatnik - e da literatura sobre (ou sob o efeito de) drogas também.

Essa relação entre drogas, criação e escritores e outros artistas, como pintores, músicos e atores, não foi inaugurada por Burroughs e sua turma. Registros de 50 mil anos atrás indicam que os neandertais já usavam uma erva estimulante com propriedades semelhantes às da efedrina e desenhos feitos em cavernas no período Paleolítico sugerem que os artistas conheciam alguns alucinógenos. Na Odisséia (cerca de 8 a.C.), Homero faz referências a uma bebida, oferecida por Helena a Telêmaco, capaz de aliviar a dor, e a uma planta (lótus) que seduz alguns marinheiros de Odisseu. O primeiro livro realmente dedicado ao tema é de 1821: Confissões de um Comedor de Ópio, escrito pelo inglês Thomas De Quincey.

Assim, por um lado, os beats (o termo foi usado pela primeira vez em 1948 por Kerouac e pretendia transmitir a idéia de "beatitude") não foram os primeiros a usar drogas e a escrever sobre elas. Por outro, não foram também os últimos. Álcool, maconha, heroína, ácido lisérgico (LSD) e substâncias afins sempre embalaram intimamente a criação artística (não toda, obviamente) e negar essa relação é tão ingênuo quanto ainda acreditar que o Sol gira ao redor da Terra - e não o contrário.

A lista de artistas e intelectuais que produziram ou produzem de mãos dadas com as drogas é gigante. Na música, os exemplos vão de Charlie Parker a Kurt Cobain; nas letras, do alcoólatra Lima Barreto e o "maldito" Leminski ao jornalista doidão Hunter Thompson; no teatro, de Antonin Artaud (viciado em ópio) a Fauzi Arap; no cinema, de Easy Rider a Zé do Caixão (sim, ele fez um filme chamado O Despertar da Besta, em que um psiquiatra injeta LSD em viciados para estudar os efeitos do tóxico diante de imagens do próprio Zé do Caixão); e, finalmente, nas artes plásticas, de Van Gogh (viciado em absinto) a Hélio Oiticica.

O importante - longe da apologia ou da condenação - é mostrar como essa união se relaciona com o desenvolvimento das artes e como ela operou transformações, boas ou ruins. Há bad trips e overdoses nesse casamento de risco? Sem dúvida. Há obras e histórias geniais decorrentes dele? Sem dúvida também.

"Para determinados artistas, as drogas serviram para aguçar a sensibilidade", diz Jorge Coli, professor de história da arte da Unicamp. "Mas elas não desencadeiam a criação se não houver o espírito criador." Jean-Arthur Rimbaud, poeta francês do século 19 e autor dos clássicos Uma Temporada no Inferno e Iluminações, acreditava no "desregramento dos sentidos" como meio de criação. "O poeta se faz vidente por um longo, imenso e racional desregramento de todos os sentidos", afirmava ele. O objetivo do desregramento era "reter a quintessência" das coisas. E, de acordo com Rimbaud, o haxixe, o ópio e o absinto eram bons elementos para atingi-lo.

Os beatniks - incluindo Gregory Corso, Gary Snider, Lawrence Ferlinghetti, entre outros da geração -, por sua vez, queriam ser um estilo de vida. "Antes da aparição dos beats não havia, nos jovens da época, qualquer relação entre seus mundos e suas mentes", afirma o jornalista Bruce Cook em seu livro The Beat Generation ("A Geração Beat", sem tradução para o português). A época, vale lembrar, era a década de 1950. "Em 1954, os Estados Unidos viviam o apogeu da Guerra Fria, acabando de sair da Guerra da Coréia e em pleno período do macarthismo, de perseguições a intelectuais militantes ou suspeitos de pertencerem a organizações de esquerda", afirmou Cláudio Willer na introdução da versão brasileira de Uivo, Kaddish e Outros Poemas, de Allen Ginsberg.

