O que Taylor Swift e a Teoria das Cordas têm em comum
Albert Einstein e Taylor Swift tinham desejos muito parecidos. Os dois queriam juntar em um mesmo lugar as coisas que de que mais gostam na vida. No caso da cantora, isso foi facilmente solucionado no clipe de Bad Blood, no qual ela colocou todo o seu exército de melhores amigas em uma mesma história. Já no caso de Einstein, a solução é um pouco mais complexa — e, na verdade, ainda nem foi resolvida.
O físico alemão sonhava com uma única teoria que fosse capaz de explicar todos os enigmas do universo, uma equação que juntasse suas superamigas, no caso, as forças conhecidas na época: o eletromagnetismo e a gravidade (só depois descobriu-se a força nuclear forte e a força nuclear fraca). Ou seja, uma Teoria de Tudo.
O físico morreu sem conseguir realizar seu sonho, mas os cientistas o levaram adiante. Assim, os físicos John Schwarz, Michael Green e Yoichiro Nambu desenvolveram o conceito da Teoria das Cordas, uma ideia que combina a Teoria da Relatividade Geral (que explica o comportamento de grandes corpos como planetas e estrelas) com a mecânica quântica (voltada para a explicação de partículas de átomos mais minúsculas do que a possibilidade de Taylor Swift voltar a ficar com o John Mayer).
A mecânica quântica e o fim do amor
A mecânica quântica está para ao física assim como a atriz Camilla Belle está para Taylor Swift. Isso porque as duas causaram rupturas memoráveis: se Belle ajudou no término do namoro de Taylor com Joe Jonas, a mecânica quântica, surgida no fim da década de 1920, dividiu os físicos entre aquelas que queriam estudá-la e aqueles que preferiam continuar a desvendar os mistérios dos grandes corpos do universo usando a Teoria da Relatividade Geral de Einstein.
Seguindo a ideia do clipe de You Belong With Me, é como se existissem duas Taylor Swifts diferentes e uma não fosse com a cara da outra. Mas as duas Taylors (ou os dois tipos de física) no fundo fazem parte da mesma coisa. O problema é que os conceitos da Teoria da Relatividade Geral não se aplicam ao mundo subatômico e vice-versa. Mas isso é muito estranho, porque, como previu Einstein, deve haver uma teoria que junte tudo. Poderia ser a Teoria das Cordas?
As cordas do violão de Taylor
Segundo a Teoria das Cordas, todas as coisas do universo são compostas por um filamento de energia chamado “corda”. Só para comparação: durante muito tempo, se pensava que o átomo era a menor partícula da matéria — tanto é que “átomo” é a palavra grega para “indivisível”. O problema é que ele é divisível, sim. Mais tarde, o químico Ernest Rutherford descobriu que o atómo, possuía, dentro dele, um núcleo formado por prótons e nêutrons, que eram rodeados por elétrons. E não parou por aí. Depois de um tempo, os cientistas descobriram que os próprios prótons, neutrons e elétrons eram formados por partículas menores ainda: os quarks, no caso dos dois primeiros, e os léptons, no caso do elétron. Hoje, acredita-se que os seis tipos diferentes de quarks e os seis tipos diferentes de léptons sejam as partículas fundamentais da matéria. Mas ninguém consegue observá-los, porque eles não aparecem livres na natureza. Como Taylor Swift, eles estão sempre em boa companhia.
Mas o que os pesquisadores da Teoria das Cordas propõem é a existência de uma partícula menor do que os quarks e os léptons. Sim, as cordas — que seriam uma espécie de corda como a gente conhece mesmo. Quando Taylor fazia o estilo Paula Fernandes, cada vibração das cordas do violão que ela tocava gerava um som diferente. E é exatamente assim que os físicos imaginam as cordas da teoria: cada vibração formaria uma coisa diferente na natureza. Assim, o universo seria uma grande sinfonia gerada a partir da vibração destas pequeninas cordinhas.
O problema é que se ninguém consegue ver nem os quarks ou os léptons (sua existência é comprovada por observação indireta), como se prova a existência de uma partícula menor ainda? Pois é, não se prova. Nem Taylor Swift e sua squad seria capaz. Por isso, físicos mais céticos acham que a Teoria das Cordas não passa de uma espécie de golpe de marketing, como o namoro de Taylor e Tom Hiddleston (que, para alguns, é a ação promocional de um clipe).
O físico iraniano da Universidade Harvard Cumrun Vafa, um dos mais influentes no campo, rebate as acusações (das cordas, não de Taylor): “Muito do esforço humano vem de tentar compreender as coisas primeiro. Se focarmos apenas nos experimentos, vamos perder um cenário muito maior”. Para ele, o fato de não ter nada em laboratório para mostrar não tira o mérito da teoria. “A frustração vem da parte experimental apenas, não da teórica. De qualquer forma, estou nisso porque quero aprender mais, estou me divertindo, e acho que esse é o caso dos teóricos das cordas.”
Leonard e Sheldon, de The Big Bang Theory, também fazem parte do grupo que acredita nas cordas. Veja a cena em que Leonard termina com sua namorada por incompatibilidade física (ative a legenda nas configurações):
“Haters gonna hate”, disseram os físicos que defendem a Teoria das Cordas. Ou teria sido Taylor Swift, em Shake it Off? Já não sabemos.
Harry Styles ou Teoria das Cordas
A grande questão é que, diferente do que Einstein imaginava, a teoria não vê o universo como um espaço-tempo de quatro dimenções (altura, profundidade, largura e tempo). Segundo os cálculos de quem estuda o conceito, o universo tem 11 dimensões. Pegue um lápis, por exemplo. Feche um olho e posicione o objeto de modo que você veja apenas um ponto. Isso não quer dizer que o lápis seja um ponto, certo? É assim que os teóricos das cordas veem o universo. Para eles, o cosmo é composto por essas outras sete dimensões que não conseguimos enxergar, mas que estão ali. A vibraçãos das cordas nestes universos gerariam tanto os fótons (a partícula que compõe não só a luz como também o eletromagnetismo) quanto o gráviton (a partícula que hipoteticamente forma a força da gravidade, que está na Teoria da Relatividade Geral).
Não é só Taylor Swift que se sente atraída pela beleza, os físicos também são assim. O matemático Marcelo Viana explica que tanto Einstein quanto o matemático David Hilbert (que trabalhou com o alemão em sua teoria mais famosa) buscavam isso enquanto estudavam. “Eles estavam buscando a verdade, a beleza, o equilíquibrio, a elegância. E esse é o modo pelo qual a física teórica tem evoluído nos últimos anos.” Apesar de não ser comprovada, a Teoria das Cordas oferece tudo isso. E é exatamente por esse motivo que os cientistas a perseguem tanto. “Uma das coisas mais fascinantes é que as fórmulas matemáticas mais elegantes, mais simétricas, são as mais corretas”, afirma Viana.
Se estivesse viva no fim da década de 1960, com certeza Taylor teria cantado I Knew You Were Trouble para a Teoria das Cordas e não para Harry Styles.
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