sábado, 19 de outubro de 2013

O poder dos mapas - Cartografia


O PODER DOS MAPAS - Cartografia


Duas exposições, quase simultâneas, nos Estados Unidos, exibem trabalhos, antigos e modernos, mostrando que eles não apenas representam uma área geográfica, mas expõem opiniões, idéias políticas, até preferências estéticas.



A Enciclopédia Britânica define a cartografia como "a ciência ou a arte de representar graficamente uma área geográfica". Parece uma ambigüidade, pois arte e ciência são categorias que não combinam. Mas uma visita à exposição O poder dos mapas, no Museu Nacional de Design Cooper-Hewitt; em Nova York, vai mostrar que a bicentenária enciclopédia está certa - a cartografia, em muitos casos, bem pode ser considerada o feliz casamento da arte com a ciência. Desde outubro do ano passado, e até o próximo mês, estão em exibição naquele museu da Smithsonian Institution mais de trezentos mapas, gráficos, globos e outros trabalhos diretamente ligados àquela arte ou ciência que têm muito de arte e outro tanto de ciência.
A arte dá aos mapas beleza e poesia; a ciência torna-os práticos e úteis. Mas, conforme sugere o nome da exposição, há algo mais nesses trabalhos que não pode ser descoberto simplesmente com os olhos. Um mapa sempre reflete um ponto de vista, seja do cartógrafo que o preparou, do editor que o produziu ou mesmo da empresa ou do governo que o patrocinou. Ele tanto pode inspirar e divertir quanto ser instrumento de controle ou de pregação política, mostrando um país maior ou menor do que é - ou mesmo fazendo com que desapareça. A exposição apresenta mapas, produzidos desde 1500 a.C. (um desenho da Mesopotâmia) até a atualidade, com trabalhos de alta precisão feitos em computador. Alguns destaques são um mapa-múndi em pergaminho, do século XIII; mapa de 1513, documentando as viagens de Cristóvão Colombo ao Novo Mundo; mapa das estrelas preparado pelos índios americanos da tribo dos Pawnee; um mapa topográfico da Grande Esfinge, no Egito.
A cartografia é uma disciplina provavelmente pré-histórica: nossos mais distantes antepassados já utilizavam representações dos territórios, para facilitar a caça e a pesca do almoço de cada dia. Mas foi o astrônomo e geógrafo grego Ptolomeu quem estabeleceu, no século II, as regras que tornaram esféricas as representações do território conhecido (e imaginado) do planeta. Um trabalho tão consistente que ainda na Idade Média era rigorosamente seguido pelos cartógrafos, embora o eixo do mundo já estivesse deslocado para Jerusalém e as terras do Leste aparecessem em tamanho desproporcional ao seu peso real.Representações mais perfeitas começaram a aparecer no século XIV, destinadas principalmente aos marinheiros que então singravam todos os mares, em busca de novas terras. A descoberta da América, sobretudo, levou ao surgimento de técnicas que permitissem melhor representação de uma realidade esférica num plano. Produziram-se, então, milhares de representações do Novo Mundo, algumas das quais exibidas em outra exposição nos Estados Unidos, promovida pela Biblioteca Pública de Nova York, como parte da comemoração do quinto centenário da descoberta. A cartografia moderna, enfim, usa largamente a fotografia aérea para a produção de mapas de exemplar minuciosidade, mas são as imagens obtidas do espaço, pelos satélites e naves interplanetárias, que permitem chegar ao máximo de precisão. Com esses artefatos, na verdade, já é possível produzir mapas de regiões da Lua, dos planetas e dos seus satélites.
O Museu Nacional de Design Cooper-Hewitt foi fundado em 1897 e atualmente, incorporado à Smithsonian Institution, funciona em plena Quinta Avenida, em Nova York. O poder dos mapas não é uma simples exibição de belos trabalhos cartográficos - o Departamento de Educação do museu preparou um cuidadoso programa para que a exposição se tornasse um poderoso auxiliar para os professores de Nova York. A programação inclui conferências, seminários, workshops e programas especiais de visita. Guias especialmente designados recebem os professores em pré-visitas, durante as quais são preparados todos os passos da visita dos estudantes, geralmente incluindo sugestões de atividades que a integrem de alguma forma ao currículo escolar. A exposição Mapeando o Novo Mundo foi realizada de setembro do ano passado a janeiro de 1993 na Sala Edna Barnes Salomon da Biblioteca Pública de Nova York, também na Quinta Avenida.



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