"Eu acho que a marijuana é um instrumento político. É um estimulante catalítico para toda consciência ligeiramente ampliada", afirmou Allen numa entrevista de 1960. Na mesma época, num depoimento para Gregory Corso, concluiu que "o negócio seria fornecer mescalina (alucinógeno extraído de um cacto) ao Kremlin e à Casa Branca, trancar os mandatários pelados num estúdio de televisão durante um mês e obrigá-los a ficarem falando em público até descobrirem o significado dos seus atos". "É assim que a televisão poderia ser adaptada ao uso humano."

Allen e companhia estavam, obviamente, contra a ordem do dia. E, contra eles, estava o establishment - de políticos a críticos. Uivo, quando publicado, em 1956, levou à cadeia seu editor, Lawrence Ferlinghetti, por venda de material obsceno. Liberado mais tarde, o livro se converteu num dos mais influentes da poesia americana do século 20. Além disso, abriu caminho para que On the Road (1957), escrito em três semanas e com 186 mil palavras num rolo de papel de telex, ficasse cinco semanas na lista dos livros mais vendidos. Só para lembrar: Kerouac precisou de muita benzedrina (estimulante), cigarro e café para pôr no papel suas frenéticas viagens pelos Estados Unidos e México embaladas pelo jazz.

À época, o bebop, uma variação "acelerada" do jazz, estava em voga. E Charlie Parker era um de seus representantes supremos. Bird, como o chamavam, tocava seu saxofone movido a vinho barato e muita heroína, a droga da moda e socialmente aceitável entre as pessoas ligadas à música. "Achava-se que usando heroína era possível tocar como Charlie Parker", disse Frank Morgan, um dos companheiros de Charlie, num documentário sobre o saxofonista. O uso da droga ajudou-o a gravar discos sensacionais como Jazz at Massey Holl, mas também levou-o a uma morte prematura, aos 34 anos. Para se ter uma idéia do estrago que a droga lhe fez, o médico responsável pela autópsia - sem saber a idade real do músico - estimou que o corpo era de alguém entre 55 e 60 anos de idade. "Música é a sua própria experiência. Pensamentos, sabedoria. Se você não vive isso, não transmitirá com o seu instrumento", afirmou Charlie certa vez.

No jazz, a heroína correu solta nas veias de muitos outros artistas. Entre eles, Billie Holiday, Chet Baker e Miles Davis, três nomes sagrados do gênero. Miles, dizem, teria criado o cool jazz ouvindo bebop e sendo auxiliado por algumas seringas. Mas nem sempre foi assim. No início do século 20, em Nova Orleans, o jazz era associado à maconha. Na década de 30, diversas músicas sobre o tema já haviam sido compostas e até Louis Armstrong falara bem a respeito da erva. Milton Mezzrow, um jazzista judeu de Nova York, fez o mesmo na década de 40 e afirmou em sua autobiografia, Really the Blues (algo como "O Verdadeiro Blues", sem tradução para o português), que fumar maconha o ajudava a tocar melhor.

Anos depois, porém, a heroína é que passaria a dominar a cena. E seu uso se disseminou até o rock‘n’roll dos tempos atuais (Pete Doherty, vocalista da banda inglesa Libertines, já foi internado e preso por causa de sua dependência da droga). Nesse gênero musical, pouquíssimos chegaram ao nível de Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones. Na década de 70, por exemplo, por conta do vício em heroína, ele chegou até a ter de "trocar de sangue" numa clínica suíça. "Trocar" é exagero. Na verdade, seu sangue foi filtrado numa máquina para que substâncias tóxicas fossem retiradas. Apesar da dependência de Keith (Jagger também não escapou), os Stones produziram alguns de seus melhores álbuns entre 1969 e 1971. Let It Bleed, de 69, pode ser considerado o primeiro "disco de heroína" do grupo. De acordo com a crítica inglesa, "Gimme Shelter", uma das faixas, teria sido composta por Keith numa "temporada" de algumas horas no banheiro de casa com a guitarra e um saquinho de heroína. Exile on Main Street, gravado em 1971 ( lançado em 72) e considerado a obra-prima dos Rolling Stones, é pico do começo ao fim. "Eu estava pegando pesado com heroína", afirmou Keith Richards no ano seguinte.

