BOMBA FORA DE CONTROLE - Atômica
Este ano faz meio século que os Estados Unidos detonaram sua maior bomba nuclear em terra, mil vezes mais potente que a de Hiroshima. A Operação Castelo, como foi chamada essa série de testes, ocorreu em 1954 nas ilhas Marshall, no Pacífico Sul, e revelou-se desastrosa.
A Bravo (esse era o nome da bomba) explodiu no atol de Bikini com resultados inesperados: prevista para ter 6 megatons, a explosão chegou a 15 megatons (15 milhões de toneladas de dinamite).
Abrir uma cratera de 2 quilômetros de diâmetro foi o mais inofensivo dos efeitos da bomba. A radiação gerada pela Bravo espalhou-se por uma área de 8 mil quilômetros quadrados, atingindo nativos, militares e pescadores.
Já as conseqüências a longo prazo são mais difíceis de serem aferidas. Bikini já havia sido evacuado anos antes, mas as populações de Rondogelap, Rongerik e Ailinginae ficaram expostas à radiação por dias antes de serem retiradas.
Eldon Note, prefeito do atol de Bikini, conta que um terço dos habitantes de Rondogelap teve de extrair a tireóide. "Também há casos de leucemia, câncer e bebês com malformação", lembra.
Para os veteranos, a lembrança não é menos dolorosa. Bob Hillard estava a 11 quilômetros da explosão e conta que perdeu parte da audição e convive com graves seqüelas. ‘‘Tive de retirar todos os dentes, pois ele ficaram tão fracos que se quebravam facilmente.’’ Além disso, Bob já passou por duas cirurgias cardíacas e sofre com uma obstrução crônica do pulmão que o obriga a viver ligado a uma máquina de oxigênio.
O governo dos Estados Unidos diz que prosseguir com a operação foi um acidente causado por informes meteorológicos incorretos. Anos depois, relatórios mostraram que, mesmo sabendo na véspera que o vento mudaria, os militares seguiram em frente ainda que a radiação pudesse atingir ilhas habitadas.
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