"A heroína alimenta o simbolismo de se viver no limite, do tipo ‘até onde eu consigo ir?’", afirmou numa entrevista à revista britânica Q Harry Shapiro, autor de Waiting For the Man: The Story of Drugs and Popular Music (algo como "Esperando pelo Homem: A História das Drogas e a Música Popular", sem tradução para o português). Eric Clapton, Steven Tyler, Lou Reed e Iggy Pop chafurdaram nela, mas sobreviveram. Kurt Cobain e Janis Joplin, entre outros, foram além do limite.

Paul McCartney admitiu ter experimentado heroína também, mas sem saber do que se tratava. "Não me dei conta do que havia usado. Me deram algo para fumar e eu fumei", afirmou em 2004 à revista britânica Uncut. Na publicação, Paul relembrou quando ficou preso por dez dias no Japão, em 1980, por estar com 225 gramas de maconha na bagagem. "Estava prestes a ir para o Japão e não sabia se conseguiria fumar alguma coisa por lá", disse. "O negócio era bom demais para jogar na privada, então eu resolvi levar comigo."

Quanto aos Beatles, é inegável que a maconha e o ácido lisérgico (LSD) foram fundamentais na criação de determinados trabalhos, especialmente em Revolver, Rubber Soul e Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Ringo Starr conta na série de documentário Beatles Anthology que no período de Rubber Soul a atitude do grupo mudou. "Acho que a maconha teve muita influência nas nossas mudanças", afirmou. Na mesma série, Paul disse: "Mudamos de ‘She Loves You’ para canções mais surrealistas". Já a influência do LSD foi escancarada em "Lucy in the Sky with Diamonds" e "Day Tripper", além da história de que o produtor George Martin teve de levar Lennon para tomar um ar no telhado da gravadora por causa de uma viagem de ácido. Os Beatles, porém, como afirmou Ringo, não conseguiam fazer músicas se estivessem alterados demais. "Sempre que abusávamos a música que fazíamos era uma bosta total", disse ele.

O LSD foi o combustível fundamental para os anos 60, época do amor livre, da Guerra do Vietnã e dos festivais. Na terceira edição do festival da ilha de Wight, em 1970, na Inglaterra, drogas e música proporcionaram algo inusitado: um show de Gilberto Gil, Gal e Caetano para cerca de 200 mil pessoas. Os três e mais umas 20 pessoas tocaram no mesmo palco onde dias depois (foram cinco dias no total) estiveram Jimi Hendrix, The Doors e The Who.

A apresentação aconteceu graças a Cláudio Prado, membro do grupo que gravou uma jam session ocorrida à base de LSD e maconha na barraca do hoje ministro Gilberto Gil. Ele levou a fita até a organização do festival, que autorizou os brasileiros a tocarem no segundo dia - dedicado a artistas pouco conhecidos. O show durou cerca de 40 minutos. No repertório, "London, London", "Aquele Abraço" e muito improviso. "O ácido nos deixou entusiasmados", diz o escritor Antonio Bivar, que foi ao palco tocar reco-reco. Co-tradutor da edição brasileira de On the Road, ele contou a experiência da ilha de Wight em seu livro Verdes Vales do Fim do Mundo. "Caetano e Gal não haviam tomado LSD."
Nesse caso, o alucinógeno ajudou a catalisar um momento da expressão artística. Mas nem sempre nem com todo mundo é assim, do tipo experimente alguma droga e saia escrevendo poemas de qualidade, pintando belos quadros e fazendo boa música por aí. Veja o que o escritor Aldous Huxley, autor de As Portas da Percepção (em que relata seu uso da mescalina), de 1954, e protagonista de experiências com LSD, disse numa entrevista à Paris Review em 1960. Perguntaram se ele via relação entre o processo criativo e o uso de drogas como o ácido lisérgico. Trecho da resposta: "Para a maioria das pessoas é uma experiência significativa e eu suponho que de um modo indireto pode ajudar no processo criativo. Mas não acredito que alguém possa se sentar e dizer ‘Eu quero escrever um poema brilhante e por isso vou tomar ácido lisérgico’. Não acho, de maneira alguma, que você vai atingir o resultado esperado."


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